Molloy
de Samuel Beckett Tradutor: Ana Helena Souza
Páginas: 264
Formato: 14×21
O LIVRO A Editora Globo traz de volta ao mercado Molloy, de Samuel Beckett, uma das obras-primas do romance moderno, em tradução exemplar de Ana Helena Souza. O livro contém, ainda, esclarecedor prefácio da tradutora, cronologia da vida do autor e completa bibliografia de sua vasta obra.
Molloy (primeira parte da famosa “trilogia do pós-guerra”, integrada ainda por Malone morre e O inominável) divide-se em duas seções. Na primeira, é o próprio Molloy, o “narrador-narrado”, quem fala; na segunda, é Moran, homem encarregado de vigiá-lo (sem que saiba bem por quê, à la Kafka).
A história que os dois – cada um à sua maneira – tentam registrar, é a das idas e vindas de Molloy, num vai-e-vem que alterna lugares abertos e fechados, a partir do apartamento de sua mãe – e que mimetiza os impasses das frases curtas e da própria linguagem, que deveria “abrir” o mundo mas se fecha sobre si mesma. Não por acaso, no caso de Moran, que começa objetivo, isto é, objetivo na linguagem e centrado em seu objeto (Molloy), essa objetividade acaba por perder-se até aproximá-lo da linguagem do próprio Molloy. Não falta ação dramática ao romance, incluindo um caso de amor e um de morte. Mas a verdadeira “ação”, tratando-se de Beckett, está na própria linguagem – ainda que seja a de comunicar a incomunicabilidade moderna.
CRÍTICAS “Quebrando as expectativas do leitor e usando um humor que dribla o convencional, Samuel Beckett acaba transformando o romance em território experimental de reflexões sobre a própria natureza da linguagem.” Alécio Cunha — Hoje em Dia, Belo Horizonte, 2 fev. 2008. Cultura, p. 1
“Ao longo de toda esta não-história, deste não-tempo, destes não-personagens, seguimos a potência da expressão da impossibilidade e a ausência absoluta de algo a expressar, ao mesmo tempo que a urgência de dizê-lo.” Noemi Jaffe — Folha de S. Paulo, 2 fev. 2008. Ilustrada, p. E1 e E7.
“É do ponto zero, onde narrar se torna impossível, que Samuel Beckett escreve Molloy (...). Em plena falência da linguagem, em meio aos entulhos e destroços, Molloy, o personagem-narrador de Beckett, luta, ainda assim, para contar sua história.” O Globo, Rio de Janeiro, 2 fev. 2008. Prosa & Verso, p. 4. Leia um trecho do livro
http://globolivros.globo.com/downloads/pdf/Molloy.pdf O AUTOR Samuel Beckett (Dublin, 13 de abril de 1906 — Paris, 22 de dezembro de 1989) foi um dramaturgo e escritor irlandês.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1969. Utiliza nas suas obras, traduzidas em mais de trinta línguas, uma riqueza metafórica imensa, privilegiando uma visão pessimista acerca do fenômeno humano. É considerado um dos principais autores do denominado teatro do absurdo. Sua obra mais famosa no Brasil é a peça Esperando Godot.
Beckett nasceu numa família burguesa e protestante, e em 1923 ingressa no Trinity College de Dublin, para se formar em Literatura Moderna, especializando-se em francês e italiano. Em 1928, meses após sua
mudança para Paris, conhece James Joyce, apresentado por um amigo em comum. Torna-se grande admirador do escritor, e sua obra posterior é fortemente influenciada por ele.
Após lecionar durante o ano de 1930 na Irlanda, Beckett volta no ano seguinte para Paris, fixando residência na cidade, e escreve sua primeira novela, “Dream of Fair to Middling Women” (publicada após a morte do autor, em 1993) Em 1933, Beckett retorna novamente a Dublin, pois, devido ao falecimento de seu pai, encarrega-se de cuidar de sua mãe. Retorna a Paris em 1938, quando é marcado por dois acontecimentos de grande importância: fica gravemente ferido ao ser agredido por um estranho, que lhe desferiu uma facada no peito, e conhece Suzanne Deschevaux-Dusmenoil, com quem viveria o resto da vida e se casaria em 1961.
Depois da eclosão da Segunda Grande Guerra, vincula-se à resistência francesa, na ocasião da invasão de Paris pelo exército nazista, em 1941, juntamente com sua esposa. Afasta-se da resistência em 1942, quando ambos foram obrigados a fugir da França. Morre em 1989, cinco meses depois de sua esposa, de enfisema pulmonar, contra o qual já lutava havia três anos. Foi enterrado no cemitério de Montparnasse.
A produção beckettiana foi um dos principais ícones do Teatro do Absurdo que faz uma intensa crítica à modernidade. Recebeu o Nobel de Literatura de 1969.
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