De santos e sábios
de James Joyce
Organização de Sérgio Medeiros e Dirce Waltrick do Amarante
No de Paginas:
328
A obra de James Joyce só é parcialmente conhecida entre nós. Se exceptuarmos “Gente de Dublin”, “Retrato do Artista Quando Jovem” e “Ulisses”, pouco ou nada mais é conhecido pelo grande público que se limita a ler obras em língua nacional. De “Ulisses” circulam mesmo duas traduções: a do brasileiro António Houais (Difel) e a do português João Palma Ferreira (Livros do Brasil). Pois bem, agora temos com Organização de Sérgio Medeiros e Dirce Waltrick do Amarante - De santos e sábios. juntamento com outras obras que com certeza a Iluminuras tratou com zelo redobrado a boa edição (Veja Abaixo)
No primeiro dos ensaios reunidos neste livro, “Não se deve confiar nas aparências”, Joyce – quando muito jovem – reserva ao olho o papel de única exceção a essa máxima, apontando que ele “nos revela a culpa e a inocência, os vícios e as virtudes da alma”. Esse texto prematuro, cativante na feliz tradução a nossa língua, já sugere aspectos fundamentais da obra e da vida do gigantesco escritor irlandês, desenvolvida a partir de elementos como a culpa e o vício, a inocência e a virtude. De modo análogo ao olho por ele distinguido, seu olhar sobre a Irlanda, a vida e a arte desvela, em sua superfície (apesar da aparente pouca “profundidade” dos artigos) os fundamentos do autor, lançando luz sobre sua obra ficcional e poética.
Com este livro – organizado por destacados joycianos brasileiros que acumulam a incansável dedicação à tarefa de (bem) traduzir – Joyce parece estar mais presente, mais vivo entre nós, embora fôssemos, já, privilegiados pela existência de múltiplas traduções de sua ficção. Nestes ensaios: os aspectos políticos de sua obra (cuja existência foi, por vezes, negada) tornam-se evidentes, conforme comenta, em seu artigo no volume, Dirce Waltrick do Amarante; a visão crítica do escritor se mostra afiada – constitui-se “uma espécie de tribunal do qual nenhum contemporâneo sai ileso”, como afirma em seu estudo André Cechinel, para assinalar que esse aspecto esconde a indicação da trajetória literária do próprio autor; a teoria estética apresentada – depois ressurgida em sua ficção – já revela que “arte e vida confundem-se num mesmo todo” (no dizer de André); são identificáveis “temas, imagens, palavras, polêmicas” que integrariam Ulysses, prenunciando-se, na visão de Caetano Galindo, o “projeto” configurado pela obra ficcional de Joyce.
Segundo Marcelo Tápia quase desconsiderados no último século, os escritos deste livro podem ajudar – como almeja Sérgio Medeiros – a revelar o “Joyce ‘ilícito’ do pós-modernismo” e a compreender o “grande barulho estético, e político,” produzido por Ulysses e Finnegans Wake. Alimentem esperanças os que entrarem.
O AUTOR
James Augustine Aloysius Joyce (1882-1941), escritor irlandês nascido em Rathmines, nos subúrbios de Dublin, numa época em que o nacionalismo irlandês se aproximava da sua fase mais intensa. Filho mais velho de John Stanislaus Joyce, que o influenciou decisivamente, Joyce teve uma educação católica; frequentou uma escola de Jesuítas e continuou a sua formação na universidade de Dublin (1898-1902). Afastada a perspetiva do sacerdócio, renunciou à religião católica. Em 1902 viajou para Paris para estudar medicina, onde permaneceu durante um ano a escrever poesia e a desenvolver a sua reflexão estética. Durante essa estadia em Paris conheceu John Millington Synge. Regressou à Irlanda por ocasião da morte da mãe em abril de 1903; durante algum tempo deu aulas numa escola privada irlandesa, facto que evocou no segundo capítulo de Ulysses (1922). Em 1904 deixou a Irlanda com Nora Barnacle, sua companheira até ao fim da vida. O seu encontro em 16 de junho de 1904 ficou registado no seu longo romance Ulysses, cuja ação decorre precisamente naquele dia. Apesar do longo exílio de Joyce, Dublin permaneceu o cenário privilegiado das suas obras. Deu aulas de inglês em Trieste, onde viveu com grandes dificuldades económicas até 1915. A coletânea de contos Dubliners, terminada (à exceção de um conto) em 1905, só foi publicada em 1914. Naquela obra Joyce combinou um estilo realista objetivo com efeitos simbólicos e miméticos para traduzir num tom coloquial os dramas da vida quotidiana de Dublin. Os contos transmitem a convicção do autor de que o conhecimento profundo das vivências humanas se revela frequentemente nos seus aspetos mais triviais. Dubliners valeu a Joyce o elogio de Ezra Pound. Joyce começou entretanto a escrever Stephen Hero, um extenso romance autobiográfico interrompido e posteriormente abreviado. Composto entre 1904 e 1914, o romance só foi publicado em 1916 com o título A Portrait of the Artist as a Young Man. A Primeira Guerra Mundial levou o escritor a abandonar Trieste em 1915 e a fixar-se em Zurique, onde viveu com a mulher e os dois filhos. Durante esse período Joyce trabalhou no seu romance Ulysses, publicado em Paris em 2 de fevereiro de 1922. A obra desencadeou reações violentas; as 1000 cópias da primeira edição venderam-se rapidamente mas a condenação de Ulysses foi igualmente intensa. O romance só voltou a ter uma edição legal nos Estados Unidos em 1934 e só foi publicado novamente no Reino Unido em 1936. A originalidade de Ulysses revela-se sobretudo ao nível das inovações linguísticas e no modo de representação da experiência humana. A obra relata um dia na vida de três habitantes de Dublin; as personagens correspondem a figuras centrais da Odisseia de Homero e os 18 capítulos do romance são análogos aos episódios da epopeia de Homero, embora a sequência narrativa não seja idêntica. O protagonista do romance de Joyce é Leopold Bloom, um judeu de origem húngara, que vive em Dublin, e o dia é 16 de junho de 1904. A elaboração formal de Ulysses visava a criação imaginativa de um indivíduo cujas experiências Joyce considerava irredutíveis aos modos convencionais de representação literária. O escritor tentou reproduzir diretamente a corrente de consciência formada pelos pensamentos das personagens, uma técnica inspirada no romancista francês Dujardin. O monólogo interior traduzia a complexa vivência do sujeito pela aproximação da linguagem ao pensamento e à experiência humana. A dimensão universal do protagonista é reforçada pela analogia com Ulisses, herói lendário da Odisseia de Homero. O modo inovador de representar a experiência moderna na cidade moderna culminou com Finnegans Wake (1936), onde Joyce multiplicou as complexidades do seu romance anterior. Esta obra relata uma noite na vida de H. C. Earwicker, que dorme ao longo de todo o romance. A experiência do protagonista é transmitida ao leitor através da sua vivência onírica reproduzida ao nível da linguagem pelas associações livres da sua consciência, pela fusão de palavras e ainda pelo cruzamento do Inglês com outras línguas europeias. A musicalidade narrativa do romance tem sido atribuída pelos críticos à sensibilidade auditiva de Joyce, que compensava os seus problemas de visão causados por um glaucoma. A sobreposição de níveis de sentido em Finnegans Wake reproduz a técnica de Lewis Carroll no poema "Jabberwocky", inserido na obra Through the Looking-Glass (1872). Joyce escreveu uma peça, Exiles (1918) e publicou três volumes de poesia: Chamber Music (1907), Gas from a Burner (1912) e Pomes Penyeach (1927). Os seus Collected Poems foram publicados em 1936. Em 1920 James Joyce mudou-se novamente para Paris, onde viveu até à invasão da França pelas tropas alemãs em 1940. Regressou a Zurique, onde morreu a 13 de janeiro de 1941. A obra de Joyce, e especialmente Ulysses, ocupa um lugar decisivo na evolução da literatura moderna.
Taken from a series called "Great Modern Writers", this playful documentary introduces James Joyce's most famous work "Ulysses". It includes fantastic adaptations to film from passages of the novel.
Titulo: para ler finnegans wake de james joyce SEGUIDO DE ANNA LIVIA PLURABELLE Autor: Dirce Watrick do AmaranteSituação: Lançamento | Categoria: Literatura Estrangeira Sinopse: Apesar de o famoso autor de Ulisses e de Finnegans Wake, o escritor irlandês James Joyce (1882-1942), ter sido lembrado, entre outras, por frases de impacto como “ eu odeio mulheres que não sabem nada”, ele pode ser visto hoje, numa análise atenta e sensível como a que faz Dirce Waltrick do Amarant... |
Titulo: POEMAS, UM TOSTÃO CADA Autor: JAMES JOYCESituação: Normal | Categoria: Poesia Estrangeira Sinopse: Publicada em 1927, essa obra marca o retorno do autor à poesia depois de vinte anos dedicados à prosa, e é composta por uma dúzia de poemas e um de “lambuja”. A edição inclui também “Ecce Puer”, de 1932, “O Santo Ofício” e “Gás de um Combustor”, panfletos vazados num humor próximo de Swift mas com o... |
Titulo: MUSICA DE CÂMARA Autor: JAMES JOYCESituação: NORMALPreço: | Categoria: Poesia Estrangeira Sinopse: Primeiro livro publicado (1907) pelo escritor irlandês. Contém 36 poemas e essa tradução é a primeira completa a sair no Brasil.... |
Titulo: GIACOMO JOYCE Autor: JAMES JOYCESituação: NORMAL | Categoria: Literatura Estrangeira Sinopse: Escrita entre o fim de Um retrato de um artista quando jovem e o começo de Ulisses, essa obra de Joyce ocupa-se de temas recorrentes de sua literatura — culpa, erotismo e infidelidade conjugal —, e, ao mesmo tempo, retrata acontecimentos autobiográficos (a suposta relação entre Joyce e sua aluna em ... |
Titulo: EXILADOS Autor: JAMES JOYCESituação: NORMAL | Categoria: Teatro Sinopse: Datada de 1914, depois de completar o Retrato e antes de começar a escrever Ulisses, essa é a única peça de Joyce que chegou a nós. Composta por três atos, essa obra desenvolve alguns temas peculiares a Joyce — exílio, adultério —, revelando influências de Ibsen sobre o autor... |
UM LANÇAMENTO
O