As alfaiatarias são mostradas em imagens do fotógrafo João Castelo Branco. A pesquisa foi um dos projetos aprovados pelo Fundo Municipal da Cultura.
O Memorial de Curitiba abriga a partir do próximo domingo (10) uma exposição fotográfica que registra a história e a prática artesanal da confecção de ternos sob medida. A exposição Alfaiatarias em Curitiba reúne 45 imagens feitas pelo fotógrafo João Castelo Branco e revela o universo de valores dos alfaiates. A pesquisa que deu origem à exposição foi um dos projetos financiados pelo Fundo Municipal da Cultura da Prefeitura de Curitiba, por meio do edital Identificação e Registro do Patrimônio Imaterial, lançado em 2007. A mostra permanece em cartaz até o dia 9 de março.
O projeto – que em breve será lançado em livro - é fruto de uma pesquisa histórica e etnográfica realizada em conjunto com Valéria Oliveira Santos (antropóloga), Dayana Zdebsky de Cordova (produtora e antropóloga) e Fabiano Stoiev (historiador). “No trabalho fotográfico, minhas preocupações foram com o terno (em si mesmo), como articulador do universo de valores da alfaiataria, com a produção do terno (materiais e técnicas), com o trabalho dos alfaiates, e com esse universo de sensações, suscitadas no contato visual com os espaços das alfaiatarias”, explica o fotógrafo.
Em sua pesquisa, João Castelo Branco observou que os alfaiates conservam, ainda hoje, apesar das transformações na moda e na economia do vestuário, um sistema de trabalho que valoriza o serviço bem feito: a perfeição do talhe, a beleza das linhas, o caimento preciso da roupa sob medida, o acabamento meticuloso e artesanal. A maneira peculiar com que os alfaiates manuseiam agulhas e dedais, as pesadas tesouras que dão leveza ao corte, a perícia em ajustar o tecido ao corpo do cliente e a paciência exigida por um caseado feito à mão se conservam como parte do saber-fazer da profissão.
A história registra que no começo do século 19 já existiam aproximadamente 10 alfaiates em Curitiba. A atividade cresceu no final do século, com o estímulo da economia ervateira, a urbanização de Curitiba e a chegada dos imigrantes. A alfaiataria viveu seu melhor momento com a economia do café, entre os anos 30 e 60, com grandes casas de confecção sempre próximas às lojas de tecidos e armarinhos no centro da cidade.
“O processo de pesquisa nos abriu um universo muito rico e muito mais complexo do que poderíamos supor”, diz João Castelo Branco, que pretende continuar com outros projetos abordando questões mais específicas, como as estratégias de reprodução do campo da alfaiataria. O fotógrafo também pretende sair em busca de parâmetros comparativos, pesquisando sobre as alfaiatarias em outras cidades.
Serviço:
Exposição Alfaiatarias em Curitiba
Data: de 10 de fevereiro (abertura às 10h30) a 9 de março de 2008
Local: Memorial de Curitiba – R. Claudino dos Santos, 79 – Setor Histórico
Horário: de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 9h às 15h.
Visitas com monitoria podem ser agendadas pelo telefone 3321-3328.
Entrada franca