O concerto de encerramento da temporada 2013 de espetáculos da Camerata Antiqua de Curitiba, patrocinada pelo Ministério da Cultura e pela Volvo, acontece neste fim de semana, sob a regência do renomado violinista mineiro Luís Otávio Santos, especialista em música antiga. As apresentações, que integram as celebrações do Natal, tomam conta da Capela Santa Maria Espaço Cultural, às 20h de sexta-feira (13) e às 18h30 do sábado (14).
O grupo curitibano mantém a tradição de executar obras monumentais, com um repertório formado pelas Cantatas BWV 55 (Ich armer Mensch, ich Sündenknecht) e BWV 61 (Nun komm, der Heiden Heiland), de Johann Sebastian Bach (1685 – 1750), mais a Missa Concertada para a Noite de Natal em Sol maior, de André da Silva Gomes (1752 – 1844), levando ao palco, como convidados solistas, a soprano Marília Vargas (Paraná), o contratenor Paulo Mestre (Paraná), o tenor Richard Klein (Alemanha) e o baixo Norbert Steidl (Áustria).
Completa a programação a palestra do compositor e arranjador paranaense Marco Aurélio Koentopp, às 19h15 de sexta-feira (13) e às 17h45 de sábado (14), antecedendo as apresentações. Mestre em Música pela Universidade Federal do Paraná, Koentopp atualmente é professor da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, além de coordenador do Curso Superior de Composição e Regência daquela instituição. A iniciativa de acrescentar às performances da Camerata Antiqua de Curitiba e seus grupos – Orquestra de Câmara e Coro da Camerata – breves comentários proferidos por especialistas tem por objetivo conquistar a plateia, revelando detalhes da produção de grandes compositores.
As obras – Do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) – que também era maestro, organista, violinista e violista, além de professor – um dos gênios da música universal, foram escolhidas duas obras com designação litúrgica. Na Cantata BWV 55, escrita para tenor solo, coro, flauta, oboé, cordas e baixo contínuo, um rico ambiente polifônico toma posse do texto evangélico com o episódio do servo infiel, sempre seguindo o conceito do pecado do homem e o perdão de Deus.
Na Cantata BWV 61, criada para solistas (soprano, tenor e baixo), coro, sexteto de cordas e órgão, o autor relembra a entrada de Jesus em Jerusalém e sua promessa de retornar com um convite para entrar no coração de cada cristão. Em todos os vibrantes enunciados, Bach deixa clara sua intenção de que esse apelo seja ouvido e entendido.
A Missa Concertada para a Noite de Natal em Sol maior, de André da Silva Gomes (1752 – 1844) para quarteto solista – soprano, contratenor, tenor e baixo – coro, cordas e órgão, é uma das obras mais monumentais escritas no período colonial brasileiro. O compositor nasceu em Lisboa (Portugal) e veio para São Paulo em março de 1774, como mestre de capela da comitiva do terceiro bispo da cidade, Dom Manuel da Ressurreição.
O período áureo da produção musical colonial em São Paulo coincide com as atividades de André da Silva Gomes, na Sé. Seu brilhantismo e nível artístico estão registrados nos serviços musicais mais importantes daquela cidade, como as da Sé, as festas oficiais da Câmara, e as das irmandades do Santíssimo Sacramento, de São Francisco e do Carmo.
Com a chegada de Dom Pedro a São Paulo, em 1822, o compositor regeu, na Catedral da Sé, o Te Deum de sua autoria, em homenagem ao futuro imperador. No dia 7 de setembro daquele ano, na Proclamação a Independência do Brasil, foi André da Silva Gomes o encarregado das solenidades, na Casa da Ópera.
Os convidados – Dificilmente um concerto reúne tantos nomes de destaque na música quanto o que será executado pela Camerata Antiqua de Curiba, neste fim de semana. Formada em canto barroco na Schola Cantorum Basiliensis (Suíça), a soprano paranaense Marília Vargas é uma das convidadas. Com diversas premiações, no Brasil e no exterior, foi solista de renomadas orquestras brasileiras e europeias, sendo idealizadora e diretora artística da I Mostra de Música Antiga de Curitiba e cocuradora e conselheira artística do Festival de Música Barroca de Alcântara (RJ). Em 2012, gravou um CD de canções brasileiras, ao lado do pianista André Mehmari.
Outra presença é a do contratenor curitibano Paulo Mestre, que desenvolve carreira internacional como solista. No Brasil, tem atuado em Festivais de Música Antiga no Rio de Janeiro, Curitiba e Juiz de Fora, além de ser solista de importantes orquestras e integrar grupos especializados em Música Antiga. Na ópera composta por Marcos Lucas, O Pescador e sua Alma, apresentou-se no Rio de Janeiro e Brasília, no papel de Alma.
No elenco do espetáculo também consta o tenor alemão Richard Klein, que se formou em piano jazz no Konservatorium des Landes Tirol e, posteriormente, estudou canto erudito. De 2006 a 2012, frequentou a Universidade de Música e Artes Cênicas de Viena (Áustria), sendo que acumula apresentações em festivais da Europa e trabalhos com maestros como René Jacobs, Jung Konrad Junghanel e Dietfried Bernet.
O baixo austríaco Norbert Steidl, que fecha o grupo de solistas, é mestre em canto pela Universidade Mozarteum, em Salzburg (Áustria), respondendo por diversos recitais na Europa e Ásia. Em 2006, participou do Festival de Salzburgo na ópera de Mozart, Apollo et Hyacinthus, sob a regência de Josef Wallnig, e da ópera Il Matrimonio Inaspettato, de G. Paisiello, sob a regência de Riccardo Muti. Seu repertório camerístico é vasto e inclui todos os grandes oratórios de Handel, Bach, Haydn, Mendelssohn e Fauré, além de canções de Haydn, Mozart, Schubert, Beethoven, Schumann, Brahms, Mahler, Wolf, Korngold, Berg, Sulzer, Bialas, entre outros, também com obras de Lassus, Palestrina, Monteverdi e Schütz.
O regente – Luís Otávio Santos é formado em violino barroco pelo Koninklijk Conservatorium Den Haag (Holanda). Nos 15 anos em que morou na Europa, o músico atuou em destacados grupos, sendo spalla e solista, desde 1992, da renomada orquestra barroca belga “La Petite Bande”, dirigida por Sigiswald Kuijken. Com a orquestra tem realizado turnês por toda Europa, China, Japão, México, Argentina, Colômbia e Chile, além de gravar dezenas de CDs e programas de televisão para as televisões belga, francesa e japonesa.
O músico ainda liderou outros conjuntos europeus, entre eles Ricercar Consort (direção de Philippe Pierlot), Le Concert Français (direção de Pierre Hantai), Nederlandse Bachverening (direção de Gustav Leonhardt) e Den Haag Baroque Orchestra. Foi professor de violino barroco na Scuola di Musica di Fiesole, em Florença (Itália), de 1997 a 2001, e no Conservatoire Royal de Musique de Bruxelles, de 1998 a 2005.
Na sua discografia solo destacam-se a integral das Sonatas de Johann Sebastian Bach, ao lado do cravista Peter-Jan Belder, para o selo holandês Brilliant; As Quatro Estações de Vivaldi com La Petite Bande, pelo selo belga Accent; e as Sonatas para violino de J. M. Leclair, para o selo alemão Ramée, gravação que recebeu o prêmio “Diapason d´Or”, a maior distinção francesa concedida a um registro fonográfico.
Luís Otávio Santos integra o conselho artístico da Camerata Antiqua de Curitiba, além de responder pela direção artística do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora (MG), que tem mais de 20 anos de história. Nesse evento é também regente da Orquestra Barroca do Festival, que já gravou nove CDs e um DVD com obras brasileiras e europeias, em registros inéditos no Brasil.
Em 2007, Luís Otávio Santos foi agraciado com o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural, concedido pelo Governo Federal e Ministério da Cultura por seu envolvimento com a cultura nacional e reconhecimento à carreira internacional. Também é fundador e coordenador do Núcleo de Música Antiga da EMESP – Escola de Música do Estado de São Paulo, no qual ministra aulas de violino barroco desde 2008. Em 2011, o músico foi colocado na lista da revista Época, que selecionou as 100 personalidades mais importantes daquele ano.
Serviço:
Apresentações da Camerata Antiqua de Curitiba, sob a regência do violinista mineiro Luís Otávio Santos, no encerramento da temporada 2013 de concertos patrocinada pela Volvo, tendo como convidados solistas a soprano Marília Vargas (Paraná), o contratenor Paulo Mestre (Paraná), o tenor Richard Klein (Alemanha) e o baixo Norbert Steidl (Áustria). No programa estão as Cantatas BWV 55 (Ich armer Mensch, ich Sündenknecht) e BWV 61 (Nun komm, der Heiden Heiland), de Johann Sebastian Bach (1685 – 1750), mais a Missa Concertada para a Noite de Natal em Sol maior, de André da Silva Gomes (1752 – 1844).
Datas e horários: dia 13 de dezembro (sexta-feira), às 20h; dia 15 de dezembro de 2012 (sábado), às 18h30. Completa a programação a palestra do compositor e arranjador paranaense Marco Aurélio Koentopp, às 19h15 de sexta-feira (13) e às 17h45 de sábado (14), antecedendo as apresentações.
Local: Capela Santa Maria Espaço Cultural (Rua Conselheiro Laurindo, 273 – Centro).
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Pagamento somente em dinheiro.