de Theresa Alan
Páginas - 294
Elas dizem que fazem Chick Lit, mas cá entre nós, é literatura mulherzinha mesmo. Consuma e descarte!
UM LANÇAMENTO DA

de Karla Lima e Pya Pêra
páginas - 260
Pois bem, muito diferente da literatura mulherzinha, algo entre o corajoso, compromissado, leve e verdadeiro. A história real do relacionamento de Karla e Pya. Ao final do livro você deverá se sentir intimo desse casal que chegou à conclusão de que "jogar confete entope o ralo!" Boa leitura!
"Amor e humor para Gs, Ls e Ss
Armário sem Portas é um livro a um só tempo particular e universal. Particular por escancarar a vida das autoras, as homossexuais Karla Lima e Pya Pêra, e universal pelo que contém de humor e sensibilidade.
Em seu livro de estréia, o casal passa longe da auto-ajuda e dos romances trágicos, estilos abundantes no mercado editorial GLS brasileiro. Embora alguns capítulos abordem temas mais engajados como visibilidade, política e preconceito, o foco desta autobiografia é a comicidade.
Crônicas curtas e leves despertam o riso fácil em leitores de qualquer orientação sexual, graças às diferenças que Karla e Pya têm de história de vida, gostos e temperamento: enquanto uma descende de alemães, teve um marido, mede mais de 1,70m e faz o estilo intelectualizado, sem nenhum pendor esportivo, a outra é japonesinha, gay desde bebê, uma ex-atleta que adora samba e escolhe o celular conforme a capacidade da agenda de telefones!
Despretensioso e concebido originalmente para divertir as próprias autoras, Armário sem Portas provoca reflexão sem agredir o mundo e simpatia sem vitimizar os homossexuais. Uma obra irreverente e ágil, indicada não apenas para a comunidade GLS, mas para todos que apreciam dar boas risadas com um delicioso livro de lavabo.
Karla Lima nasceu em 1971, foi publicitária e estuda Jornalismo. Sonhava escrever um livro desde os 15 anos. Pya Pêra, empresária, consultora, musicista e fotógrafa, nunca tinha pensado nisso."
de Theresa Alan
Páginas - 294
Elas dizem que fazem Chick Lit, mas cá entre nós, é literatura mulherzinha mesmo. Consuma e descarte!
BIOGRAFIAS
por KARL MARX
Um livro mais que oportuno nestes tempos de Evos e Chaves ( não o do sem querer querendo) onde poucos sabem se estão contando a nossa história certo.
Tema: 1968
De 4 a 6 de agosto de 2008
Na Cinemateca de Curitiba
Promoção:
Universidade Tuiuti do Paraná/UTP
Cinemateca de Curitiba
Entrada franca
Dia 4, às 19h:
Palestra com a Professora Dra. Ana Maria Burmester - UFPR.
Às 21h:
BARRA 68 (Brasil, 2001). Duração 80’. Direção de Vladimir Carvalho. A luta de Darcy Ribeiro nos anos 60 para criar e implantar a Universidade de Brasília e as repetidas agressões sofridas pela UNB após já estar concluída, desde o golpe militar até os acontecimentos de 1968, quando foram detidos numa quadra de esportes cerca de 500 estudantes.
Dia 5, às 19h:
Palestra com o Professor José A. Vasconcelos – UTP/USP.
Às 21h:
OS ONZE DE CURITIBA, TODOS NÓS (BR/PR, 1995). Duração 50’. Direção de Valêncio Xavier. No ano de 1978 em Curitiba, um grupo de destacados intelectuais curitibanos, que combatiam a ditadura militar, é preso e humilhado, sob a acusação de “incutir” marxismo em crianças de uma conhecida escola infantil da cidade. Filme clássico do documentário paranaense.
Dia 6, às 19h:
Palestra com o Professor Dr. Marcos Napolitano – USP.
Às 21h:
O Diário de Dang Thuy Tram
de Dang Thuy Tram
Páginas - 268
de Florestan Fernandes
Páginas - 256
De 1º a 7 de agosto de 2008
Domingo, dia 3 de agosto – ingresso a R$1,00
CINEMATECA - Sala Groff - Rua Carlos Cavalcanti nº 1174 fone 41 3321-3270 (De segunda a sexta-feira, das 09:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:30) e 3321-3252 (diariamente das 14:30 às 21:00) – www.fccdigital.com.br. Ingressos: R$ 5 e R$ 2,50. Gratuito para pessoas com mais de 60 anos.
O TEMPO E O LUGAR (BR/2008). Duração 98’. Direção de Eduardo Escorel. Documentário. A vida de Genivaldo da Silva, agricultor de Inhapi, na região semi-árida de Alagoas, foi marcada pela militância. Integrante do Movimento dos Sem Terra (MST), saiu por discordar de suas práticas de luta. Depois disso, passou pela Pastoral da Terra da Igreja Católica, militou no PT, de onde acabou expulso. Na maturidade, ele revê todas essas experiências, que sacrificaram sua vida familiar e causaram divisões entre seus filhos. Classificação 12 anos
Sessões às 15h30
Dias 2, 3 e 7 – sessões às 15h30 e 20h
Lançamento:
LEI SECA (PR/2008). Duração 12’. Realização coletiva (roteiro, direção, fotografia, produção e edição) pelos alunos do Curso Prático de Cinema da Cinemateca (1º semestre de 2008). Metrópole passa por escassez de água, fazendo com que este produto seja drasticamente racionado. Cada família não pode consumir mais do que cinco litros por dia. O mercado negro da água, porém, já entrou em cena, e as pessoas acabam recorrendo a ele. O dinheiro nem sempre é a moeda de troca. Classificação 12 anos
Dia 1º, às 20h – Entrada franca
XIII Semana de História – Cinema e História
Tema: 1968 (ver programação anexa)
De 4 a 6 – às 19h – entrada franca
PROGRAMAÇÃO
De 1º a 7 de agosto de 2008
Domingo, dia 3 de agosto – ingresso a R$1,00
CINE LUZ Rua XV de Novembro nº 822 fone 41 3321-3270 (De segunda a sexta-feira, das 09:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:30) e 3321-3261 (diariamente das 14:30 às 21:00) www.fccdigital.com.br Ingressos: R$ 5 e R$ 2,50. Gratuito para pessoas com mais de 60 anos.
DOT.COM (Portugual, 2007). Duração 103’. Direção de Luis Galvão Teles, com João Tempera, Maria Adánez, Marco Delgado. Águas Altas é uma pequena aldeia no interior de Portugal que se torna notícia quando uma multinacional espanhola pressiona os aldeões a fechar o site da aldeia, por ser homônimo de uma marca de água potável que os espanhóis desejam lançar no mercado. A partir daí, gera-se uma grande divisão na localidade: há quem queira manter o site, por uma questão nacionalista, e há quem queira tirar partido de uma possível compensação financeira junto à empresa espanhola. Classificação livre.
Sessão às 15h30 e 17h30
Dia 3, domingo – sessão somente às 17h30
EM PARIS (Dans Paris – França/Portugal, 2006) Duração 93’. Direção de Christophe Honoré, com Romain Duris, Louis Garrel, Joana Preiss. Mirko tem dois filhos: os jovens Paul e Jonathan. O primeiro é confuso e o segundo, irresponsável. Paul sofre do mesmo tipo de depressão que levou sua irmã ao suicídio alguns anos antes. Ele vive com a namorada Anna, mas a relação está desgastada. Quando volta a morar com o pai, atinge o fundo do poço. Enquanto Jonathan vive aventuras românticas pela cidade, Paul se recusa a sair da cama e do quarto. Nem mesmo a insistência do pai e a visita da mãe o convencem. Mas uma noite ele finalmente sai e parte em direção a uma ponte sobre o rio Sena. Classificação 14 anos
Sessão às 20h
Dia 2, sábado – não haverá sessão deste filme
Pré-estréia:
O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO (BR/1969). Duração: 100’. Direção de Glauber Rocha, com Maurício do Valle, Odete Lara e Othon Bastos. Numa cidadezinha chamada Jardim das Piranhas aparece um cangaceiro que se apresenta como a reencarnação de Lampião. Seu nome é Coirana. Anos depois de ter matado Corisco, Antônio das Mortes (personagem de Deus e o Diabo na Terra do Sol) vai à cidade para ver o cangaceiro. É o encontro dos mitos, o início do duelo entre o dragão da maldade contra o santo guerreiro. Outros personagens vão povoar o mundo de Antônio das Mortes. Entre eles, um professor desiludido e sem esperanças, um coronel com delírios de grandeza, um delegado com ambições políticas, e uma linda mulher, Laura, vivendo uma trágica solidão. Classificação 14 anos
Filme recentemente recuperado (cópia nova).
Dia 2, sábado – às 20h
ALVIN E OS ESQUILOS (Alvin and the Chipmunks – EUA/2007 – Duração: 91’). Direção de Tim Hill, com Jason Lee, Ross Bagdasarin Jr, Don Tiffany, David Cross. Animação dublada. Baseado na série animada Os Pestinhas, da década de 80, Alvin e os Esquilos conta a história de um grupo musical de esquilos, formado pelo líder brincalhão Alvin, pelo alto e envergonhado Simon e pelo bochechudo Theodore, todos adotados pelo músico Dave Seville. Ele transforma o incontrolável trio em celebridades da música pop, enquanto eles colocam sua vida do avesso. Classificação livre.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) divulgou nota pedindo que as autoridades brasileiras garantam que jornalistas possam trabalhar livremente e sem medo de sofrer represálias.
No último sábado (26/07), equipes de reportagem de três jornais cariocas foram abordadas por traficantes armados na Vila Cruzeiro. Os repórteres-fotográficos foram obrigados a apagar as fotos tiradas na comunidade.
Segundo o comunicado, “partes do Rio de Janeiro estão se tornando áreas onde repórteres não podem ir. As autoridades devem reverter esta tendência e garantir a segurança de todos os jornalistas que cobrem questões que afetam a vida dos moradores do Rio. É inaceitável, em uma democracia como o Brasil, que homens armados possam evitar que fotógrafos cubram a campanha eleitoral de um candidato à prefeitura".
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também divulgou nota pedindo que as autoridades identifiquem os criminosos que ameaçaram os jornalistas. Segundo a nota, assinada pelo vice-presidente da instituição, Júlio César Mesquita, é “obrigação das autoridades identificar os autores dessa violência e encaminhá-los à Justiça, para que sejam punidos nos termos da lei”.
Ainda de acordo com o comunicado, a ameaça que os jornalistas sofreram "é uma lamentável evidência da ausência do poder do Estado em tantas áreas da cidade".
Assim como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a ANJ considera o ato um atentado contra a liberdade de imprensa.
A Polícia Civil, por meio de assessoria, informou que o delegado da 22ª DP, da Penha, Felipe Ettora, instaurou inquérito policial para identificar e prender os supostos traficantes que ameaçaram o direito de ir e vir dos jornalistas, pelo crime de constrangimento ilegal com uso de armas.
No Tocantins
O chefe dos parintintins
Eu vi uns patins pra você
Eu vi um Brasil na tevê
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo tão só
Oh, tenha dó de mim
Pintou uma chance legal
Um lance lá na capital
Nem tem que ter ginasial
Meu amor
Roberto Menescal - Chico Buarque/1979
in Bye bye, Brasil
Para o filme Bye, bye Brasil, de Carlos Diegues
Como já me livrei de notas introdutórias , péssima expressão para qualquer tom de ensaio me sinto livre para incorrer em injustiças e tomar catiripapos de amigos mais chegados e cometer o despretencioso texto, dando testemunha que esse Brasil tem muito de conhecer esses outros brasis. Ia me ater a um mapa, dividir regiões, colocar em ordem alfabética, mas percebi que que ia incorrer em erro, escorregar no didatismo e no melhor dizer de João Antonio, ia me tornar um "um doutor sambudo e quiquiriqui, um litorâneo raquítico e pretencioso" que vive a "torcer o nariz".
Resolvi começar São Paulo, filho da terra que sou. Afinal quem é a cara de São Paulo...Meus amigos de beberundar nas padarias do Bixiga (apelido de um bairro central e boêmio) logo sacaram de um nome de rua, Adoniran Barbosa mas depois... depois tem o depois e outros poréns que logo veremos em outros intertítulos.
ADONIRAN BARBOSA, I TUTI QUANTI
Falar que Adoniran Barbosa é a cara de São Paulo não seria nenhum absurdo,, uma vez que João Rubinato em suas letras com sotaque e vocabulário da lígua do povo (a errada e gostosa língua do povo como gostava Manuel Bandeira), seria muito óbvio. Era um português conhecido por cá, como “macarrônico” falado nas ruas do Brás e Bixiga (os dois bairros hoje com muito mais sotaque nordestino). Ele assim como Paulo Vanzolini foram brindados com deliciosas histórias no ensaio de Conceição Ratis, “Os Boêmios na Música Popular” publicado por este Suplemento Cultural na edição de agosto de 2003. Mas é sempre bom relembrar a importância dos dois. Como bem relembra Tárik de Souza em seu livro “Tem mais Samba” (editora 34) “Sua originalidade (de Adoniran) projetou nacionalmente um samba paulista peculiar, repleto de ‘nós fumo e vortemo’. ‘Quem não sabe far errado não deve falar’, ironizava ele em depoimento”.
Na verdade Adoniran Barbosa nos idos de 50 chegou a ser chamado de o “Noel Rosa de São Paulo”, epíteto que felizmente não pegou.’ Zuza Homem de Mello em depoimento ao livro de Ayrton Mugnaini Jr – “Adoniran – Dá licença de contar” (Editora 34) explica que “se a vida de Adoniran sempre esteve ligada ao rádio, é como compositor que a sua vida em São Paulo ficará marcada para sempre. Adoniran foi o compositor de São Paulo por excelência. Ele transformou numa obra compreendida nacional e internacionalmente a linguagem e a vida paulistanas. ‘Samba do Arnesto’, ‘Trem das Onze’ e ‘Saudosa Maloca’ forma a trilogia suficiente para exemplificar sua obra. Uma obra engraçadíssima e tristíssima. De um boêmio/trabalhador, caipira/italiano, seco/vibrante, um gozador que sofreu. Um homem triste e alegre. Um monumental tipo popular.”
O autor e crítico musical de “Tem Mais Samba” também relembra ainda que a sonoridade paulista tinha a voz de Isaura Garcia, outra nascida e criada em bairro operário, o bairro do Brás.Suas músicas pouco recomendáveis para moças comportadas (Matriz e Filial, Só Louco, E o mundo não se acabou, por exemplo) eram siua marca registrada, além de seu imbatível bom humor.
Bom humor também não faltava para Paulo Vanzolini, que muito embora tenha ficado conhecido com “Ronda” e “Volta Por Cima”, era um cronista urbano imbatível. “ Vanzolini tomava um lotação para ir ao trabalho, e ao observar os batedores de carteira na fila, criou o elíptico ‘Praça Clóvis’ – ‘Na Praça Clávis minha carteira foi batida/ tinha vinte e cinco cruzeiros e o seu retrato/ vinte e cinco eu francamente achei barato/para me livrarem do meu atraso de vida...’”
MAS AINDA TEM OS CAIPIRAS
Muitos acham que a cara de São Paulo é a música caipira, a toada de viola tão cara a Mario de Andrade que as recolhia com enlevo quando era professor no Conservatório Musical. Quando falamos dessa música caipira, evitamos usar o termo sertanejo, hoje rótulo de músicas totalmente dissociadas desses estilo. Musicas estas hoje pausteurizadas e tocadas para duos e não duplas provocarem trinos e gargarejos que embalam letras repetitivas e melosas. A velho música sertaneja, a caipira que nos referimos é formada por cururus, modas, pagodes e cantos de trabalho, que desfilavam desde acontecimentos políticos, a reminicências. Não faltavam as sátiras, críticas e ainda história campônias com gados, cavalos de valor e certa valentia. Logicamente existiam também as histórias de amor e morte, mas dolosas, tristes para fazer as violas chorarem.
Essa música hoje rara mas que influenciou grandes compositores da MPB (Ivan Lins, Milton Nascimento, Chico Buarque tem uma sonoridade inconfundível – são catiras, benditos, toadas, batuques, calangos e modas de viola. Hoje ainda faz oi som de São Paulo através de uma incansável defensora, apresentadora de um decano programa semanal na TV Cultura (TV educativa de São Paulo), Inezita Barroso, ou se preferirem Inês Madalena Aranha de Lima, esta grande cantora, que nasceu em São Paulo em 04 de Março de 1925.
Falando em São Paulo a gente não podia deixar de lembrar do poeta de olhos verdes, o sessentão mais cobiçado do carioca calçadão beira-mar e que já foi um dia o poeta irriquieto da Rua Buri, pertinho do estádio do Pacaembú, onde adorava assistir futebol.
A história é simples , no dia 19 de junho nasce, na Maternidade São Sebastião, no Largo do Machado, Rio de Janeiro, Francisco Buarque de Hollanda, o quarto dos sete filhos
do historiador e sociólogo Sérgio Buarque
de Hollanda e da pianista amadora Maria Amélia Cesário Alvim.
Depois de morar no Rio de Janeiro e uns tempos na Itália, Francisco, o Chico se muda com a família para São Paulo (1956/1957) . Oficialmente (está na web) “sua irmã Ana de Hollanda, a "Baía", conta que aos doze, treze anos de idade, já de volta a São Paulo, Chico compôs ‘umas operetas’ que eram cantadas em conjunto com as irmãs mais novas, Ana, Cristina e Pii. A família muda-se para um casarão na rua Buri, a poucos quarteirões do estádio do Pacaembu. Embora fosse um apaixonado torcedor do Fluminense, a camisa que seu ídolo vestia era a do Santos. Seu nome: Paulo César de Araújo, o Pagão, nome que Chico adota até hoje, em homenagem ao craque, quando veste a camisa número 9 de seu time de futebol, o Politheama. Alguns amigos brincam, afirmando que Chico só se tornou músico porque não conseguiu
brilhar no futebol.” Sorte nossa.
Chico Buarque é como diremos...um produtor de clássicos instantâneos e ao trocar o curso de Arquitetura transformou-se um construtor com as melhores composições populares brasileiras,. É o que se pode chamar de o Compositor do Brasil. Se por um lado era comparado com Noel, por outro rompeu todas as barreiras, compôs em todos os ritmos e até em outras línguas. Gênio estendeu sua obra para o teatro e para a literatura. Completa neste mês 60 anos como um porta maior de obras sempre muito aguardadas. Unanimidade? Talvez, mas com certeza a melhor cara do Brasil.
E depois vem a história da Bahia. Ai se eu escutasse o que mamãe dizia...a gente faz o que o coração dita e decreta -
Dorival Caymmi nasceu em Salvador, Bahia, em 30 de Abril de 1914. É tudo o que precisamos saber. Depois é só ouvir as canções e se transportar. Este é o único inconteste, ao lado de Caribe e Jorge Amado. Por certo que a Bahia são várias bahias de ritmos densos e tambores vibrantes. Bahia é Gil,
Caetano, Bethânia, Gal, e ainda uma montueira de trios elétricos, artistinhas chacoalhantes, axés e ...”muita bomba!” Mastem coisa boa muito embora
alguns críticos perguntam se no baticum Bahia pode virar Jamaica. Goli Guerreiro em seu livro “Trama dos Tambores – Amúsica afro-pop de Salvador “ (editora 34) esclarece essas nossas dúvidas em uma pesquisa que não deixou couro sobre couro e passou de beco em beco. Por isso mesmo Caymmi reina absoluta, e melhor, nos deu Nana, Dori e Danilo. Quer mais?
Dorival está sendo festejado pelos seus 90 anos...nem parece. Está ali a face calma, a voz potente. Compositor que nos deu Acalanto;Coqueiro de Itapoá; Dora; Samba da Minha Terra; São Salvador; Saudade da Bahia; Saudades de Itapoã; Só Louco; Você Já Foi à Bahia?; Você Não Sabe Amar; tantas que nem dá para escolher.
Mais uma vez o acaso parece ser o padrinho das artes no Brasil. Em Salvador trabalhou em muitos empregos antes de tentar a sorte como cantor de rádio, e como compositor ganhou um concurso de músicas de carnaval em 1936. Dois anos mais tarde foi para o Rio de Janeiro com o objetivo de realizar o curso preparatório de Direito e talvez arranjar um emprego como jornalista, profissão que já havia exercido em Salvador. Porém , e sempre tem um porém, incentivado pelos amigos, muda de idéia e resolve enveredar para a música. E lá ficou.
Teve sua música "O Que É Que a Baiana Tem" incluída no filme "Banana da Terra", estrelado por Carmen Miranda e nasceu o sucesso. Logo após sua música "O Mar" foi colocada em um espetáculo promovido pela então primeira-dama Darcy Vargas. Seu prestígio foi se ampliando, passando a fazer parte do cast da Rádio Nacional, local onde conheceu a cantora Stella Maris, com quem se casou em 1940 e permanece casado até hoje.
Sobre Caymmi Jorge Amado escreveu – “ Sua obra de compositor é das mais importantes do Brasil, sua canção lírica e dramática transpôs as fronteiras e as limitações de nosso subdesenvolvimento para se fazer uma afirmação universal de nossa cultura, de nossa originalidade. Sua influência sobre toda a música moderna brasileira é mais do que evidente, e não só nos termos da chamada música popular: em sua incomensurável riqueza vêm todos beber e aprender. Um baiano cheio de ternura, de amor ao povo e à vida, cordial e simples, glorioso e
modesto, feito de picardia e dengue, um brasileiro de sucesso mundial, Dorival Caymmi”.
Ainda no livro de sua neta Stella Caymmi “ Dorival Caymmi – O mar e o tempo” (editora 34) uma maçuda mas deliciosa biografia ficamos sabendo que conversar com Caymmi é uma arte. “E quando isso acontece exige sua total atenção. É datalhista. Cinematrográfico. Pinta o cenário antes de desencadear a ação no imaginário do seu interlocutor.” È algo como as suas músicas, uma pintura, clara brilhante. Triste ou alegre com detalhes de fundo e cores vibrantes em cada compasso.
Dorival é o responsável em grande parte pela imagem que a Bahia tem hoje em dia, e com seu estilo inimitável de cantar e com composições de construção melódica impar influenciou várias gerações de músicos brasileiros.
E tinha aquela coisa do Rio de Janeiro, a capital federal que era também a capital cultural do Brasil, onde todos iam se chegando e acariocavam-se...os mineiros principalmente!
NOEL ROSA
Dizem que a cara do Rio de Janeiro é o Carnaval, ou melhor o samba, ou talves a marchinha, por certo isso antes da bossa-nova que é também é samba...ou não é? O samba de raiz chegou aos tempos da eletrônica. É sucesso na favelo e no Favela Chic. Se o samba tem origem afro, chega da Bahia, é no Rio de Janeiro que se institucionaliza. E depois se populariza na obra em branco de Noel Rosa. O poeta da Vila (o bairro Vila Isabel para os puristas é a cara do Rio de Janeiro. Não só pelos seus componentes críticos e urbanos , mas como crônicas de uma cidade mais cordial.
Noel de Medeiros Rosa, cantor, compositor, bandolinista e violonista. Nasceu(11/12/1910) e morreu (04/05/1937) no Rio de Janeiro, RJ. Tivesse vivido mais deixaria com certeza uma obra extensa e tão rica como os sambas que o eternizaram. Noel em 1929, compôs as suas primeiras músicas, dentre elas a emb
olada Minha viola e a toada Festa no céu. Em 1930, conheceu seu primeiro grande sucesso Com que roupa. Em 1931 entrou para a faculdade de Medicina, sem, no entanto, abandonar o violão e a boemia. O samba falou mais alto pois largou o curso meses depois.
Sobre ele Tárik de Souza escreveu “Gênio (e profeta) da raça , sambista também cultor da ‘Rumba da Meia Noite’ ao rock da época, o fox-trot (‘Julieta’), Noel que viveu num Rio de Janeiro ainda bucólico, onde o despertador podiaser o guarda civil (que o salário atrasado), previu até o fim da malandragem cordial. E prenunciou a guerra civil não declarada: ‘No século do passado/ o revolver teve ingresso/ para acabar com a valentia’ (‘O Século do progresso’ 1934)”.
Cantou um Rio urbano depois devastado por espigões e selvagerias tantas que nem o maestro Antonio Carlos Jobim pode suportar.
Parceiros e apaixonados pela cidade do Rio de Janeiro o maestro e o poetinha são a cara de um Rio mais recente. Um Rio que deixa de ser capital federal e passa a ser orgulho do Brasil , nossa maior divisa turística, beleza esta ainda sobrevivente a tantos desmandos e a essa guerra anunciada. A biografia dos dois se confunde e passa a construir uma nova memória musical da cidade.
Nasce, em meio a forte temporal, na madrugada de 19 de outubro de 1913 , no antigo nº 114 da rua Lopes Quintas, na Gávea,Rio de Janeiro. Em 1928 compõe, com os irmãos Tapajoz,
"Loura ou morena" e "Canção da noite", músicas de muito sucesso. O poeta produz muitas obras e em 1954 sai a sua primeira edição de sua Antologia Poética. É 1956, e a partir desse ano começam os "caminhos cruzados". Convida Antônio Carlos Jobim para fazer a música do espetáculo, iniciando com ele a parceria que, logo depois, com a inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de renovação da música popular brasileira que se convencionou chamar de bossa nova.
Anos mais tarde, em 1962, na mesma época que começa a compor com Baden Powell . Em agosto, faz seu primeiro show, de grande sucesso, com Antônio Carlos Jobim e João Gilberto, na boate AuBom Gourmet, que daria início aos chamados pocket-shows, e onde foram lançados pela primeira vez grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e o "Samba da bênção"Faz ainda um Show com Carlos Lyra,na mesma boate, o Pobre menina rica onde é lançada a cantora Nara Leão.No mesmo ano compõe com Ari Barroso as últimas canções do grande compositor popular, entre as quais "Rancho das namoradas".
Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu às onze e quinze da noite de uma terça-feira, 25 de janeiro, de 1927,. Dizem que chovia muito nesse de seu nascimento na casados pais rua Conde de Bonfim, no bairro carioca da Tijuca. No Villariño onde se formara a dupla Tom & Vinícius, em 1958, outro encontro histórico acontece, envolvendo a dupla e Elizeth Cardoso. Daquela vez o padrinho foi Irineu Garcia, idealizador do selo Festa. Tom Jobim erasem duvida, o melhor de todos os novos compositores brasileiros.
É dessa época a sua “Sinfonia do Rio de Janeiro” uma composição sua com Billy Blanco. A composição buscava desenvolver a idéia musical da montanha, o sol e o mar. O disco foi lançado em 20 de janeiro de 1960. Braguinha (João de Barro), então na gravadora Continental escreveria “Rio de Janeiro...a montanha, o sol, o mar....principalmente o mar, este mar boêmio que canta para embalar as praias claras. E este sol que passeia no azul e ardentemente beija a mais bela mulher do pais! E a montanha do Cristo Redentor de braços abertos para a cidade e para quem vem de longe...Este disco maravilhoso...vai encontrar um Rio um pouco mais agitado,um pouco menos boêmio, mas que, felizmente, conserva ainda, a montanha, o sol, o mar...”
Como a primeira sinfonia, dedicada ao Rio de Janeiro, também foi encomendada outra — no caso, pelo pianista Bené Nunes, a pedido do presidente Juscelino Kubitschek, que sonhava com um poema sinfônico em homenagem a Brasília, a nova capital do país, inaugurada em 21 de abril de 1961. Acompanhado de Vinícius, que se incumbiria de escrever o recitativo da sinfonia, Tom viajou até o Planalto Central. Consta que da viagem voltou com os cinco movimentos de “Brasília, Sinfonia da Alvorada” na cabeça. Talvez os dois hoje não compusessem outra com tal empenho.
Vinicius é operado a 17 de abril de 1980, para a instalação de um dreno cerebral. E veio a falecer na manhã de 9 de julho, de edema pulmonar, em sua casa, na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher. Desaparecido ficaram os originais de Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Em 15 de setembro de 1994, três dias após Tom Jobimgravar sua parte de um dueto com Frank Sinatra, viajou até Nova York para submeter-se a uma angioplastia. Num dos vários exames a que Tom se submeteu, detectaram um tumor maligno em sua bexiga—e uma cirurgia foi marcada para o dia 6 de dezembro, no Mount Sinai Medical Center. No dia 8teve uma parada cardíaca, às 8h. A segunda, duas horas depois, lhe seria fatal. Seu corpo desembarcou no Rio no dia 9 de dezembro.
A paixão dos dois pelo Rio de Janeiro, são um exemplo do amor pela beleza em proveito da arte, no caso a música e poesia. Não dá para dissociar a imagem dos dois de São Sebastião do Rio de Janeiro.
E TODAS AS OUTRAS CARAS
Mineiro é gregário? Pelo sim pelo não temos o Clube da esquina! E nada mais representativo que Milton Nascimento e seus amigos para Minas Gerais. “Noite chegou outra vez, de novo na esquina os homens estão ... “ (Lô / Márcio Borges / M. Nascimento)". Em um inspirado texto o mineiro Tete Monti em seu siteda web escreveria – “ o carioca criado em Três Pontas Milton Nascimento, o Bituca, foi ganhar a vida. E foi nesse arraial chamado Belo Horizonte que Bituca conheceu a família Borges. No "quarto dos homens" da casa dos Borges, surgiu um estilo musical universal. (...) Bituca e Márcio Borges iam conhecendo gigantes da música como Wagner Tiso. Enquanto os garotos Lô Borges e Beto Guedes devoravam discos dos Beatles, Milton encontrava Fernando Brant e "Travessia" mostrava ao Brasil com que voz Deus cantaria, se cantasse.
Para entender que cara de Minas é essa, que não é só uma mas são muitas , a formação de “agrupamento” musical se deu com a soma do carioca Milton ao mineiro de Montes Claros, Beto Guedes que mais se destacou comercialmente, juntamente com Milton e Flávio Venturini. Já Toninho Horta é um dos maiores e melhores guitarristas do mundo e tocou em muitos discos de Milton Nascimento. Tavinho Moura mineiro de Juiz de Fora é, como Toninho Horta, um mestre da harmonia. Com uma forte influência religiosa é autor de "Paixão e Fé", incluída do álbum Clube da Esquina 2. Com Milton Nascimento, Tavinho fez o álbum Missa dos Quilombos e Sentinela. E mais os músicos do Clube da Esquina tem Wagner Tiso, maestro e arranjador. Tiso fez parte da banda Som Imaginário ao lado de Luiz Guedes, Fredera, Tavito, Zé Rodrix e Robertinho. O Som Imaginário lançou a música "Feira Moderna", dos até então desconhecidos Lô Borges e Beto Guedes no Festival Internacional da Canção. Deu para entender ?
Mas temos muitas outras caras e sons. Nos pampas além de Teixeirinha com os seus churrascos vinham umas Almôndegas...formados por Kleiton e Kledir Ramil, que nos anos oitenta, junto com Raul Elwanger deram a nota para as coisas do sul. Parelamente as tradições foram mantidas por grupos folclóricos e seus galpões. Artistas populares como Gaúcho da Fronteiro mantiveram acesa a chama que nos idos sessenta era garantida pelo Conjunto Farroupilha do qual Rolando Boldrin fazia parte.
Do Pantanal as boas novas e o resgate da verdadeira identidade cultural vieram através de Almir Sater que dividiu sua chalana com o ex-jovem guarda Sergio Reis.
Do Ceará, o óbvio Pessoal do Ceará com Rodger, Rogério e Teti, e ainda Ednardo, Belchior, Raimundo Fagner. Da Paraíba, Elba Ramalho, Zé Ramalho e a afinadíssima Amelinha. Do Piauí Jorge Mello. Do Pará, a agora aportada em Portugal Fafá de Belém e o grande compositor Paulo André Barata. E do Maranhão a sambista de swingue carioca e pitadas de carimbó Alcione e os novos talentos como Zeca Baleiro. Da grande Amazônia a força do canto índio de Marlui Miranda.
E por certo estamos deixando de falar muitos estados e das muitas facetas culturais e sons espalhados dentro deste incrível caldeirão cultural. A música rompe fronteiras, dizem que acalmam as feras, dizem que podem unir povos.
Pois bem, fiquemos então com o poeta piauiense...
"(...) Minha terra tem palmeiras de babaçu onde canta o buriti/e a melhor água do mundo/e um poço/e um menino/como posso agora cantar minha terra/estando tão longe-perto dela/como posso eu e essa miséria louca/descobrir destruir as ruínas de lar"
Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha, Torquato Neto
Eduardo Cruz