Trilogia
Padrões de Contato: Século XXV
de Jorge Luiz Calife
“Agradeço ao Sr. Jorge Luiz Calife, do Rio de Janeiro, por uma carta que me fez pensar seriamente numa possível continuação [de 2001: Odisséia no Espaço]”
Século XXVI. A humanidade tenta encontrar saídas para a colonização estelar. Tensões aumentam entre os que desejam manter a pureza do corpo humano, os que querem a fusão com a máquina, e os que buscam a simbiose com organismos geneticamente manipulados. Baleias trabalham na construção civil em Europa, a lua de Júpiter, e jovens simbiontes conseguem flutuar no vácuo sem trajes espaciais. Mas um problema de preservação ambiental pode limitar a construção de um novo porto espacial de grande importância para a Terra.
Século XXVIII. A ultratecnologia trouxe a felicidade? Não para um grupo de transcendentalistas que enviam apelos ao espaço com radiotelescópios. Para eles, a Tríade tem a solução – a fusão de mentes individuais a uma matriz cristalina, unindo a espécie humana à sua consciência coletiva.
Assim Jorge Luiz Calife constrói a sua história do futuro. O fio condutor é Angela Duncan, mulher tornada imortal pela Tríade. A saga avança com a descoberta de uma nave de gerações tripulada por brasileiros e vítima de uma cruel ditadura militar, com uma guerra contra parasitas espaciais, e jornadas por um buraco negro até o passado da Terra, e a resolução do mistério da Tríade.
Calife começou a escrever ficção científica hard em meados da década de 1980, mas a densidade de informações em seus romances prefigura um momento da FC internacional que viria somente quinze anos depois. — Roberto de Sousa Causo, autor de A Corrida do Rinoceronte
MAS AFINAL O QUE É FC HARD ?
Todavia, há muita discordância entre leitores e escritores sobre o que exatamente constitui este interesse no detalhe científico. Muitas histórias de FC 'hard' se concentram no desenvolvimento tecnológico e biológico, mas muitas outros deixam a tecnologia em segundo plano. Outros argumentam que se a tecnologia é colocada em segundo plano, isto seria um exemplo de ficção científica 'soft'.
Outra distinção no gênero gira em torno da representação da condição humana. Alguns autores buscam especular precisão técnica numa sociedade avançada quase utópica, na qual a humanidade logrou vencer a maioria dos males humanos; enquanto outros buscam representar o impacto da tecnologia na raça humana, com os defeitos humanos ainda firmes em seus lugares e por vezes, até ampliados.
Alguns autores evitam escrupulosamente implausibilidades tais como viagens-mais-rápidas-que-a-luz, enquanto outros aceitam tais artifícios de enredo mas se concentram em descrever realisticamente os mundos que tal tecnologia poderia tornar acessível; ao escritor de FC 'hard' permite-se antecipar o automóvel desde que ele também preveja o engarrafamento de trânsito.
Na ficção científica 'hard', os personagens principais são geralmente cientistas práticos, engenheiros, militares ou astronautas. O desenvolvimento dos personagens é freqüentemente colocado em segundo plano, relativamente a exploração de fenômenos astronômicos ou físicos, mas alguns autores antecipam a condição humana ou a idéia de que os indivíduos terão valores e modos de vida diferentes nas sociedades futuras, onde as circunstâncias tecnológicas e econômicas mudaram. Mesmo em tais casos, todavia, um tropo comum da FC 'hard' associa a solução da trama a um aspecto tecnológico.
Os escritores de ficção científica 'hard' geralmente tentam fazer suas histórias consistentes com a ciência conhecida na época da publicação (o que também significa que para públicos posteriores seu conhecimento será obviamente incompleto; algumas obras antigas retratam astronautas andando em Vênus usando roupas comuns). Mesmo ao escrever FC 'hard' passada em universos alternativos onde se aplicam diferentes leis físicas, os autores ainda tentam criar um conjunto internamente consistente de leis físicas.
UM LANÇAMENTO