Os filhos de Sócrates
(Les Enfants de Socrate : filiation intellectuelle et transmission du savoir, XVIIe-XXIesiècle)
de Françoise Waquet
322 páginas
Mestre e discípulo. Essas palavras ainda têm sentido atualmente, quando numerosas desmitificações modificaram a economia tradicional dos conhecimentos e afetaram várias crenças que, durante muito tempo, deram base à civilização ocidental?
Exemplos multidisciplinares reconstituem a variedade das figuras magistrais cujos arquétipos são Sócrates e a imagem do pai. Eles traduzem a diversidade e a complexidade de uma relação fundada no poder e no afeto, desvelando “um laço da alma”, quando não se trata de uma filiação.
Essa relação pessoal aparece, no contraste das instituições com os livros, como o modo por excelência da transmissão do verdadeiro saber: aquele que ocorre ouvindo o mestre falar e o vendo trabalhar; aquele que não se paga, mas se doa. Uma relação ambivalente, que pode estagnar os conhecimentos numa forma ortodoxa e produzir clones ou, ao contrário, unir positivamente a tradição à originalidade para gerar novos mestres que continuarão a longa cadeia do saber.
“O poder do mestre é exercido primeiramente ao introduzir o discípulo na área, apresentando-o, naturalmente, por perspectiva elogiosa. Pode-se fazer isso oralmente, mas também com uma carta de recomendação relacionando realizações. Os exemplos a respeito são muitos; (...).
Benedetto Bacchinise empenhou em tornar Muratori conhecido: ele apresentou seu primeiro livro(1697) em seu Giornale de’ letterati; quando foi a Roma em 1705, ele aproveitou para elogiar seu discípulo aos grandes eruditos da Cúria. (...)
Em Os filhos de Sócrates, Waquet analisa com sabedoria as características da relação entre o mestre e seu discípulo, mostrando como o domínio institucional e intelectual do docente conduz o aluno por toda sua vida.
Françoise Waquet é Diretora de Pesquisa do CNRS (Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França).Dentre seus livros estão Le Latin ou l’empire d’un signe, 1998 (Prêmio Augustin Thierry, 1999), e Parler comme un livre, 2003.
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