Sexta-feira, 28 de Maio de 2010

“Móveis de madeira reutilizada”


“Móveis de madeira reutilizada”, com peças do designer Carlos Motta, em cartaz no Museu da Casa Brasileira



Abertura: 8 de junho, às 19h30, com lançamento do livro “Carlos Motta e a Vida”

Visitação: 9 de junho a 4 de julho



Com o uso de madeira de demolição, o designer Carlos Motta fez as 25 peças da mostra “Móveis de madeira reutilizada”, a ser aberta no dia 8 de junho no Museu da Casa Brasileira, instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura. “São peças independentes, desenhadas sem pressão da grande correnteza”, diz o designer, que na ocasião lança o livro “Carlos Motta e a Vida”, pela Editora Bei. Depois, a mostra vai para Nova York em setembro e, para Los Angeles, em março de 2011.



“Grande parte do que venho desenhando é para ser produzido com essa madeira de redescobrimento, rediscovered wood. É assim que é conhecida por aí no mundão. Reaproveitar, fazer novo uso do material”, explica Carlos Motta. “Na mostra, fica clara a responsabilidade ambiental e social, como pré-requisito de primeira grandeza para a realização do bom design. Sabemos quanto está desgastada a palavra sustentabilidade, porém é o que buscamos, esta é a meta da humanidade”.



Esse conjunto de peças feitas sem pré-requisitos de um cliente revela a simplicidade construtiva e o respeito à madeira recolhida em demolições e a ser reaproveitada. Algumas são peças únicas, outras podem ser repetidas em pequenas quantidades. Suas cadeiras, poltronas, mesas e bancos de produção inteiramente artesanal, de seu próprio ateliê, são um depoimento vivo do talento da marcenaria de Carlos Motta. Uma delas, a Poltrona Radar, criada em 2008 e construída em peroba rosa de redescobrimento, com lustração especial, é giratória, com estrutura em ferro oxidado. Foi especialmente desenvolvida para as exposições no MCB e nos Estados Unidos.



“Para o MCB, apresentar a obra recente do designer Carlos Motta, mais que certificar sua consequente trajetória, nos remete à segunda edição do Premio Design MCB em 1987, quando as cadeiras Estrela e São Paulo receberam o primeiro lugar na categoria de móveis. A premiação sinalizava seu trabalho dentro da melhor tradição da marcenaria brasileira”, diz Giancarlo Latorraca. “A delicadeza de reelaboração dos materiais (madeiras e aço) anteriormente ligados à escala de estruturas arquitetônicas ressurge em objetos convidativos, amigáveis e suaves, muitas vezes sem perder a solidez visual”.



Há uma exceção no conjunto de peças apresentadas por Carlos Motta. As Cadeiras Havaianas foram criadas em madeira certificada e, assim como as sandálias, são apresentadas em várias cores: amarelo, prateado, azul, dourado, cinza chumbo e vermelho. “Foi um prazer e um orgulho muito grande para mim quando vi a exposição Ícones do Design, que aconteceu no Museu da Casa Brasileira em 2009”, conta o designer. “Pude ver a Cadeira São Paulo lado a lado com as Sandálias Havaianas”. Ele fala de seu desafio para criar as peças: “Tinha que fazer a cadeira mais cadeira que conseguisse, sabendo que as Sandálias Havaianas são as sandálias mais sandálias que conheço. A cadeira é para ser durável, longeva, utilitária e amada”.



A madeira

“Limpa-se a viga. Retira-se tudo o que é metal, na maioria são pregos e parafusos”, ensina Carlos Motta. “Mesmo estando limpa, a entrada desta madeira dentro da oficina de marcenaria representa uma carga horária maior para ser preparada, para ser maquinada, ou lixada, pois são madeiras muito rústicas”.



Segundo ele, o mercado de madeira de demolição mudou muito nos últimos anos. Atualmente até comercializa a matéria-prima no mercado internacional. Era um material pouco procurado, e muito barato alguns anos atrás. Hoje, considerado sofisticado, correto, amigo, vale muito.



“A madeira de demolição já cumpriu importantes funções: ofereceu qualidade física, mecânica, técnica, e estética em construções, engenharia, arquitetura. Longeva, essa provável viga de madeira ainda é bela e cheia de saúde”, acrescenta Carlos Motta. “Com este nobre material fizemos uma série de móveis, cujo objetivo é ficar evidenciado através da estética, da técnica construtiva e da ergonomia, a possibilidade de se realizar peças de qualidade, reutilizando-se material, no caso madeira e ferro”.



O livro

O livro “Carlos Motta e a Vida” tem concepção e projeto editorial de Paulo Lima, e concepção e projeto gráfico de Rafic Farah, pela Bei Editora. Como diz o próprio título, a abrangência vai além do design de móveis e da arquitetura, passando pela família, pelos amigos, pelo surf e por tudo aquilo que junto ao trabalho formam uma unidade, que é a vida de Carlos Motta.



O designer

Formado em arquitetura, com seis meses de curso na faculdade de direito, hippie e surfista, Carlos Motta intitula-se um apaixonado pelo cheiro e pela forma da madeira. “Desde criança, tudo na madeira me interessava. O cheiro, as cores, a forma, o corte da ferramenta. Tudo era prazeroso”, explica. Da paixão infantil começaram a surgir os primeiros objetos: estilingue com forquilha de jaboticabeira, carrinho de rolimã e casa de cachorro. Não demorou muito para surgir a primeira peça, uma espreguiçadeira bonita e bem estruturada, confeccionada a partir de cabos de enxada feitos de guatambu, uma madeira roliça, clara e forte, garimpada em uma loja de ferragens. Com aquilo, mais parafusos e um pedaço de lona, fez sua primeira cadeira.



Serviço

Exposição: “Móveis de madeira reutilizada”, de Carlos Motta

Abertura: 8 de junho, às 19h30, com lançamento do livro “Carlos Motta e a Vida”

Visitação: 9 de junho a 4 de julho, de terça a domingo, das 10h às 18h

Local: Museu da Casa Brasileira

Endereço: Av. Faria Lima, 2705 - Jardim Paulistano Tel. 3032-3727

Ingresso: R$ 4,00 - Estudantes: R$ 2,00 – Gratuito domingos e feriados

Acesso a portadores de deficiência física.

Visitas orientadas: 3032-2564 agendamento@mcb.org.br

Site: www.mcb.org.br

twitter.com/mcb_org

Estacionamento: de terça a sábado até 30 min. grátis, até 2 horas R$ 8,00, demais horas R$ 2,00. Domingo: preço único de R$ 12,00.

 

publicado por o editor às 08:11
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