Segunda-feira, 21 de Março de 2011

Teatro - Filha da Anistia

 

 


Após temporada de sucesso em São Paulo, a peça Filha da Anistia segue para outras seis capitais

Com um viés crítico que foge de fórmulas óbvias, a montagem tem o seu vigor na interpretação dos atores e na simplicidade com a qual discute os efeitos da ditadura pós-golpe de 64 nas posturas políticas, sociais e culturais do país.



“Para quem insiste na ideia de que a Anistia é sinônimo de esquecimento da barbárie do passado, Filha da Anistia é um libelo contra a ignorância e a insensibilidade.”

Paulo Abrão – Secretário Nacional de Justiça e Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.



“Num país como o nosso, onde a transição para a democracia se arrasta há décadas, a peça é indispensável e preciosa ferramenta de construção do presente e futuro.”

Alípio Freire – jornalista, escritor e artista plástico.



A Caros Amigos Cia de Teatro, da Cooperativa Paulista de Teatro, em parceria com o Projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, realizará apresentações do espetáculo “Filha da Anistia” em seis capitais a partir de março: Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Teresina, e Brasília. As apresentações serão seguidas de debates com a participação do público, do elenco e de convidados locais que participaram da resistência à ditadura implantada com o golpe de Estado de 1964, com curadoria do Núcleo de Preservação da Memória Política.

A peça que estreou em São Paulo em março do ano passado, nasceu após três anos de intensa pesquisa. Carolina Rodrigues e Alexandre Piccini, co-autores e atores da peça, mergulharam em arquivos públicos e bibliotecas, selecionando documentos, jornais, livros, teses e biografias. Além do escasso material publicado, foi imprescindível conhecerem o olhar e a experiência de pessoas que viveram e lutaram na resistência ao regime autoritário. Construíram, assim, uma ficção que busca apropriar-se deste período, desvendar seus mitos, elucidar e questionar a História, incitando no espectador o surgimento da consciência crítica.

“Buscamos produzir algo que vasculhe o inconsciente coletivo e, fora da racionalidade incapacitada pela conjuntura histórica, torne esse trauma mais nosso, mais visível, mais elaborável.” – sintetiza Carolina.

"Filha da Anistia" conta a história de uma jovem que parte em busca do pai que nunca conhecera e acaba descobrindo um passado de mentiras e omissões, forjado durante os anos de chumbo no Brasil.

Clara é uma advogada que procura refazer sua história e esclarecer seu passado, sem imaginar que a sua vida seria radicalmente transformada nessa trajetória. Todas as suas certezas caem por terra diante das descobertas sobre seu passado familiar e sobre um período da história de nosso país que poucos conhecem - e que a maioria prefere esquecer. Para ela, isso não será mais possível. "Filha da Anistia" provoca no espectador a reflexão sobre esse período, usando como metáfora os desencontros de uma família despedaçada pela ditadura.

“Esse projeto colabora com a necessidade de compreendermos a História e de aprendermos com ela. Nosso principal objetivo é contribuir de uma maneira artística para que o Brasil avance na consolidação do respeito aos Direitos Humanos, sem medo de conhecer e reconhecer a sua história recente”, afirmam os autores.

De acordo com o diretor do espetáculo, João Otávio, o vigor da montagem está em sua simplicidade. A tensão dos diálogos é a própria materialização da violência, fugindo de fórmulas prontas, como cenas de tortura, por exemplo. “O jogo cênico é o mais importante. O confronto entre os personagens, as perspectivas que surgem e a visível reação da plateia não permitem aqui diálogos que explorem o didatismo ou mesmo uma mão pesada no discurso político.” Todos os artifícios e recursos foram eliminados, e para compor o cenário apenas algumas caixas de papelão foram espalhadas pelo palco, ilustrando o desnudar dos personagens a cada passo em busca do esclarecimento. Essa configuração implica na construção de um olhar que sempre busca aquilo que está oculto na história que está sendo contada.

O diretor aponta, ainda, que houve interesse em retratar historicamente o período, considerando que a realidade dos fatos ocorridos possui uma dimensão de violência e barbárie inaceitáveis. Ao contrário, nesta ficção, a Cia apresenta uma inversão, onde o passado figura como o período de otimismo, luta, idealismo e vivacidade, enquanto o presente é que se mostra obscuro, melancólico e incoerente com esse passado.

Alexandre Piccini ressalta que o principal objetivo dessa montagem é desfazer a sensação de que o que aconteceu só diz respeito aos diretamente envolvidos. “Buscamos o tom exato para que o público se identifique com os personagens e compartilhe dos seus sentimentos, entendendo que a brutalidade da ditadura poderia ter atingido qualquer um de nós. Mas também procuramos manter um distanciamento crítico para alcançarmos racionalmente a compreensão de que o passado é a raiz do presente. Lá estão as origens de muitos dos problemas que vivenciamos hoje. A brutalidade da ditadura continua nos atingindo: educação, cultura, segurança, economia e política dizem respeito a todos nós”.

Contemplado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo em 2009, “Filha da Anistia” dialoga com as atuais discussões sobre Direitos Humanos. A seriedade e a coerência do projeto atraíram apoiadores fundamentais para a concretização da montagem – A Caros Amigos Cia de Teatro agradece a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Núcleo de Preservação da Memória Política e Ação Educativa.



www.filhadaanistia.blogspot.com










FICHA TÉCNICA
Direção: João Otávio

Dramaturgia: Alexandre Piccini e Carolina Rodrigues

Elenco: Alexandre Piccini e Carolina Rodrigues

Cenário e Figurino: Caros Amigos Cia de Teatro

Iluminação e operação: Daniel De Rogatis

Preparação corporal: João Otávio

Trilha e música original: Alexandre P. Ribeiro

Operação de Audiovisual: Michelle Ohl

Programação visual: Hórus Produções

Vídeos: Hórus Produções

Fotografia: Vitor Vieira

Curadoria dos debates: Núcleo de Preservação da Memória Política

Assessoria historiográfica: Alípio Freire

Administração: Danilo Cerqueira César

Produção viagens: Michelle Ohl

Produção executiva: Caros Amigos Cia de Teatro

Assessoria de imprensa: Baobá Comunicação

DIREÇÃO E ELENCO

Carolina Rodrigues – autora e atriz

Formada pela Escola de Artes Dramáticas - EAD /USP e com passagem pelo CPT – Centro de Pesquisa Teatral de Antunes Filho, participou de festivais nacionais e internacionais. Junto à Cia. Tablado de Arruar, apresentou o espetáculo "A Rua é Um Rio", viajou por mais de 10 cidades com a Caravana de Circulação de Espetáculos Teatrais Funarte–Petrobrás/2006-2007. Além desses trabalhos, atuou em projetos com direção de Celso Frateschi, Vanessa Bruno, Tica Lemos, Luiz Arthur Nunes, Isabel Setti, Bete Dorgam, Luis Damasceno e Iacov Hillei.

Alexandre Piccini – autor e ator

Formado pelo Teatro Escola Macunaíma e pela Oficina de Atores da Rede Globo, foi apresentador dos programas "Nota 10" do Canal Futura e "Globo Ciência". Participou das novelas "Luz do Sol" (Record) e, na Rede Globo, atuou em "Duas Caras", "Paraíso Tropical" e "Como Uma Onda". No teatro integrou o elenco de vários espetáculos com destaque para "Sagrada Família" de Fernando Bonassi e "Eduardo II" com direção de Marcelo Marcus Fonseca. No cinema seus principais projetos foram os longas "Remissão" de Silvio Coutinho e "Sexo com Amor?" de Wolf Maya.



João Otávio – diretor e preparador corporal

Diretor formado pelo Teatro Escola Macunaíma. Como ator, fundou e atuou na Cia de Teatro-Dança Artesãos do Corpo. Na Cia Tablado de Arruar foi assistente de direção e diretor de ator nas montagens "A Rua é um Rio" e "Quem Vem Lá". Em 2010, dirigiu "Helena Pede Perdão e é Esbofeteada", da mesma cia. Foi preparador corporal nos espetáculos "Incomodo ser eu só tanta coisa"; "O Ovo e a Galinha", do grupo Teatro do Desconhecido, e dirigiu o espetáculo "Moimórias".

SERVIÇO: Dia 23 de março, quarta feira, 17h e 20h. Dia 26 de março, sábado, 11h e 20h. Local: Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. (246 lugares) Endereço: Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema – Fortaleza/CE. Informações bilheteria: (0XX85) 3488-8600 Apoio: Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará/ Secretaria de Justiça e Cidadania do Governo do Estado do Ceará/ IACC - Instituto de Arte e Cultura do Ceará/ Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura/ Instituto Frei Tito de Alencar/ Associação 64-68 Anistia/ Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou. Sinopse: Após a morte da avó, Clara parte em busca do pai que nunca conhecera. Esse encontro irá revelar um passado de mentiras e omissões, forjado durante os anos de chumbo no Brasil. Duração: 1 hora Classificação Indicativa: não recomendado para menores de 12 anos Valor da entrada: gratuito. Ingressos serão distribuídos uma hora antes do espetáculo, por ordem de chegada. Capacidade: 100 lugares

publicado por o editor às 13:51
link | comentar | favorito

.tags

. todas as tags

.arquivos

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub