Um estudo da universidade americana de Purdue, feito sob
encomenda da empresa de softwares McAfee com 1.055
empresários em 17 países que adotaram tecnologias 2.0, revelou
números surpreendentes no Brasil. 90% das empresas brasileiras
pesquisadas utilizam redes sociais como Facebook ou Twitter e três
entre quatro destas empresas informaram que estão lucrando com
estas ferramentas.
Como o estudo foi realizado em empresas de maior porte, os 90%
reduzir-se-iam a no máximo 10% se considerássemos o universo
total de empresas, com a inclusão das micro, pequenas e médias
empresas. Mas o fato é que se evidencia uma tendência que
impactará não só os internautas mas também os empresários.
O contato mais próximo que as empresas conseguem com seu
consumidor final pode gerar e está gerando retorno para as
empresas que investiram nesse nicho. Mas há um processo
vicioso: os consumidores são, ao mesmo tempo, trabalhadores de
outras empresas, e a utilização destes softwares tem sido
combatida por provocar a perda de qualidade e tempo de trabalho.
Boa parcela dos lucros que alguns têm obtido com estas
ferramentas tem origem em pessoas que desperdiçam o tempo de
seu trabalho mergulhadas em redes sociais. Ou seja, o lucro de
um é o prejuízo de outro.
Calcula-se que no Brasil um terço das empresas impõem restrições
ao uso de sites como o Facebook, e o número cresce a cada dia.
Essa restrição é vista, algumas vezes com maus olhos pelos
funcionários, que se esquecem que vendem suas horas de serviço
e atenção às empresas. Para que se tenha idéia, o tempo médio
de cada login no Orkut é de 25 minutos; no Twitter, 20 minutos;
no Facebook, 16 minutos. Boa parte desse tempo é desperdiçada
nas empresas em horário de trabalho. Como a tendência é que a
cada dia as restrições no uso da internet no horário de trabalho
sejam maiores, chegaremos a um ponto em que, eventualmente,
os que lucram hoje não alcançarão amanhã números tão
substanciosos e terão que se voltar ao consumidor em suas horas
vagas. Isso mudará o cenário pois, a meu ver, Facebook e Twitter,
têm um apelo maior como distração no horário de trabalho do que
quando concorrerem somente com nossos momentos de diversão.
Não havia Facebook nem Twitter quando Lacordaire alertou: “Por
toda parte onde se quer vender, o homem encontra compradores.”
Isso nos induz a pensar se não somos vítimas de um processo de
servidão. Usamos ou estamos sendo usados por esses sites e
empresas?
Pela certeza que temos de que toda empresa visa o lucro, é
necessário refletir!
“Adicionar” e “seguir” são termos de uso comum nessas
ferramentas. Tenho a percepção que os seguidores, se não se
cuidam, estão na verdade sendo seguidos e controlados. Os
“adicionantes”, se não atentarem, restarão colados como insetos à
lâmpada quente, distanciando-se diariamente da vida real que,
por si, é o que importa.
Vale a pena cada um pensar como nos atingem essas ferramentas
na vida real, para não conhecer na pele o que pensava Benjamin
Franklin: “Se comprares aquilo de que não careces, não tardarás a
vender o que te é necessário.”
*Carlos Alberto Pompeu de Toledo Soares, é diretor da Gcapts
Consultoria, especializada em reestruturação empresarial
gcapts@terra.com.br