Segunda-feira, 17 de Março de 2008

AMADO JORGE



Amado Jorge


Faz sol, um friozinho besta e tento por no papel um pouco da minha emoção de te ter de volta. Se é que um dia foste.O Brasil continua aquela coisa peguiçosa, com todos os coronéis funcionando regularmente e o povo na vidinha ferrada de sempre. Passou o Carnaval e restou o futebol (neste os coronéis continuam os mesmos de seu tempo por aqui).A boa notícia é que tua obra está recebendo um tratamento digno e está sendo relançada. Alvíssaras, talvez assim das nossas bancas (se que é certo ainda falar assim) saiam bacharéis menos chucros e mais humanos. Sonhei até com umas ruas, um becos, e uma mesas de botequins que frequentei nos meus seis longos meses de Ilhéus. Pude sentir o cheiro do mar, das frituras e do perfume penetrante de certas baianas. Tudo por aqui segue comigo escrevendo os meus textinhos, meio que desembarcado em Curitiba. Não vou escrever muito, deixo para os meus leitores a deliciosa releitura (que irei fazer) de toda a sua obra. De sua biografia devo registrar que " a região cacaueira seria um dos cenários preferidos do autor, atravessando toda sua carreira literária, em livros como Terras do sem-fim, São Jorge dos Ilhéus, Gabriela, cravo e canela e Tocaia Grande, nos quais relata as lutas, a crueldade, a exploração, o heroísmo e o drama associados à cultura do cacau que floresceu na região de Ilhéus nas primeiras décadas do século XX." Pois por lá só mudam o nome das estradas ao gosto dos governos, a vasoura de bruxa acabou com o cacau, e hoje fazenda mesmo é para gringo visitar.Vou ficando por aqui, de quebra mando um muito obrigado para a Cia das Letras.

Eduardo Cruz
paulistano, escritor e jornalista, mas de alma cada vez mais baiana.
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Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008

PARABÉNS São Paulo 454 anos

 

COMEMORANDO O ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO REPUBLICAMOS ESTE ARTIGO QUE SAIU NA REVISTA CONTINENTE MULTICULTURAL
UM MERGULHO NO PASSADO PAULISTANO -
COM ESTILO
Quem poderia ocupar-se do tema Belle Époque no Brasil, e mais ainda, de todo uma efervescência cultural que dominou especialmente a intelectualidade paulistana e envolveu nomes do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Um salão onde nomes como Tarsila do Amaral trafegava com a mesma celeridade do maestro Francisco Mignone e cujo afrancesamento óbvio era criticado por Monteiro Lobato mas, mecenava figuras como Oswald de Andrade,Mario de Andrade e José Oiticica. Esse perfume de várias e requintadas essências como as do “Ao Trevo Sideral”, alimentavam as delícias de gourmets que se davam ao luxo de imprimirem seus cardápios em francês, mandarem cartões em espanhol e cantarem um hino a cada encontro e que declarava em bom toar, sob a batuta do “jefe” “E, é seguro, heis de vencer,/Arme os braços o IDEAL!/Vinde à arena combater,/Cavalheiros da Kyrial!”.

Se tudo isso ou nada disso o convencer a conhecer a “Villa Kyrial - Crônica da Belle Époque paulistana” de Márcia Camargos pouco sei como provocar mergulhos em tempos obscuros e pouco conhecidos na inteligência brasileira. É a autora que nos explica de como surgiu a idéia de produzir esse livro, editado pela SENAC-São Paulo, e que tem com suporte de pesquisa o trabalho competente e reconhecido da Companhia da Memória.

“A idéia de pesquisar este tema surgiu há muitos anos, quando um livro de Aracy Amaral chamou minha atenção para aquele importante ponto de encontro da cidade no início do século XX. Constatei que não havia textos de maior fôlego dedicados à Villa Kyrial, apenas referências esporádicas, e raras eram as pesquisas sobre o período em que ela se insere – a chamada Belle Époque paulistana. Tinha diante de mim um assunto interessantíssimo, e uma lacuna historiográfica que merecia ser preenchida. Como era próxima da família Freitas Valle fui, aos poucos, obtendo documentos e tomando depoimento de pessoas que conviveram com o senador-mecenas. Com um material riquíssimo e inédito em mãos, entre cartas, fotografias, impressos e uma grande quantidade de papéis produzidos pelo cotidiano da Villa Kyrial, achei que deveria, de alguma forma, divulgar e levar ao conhecimento do público a história deste personagem incrível e do seu eclético salão. Mas, para melhor explorá-la, para entender as relações de poder e estabelecer alguns critérios de análise, acabei fazendo um curso de pós-graduação em História Social na USP, onde pude aprofundar meus conhecimentos e ampliar a pesquisa. Defendi minha tese de doutorado sobre a Villa Kyrial, em 1999. Passei então um ano revisando e lapidando o texto para torná-lo o mais agradável possível e selecionando o material a ser publicado nesta obra que procura fundir biografia, discussão literária e retrato de época.”Explica a autora.

Mas o que era A Villa Kiryal e quem era esse fantástico mecenas? Se fosse clássica e simples a resposta não estaríamos falando sobre uma tese, mas mesmo assim, sendo pouco estiloso vamos às referências básicas. Para retratar a Belle Époque no Brasil, uma sociedade espelhada na França, mais especificamente em São Paulo, Márcia Camargos tomou como referência a Villa Kyrial, amplo palacete com jardins, situada na rua Domingos de Moraes, no Bairro da Vila Mariana, muito próximo ao que hoje é a Av. Paulista, centro financeiro de São Paulo. A propriedade que à época era considerada uma chácara foi adquirida em 1904 pelo senador José de Feitas Valle, homem da situação com grande trânsito pelo governo federal. Em seus salões, fartamente decorados,próprio ao estilo, funcionou o que podemos chamar de centro cultural freqüentado por luminares e endinheirados que acreditavam , naquele oásis estarem promovendo a civilização daquela poeirenta e promissora província. Esse bastião civilizatório só veio ao chão graças ao logro da expansão imobiliária em 1961. Por terra a edificação, ficou para a história a iconografia, bela e rebuscada de que se valeu a autora para recontar a história.

Perguntamos a Márcia Camargos, como na hora de produzir uma obra metódica, porém rica de pormenores, se comporta uma jornalista que é historiadora. “Ambas fazem-se presentes, numa simbiose que, até o momento, tem sido bastante rica. De posse de ferramentas conceituais e instrumental teórico, a historiadora colabora no sentido de desvendar os mecanismos por detrás dos fatos e interpretar os acontecimentos dentro do seu contexto. Já a jornalista, além de emprestar agilidade na apuração dos dados e rapidez no raciocínio, imprescindíveis no dia-a-dia de qualquer profissional de imprensa, ajuda a amenizar a linguagem empoada típica dos trabalhos acadêmicos, tornando os textos mais leves e saborosos. No mais, as duas são militantes curiosas por vício do ofício que mescla jornalismo investigativo com pesquisa histórica.”

A vida em Villa Kyrial é tão efervescente, como já dissemos, que borbulha em inquietante champagne e acepipes para diversos gostos. Por exemplo: José Oiticica citado no número anterior sob a influência dos espanhóis no movimento anarquista era um apreciador de Jacques D’Avray e freqüentador dos ciclos de palestras. Filólogo e lingüista que chegou a lecionar na Universidade de Hamburgo (Alemanha), um mês antes de liderar no Rio de Janeiro a insurreição (palavras da autora), de quatro mil operários remete a D’Avray, leia-se o perrepista Freitas Valle, uma extensa carta e transcrevendo do livro :”Lamentando não ter recebido da natureza a bossa missivista, dividindo com o velho Cícero o horror à correspondência, na primeira página de uma série de dez, ele se reporta ao amigo comum Coelho Neto, que lhe enviara os Tragipoemas de Valle. Prossegue atacando uma parcela da crítica nacional que, diz, só aceitava a poesia inteligível a todos, fosse ao estilo da trova popular, dos folhetins romanescos ou das narrações tipo I-Jucapirama ou Fugindo do cativeiro”.

Oiticica não era avesso às missivas e tertúlias. Anarquista de fato liberava o lado do intelectual instalado em São Paulo de ter um pólo para seus “arroubos” como queriam os puristas de modernidade ou, melhor dizendo “não-modernidade”. O “muderno”(sic) de hoje é muito parecido com o “não-moderno” de ontem. A Semana de 22 foi ofuscador maior do processo que se desenvolveu na vila envolvida pelas musas das artes da vila francamente senhorial.

Outro pólo de interesse nessa pesquisa é a relação de Alphonsus de Guimarães com Freitas Valle. O poeta mineiro chamou-o de Prince Royal du symble et grand poète inconnu em seu Câmara Ardente. E tem mais... Enrico Caruso que em seu tour freqüentou Villa fez sua caricatura. A caricatura de um poeta afrancesado, senador do Partido Republicano Paulista feita por um tenor e não caricaturista...surpreendente e extasiante.

Resenhar é um ofício delicado e verdadeiramente pessoal e interpretativo, por isso mesmo deixamos (que pretensão) que autora falasse sobre o livro, em uma entrevista que muito bem caberia a São Paulo d’antanho mas que dificilmente seria festejada aos tour de force do Mâitre Jean Jean. Continuando, perguntamos a Márcia Camargos quais foram as maiores dificuldades na condução da pesquisa: “Por incrível que pareça, e apesar de existirem pouquíssimos estudos sobre esta fase da vida cultural paulistana e brasileira, ofuscada como foi pela eficientíssima máquina propagandística do movimento modernista, minha maior dificuldade consistiu em decidir que rumo tomar, que atalho escolher, que partes descartar. Como tive acesso privilegiado ao arquivo Freitas Valle, totalmente inexplorado e muito rico, não foi fácil deixar de lado alguns documentos, optar por um caminho em detrimento de outros, igualmente interessantes. Ao fim e ao cabo, utilizei de verdade apenas um décimo de todo o material pesquisado. É claro que a gente gostaria de esgotar o assunto, espremer até a última informação, vasculhar cada pista, revelar o mais ínfimo dos detalhes. Mas, para viabilizar uma tese e um livro, há que se cortar muita coisa boa, e esta é a parte mais dolorosa do processo.

Doloroso ou não, com história de perfumistas, escultores, músicos geniais e até com registro discutido por modernistas, testemunhas ou não da inserção da Kyrial ao movimento de 22. Uma foto registra sorridentes, na escadaria do terraço da Villa os protagonistas da Semana dias após o evento. A foto foi legendada como “Invasão Futurista na Villa Kyrial”.

O resgate histórico sempre foi defendido por todos, mas pouco de prático vinha sendo feito.O trabalho de Márcia Camargos e da Companhia da Memória é de grande importância e vem apoiando-se no sistema de parcerias com a iniciativa privada. “Há mais de 15 anos temos trabalhado com o resgate da memória brasileira. Fomos pioneiros neste tipo de pesquisa histórica fora da academia. Vasculhamos arquivos e conversamos com pessoas para escrever livros e realizar exposições, entre outros produtos culturais. É um filão muito fecundo... um campo em que, em nosso país, quase tudo ainda está por ser feito. As pessoas em geral e as empresas em particular têm se conscientizado, cada vez mais, da importância da preservação da memória. Como os mecenas do tipo de Freitas Valle não existem mais, este papel vem sendo desempenhado pela iniciativa privada. No nosso caso, estas parcerias são fundamentais, e possibilitam uma autonomia de vôo que não teríamos sem tal apoio. Felizmente, as empresas têm compreendido sua função social e, por meio de leis de incentivo à cultura, patrocinam e viabilizam muitos projetos nesta área.”
por Eduardo Cruz, paulistano e jornalista
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Segunda-feira, 7 de Janeiro de 2008

PARA ORFÃOS DE Harry Potter


Esse lançamento de início de ano é só para orfãos de Harry Potter e Cia. E o segundo volume de uma série lançada pela José Olympio.
O OLHO DO GOLEM

de Jonathan Stroud
Páginas : 560

"Depois do sucesso de O Amuleto de Samarkand, o volume inicial da Trilogia Bartimaeus, que já vendeu mais de um milhão de exemplares em todo o mundo, Jonathan Stroud lança O Olho do Golem (Editora José Olympio), o segundo livro da série. A história se passa numa Londres moderna onde a magia é rotina e os magos são aceitos como parte fundamental da sociedade – inclusive encontrando-se, na sua maioria, em posições de poder. Nesta segunda aventura, retornam o mago Nathaniel e seu inigualável parceiro Bartimaeus, o djim que já viveu mais de 5 mil anos. Juntos, embarcam numa aventura em busca do segredo da misteriosa fera que ronda Londres. Segundo livro da Trilogia Bartimaeus, aclamada como a principal herdeira da saga de Harry Potter, O Olho do Golem é uma aventura fantástica que transborda inventividade. A série teve início com O Amuleto de Samarkand (Livro 1) - vencedor dos prêmios Boston Globe / Horn Book Honor 2004 (EUA) e Lancashire Children’s Book Award 2005 (Reino Unido) – e chega à conclusão em O Portão de Ptolomeu (Livro 3)." - Será ?
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Sexta-feira, 4 de Janeiro de 2008

Um interessante lançamento da Madras


A muito tempo não recebemos lançamentos da Madras mas este nos chamou a atenção

Nietzsche, o Profeta do Nazismo: - O Culto do Super-homem
de Abir Taha
Páginas: 168
Este livro analisa profundamente a influência de Nietzsche sobre a ideologia nazista, concentrando-se em como os nazistas se apropriaram da maioria dos conceitos e ideais nietzschenianos para adequá-los à sua própria doutrina. A autora traça uma clara distinção entre a doutrina esotérica nazista - que é elitista, supranacional e espiritual - e a doutrina exotérica popular nacionalista. Com isso, ela pretende estabelecer uma relação entre a doutrina secreta nazista e a filosofia de Nietzsche, revelando tanto o caráter oculto do Nazismo Esotérico como o Arianismo pagão de Nietzsche. (texto da quarta capa)
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Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007

Há quem diga que d. João gostou tanto do Brasil que por aqui foi ficando.



D. JOÃO CARIOCA- A corte portuguesa ao Brasil (1808-1821)
Lilia Moritz Schwarcz
Ilustrações Spacca
Capa Spacca
Páginas 96


Mais um Lançamento da Cia das Letras que nos brinda com Quadrinhos Inteligentes neste f inal de ano.

Mesmo depois que os franceses foram expulsos de Portugal, que aconteceu o Congresso de Viena, que a paz foi decretada e a guerra chegou ao fim, o prícipe português preferiu não voltar a ocupar o seu trono em Portugal. Na nova capital do Império, sediada no Rio de Janeiro, o príncipe regente reproduziu a pesada estrutura portuguesa, criou instituições e escolas, fundou jornais e o Banco do Brasil. Além do mais, encontrou um belo lugar para morar - a Quinta da Boa Vista -, onde ficava, sobretudo, apartado da esposa, Carlota Joaquina, que vivia em Botafogo. Esqueceu da guerra, sarou da gota e aproveitou o clima e as frutas dos trópicos. Acomodou-se de tal maneira que virou um "João carioca" - personagem popular de nossa história e cuja passagem pelo Brasil completa cem anos em 2008. Para lembrar dessa data especial, o cartunista Spacca e a historiadora Lilia Moritz Schwarcz narram a aventura da casa real que atravessa o oceano e pela primeira vez governa um império a partir de sua colônia americana. O livro reconta essa história usando a linguagem dos quadrinhos, elaborada a partir de extensa pesquisa, não só documental e historiográfica, como fielmente pautada na iconografia da época. A obra traz ainda uma bibliografia sobre o tema, uma cronologia que ajuda a entender os fatos no calor da hora e inclui uma galeria de esboços preliminares e estudos de personagens, cenários e vestimentas. D. João nunca foi tão brasileiro!
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REINO DO MEDO



- Segredos abomináveis de um filho desventurado nos dias finais do século americano
Hunter S. Thompson
Tradução Daniel Galera
Páginas - 488
MAIS UM LANÇAMENTO DA CIA DAS LETRAS
Reino do medo é a aguardada autobiografia de Hunter S. Thompson, autor do aclamado Medo e delírio em Las Vegas (adaptado para o cinema por Terry Gilliam, trazendo Johnny Depp no papel de Raoul Duke, o alter ego de Hunter). Publicado em 2003, nos "dias finais do século americano", Reino do medo reúne artigos, cartas, entrevistas, fotos e matérias de imprensa, selecionados e organizados pelo próprio Hunter. A colagem é completada com comentários, reflexões e textos inéditos, sempre no inimitável estilo gonzo que o consagrou.Famoso por seu estilo de vida extremo e por suas críticas ferozes ao governo e ao sistema de justiça norte-americanos, Thompson sempre levou suas paixões e convicções às últimas conseqüências, transformando-as em ações. É o que se vê nessas histórias, repletas de perseguições policiais, motos e carros em alta velocidade, batalhas em tribunais, zonas de guerra, juízes loucos, brigas de vizinhos, dançarinas, atrizes pornô e armas de fogo dos mais diversos calibres. O Doutor Gonzo não estava brincando quando disse: "Minha vida foi o pólo oposto da segurança, mas me orgulho dela e meu filho também, e para mim isso basta. Faria tudo de novo sem alterar a batida".
E quem é Hunter S. Thompson, o pai do jornalismo gonzo ?
Nasceu em Lousville, nos Estados Unidos, em 1937, e suicidou-se em 2005 no seu rancho nas montanhas do Colorado. Escritor, jornalista e cronista esportivo, é autor de Rum, Hell´s Angels: medo e delírio sobre duas rodas, Medo e delírio em Las Vegas, Fear and Loathing: On the Campaign Trail '72 e Screw Jack, entre outros, além de ter contribuído a vida inteira para diversos jornais e revistas.
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Terça-feira, 18 de Dezembro de 2007

PERSÉPOLIS (completo)



A Cia das Letras enfeixou as quatro edições de Persépolis de Marjane Satrapi e lançou neste dezembro. Além de uma ótima edição pra presentear aos aficcionados por "bandas desenhadas adultas" é uma magnífica contribuição para quem quer entender melhor o islã na visão feminina.
Marjane Satrapi era apenas uma criança quando a revolução islâmica derrubou o xá do Irã, em 1979. Bisneta do antigo rei da Pérsia, ela cresceu em uma família de esquerda, moderna e ocidentalizada, e estudou numa escola francesa e laica. Com a chegada dos extremistas ao poder, as meninas foram obrigadas a usar o véu na escola e a estudar em classes separadas dos meninos. Era só o início de uma série de mudanças profundas em sua vida - assim como na de todos em seu país.Apesar de narrar a tragédia que foi a implantação do regime xiita no Irã, não faltam à trama humor e sarcasmo para narrar os acontecimentos políticos de um ponto de vista único, que desfaz os lugares-comuns sobre o país e conta sua história antiga e recente ("2500 anos de tirania e submissão"). Na aparente simplicidade da narrativa e dos desenhos, revelam-se as nuances de um complicado processo histórico, que até hoje tem seus desdobramentos. A ascensão dos radicais religiosos a princípio foi vista pelos progressistas iranianos como uma autêntica manifestação do povo, que estaria usando a religião como mero pretexto para sair às ruas e derrubar um tirano. Não foi o que aconteceu: o regime xiita se radicalizou de maneira tão brutal que até mesmo Marjane, aos catorze anos, foi para o exílio na Áustria, pois a vida no país se tornara uma sucessão de carnificinas, sempre em nome de Deus e da justiça.A convivência com a brutalidade leva Marjane a desenvolver uma consciência política rara em crianças: seu livro preferido, por exemplo, é uma história em quadrinhos chamada Materialismo dialético, em que Descartes e Marx travam uma improvável disputa intelectual. Parte de sua revolta vem da constatação de que sua família, que tem empregada e um Cadillac, é privilegiada num país miserável.Persépolis foi lançado na França, em 2001, por uma pequena editora independente. Tornou-se um fenômeno de crítica e público. No mesmo ano, o primeiro volume ganhou o importante prêmio do salão de Angoulême, na França. A série teve os direitos de publicação vendidos para Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Israel, Suécia, Finlândia, Noruega, Japão, Coréia do Sul, Hong Kong, Turquia e Estados Unidos.
"Um dos mais saborosos exemplos de um explosivo gênero pós-moderno: a autobiografia em quadrinhos." - NYT Book Review
"Engenhosa contadora de histórias, Satrapi é também uma fantástica artista dos quadrinhos." - Salon.com
"Marjane Satrapi é capaz de condensar a tragédia de todo um país em cenas comoventes e divertidas. [...] Todos os que pensam não gostar de quadrinhos ou que só gostam dos de Art Spiegelman devem ler Marjane Satrapi." - The Independent
Lançamento Cia das Letras
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Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007

O LIVRO DOS SERES IMAGINÁRIOS

 



Encare o livro do "bruxo" como um bestiário, ou um dicionário muito ou nada útil. Ou melhor encare como um livro básico na sua biblioteca nesta magnífica coleção que a Cia das Letras está tendo a ousadia de publicar.

 

O LIVRO DOS SERES IMAGINÁRIOS

Jorge Luis Borges

 

Ordenados alfabeticamente, como nas enciclopédias que tanto fascinavam Borges, desfilam diante do leitor os estranhos seres deste "manual de zoologia fantástica" (título da primeira edição desta obra, que saiu em 1957), sustentados pela complexa erudição borgiana, avalizada por seu domínio tanto das línguas clássicas como das modernas. Com freqüência, ele mergulha na etimologia para explicar animais exóticos como o cabisbaixo búfalo negro com cabeça de porco "catóblepa" (o que olha para baixo) e o da serpente de duas cabeças "anfibesna" (que vai em duas direções), ou mais familiares, como as valquírias (aquelas que escolhem os mortos) ou as fadas (do latim fatum, destino), entidades que intervêm nos assuntos dos homens. Mas a erudição não está a serviço da sisudez de um tratado acadêmico; ao contrário, contribui para o tom lúdico e bem humorado do livro. O próprio Borges diz no seu prólogo que gostaria que "os curiosos o freqüentassem como quem brinca com as formas cambiantes reveladas por um caleidoscópio". E nessa brincadeira, ele faz uma homenagem à imaginação infinita dos homens, capaz de criar os seres mais curiosos e absurdos como sereias, unicórnios, centauros, hidras e dragões - e eventualmente acreditar neles -, animais que, como disse o crítico Alexandre Eulálio, "Borges acaricia passando preguiçosamente a mão complacente do dono".

LANÇAMENTO DA CIA DAS LETRAS

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Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2007

NATAL (FINAL)

As canções e os autos

Quando os anjos anunciaram o nascimento do Menino aos pastores, retumbou nos ares o primeiro cântico de Natal: "Glória a Deus nos céus e paz na terra aos homens que amam o Senhor,” ou ainda “ Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. É atribuído ao Papa Telésforo no século II o hino do Glória in Excelsis, mas a mais antiga canção de Natal é atribuída a São Hilário de Poitiers no século IV: Jesus refulsit omnium.Foram compostas muitas canções de Natal, que nem sempre tinham inspiração espiritual; eram muitas vezes composições folclóricas, e no século VII os dirigentes da Igreja proibiram terminantemente seu uso. No século XIII, o poeta Jacopone Benedetto compôs o hino "Averex angelorum" por esta época aparecem os "Carols" na Inglaterra, na Espanha surgiram os "Villancicos" e na França os seus "Cantiques de Noel". Na Alemanha os cânticos eram chamados de "Weihnachten Lieder" e na Rússia e Polônia, "Kolendas".Os cânticos natalinos, em destaque na Espanha, eram canções simples, entoadas por lavradores e pastores, (villanos) e dai seu nome de villancicos. Talvez o mais popular dos cânticos que o mundo conhece é o Noite de Paz, porque foi traduzido a numerosos idiomas, e interpretados por grandes solistas e coros populares.É de 1818, composto por José Mohr pároco do povoado de Hallein, nos Alpes austríacos, em parceria com o organista Gruber que a popularizou.Uma das versões, mais conhecida em Portugal é a seguinte :“Noite de paz, noite de amor!tudo dorme ao derredor.Somente velam olhando a facede seu filho em angélica pazJosé e Maria em Belém!”
No Brasil os cânticos de Natal tem grande destaque, em especial os produzidos pelos artistas populares nordestinos , porém cabe a um mulato mineiro a primazia de ter composto um Auto de Natal da forma clássica tradicional.

Já nas primeiras décadas de 1700, a sociedade mineira se expressa de modo significativo por meio da música religiosa e profana. Os rituais litúrgicos e as festas populares eram valorizados pela música, que aos poucos tomou forma e ganhou proporções originais, revelando uma classe singular de músicos, em sua maioria mulatos. Ignácio Parreiras Neves foi um desses mulatos era o compositor, cantor e regente, trabalhando nessa função principalmente para o Senado da Câmara e para as irmandades de São José dos Homens Pardos e de Nossa Senhora das Mercês e Perdões. Parte considerável de sua produção musical está perdida. Do que restou, destacam-se Credo, Ladainha e Oratória ao Menino Deus para a Noite de Natal (1789), considerado o único auto de natal em língua portuguesa escrito de forma tradicional dos autos litúrgicos. Parreiras Neves nasceu em Vila Rica em 1730, onde faleceu entre 1792 e 1794.

Para Câmara Cascudo os autos são formas teatrais de enredo popular com bailados e cantos, que podem tratar de assuntos religiosos e profanos, representadas no ciclo das festas de natal ( dezembro e janeiro). Lapinhas, pastoris, fandangos ou marujadas e ainda cheganças ou cheganças de mouro, bumba-meu-boi, boi, boi calemba, boi de reis, congadas ou congos, etc. Desde o século XVI os padres jesuítas usaram o auto religioso, aproveitando também figuras clássicas e entidades indígenas, como poderoso elemento de catequese.
Os autos de Natal Brasileiros foram muitos e dos mais surpreendentes autores. Adélia Prado é uma dessas autoras. Depois de estrear com Soltem os Cachorros, abandona o magistério, após 24 anos de trabalho. Lecionou Educação Religiosa, Moral e Cívica, Filosofia da Educação, Relações Humanas e Introdução à Filosofia. Sua peça, O Clarão, é um auto de Natal escrito em parceria com Lázaro Barreto, é encenada em Divinópolis. Sobre esse texto, Adélia, sempre polêmica fala -"O transe poético é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama. Isto é sagrado. É de Deus. É seu próprio olhar pondo nas coisas uma claridade inefável. Tentar dizê-la é o labor do poeta”. Em 1980 ela dirige o grupo teatral amador Cara e Coragem na montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

Segundo Maria Chaves em artigo recente , “entre uma comemoração e outra, eis que surgem com toda força os tradicionais autos natalinos para interpretar o emocionante episódio bíblico.Seja através de elementos da cultura popular, figuras sacras ou profanas, a tradição de colocar em cena uma homenagem ao 25 de dezembro se mantém firme e forte - ao menos é o que se percebe no Estado de Pernambuco. O Aurélio diz que um auto se trata de um ato público, uma solenidade, de um registro escrito e autenticado de qualquer ato. É um gênero dramático originário da Idade Média, com personagens em geral alegóricos, como os pecados, as virtudes, os santos, podendo também comportar elementos cômicos ou jocosos”. Destaca então o Noite Feliz, da Sociedade Teatral de Fazenda Nova.

Para Théo Brandão a festa de natal sempre teve um aspecto de festa de feira, que durava das vésperas até 6 de janeiro. “Oriundos em sua maioria da península ou vindos até nós do continente europeu através de formas portuguesas, tomaram aqui uma feição particular e deram, de outra parte, motivo para a criação, sob influências dos negros da terra ou da África, de novas formas, diversas nuances e de novos autos e diversões.”

É clássica a divisão de tais autos, folguedos, danças dramáticas, folias, folganças, brinquedos, que tantos são os nomes com que se tem os nomeado no correr dos tempos, desde Sílvio Romero, que os classificou em seu Cantos Populares do Brasil em Reisados, Cheganças e Pastoris.
Para a Professora Eneida de Castro, Morte e Vida Severina - Auto de Natal Pernambucano de João Cabral de Melo Neto é o mais característico poema com inspiração na Natividade. “Morte e Vida Severina apresenta a viagem de um sertanejo que procura melhores condições de sobrevivência em outras paragens.

Outro Auto de Natal importante é a teatralização do poema Meu Caro Jumento, de Patativa do Assaré que em sua linguagem simples, falando do jumento, que carregou Maria e Jesus na fuga para o Egito e de como ele, da mesma forma que o trabalhador, é maltratado e abandonado por aqueles que o exploram e deveriam amá-lo. Patativa cria em seu poema, um verdadeiro Auto de Natal, sintetizando todos os conteúdos da festa natalina, permitindo ao grupo falar do amor, da generosidade, da esperança e do renascimento que nela se fazem presentes.

Em 1953 tivemos outra estréia importante que tinha o burro como personagem. No pequeno teatro do Patronato da Gávea, O Tablado, a peça "O boi e o burro a caminho de Belém", escrita e dirigida pela jovem Maria Clara Machado. Fundadora do grupo ao lado de seu pai, o escritor mineiro Aníbal Machado e de um grupo de intelectuais amigos ela já vinha desenvolvendo, como assistente social, um trabalho de teatro de bonecos, no próprio Patronato, desde os fins dos anos quarenta.

O Cordel também cometeu diversos autos de Natal , mas destacamos este delicioso Auto de Natal de autoria de Valdez, natural de João Pessoa , com o qual encerramos este ensaio:

Foi de Bom-I-Zú da Lapa
Chamado aquele lugar,
Sugestão de um vaqueiro
Que acabara de apear.
O povo foi-se chegando...
Todo mundo veio olhar.
Depois chegaram os magos,
No meio um preto forte...
Era Zumbi dos Palmares
De braço com a consorte.
E tinha um mago índio
Rio-grandense-do-norte.
Desses eventos distantes,
De registro oficial,
Fez-se auto nordestino,
Fez-se auto sem igual.
Louva Jesus Salvador
E a graça do Natal

 

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Sábado, 8 de Dezembro de 2007

NATAL (continuação)

por Myrtha Ratis e Eduardo Cruz

A ESTRELA

Ainda seguindo o evangelho de Mateus lemos que os magos afirmam ter visto uma estrela e que ela os motivou a ir a Jerusalém em busca do rei dos judeus. A estrela, então, os guia até Belém. Desde os tempos do astrônomo Kleper, no século XVII foram feitos estudos astronômicos sobre os fenômenos celestes e foram propostas três teorias, do cometa, de uma nova estrela (uma super-nova) e uma conjunção de planetas. Mas isso não importa, o certo é que a estrela tem outras simbologias. A arvore de Natal é geralmente encimada por uma estrela de cinco pontas. Trata-se, dentro da tradição judaica da cabala, o símbolo mágico e cabalístico do pentagrama, do homem cósmico, do adan-cadmon, e representa o domínio dos cinco elementos.E é ainda a estrela de David.

A ÁRVORE DE NATAL

Segundo Luis da Câmara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, a Árvore de Natal é o “álamo, abeto, pinheiro, cortado em maio e replantado na praça da aldeia, símbolo votivo do espírito fecundador da vegetação assegurando pelas homenagens recebidas a continuidade das colheitas”. A arvore veio para o Brasil como tradição natalina no começo do século XX. A primeira exibida na cidade de Natal em 1909.
A origem da árvore de Natal parece vir dos tempos de São Bonifácio, o qual converteu ao cristianismo os alemães no Século VIl, cortando a azinheira sagrada de Geismar, em Hesse, a fim de acabar com o culto as árvores. Porém, como maioria dos símbolos do Natal ela tem sua origem nos druidas, os sacerdotes dos celtas. O termo druida significa “carvalho”, mas também mago e encantamento. Os druídas honravam a seus deuses atando as ramas de maçãs douradas e outras oferendas.
No mundo pagão se encontram várias tradições: entre os germânicos, o deus Odin tinha permanecido pendurado nos pés de um pinheiro no solstício de inverno. Virgílio, nas Geórgicas, menciona o uso romano de pendurar em pinheiros máscaras de Baco como um meio de assegurar a fertilidade.
No Antigo Testamento a árvore tem um significado especial: sob as árvores sagradas se celebravam reuniões, julgamentos, assembléias do povo (1Sam 14,2;22,6).
Desde os tempos proféticos a árvore ocupa um lugar de privilégio: "Virá a ti o orgulho do Líbano, com ele o cipreste e o abeto e o pino, para adornar o lugar de meu santuário e enobrecer minha mesa." (Is. 60,13). Também a figura do rebento do tronco de Jessé a empregam os profetas no anúncio do Messias (Is 11,1).
Quando a arvore se tornou mais popular como elemento de decoração de Natal surgiram muitas lendas para explicar a sua origem. Uma nos conta que na noite em que Cristo nasceu todas as árvores de um bosque vizinho floresceram e deram frutos apesar do gelo e da neve. Entre os ingleses se narra que tendo chegado José de Arimatéia a Wyralhill, plantou ali seu báculo no solo que se converteu em uma árvore que florescia no inverno; há aqueles que o identificam com o espinho de Glastonbury, que floresce no Natal. Algumas das coisas que apresentamos aqui pode ser conferido no extenso romance de Marion Zimmer Bradley intitulado As Brumas de Avalon.
Em diversas partes da Europa se cortavam ramas de espinho e de cereja e se colocavam em lugares abrigados para que florescessem no Natal. Algumas famílias traziam à suas casas árvores inteiras para competir com seus vizinhos sobre os mais belos enfeites.
Este costume é, para alguns, a origem das atuais árvores de Natal, pois em um principado na Alemanha se decoravam as árvores com maçãs, fitas e flores de papel, até que as bolinhas de vidro tomaram lugar destes adornos. No século XVI, na Alemanha, se adornou a árvore de Natal como hoje a conhecemos. A “Árvore de Natal”, conhecida em algumas regiões da Europa como a “Árvore de Cristo”, desempenha papel importante na data comemorativa do nascimento de Nosso Senhor.
Podemos ainda dizer que os relatos mais antigos que se conhecem acerca da Árvore de Natal, como tal datam de meados do século XVII, e são provenientes da Alsácia, província francesa. Descrições de florescimentos de árvores no dia do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo levaram os cristãos da antiga Europa a ornamentar suas casas com pinheiros no dia do Natal, única árvore que nas imensidões da neve permanece verde.
Um dos mais belos contos populares vem da região da Estíria (Áustria), no século dezenove e seu autor é P. Rosegger, e narra o alumbramento da família ao ver uma pequena árvore enfeitada sobre a mesa do que seria a ceia de uma família burguesa que já havia praticado rituais de incensário. O texto passou a ser conhecido como a Árvore de Cristo: presente do Menino Jesus.

OS ENFEITES DE NATAL

As velas usadas no Natal, poderiam ser a simplificação das antigas fogueiras. São bengalas e bolas de cristal que enfeitam as árvores de Natal, as coroas nas portas das casas, nas vitrines dos comércios.Consta que um vendedor de doces quis fabricar algo especial para o Natal e pensou em um pequeno bastão de menta que recordasse o cajado dos pastores que ocupam um lugar preferencial entre os visitantes do presépio. Daí surge a, rara no Brasil mas comum na Europa e EUA , a bengala doce. Depois de algum tempo os doces de menta foram substituídos por bastões de plástico e também as bolas de cristal e depois vidro.
Os romanos tinham como tradição oferecer a sua coroa a alguém. A pessoa que a recebia, como forma de agradecimento, pendurava-a na porta principal da sua casa. Hoje, as pessoas colocam coroas verdes ou douradas na porta das suas casas como sinal da proximidade do Natal. Também o costume de pendurar nas portas os enfeites de vegetais podem ter a ver com a tradição celta de pendurar visco sobre a porta, que era considerado extremamente mágico e conferia poderes a quem o usasse na data do solstício.

As cores do natal

Talvez as cores do Natal pudessem ser conhecidas como uma escolha de cores que queria reunir o branco da neve que cobre os campos do hemisfério norte e o vermelho do sangue que Jesus derramaria por todos.
Porém essa definição é insuficiente, Na verdade considera-se as cores de Natal o vermelho e o verde, presentes por exemplo nas guirlandas e enfeites de porta (coroas) e tem sua origem na dualidade delas na natureza, arvore e frutos.




Missa do Galo
Era costume entre os católicos ir à celebração da missa antes da ceia. Era o rito religioso que purificava antes da comida, sempre uma libação. A tradicional Missa do Galo cristã, muito embora seja a maior expressão litúrgica do catolicismo em especial nas tradições ritualísticas de Roma, Portugal e Brasil também pode ser caracterizada pela tradição da cerimônia pagã. “O galo é um animal sagrado para os ciganos que são considerados um ramo perdido dos atlantes e também o era para os druidas/celtas que também o são. O galo é quem diz: “Eu sou aquele que canta o raiar de um novo dia, de uma nova esperança, de uma nova vida!”, como uma alusão ao Sol como deus e origem da vida.”Dizem que o galo cantou á meia noite , no nascimento de Cristo, contrariando a sua natureza.
Cartões de boas festas
Bem antes de Jesus Cristo surgiram as mensagens de felicitações. Já era habito entre os romanos enviarem-se congratulações pelo Ano Novo, gravadas em tabletes de argila (tijolos) e, com a cristianização do Império Romano, esse costume permaneceu inalterado. O primeiro cartão de "Boas Festas" de que se tem noticia teria surgido em Londres no ano de 1834, na mesma época dos contos natalinos de Charles Dickens.
Dickens que brilhava com obras de gosto popular como As Aventurasdo Sr. Pickwick, Oliver Twist ou ainda as comoventes como Um grilo na Lareira, quando escreve a saga do Sr. Scrooge resgata o espírito do Natal. The Haunted man and the ghost bargain, é um clássico de Natal que foi filmado e representados milhares de vê zes dando origem inclusive a personagens de quadrinhos como o de Walt Disney , que ganhou no Brasil o nome de Tio Patinhas.
Mas voltando aos cartões, foi a falta de tempo de Henry Coyle, o director do British Museum de Londres, que originou a criação dos cartões natalinos. Sem tempo de escrever a mão a todos os seus familiares e amigos, Henry Coyle solicitou ao artista plastico John Callicot Housley que lhe elaborasse um cartão que servisse para enviar boas-festas a todos os seus patentes e amigos. O pintor pegou um pedaço de cartolina quadrada e dividiu-a em três partes. Ao centro desenhou uma família reunida a mesa, comemorando alegremente. No verso figuravam meninos pobres recebendo comida e roupas.E por fim podia-se ler a mensagem: A Merry Christmas and a Happy New Year to you ("Um alegre Natal e um feliz Ano Novo para você"). O significado em inglês da palavra Christmas é o mesmo que The Mass of Christ : "Missa de Cristo". Na ocasião foram impressos cem, e os que sobraram foram vendidos a um xelim cada. Até o costume se popularizar em 1851, os cartões eram todos litografados e pintados mão.


PAPAI NOEL OU PAI NATAL

A figura de Santa Klaus, é igual à árvore de Natal, resultou da combinação de várias lendas e tradições muito antigas. Certamente existe relação entre o Velho Noel ou Papai Natal (Portugal) atual e os Julenisse da Dinamarca e Noruega e os Tomte da Suécia, duendezinhos vestidos de vermelho com gorros pontiagudos e longas barbas brancas que repartem presentes montados em Jule-buken renas enfeitados com sinos e laços. Para outros existe uma relação na tradução do Velho Noel e a deusa norueguesa do lugar, Hertha ou Percht, que como Santa Claus entrava e saia pelas chaminés durante o solstício de inverno.
Essas figuras juntaram se com São Nicolau, bispo de Mira, região ao sudoeste da Ásia (Turquia), no século III que tinha especial cuidado com os meninos e necessitados. Ele que saía pelas noites percorrendo as cidades e levando presentes aos vizinhos e dando bons conselhos.O dia 6 de dezembro era a ele dedicado. Sua fama estendeu-se até os lapões e samoedos que habitavam na região das renas, e foi convertido no patrono de muitas cidades européias. Alemanha e Holanda foram os países onde mais rápido se estabeleceu a celebração de São Nicolau.
Os holandeses introduziram a tradição nos EUA e o fizeram patrono da ilha de Manhattan, a Nova Amsterdam, como chamaram os holandeses a Nova York quando a fundaram no século XVIII. A figura era do gordo sorridente de bochechas rosadas cativou e sua mitra episcopal logo se transformou em gorro, conservando a cor vermelha das vestimentas. Vieram depois o saco de brinquedos, e o cavalo cinzento se transformou em um trenó puxado por oito renas. O santo em holandês se chamava Sinter Klass, que para os meninos de língua inglesa logo mudou para Santa Claus e no Caribe o chamaram "Santicló" com acento francês. Na França o nome se transformou em Papá Noel, pela tradição de dar presentes no Natal (Noel).
Recorrendo a Câmara Cascudo vemos que o Papai Noel veio para o Brasil na segunda década do século XX e sua vulgarização acontece após 1930 sempre por obrigação formal nos festejos natalinos de iniciativa oficial e letrada, mas jamais popular. “Sem a mais remota e fortuita ligação com o ciclo de Natal católico da Espanha e Portugal, fontes do culto no Brasil, é de efeito mais hilariante que venerando na apreciação coletiva”.
A função do Papai Noel é o de distribuir presentes, porém temos as seguintes tradições: os trazidos São Nicolau, no dia 6 de dezembro ou entregues no dia 6 de janeiro, dia da Epifania, seguindo a tradição dos magos (tradição essa muito presente entre os descendentes de portugueses, em especial no sul do país). A outra tradição é a dos romanos que desejavam boa sorte durante as festas saturnais, no dia 25 de dezembro, dia que o mundo cristão celebra o Nascimento de Jesus. Algumas culturas dão os presentes na vigília de Natal, no dia 24 de dezembro. Cada tradição fala de um doador diferente: o Menino Jesus, Santa Claus, o Velho Noel, Befana ou Bufana (a figura feminina de Santa na ltália, que popularmente também pode ser conhecida como mulher de Papai Noel, esta tradição é muito encontrada entre os descentes de italianos no sul do país, em especial nas comunidades da cidade de São Paulo), os três magos, os gnomos de Natal, Kolyada (na Rússia), os Joulupukki ( na Finlândia).
sinto-me:
publicado por o editor às 10:56
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