Sábado, 13 de Junho de 2015

Grande lançamento e pré-venda - Srila Prabhupada-lilamrta

 

PRÉ VENDA - SRILA PRABHUPADA LILAMRTA

 

A biografia do grande mestre da autorrealização na era moderna, sua divina graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada.

 

por Satsvarupa Das Goswami

 

Coleção composta por 6 volumes

 

 

 

 

 

 

Descrição

A história de uma personalidade notável e de um feito igualmente notável. A personalidade é A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada: filósofo, estudioso, líder religioso, santo. O feito é o revolucionário transplante de uma cultura atemporal e espiritual da Índia antiga para o mundo ocidental do século XX. Uma história surpreendente, tocante e instrutiva que irá prender sua atenção a cada página.

 

O autor, Satsvarupa Dasa Goswami (Stephen Guarino), nascido em 1939, é um discípulo sênior de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o acharya-fundador da ISKCON (International Society for Krishna Consciousness), com quem conviveu entre os anos de 1965 e 1977. Satsvarupa Dasa Goswami se estabeleceu como um prolífico escritor vaishnava e poeta. Publicou mais de cem livros e escreveu poemas, memórias, novelas e estudos baseados nas escrituras vaishnavas. Nos últimos anos, criou centenas de pinturas, desenhos e esculturas que captam e expressam a essência da consciência de Krishna.

 

 

Coleção composta de 6 volumes: 

 

Volume 1 - Toda uma Vida de Preparação ( 308 páginas ) 

 

Volume 2 - Plantando a Semente ( 290 páginas )  

 

Volume 3 - Somente ele poderia lidera-los ( 240 páginas )  

 

Volume 4 - Em todas as cidades e aldeias ( 300 páginas )  

 

Volume 5 - Que haja um templo ( 284 páginas )  

 

Volume 6 - Unindo dois mundos ( 468 páginas )

 

 

Especificações técnincas:

 

Livros em brochura.

 

Dimensões aproximadas de cada exemplar:  21x15 cm (A x L)

 

Reserve sua coleção: https://goo.gl/gpu07g!

 

 

 

 

publicado por o editor às 13:10
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Segunda-feira, 6 de Abril de 2015

Vedanta 108: Sabedoria Espiritual em Alta Resolução

 

 




Entrevista com Jagadisha Dasa



E se o antigo conhecimento védico se fizesse acessível a todos os falantes de língua portuguesa através de vídeos curtos, bem produzidos e falados com profundidade apesar de voltados para leigos no assunto? Isso e muito mais é aquilo a que se propõe o canal Vedanta 108.



Volta ao Supremo: Como surgiu o Vedanta 108? Qual sua proposta? Quem compõe a equipe por trás de toda a produção?



Jagadisha Dasa: Fui chamado para ministrar um curso regular da Bhagavad-gita na casa do Atmananda Prabhu para algumas pessoas. Chegando lá, me deparei com câmera, iluminação etc. A ideia era gravar para vender DVDs, mas logo vimos que a melhor coisa a ser feita seria criar um canal no Youtube com tudo gratuito. Pensamos rápido e chegamos ao nome Vedanta 108.

A proposta é levar o conhecimento espiritual para todas as pessoas sem distinção ou restrição temporal ou geográfica. São muitos os propósitos do canal. Queremos promover um estudo sistemático de todos os textos; prover associação virtual e física; honrar nossos mestres, em especial Srila Prabhupada, que empregou todo esforço possível para que pudéssemos ter acesso a esse conhecimento; eternizar os devotos; criar um grande acervo para benefício das pessoas e apoiar os projetos da ISKCON no Brasil e no mundo. Esse é nosso sonho. Elaboramos um conteúdo sobre nossa missão: www.vedanta108.com.br/nossa-missao.



Atualmente, somos três. Atmamanda Prabhu, que mencionei, é nosso homem da tecnologia. Todas as edições, vinhetas e demais efeitos são produzidos por ele. Ele é também o grande investidor do canal, aportando todos os recursos para que tudo acontecesse e continue a acontecer sempre melhorando.








Krishna nos mandou outra pessoa também, que é bhaktin Giselle. Ela é uma designer com muita experiência. Ela criou o site e desenvolve todos os logos e imagens.



O terceiro integrante sou eu. Sou responsável por criar o conteúdo e a apresentação de algumas aulas, elaborar perguntas, convidar os palestrantes, sincronizar as agendas, divulgar os novos vídeos e esclarecer as dúvidas dos internautas.



Volta ao Supremo: Por que o nome Vedanta 108?

Jagadisha Dasa: “Vedanta” porque é o conhecimento mais importante dos Vedas; aquele conhecimento que nos traz um ponto final a toda e qualquer busca por felicidade neste mundo. Parafraseando as Upanishads, é aquilo que, sendo conhecido, torna tudo conhecido.



Normalmente, as pessoas acreditam que só existe o vedanta monista de Shankaracharya, mas há outros vedantas igualmente fundamentados nos textos. Então, a ideia era mostrar às pessoas que existe vedanta nas tradições de bhakti também.



Há a questão da divulgação também. Como nosso trabalho é 99% na web, o nome do nosso “negócio” precisava ser a palavra-chave que consta em nosso domínio, nome do canal etc.

O 108 é um número especial que aparece em muitas situações: o número de gopis de Krishna, o número de pedras no jogo de contas de meditação etc.



Volta ao Supremo: Que atributos em comum têm aqueles que são convidados a participar do canal?



Jagadisha Dasa: Compreensão da filosofia, capacidade de explicar sem vícios ou fanatismo, desejo sincero de propagar o conhecimento espiritual, a vivência do conhecimento. São esses alguns dos fatores que buscamos para atender à proposta do canal.




Volta ao Supremo: Os convidados, conforme sua personalidade e sua formação, revelam diferentes formas de abordar o conhecimento védico. Que características destacaria em alguns dos convidados que participaram até hoje?



Jagadisha Dasa: Sua Santidade Chandramukha Swami tem uma enorme habilidade para oratória. É carismático e sabe expor o ensinamento de tal maneira que facilmente se torna algo prático. Sua Graça Loka-sakshi Prabhu parece ter uma mente semelhante à de Vyasa e nos leva a reflexões profundas. Sua Santidade Purushatraya Swami fala com muita propriedade e carisma sobre os temas, e sua vivência profunda é nítida. Sua Santidade Yadunandana Swami é muito erudito e doce em suas palavras. Todos os palestrantes têm características admiráveis que nos fazem entender o porquê de estarem há tanto tempo na trilha do yoga.



Volta ao Supremo: Até o momento, qual seu vídeo favorito?



Jagadisha Dasa: Difícil dizer, mas “Retidão” (veja aqui), de Chandramukha Swami, e “Postura coerente na vida e na morte” (veja aqui), de Purushatraya Swami, são muito tocantes.



Volta ao Supremo: O público interage bem com o canal? Como vem sendo a resposta?



Jagadisha Dasa: Sim, a iniciativa foi recebida com muita satisfação por parte das pessoas. Até agora só tivemos feedbacks positivos. As pessoas se dizem muito gratas pelo serviço. Isso é mostrado pelo contador de “likes” e “dislikes” também, que é a ferramenta do Youtube que mostra o número de pessoas que opinou sobre ter gostado ou não do conteúdo ao qual assistiu. Os comentários deixados em cada vídeo também revelam aprovação.



Volta ao Supremo: Como é o processo de uma gravação?



Jagadisha Dasa: Quando as aulas são da Bhagavad-gita, são feitas na casa do Atmananda. Aquele lindo altar que aparece nos vídeos é cuidado por ele. Lá é mais simples de gravar, pois já está praticamente tudo “engatilhado”. Quando o local de gravação é outro, dá um pouco mais de trabalho. Por exemplo, se for no templo do Rio de Janeiro, temos de combinar bem certinho para que não haja interrupções ou barulhos. Chegamos sempre uma hora antes do horário programado para o entrevistado já encontrar tudo pronto para a gravação. É um trabalho de formiguinha, mas gera muita satisfação.



Volta ao Supremo: Quais os próximos convidados?



Jagadisha Dasa: Temos uma lista enorme, indicada pelos próprios devotos. Por enquanto, estamos gravando com aqueles que passam pelo Rio de Janeiro. Embora ainda não tenhamos gravado fora do Rio, isso vai ocorrer em breve, inevitavelmente.



Volta ao Supremo: Quais são outros planos do canal para o futuro? Que outros conhecimentos veremos no canal?



Jagadisha Dasa: Vem muita coisa boa! Aula de sânscrito, culinária, mridanga, harmônio, Upadeshamrita, Ishopanishad, Bhakti-rasamrita-sindhu, histórias do Mahabharata, passatempos de Krishna, dicas de saúde, alimentação e esporte direcionados aos praticantes de bhakti-yoga e outras coisas ainda mais interessantes, para as quais estamos nos preparando. Também teremos ayurveda, sânscrito, mantras, astrologia védica, vastu-shastra etc.

8.



Nós lançamos um website para facilitar o acompanhamento do conteúdo publicado. Estimamos que, em um ano, tenhamos mais de 300 vídeos. Assim, se fez necessária a criação do site www.vedanta108.com.br. Com ele, ficou bem fácil localizar as aulas e as entrevistas.



Enfim, que mudanças positivas são esperadas no interior de quem acompanhe os vídeos do Vedanta 108?



Jagadisha Dasa: Temos dois tipos de audiência no canal: o público que assiste sem compromisso a um vídeo ou outro, e o público que estabeleceu um compromisso para si de acompanhar as aulas regulares. As mudanças já estão acontecendo para ambos. Com os vídeos que temos publicado até o momento desta entrevista, como os de Purushatraya Swami, Chandramukha Swami, Yadunandana Swami, Lokasakshi Prabhu, Yamunacharya Prabhu etc., recebemos, semanalmente, vários depoimentos espontâneos das pessoas contando suas experiências. Muitas pessoas recebem um alento para um período de sofrimento, outras recebem inspirações para se manterem firmes na senda da vida espiritual, outras recebem respostas providenciais para momentos difíceis. Já os cursos regulares não abordam apenas um tema, mas sim todos os temas relacionados ao conhecimento védico ou vedanta. Nosso objetivo é publicar conteúdo contínuo que leve o estudante a um nível de entendimento mais profundo, onde os temas são conhecidos, concatenados e vivenciados. Isso também está acontecendo. Há muita gente sedenta não só pelo conhecimento, mas por uma metodologia que verdadeiramente viabilize sua prática.



Com isso, esperamos que as pessoas se sintam mais estimuladas a se aprofundarem no vedanta e absorvam esse conhecimento sem lacunas ou falsos entendimentos.



Todo o conteúdo das publicações de Volta ao Supremo é de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, tanto o conteúdo textual como de imagens.

 

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Curta no Facebook: fb.com/vedanta108. Inscreva-se no YouTube: ovedanta108. Acesse a página oficial: www.vedanta108.com.br.

 

Se gostou deste material, também gostará destes: Grupo de Estudos Védicos:  Quando o Facebook é Sadhu-sanga, Ministério Prisional da ISKCON: Liberdade Espiritual Atrás das Grades, Sankirtana: Nós e o Público.

 

publicado por o editor às 21:43
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Sexta-feira, 27 de Março de 2015

Dia 28 – Rama Navami, Aparecimento de Sri Rama

 

Dia 28 – Rama Navami, Aparecimento de Sri Rama

Srimad Bhagavatam, 1o Canto, 3o Capítulo, Verso 22

tradução e comentários por Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada

 

 

 

 

Na décima oitava encarnação, o Senhor apareceu como o rei Rama. Com o propósito de executar certo trabalho do agrado dos semideuses, Ele manifestou poderes sobre­-humanos ao controlar o Oceano Índico e ao matar o ateísta rei Ravana, que estava do outro lado do mar.

SIGNIFICADO

A Personalidade de Deus Sri Rama assumiu a forma de um ser humano e apareceu na Terra com o propósito de fazer certo trabalho do agrado dos semideuses, ou as personalidades admi­nistrativas, para manter a ordem do universo. Às vezes grandes demônios e ateístas como Ravana, Hiranyakasipu e muitos outros tornam-se sobremaneira famosos, devido ao avanço da civilização material, com a ajuda da ciência material e outras atividades, dentro de um espírito de desafio à ordem estabelecida do Senhor. Por exemplo: a tentativa de voar a outros plane­tas por meios materiais é um desafio à ordem estabelecida. As condições de cada planeta são diferentes, e diferentes classes de seres humanos são ali acomodadas para diferentes propósitos, mencionados nos códigos do Senhor. Mas, inflados pelo mínimo sucesso em avanço material, às vezes os materialistas ímpios desafiam a existência de Deus. Ravana era um deles, e queria enviar homens ordinários ao planeta de Indra (céu), através de meios materiais, sem levar em conta as qualificações necessárias. Ele queria construir uma escadaria que chegasse direta­mente ao planeta celestial, para que as pessoas não precisassem submeter-se à rotina de trabalho piedoso necessária para entrar naquele planeta. Ele também queria executar outros atos contra o governo estabelecido do Senhor. Ele chegou mesmo a desafiar a autoridade de Sri Rama, a Personalidade de Deus, e raptou Sua esposa, Sita É claro que o Senhor Rama viera castigar esse ateísta, respondendo à prece e desejo dos semideuses. Ele por­tanto aceitou o desafio de Ravana, e toda esta atividade é o tema do Ramayana. Porque o Senhor Ramacandra era a Personali­dade de Deus, Ele manifestou atividades sobre-humanas, que nenhum ser humano, incluindo o materialmente avançado Ravana, poderia executar. O Senhor Ramacandra abriu uma es­trada real no Oceano Índico, com pedras que flutuavam na água. Os cientistas modernos têm pesquisado na área da antigravi­dade, mas não foram capazes de produzir antigravidade em lu­gar algum. Mas, porque a antigravidade é uma criação do Senhor, pela qual Ele pode fazer planetas gigantescos voar e flu­tuarem no ar, Ele fez com que as pedras, mesmo nessa Terra, ficassem sem peso, e preparou uma ponte de pedras no mar, sem nenhum pilar de apoio. Esta é a manifestação do poder de Deus.

 

 

*jejum até o meio-dia para os adeptos

 

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Sexta-feira, 20 de Março de 2015

Flauta e Arado

 

 

 

 

 

 

 

 

O que representam as famosas insígnias de Krishna e Balarama?

 

Devoto: Qual a razão de o Senhor Balarama ser branco? Por que Ele carrega um arado?

 

Gour Govinda Swami: Balarama é Nityananda Prabhu. Nitai pada-kamala, koti-chandra suchitala: os pés de lótus de Nityananda Rama são tão refrescantes e misericordiosos quanto o efeito refrescante de milhões de luas. Branco é a cor do luar, que indica frescor e misericórdia.

 

Balarama tem um arado em Sua mão, e Krishna tem uma flauta. Primeiramente, é preciso o cultivo, karshana. Então, todas as coisas sujas, que são como ervas daninhas, serão desarraigadas. O campo deve ser apropriadamente cultivado com o arado de Balarama. Em consequência disso, o campo do coração, hridaya-kshetra, torna-se fértil, e a semente da trepadeira da devoção, bhakti-lata, pode ser semeada. O terreno não pode ser estéril. Se você plantar a semente em uma terra estéril, jamais frutificará. Foi isso que Gopinathacharya disse a Sarvabhauma Bhattacharya: “Por que estou plantando sementes em uma terra infértil [tentando convencer você]? Estou trabalhando inutilmente, pois nunca frutificarão”. Depois de cultivo apropriado pelo arado de Balarama, quando a terra está fértil, a semente deve ser plantada. Quando a semente brotar e você desenvolver prema-bhakti, você se atrairá pela flauta de Krishna. A flauta de Krishna representa akarshana, atração.

 

 

 

 

 

Devoto: Quando ouvimos um guru fidedigno, isso é o cultivo da terra?

 

Gour Govinda Swami: Cultivar a terra significa seguir as regras e regulações, vaidhi-bhakti. O guru lhe dará algumas orientações sobre o que fazer e algumas orientações sobre o que não fazer: siga as regras e regulações, cante dezesseis voltas de japa por dia etc. Após o cultivo apropriado, as coisas indesejadas, as ervas daninhas, são desarraigadas, anartha-upashama, e o campo se torna fértil. O guru, então, plantará a bhakti-lata-bija. Sob sua guia, você fará sravana-kirtana, você ouvirá krishna-katha, em consequência do que você desenvolverá raganuga-bhakti. Você chegará a raga-marga-bhakti e desenvolverá prema sob a guia desse guru. Você, então, verá Krishna. Você, então, obterá Krishna. Nesse momento, o doce flautear de Krishna, que atrai a todos, encantará você. Akarshana, “atração”, é o ponto último, mas, primeiramente, é preciso haverkarshana, “cultivo”. Karshana-akarshana, “cultivo e encantamento”, assim é o templo de Krishna-Balarama.

 

por Gour Govinda Swami

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publicado por o editor às 16:49
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Quinta-feira, 6 de Novembro de 2014

Menus e Mimos: Um Projeto Muito Especial

 

 



 

Entrevista com Jahnavi Priya Devi Dasi

 

“Quanto amor cabe em um livro?”. Filha homenageia mãe falecida preparando livro com as receitas dela e nos ajuda a encontrar a resposta a essa pergunta.


Volta ao Supremo: A comida que sua mãe cozinhava era muito apreciada. O que as pessoas mais gostavam?
Jahnavi Priya Devi Dasi: Enquanto a minha mãe trabalhava como chef em restaurantes no Porto, era diariamente elogiada pelos clientes. Os convidados que recebíamos em casa ficavam surpreendidos pelo seu talento e por sua hospitalidade. Essa devoção pelos devotos transmitia-se também no seu serviço como pujari

 

 

 

 

Giriraja Swami relembra: “Pessoalmente, tive a grande fortuna de ficar na casa de Laksmidevi, de Nityananda e dos seus filhos no Porto, em Portugal, e de vivenciar tanto a enorme devoção da família pelo Senhor Krishna, por Sri Caitanya Mahaprabhu, por Srila Prabhupada e pelos devotos, bem como a preocupação e compaixão por todas as almas. Ainda hoje, a vivência do seu carinho, hospitalidade e afeto, bem como do seu desejo de servir, encontra-se fresca e vívida na minha mente. É algo que desejo que todos possam experienciar, e a minha esperança é a de que os leitores deste livro Menus e Mimos, especialmente ao prepararem suas receitas, possam sentir algo do amor e do afeto de Laksmidevi”.

 

Volta ao Supremo: Você tem se dedicado com muito carinho a este projeto. Qual seu objetivo?

 

Jahnavi Priya Devi Dasi: Este projeto era muito especial para minha mãe, Laksmidevi, porém ela deixou inacabado. Todos os que a conheceram sabem que ela era uma cozinheira incrível, com imensa devoção, que escreveu um livro de receitas de grande sucesso em Portugal. Antes da sua inesperada partida, ela estava preparando um livro novo, cheio de receitas alegres. Neste momento, o livro está praticamente terminado e pronto para ser impresso. No entanto, ainda faltam fundos financeiros para que esta obra seja publicada. Está sendo feita uma campanha para reunir fundos.

 

Nas palavras de Giriraja Swami, “tal como Laksmidevi começou a compilar as suas receitas em consciência de Krishna – com amor e devoção pela sua família, pelos devotos e pelos demais –, também a sua filha, Jahnavi, completou o trabalho em consciência de Krishna, com um carinho e amor especial pela sua mãe”.

 

 

 

Volta ao Supremo: Aqueles que tenham interesse em ajudar, como podem proceder?

 

Jahnavi Priya Devi Dasi: Até o dia 19 de novembro deste ano de 2014, doações podem ser feitas através deste link: https://www.indiegogo.com/projects/printing-laksmidevi-s-veggie-vegan-cookbook.

 

Volta ao Supremo: Qual seu sentimento diante do livro já concluído e prestes a ser publicado?

Jahnavi Priya Devi Dasi: Sinto uma enorme satisfação com o resultado final e um prazer imenso em ter terminado o projeto que ela não conseguiu terminar. Durante a elaboração das receitas, pude recordar através dos sabores um pouco do amor dela. Finalmente, depois de todo o trabalho, sinto-me confiante de que este livro ajudará muitas pessoas a decidirem tornarem-se vegetarianas ou veganas. 

 

 

 

.

 

Volta ao Supremo: Alguma receita do livro é sua favorita? Alguma você faz com muita frequência?

Jahnavi Priya Devi Dasi: De todas as receitas presentes no livro, a minha favorita é a “Delícias de Batata”. É uma receita de origem indiana porém adaptada à culinária mediterrânea. A minha mãe sempre conseguiu surpreender com essa receita. Conta o meu pai que num concurso de culinária feito no templo do Porto, os júris e participantes uniformemente concordaram que a vencedora seria a minha mãe. “Delícias de Batata” foi, sem dúvida, o melhor prato do concurso.


Volta ao Supremo: O título do livro será “Menus e Mimos”. “Menus” é autoexplicativo, mas qual a mensagem por trás de “mimos”?
Jahnavi Priya Devi Dasi: “Mimos” representa a disposição da minha mãe. Era característico dela mimar os seus mais queridos de todas as formas possíveis, sendo uma delas através dos seus deliciosos pratos. A consciência devocional com a qual ela cozinhava tornava as refeições autênticos mimos. O livro é composto por 12 menus completos, cada um deles com um título que reflete esses mimos que queremos partilhar com os leitores.

 

 

 

 


Volta ao Supremo: Você nos daria a alegria de compartilhar alguma das receitas da sua mãe conosco?

 

Jahnavi Priya Devi Dasi: Entre as receitas do livro, há um doce muito delicioso e simples de preparar:

 

 

 

 

 

Cerca de 15 minutos

Para 4 pessoas

 

Ingredientes:

250g de tâmaras sem semente

25g de nozes partidas

25g de amêndoas sem pele ao natural partidas

1 colher (de sobremesa) de manteiga sem sal

50ml de leite

coco ralado para polvilhar

 

Coloque todos os ingredientes numa panela, e leve a ferver durante cinco minutos.

 

Em seguida, retire a panela do fogo e, com um mixer, desfaça as tâmaras.

 

Estenda a mistura obtida numa superfície plana forrada com papel transparente e estique-a com um rolo de modo a obter uma massa uniforme com cerca de 1 centímetro de altura.

 

Polvilhe com coco ralado.

 

Deixe o doce arrefecer na geladeira, corte em fatias e sirva.

 

Volta ao Supremo: Embora as receitas sejam da sua mãe, as fotos que vamos encontrar no livro são os pratos cozinhados por você. Além de cozinhar todas as receitas, o que mais gostou de fazer na preparação da obra? Com a experiência que adquiriu preparando este livro, pretende algum dia escrever um livro com receitas de autoria própria?
Jahnavi Priya Devi Dasi: Sim, gostaria imensamente de dar continuidade a este projeto de maneira individual, através das minhas novas descobertas. Publico algumas fotos de criações minhas na página de Facebook “Menus e Mimos” (fb.com/menuswithlove) na esperança de que estas sirvam de inspiração para todos aqueles que procuram dar novos sabores à sua vida através da cozinha vegetariana.

 

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Conheça a página Receitas Hare Krishna no Facebook: www.fb.com/receitasharekrishna.

 

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Do Blog Volta ao Supremo. Leia outros artigos em www.voltaaosupremo.com.

 

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Terça-feira, 15 de Julho de 2014

O Mito da Escassez

 
A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
Ao contrário da crença popular, as estatísticas atuais demonstram que a Terra produz alimento o bastante para suprir facilmente toda a sua população. Contudo, a ganância e a exploração forçam vinte e cinco por cento da população global a ficar subnutrida. Śrīla Prabhupāda condena a desnecessária industrialização por contribuir para o problema da fome e por criar desemprego, poluição e uma hoste de outros problemas. Neste discurso, proferido em 2 de maio de 1973, em Los Angeles, advoga por um estilo de vida mais simples, mais natural e centrado em Deus.
ime jana-padāḥ svṛddhāḥ
supakvauṣadhi-vīrudhaḥ
vanādri-nady-udanvanto
hy edhante tava vīkṣitaiḥ
A rainha Kuntī disse: “Todas essas cidades e vilas estão prosperando sob todos os aspectos porque abundam ervas e grãos, as árvores estão cheias de frutas, os rios estão fluindo, as colinas estão repletas de minerais e os oceanos estão cheios de riquezas. E tudo isso se deve ao Teu olhar sobre tudo”. (Śrīmad-Bhāgavatam 1.8.40)
A prosperidade humana viceja pelas dádivas naturais, e não pelas gigantescas iniciativas industriais. As gigantescas iniciativas industriais são produto de uma civilização sem Deus e causam a destruição das nobres metas da vida humana. Quanto mais ampliamos essas indústrias problemáticas para sugarem a energia vital do ser humano, mais haverá insatisfação da massa geral de pessoas, embora alguns poucos possam viver de maneira esbanjadora através da exploração.
As dádivas naturais, como os grãos, legumes, frutas, rios, colinas de pedras preciosas e minerais e mares cheios de pérolas, são fornecidas pela ordem do Supremo, e, segundo Ele deseje, a natureza material as produz em abundância ou as restringe de tempos em tempos. A lei natural é que o ser humano pode se beneficiar com essas dádivas divinas da natureza e, deste modo, prosperar satisfatoriamente, sem ser cativado pela motivação exploradora de assenhorear-se da natureza material.
Quanto mais tentamos explorar a natureza material de acordo com os nossos caprichos, mais ficamos presos pela reação de tais esforços exploradores. Se temos grãos, frutas, legumes e vegetais o bastante, qual é a necessidade de administrar um abatedouro e matar pobres animais?
O homem não necessita matar um animal se ele tem grãos, legumes e verduras o suficiente para comer. O fluir de um rio fertiliza os campos, e há mais do que necessitamos. Os minerais são produzidos nas colinas, e as pérolas, no oceano. Se a civilização humana tem grãos, minerais, pérolas, água, leite etc. o suficiente, por que deveria ansiar por iniciativas industriais terríveis a custo da labuta de alguns homens desafortunados?
Entretanto, todas essas dádivas naturais dependem da misericórdia do Senhor. Do que precisamos, portanto, é sermos obedientes às leis do Senhor e obter a perfeição da vida humana através do serviço devocional. As indicações de Kuntī-devī vão diretamente ao ponto. Ela deseja que a misericórdia de Deus seja conferida a ela e a seus filhos a fim de que a prosperidade natural seja mantida pela graça dEle.
Kuntī-devī menciona que os grãos são abundantes, as árvores são cheias de frutas, os rios fluem perfeitamente, as colinas estão cheias de minerais e o oceano está cheio de riquezas, mas ela em momento algum menciona que há abundância de indústrias e abatedouros, pois isso são coisas sem sentido que os homens desenvolveram para criar problemas.
Se dependermos da criação de Deus, não haverá escassez, mas simplesmente ānanda, bem-aventurança. A criação de Deus provê grãos e grama o bastante, e, enquanto comemos os grãos e as frutas, os animais, como as vacas, comerão a grama. Os touros nos ajudarão a produzir grãos e comerão apenas um pouco, ficando satisfeitos com o que joguemos fora. Se comermos as frutas e jogarmos fora a casca, os animais ficarão satisfeitos com a casca. Deste modo, com Kṛṣṇa no centro, pode haver completa cooperação entre árvores, animais, seres humanos e todas as entidades vivas. Isso é a civilização védica, uma civilização de consciência de Kṛṣṇa.
Kuntī-devī ora ao Senhor: “Esta prosperidade se deve ao Teu olhar”. Quando nos sentamos no templo de Kṛṣṇa, Kṛṣṇa olha para nós e tudo fica bem. Quando almas sinceras tentam se tornar devotos de Kṛṣṇa, Kṛṣṇa muito amavelmente Se coloca perante elas em Sua opulência plena e lança-lhes o Seu olhar, momento no qual se tornam felizes e belas.
Similarmente, toda a criação material se deve ao olhar de Kṛṣṇa (sa aikṣata). Nos Vedas, é dito que Ele lançou Seu olhar sobre a matéria, agitando-a assim. Uma mulher em contato com um homem se agita e engravida e, então, pare filhos. Toda a criação segue um processo similar. Simplesmente pelo olhar de Kṛṣṇa, a matéria se agita e, então, engravida e dá a luz às entidades vivas. É simplesmente por Seu olhar que as plantas, árvores, animais e todas as outras entidades vivas surgem. Como isso é possível? Nenhum de nós pode dizer: “Simplesmente por olhar para minha esposa, posso engravidá-la”. Contudo, embora isso nos seja impossível, não é impossível para Kṛṣṇa. A Brahma-saṁhitā (5.32) diz, aṅgāni yasya sakalendriya-vṛttimanti: “Toda parte do corpo de Kṛṣṇa tem todas as capacidades das outras partes”. Com nossos olhos, podemos ver, mas Kṛṣṇa pode engravidar simplesmente por lançar Seu olhar. Não há necessidade de sexo, porque, simplesmente por olhar, Kṛṣṇa pode engravidar.
No Bhagavad-gītā (9.10), o Senhor Kṛṣṇa diz, mayādhyakṣeṇa prakṛtiḥ sūyate sa-carācaram: “Por meio de Minha supervisão, a natureza material faz nascerem todos os seres móveis e inertes”. A palavra akṣa significa “olhos”, então akṣeṇa indica que todas as entidades vivas nascem por causa do olhar do Senhor. Há dois tipos de entidades vivas – os seres móveis, como insetos, animais e seres humanos, e os seres inertes, como árvores e plantas. Em sânscrito, esses dois tipos de entidades vivas se chamam sthāvara-jaṅgama e ambos se originam na natureza material.
É claro que o que vem da natureza material não é a vida, mas o corpo. As entidades vivas aceitam tipos particulares de corpo a partir da natureza material, assim como uma criança obtém seu corpo a partir de sua mãe. Por dez meses, o corpo da criança se desenvolve a partir do sangue e dos nutrientes do corpo da mãe, mas a criança é uma entidade viva; não matéria. É a entidade viva que se refugia no ventre da mãe, que então fornece os ingredientes para o corpo dessa entidade viva. Esse é o proceder da natureza. A mãe pode não saber como, de seu corpo, outro corpo é criado, mas, quando o corpo da criança está pronto, ela nasce.
Não é o caso que a entidade viva nasce. Como declarado no Bhagavad-gītā (2.20), na jāyate mriyate vā: a entidade viva não nasce e não morre. Aquilo que não nasce não morre; a morte cabe àquilo que foi criado, e o que não foi criado não morre. O Gītā diz, na jāyate mriyate vā kadācit. A palavra kadācit significa “a qualquer momento”. Em tempo algum, a entidade viva de fato nasce. Apesar de talvez vermos que uma criança nasce, não nasce de fato. Nityaḥ śāśvato ’yaṁ purāṇaḥ. A entidade viva é eterna (śāśvata), sempre existente e muitíssimo antiga (purāṇa). Na hanyate hanyamāne śarīre (Bhagavad-gītā 2.20): não pensemos que, quando o corpo é destruído, a entidade será destruída. Não. A entidade viva continuará a existir.
Kuntī-devī diz, ime jana-padāḥ svṛddhāḥ supakvauṣadhi-vīrudhaḥ:“Os grãos abundam, as árvores estão cheias de frutas, os rios estão fluindo, as colinas estão repletas de minerais, e os oceanos estão cheios de riquezas”. (SB 1.8.40) O que mais alguém poderia desejar? A ostra produz pérolas, e, antigamente, as pessoas decoravam o corpo com pérolas, pedras preciosas, seda, ouro e prata. No entanto, onde estão essas coisas agora? Atualmente, com o avanço da civilização, há muitíssimas belas moças que não têm ornamentos de ouro, pérolas ou pedras preciosas, mas apenas pulseiras de plástico. Então, qual é o valor de indústrias e matadouros?
Pelo arranjo de Deus, o sujeito pode ter grãos o bastante, leite o bastante, frutas o bastante e legumes o bastante, bem como a água de um rio límpido. Agora, entretanto, como vejo enquanto viajo pela Europa, todos os rios lá se tornaram asquerosos. Esse é o proceder da natureza, e o proceder da natureza é o proceder de Kṛṣṇa. Então, qual é a utilidade de construir imensos sistemas hidráulicos para fornecer água?
A natureza já nos deu tudo. Se queremos riquezas, podemos pegar pérolas e nos tornarmos ricos; não há necessidade de ficar rico mediante a abertura de uma imensa fábrica para produzir peças de automóveis. Por meio de tais iniciativas industriais, tudo o que criamos foram problemas. De outro modo, temos apenas que depender de Kṛṣṇa e da misericórdia de Kṛṣṇa, porque, pelo olhar de Kṛṣṇa (tava vīkṣitaiḥ), tudo fica bem. Então, se simplesmente rogarmos pelo olhar de Kṛṣṇa, não haverá questão de escassez ou necessidade. Tudo estará completo. A ideia do movimento da consciência de Kṛṣṇa, portanto, é depender das dádivas da natureza e da graça de Kṛṣṇa.
As pessoas dizem que a população está crescendo, em virtude do que estão detendo isso através de meios artificiais. Por quê? Os pássaros e bestas estão ampliando sua população e não têm nenhum contraceptivo, mas carecem de alimentos? Alguma vez vimos pássaros ou animais terrestres morrendo por falta de comida? Talvez na cidade, mas com pouca frequência. Se formos à selva, contudo, veremos que todos os elefantes, leões, tigres e outros animais estão muito fortes e robustos. Quem está fornecendo alimento a eles? Alguns deles são vegetarianos e alguns deles não o são, mas a nenhum deles falta comida.
É claro que, pelo proceder da natureza, o tigre, não sendo vegetariano, não obtém comida todos os dias. Afinal, quem se colocará diante de um tigre para se tornar seu alimento? Quem dirá ao tigre: “Senhor, sou um altruísta e vim lhe alimentar. Então, pegue meu corpo”? Ninguém. Diante disso, o tigre tem dificuldade em encontrar alimento. E tão logo o tigre sai para caçar, um animal o segue e emite um som de modo que os outros animais saibam: “O tigre está caçando”. Então, pelo proceder da natureza, o tigre tem dificuldades. Ainda assim, porém, Kṛṣṇa fornece o alimento. Após cerca de uma semana, o tigre obterá a chance de vitimar um animal e, porque não obtém alimento fresco diariamente, manterá a carcaça em algum arbusto e comerá um pouco cada dia. Visto que o tigre é muito poderoso, as pessoas querem se tornar como um leão ou um tigre. Contudo, essa não é uma proposta muito boa, pois, se alguém de fato se torna como um tigre, não obtém comida diariamente, senão que terá de buscar por comida com muito esforço. Se alguém se torna vegetariano, porém, conseguirá alimento todos os dias. O alimento de um vegetariano está disponível em todo lugar.
Agora, em toda cidade há abatedouros, mas isso significa que os abatedouros podem fornecer o suficiente para que alguém viva comendo somente carne? Não. Não haverá um suprimento adequado. Até mesmo comedores de carne têm que comer grãos, frutas e legumes junto de seu pedaço de carne. Ainda assim, por esse pedaço diário de carne, matarão muitíssimos pobres animais. Como isso é pecaminoso! Se as pessoas cometem atividades assim tão pecaminosas, como podem ser felizes? Essa matança não deveria acontecer, mas, porque está acontecendo, as pessoas estão infelizes. Entretanto, se alguém se torna consciente de Kṛṣṇa e simplesmente depende do olhar de Kṛṣṇa (tava vīkṣitaiḥ), Kṛṣṇa fornecerá tudo e não haverá mais questão de escassez.
Ora parece haver escassez, ora vemos que grãos e frutas são produzidos em tamanha quantidade que as pessoas não conseguem comer tudo. Trata-se, portanto, de uma questão do olhar de Kṛṣṇa. Se Kṛṣṇa quer, Ele pode produzir uma grande quantia de grãos, frutas e legumes, mas, se Kṛṣṇa deseja restringir o fornecimento, que bem haverá na carne? Vocês podem me comer ou eu posso comer vocês, mas isso não solucionará o problema.
Para verdadeira paz e tranquilidade e um fornecimento suficiente de leite, água e tudo mais, temos simplesmente que depender de Kṛṣṇa. É isso que Bhaktivinoda Ṭhākura nos ensina quando diz, mārabi rākhabi-yo icchā tohārā: “Meu querido Senhor, eu simplesmente me rendo a Ti e dependo de Ti. Agora, se quiseres, podes matar-me ou podes proteger-me”. E Kṛṣṇa diz em resposta: “Sim. Sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja: simplesmente rende-te a Mim exclusivamente”. (Bg. 18.66) Ele não diz: “Sim, depende de Mim e também depende de teus abatedouros e fábricas”. Não. Ele diz: “Depende unicamente de Mim. Ahaṁ tvāṁ sarva-pāpebhyo mokṣayiṣyāmi: resgatar-te-ei dos resultados de tuas atividades pecaminosas”.
Porque vivemos muitíssimos anos sem sermos conscientes de Kṛṣṇa, vivemos nada além de uma vida pecaminosa, mas Kṛṣṇa nos garante que, tão logo alguém se renda a Ele, imediatamente Ele liquida todos os débitos e finda todas as atividades pecaminosas do indivíduo a fim de que ele possa começar uma vida nova. Quando iniciamos discípulos, nós, portanto, dizemos a eles: “Agora, o débito está quitado. Agora, não cometa mais atividades pecaminosas”.
Não se deve pensar que, como o santo nome de Kṛṣṇa pode anular as atividades pecaminosas, pode-se cometer uma pequena atividade pecaminosa e cantar Hare Kṛṣṇa para anulá-la. Essa é a maior das ofensas (nāmno balād yasya hi pāpa-buddhiḥ). Os membros de algumas ordens religiosas vão à igreja e confessam seus pecados, mas, em seguida, cometem novamente as mesmas atividades pecaminosas. Qual, então, é o valor da confissão? A pessoa pode confessar: “Meu Senhor, por ignorância, cometi tal pecado”. Porém, não se deve planejar: “Cometerei pecados e, depois, irei à igreja confessá-los. Com os pecados anulados, posso começar um novo capítulo de vida pecaminosa”. De modo similar, não se deve deliberadamente tirar proveito do cantar do mantra Hare Kṛṣṇa para neutralizar as atividades pecaminosas e, então, recomeçar os atos pecaminosos. Devemos ser muito cautelosos. Antes da iniciação, promete-se não fazer sexo ilícito, não usar intoxicantes, não se envolver com jogos de azar e não comer carne, e tais votos a pessoa tem que seguir estritamente. A pessoa, então, estará limpa. Se o indivíduo se mantém limpo dessa maneira e sempre se ocupa em serviço devocional, sua vida será bem-sucedida e não haverá escassez de nada que ele queira.
Se gostou deste material, também gostará destes: O Dever do Governo e as Cinco Moradas de Kali, Filhos como Bênção, Deus, Ordem e Justiça Política.
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Domingo, 23 de Março de 2014

Músicas para Krishna: George Harrisson Fala sobre Suas Composições Devocionais

 

 

“Eu tinha muito mais razões para fazer o disco com os devotos. Havia menor potencial comercial, mas era muito mais satisfatório. Aquilo realmente foi mais divertido do que tentar fazer um disco pop de sucesso. Era o sentimento de tentar utilizar nosso talento e transformá-lo em serviço espiritual a Krishna”.
Mukunda: Em 1969, você produziu uma canção chamada “O Mantra Hare Krishna”, que depois fez sucesso em muitos países. Aquela melodia mais tarde tornou-se uma faixa do álbum “Radha-Krishna Temple”, que você também produziu com o selo da Apple e foi distribuído nos Estados Unidos pela Capitol Records. Muitas pessoas que trabalhavam em gravadoras ficaram surpresas com isto: você produzindo canções para o Hare Krishna e cantando com seus membros. Por que você fez isso?
George: Bem, tudo isso é serviço, não é? Serviço espiritual para tentar difundir o mantra em todo o mundo e para dar aos devotos uma base mais ampla e um maior sustentáculo na Inglaterra e em tantos outros lugares.
Mukunda: Como o sucesso desse disco em que os devotos Hare Krishna cantam compara-se com o de alguns dos músicos de roque cujos discos você produzia na época, como Jackie Lomax, Splinter e Billy Preston?
George: Isso foi diferente. Não tinha nada a ver com aquilo, realmente. Eu tinha muito mais razões para fazer o disco com os devotos. Havia menor potencial comercial naquele disco, mas era muito mais satisfatório fazê-lo, sabendo das possibilidades que ele criaria, das conotações que ele teria simplesmente por apresentar o mantra durante três minutos e meio. Aquilo, realmente, foi mais divertido do que tentar fazer um disco pop de sucesso. Era o sentimento de tentar utilizar nossos talentos ou nossa ocupação e transformá-los em serviço espiritual a Krishna.
Mukunda: Que efeito você acha que aquela melodia de “O Mantra Hare Krishna”, tendo alcançado milhões e milhões de pessoas, surtiu na consciência do mundo?
George: Gosto muito de pensar que aquilo teve algum efeito. Afinal, o som é Deus.
Mukunda: Quando a Apple, a companhia de gravação, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa para promover o disco, todos pareceram assustados ao ouvir você falar sobre alma e Deus como coisas tão importantes.
George: Eu sentia que era algo importante ser autêntico, deixá-los ficar sabendo o que estava acontecendo comigo. Eu queria sair do disfarce e realmente contar-lhes tudo. Isso porque, uma vez que você compreenda algo, não pode mais fingir que não o conhece.
Eu pensei: esta é a era espacial, com aviões e tudo o mais. Se todos podem dar a volta ao mundo nas férias, não há razão pela qual o mantra não possa também ser amplamente difundido. Assim, a ideia era tentar fazer uma infiltração espiritual na sociedade, por assim dizer. Depois de conseguir que a Apple gravasse o disco e o lançasse, e depois de nossa grande promoção, vimos que ele se tornaria um sucesso. E o que é mais especial: uma das maiores alegrias da minha vida foi ver todos vocês no programa Top of the Pops da BBC. Eu nem acreditava. É dificílimo entrar naquele programa, porque eles só o põem lá se você fica entre os vinte mais vendidos. Para mim, foi como respirar ar fresco. Minha estratégia era fazer uma apresentação do mantra de três minutos e meio para que eles tocassem na rádio, e tudo funcionou bem. Fiz um amplo arranjo de harmônio e guitarra para o disco nos estúdios Abbey Road, antes de uma sessão dos Beatles, então regravei uma partitura para o baixo. Lembro que Paul McCartney e sua esposa, Linda, foram ao estúdio e gostaram do mantra.
Mukunda: Pouco após o lançamento, John Lennon disse-me que tocaram a gravação em um intervalo pouco antes de Bob Dylan fazer o show da ilha de Wight, com Jimi Hendrix, os Moody Blues e Joe Cocker, no verão de 69.
George: Eles tocaram enquanto preparavam o palco para Bob. Foi incrível! Além disso, era uma melodia absorvente, e as pessoas não precisavam saber o que significava para gostar dela. Senti-me muito bem logo que fiquei sabendo do sucesso que estava fazendo.
Mukunda: O que você achou do disco tecnicamente, das vozes?
George: Yamuna, a cantora principal, tem uma voz naturalmente boa. Gostei da convicção com que ela cantou, e ela cantou como se tivesse cantado muitas vezes antes. Não parecia ser a primeira melodia que ela cantava.
Bem, antes de encontrar qualquer devoto, ou antes de me encontrar com Prabhupada; como eu já tinha seu primeiro disco há pelo menos dois anos, eu já costumava cantar o mantra. Quando você se abre para algo, é como se você se tornasse um imã a convidar tal coisa a vir a seu encontro. Desde a primeira vez que ouvi o canto, foi como uma porta aberta em alguma parte do meu subconsciente, talvez proveniente de alguma vida anterior.
Mukunda: Na letra da canção “Awaiting on You All”, do álbum “All Things Must Pass”, você se manifesta e diz às pessoas que, cantando os nomes de Deus, elas podem libertar-se do mundo material. O que o levou a fazer aquilo? Que espécie de resposta você obteve?
George: Naquela época, ninguém se dedicava àquele tipo de música no mundo pop. Eu senti que era algo muito necessário. Então, em vez de sentar-me e esperar que alguém o fizesse, decidi fazê-lo eu mesmo. Muitas vezes pensávamos: “Bem, concordo com você, mas não estou a fim de me envolver com isso. É muito arriscado”. Todos sempre tentam se manter cobertos, comerciais, mas eu pensei: Farei! Ninguém mais está fazendo, e eu estou cansado de ver tantos jovens de bobeira, desperdiçando suas vidas, entende? Eu também senti que havia muita gente por aí que se tocaria. Ainda hoje recebo cartas de pessoas dizendo: “Faz três anos que vivo no templo Hare Krishna e jamais teria conhecido Krishna se você não tivesse gravado o álbum ‘All Things Must Pass’”. Deste modo, sei que, pela graça do Senhor, tenho um pequeno papel no teatro cósmico.
Mukunda: E os outros Beatles? O que eles pensavam de você ter adotado a consciência de Krishna? Qual foi a reação deles? Todos vocês haviam estado na Índia e realmente buscavam por algo espiritual. Shyamasundara disse-me certa vez, após almoçar com você e os demais Beatles, que todos eram muito respeitosos.
George: Sim! Bem, se o Quarteto de Liverpool não entrasse nessa, isto é, se eles não pudessem lidar com os devotos Hare Krishna de cabeça raspada, então não haveria nenhuma esperança! (risos) E os devotos vinham associar-se comigo, o que fazia as pessoas pensarem: “Ei, o que é isto?”. Sabe como é, assim que alguém vestido de laranja e com a cabeça raspada aparecia, diziam: “Ah! Eles estão com o George”.
Mukunda: No “Ballad of John and Yoko”, John e Yoko atacaram a imprensa pela maneira com que ela pode produzir uma falsa imagem de você e perpetuá-la. Levou bastante tempo e esforço para fazer a imprensa entender que somos uma religião genuína, com escrituras que antecedem o Novo Testamento em mais de três mil anos. Pouco a pouco, entretanto, mais pessoas – entre eruditos, filósofos e teólogos – têm se aproximado, e hoje respeitam muito a antiga tradição vaishnava, na qual o moderno movimento para a consciência de Krishna tem suas raízes.
George: A imprensa é culpada de tudo, de todos os conceitos errôneos sobre o movimento, mas, em um sentido, não importa realmente se eles disserem algo bom ou ruim, porque a consciência de Krishna sempre parece transcender, de qualquer forma, essa barreira. O fato de que a imprensa levou as pessoas a conhecerem Krishna já é algo bom.
Mukunda: Srila Prabhupada sempre nos treinou para nos mantermos fixos em nossos princípios. Ele dizia que a pior coisa que poderíamos fazer seria permitirmos algum “ajuste” ou diluirmos a filosofia em troca de popularidade barata. Embora muitos svamis e yogis tenham vindo da Índia para o Ocidente, Prabhupada foi o único que teve a pureza e a devoção para estabelecer a milenar filosofia da consciência de Krishna em todo o mundo, com base em seus próprios termos – não açucarada, mas como ela é.
George: Isso é verdade. Ele foi um exemplo perfeito daquilo que ensinou.
Mukunda: Quando você fez o álbum “Material World”, você usou uma foto interna tirada do Bhagavad-gita de Prabhupada, mostrando Krishna e Seu amigo e discípulo Arjuna. Por quê?
George: Sim! No álbum se diz: “Foto extraída do Bhagavad-gita Como Ele É, de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada”. Foi uma promoção para vocês, é claro. Eu quis dar a todos a oportunidade de ver Krishna, conhecê-lO. Essa é a ideia, não é?
Mukunda: Em um de seus livros, Prabhupada disse que o sincero serviço que você prestou foi melhor do que o de certas pessoas que pesquisaram mais profundamente a consciência de Krishna porém não puderam manter o seu nível de fé. Como você se sente a esse respeito?
George: Maravilhoso. É algo que me deu esperanças, porque, como dizem, mesmo um momento na companhia de uma pessoa divina, de um devoto puro de Krishna, pode ajudar imensamente, e acho que Prabhupada realmente ficou satisfeito com a ideia de que alguém de fora do templo estava ajudando a fazer o álbum. O simples fato de que ele estava satisfeito foi encorajador para mim. Eu sabia que ele gostava da gravação “O Mantra Hare Krishna”, e ele pedia aos devotos que sempre tocassem aquela canção “Govinda”. Eles ainda a tocam, não é mesmo?
Mukunda: Todo templo tem uma gravação dessa canção, e nós a tocamos toda manhã quando os devotos se reúnem em frente ao altar, antes do kirtana. É uma instituição da ISKCON, pode-se dizer.
George: E se eu não recebia inspiração de Prabhupada em minhas canções sobre Krishna ou sobre a filosofia, eu a recebia dos devotos. Esse era todo o estímulo de que eu precisava. Qualquer coisa espiritual que eu fizesse, fosse através de canções, fosse ajudando na publicação de livros, ou o que fosse, parecia realmente agradá-lo. Minha canção “Living in the Material World”, conforme escrevi em I, Me, Mine, foi influenciada por Srila Prabhupada. Foi ele quem me explicou que não somos o corpo físico. Apenas acontece de estarmos nele.
Como eu disse na canção, este lugar não é realmente aquilo que parece; não pertencemos a ele, mas sim ao céu espiritual:
Pois estou condenado ao mundo material
Frustrado no mundo material
Os sentidos nunca satisfeitos
Somente oscilando como a maré
Que poderia me afogar no mundo material
A única razão para estarmos aqui é encontrar a maneira de escaparmos.
Assim era Prabhupada: ele não apenas falava sobre amar Krishna e sair deste lugar, mas também era o exemplo perfeito. Ele falava sobre sempre cantar e vivia cantando. Creio que o fato de que ele era o exemplo perfeito de tudo o que pregava era talvez o elemento mais encorajador para mim, ao menos para fazer eu me esforçar cada vez mais em busca de ser um pouquinho melhor.
Mukunda: Você escreve em sua autobiografia que “não importa quão bom você seja, ainda assim você precisa de misericórdia para escapar do mundo material. Você pode ser um yogi, um monge ou uma freira, mas, ainda assim, sem a graça de Deus, não conseguirá escapar”. No fim da canção “Living in the Material World”, a letra também diz: “Espero escapar deste lugar pela graça do Senhor Sri Krishna, minha salvação deste mundo material”. Se dependemos da graça de Deus, o que significa a expressão “Deus ajuda aqueles que se ajudam”?
George: A graça é flexível, creio. Por um lado, nunca sairei daqui a menos que seja pela graça dEle; por outro lado, Sua graça é relativa à quantidade de desejo que posso manifestar. A quantidade de graça que eu espero de Deus deve ser igual à quantidade de graça que eu possa receber ou obter. Ganho conforme o meu investimento. É como na canção que escrevi com base em Srila Prabhupada, “The Lord Loves the One that Loves the Lord”:
O Senhor ama aquele que ama o Senhor
E a lei diz que se você não der então não receberá amor
Mas o Senhor ajuda aqueles que se ajudam
E a lei diz que qualquer coisa que você faça voltará para você
Você ouviu a canção “That Which I Have Lost”, do meu novo álbum, “Somewhere in England?”. É derivada do Bhagavad-gita. Nela falo sobre lutar contra as forças da escuridão, das limitações, da falsidade e da mortalidade.
Mukunda: Sim, gosto dela. Se as pessoas puderem entender a mensagem do Senhor no Bhagavad-gita, poderão ser realmente felizes. Muita gente, ao começar sua vida espiritual, adora Deus como algo impessoal. Qual é a diferença entre adorar Krishna, ou Deus, sob Sua forma pessoal, e adorar Sua natureza impessoal como energia ou luz?
George: É como a diferença de lidar com um computador e lidar com uma pessoa. Como eu disse antes, “Se Deus existe, quero vê-lO”, não apenas ver Sua energia ou Sua luz, mas Ele mesmo.
Mukunda: Não acredito que seja possível calcular quantas pessoas voltaram-se para a consciência de Krishna através de sua canção “My Sweet Lord”. Você passou por uma experiência muito pessoal antes de decidir fazer aquela canção. Em seu livro, você disse: “Pensei muito sobre fazer ou não ‘My Sweet Lord’, porque estaria me revelando publicamente... Muitas pessoas temem as palavras Senhor e Deus... Eu estava colocando meu pescoço debaixo da guilhotina... mas, ao mesmo tempo, pensei: ‘Ninguém está dizendo isto... por que devo ser falso comigo mesmo?’. Cheguei à crença na importância de que, se você sente algo muito forte, deve dizê-lo”.
“Eu queria mostrar que ‘Aleluia’ e ‘Hare Krishna’ são a mesma coisa. Fiz as vozes cantando ‘Aleluia’ e depois mudei para ‘Hare Krishna’ para que as pessoas cantassem o maha-mantra antes que se dessem conta do que estava acontecendo! Fazia muito tempo que eu vinha cantando Hare Krishna, e essa canção era uma simples ideia de como fazer uma canção pop ocidental equivalente a um mantra, que repete sempre e sempre os santos nomes. Não me sinto culpado ou mal em relação a isso, pois, com efeito, isso salvou muitos de uma vida viciada em heroína”.
Por que você achou que, de alguma forma, deveria colocar Hare Krishna no álbum? Apenas “Aleluia” não teria sido o suficiente?
George: Bem, em primeiro lugar, “Aleluia” é uma expressão de júbilo dos cristãos, mas “Hare Krishna” tem seu lado místico. É mais do que apenas glorificar a Deus: é pedir para tornar-se Seu servo. Além disso, por causa da disposição do mantra, com a mística energia espiritual contida naquelas sílabas, está muito mais perto de Deus do que o modo como o cristianismo O representa comumente. Embora Cristo, a meu ver, seja um yogi absoluto, acho que muitos mestres cristãos da atualidade têm uma noção errônea acerca de Jesus Cristo. Supostamente eles representam Jesus, mas não o estão fazendo muito bem. Eles estão se desviando muito dele, o que é muito ruim.
Minha ideia em “My Sweet Lord”, por parecer uma canção pop, era persuadi-los da seguinte maneira. Eu queria fazer com que eles não se sentissem ofendidos: primeiro, ouviriam “Aleluia” e, ao ouvirem “Hare Krishna”, já estariam fisgados, batendo os pés, de modo que se deixariam levar por um sentido de falsa segurança. E, de repente, quando eu mudasse o coro para “Hare Krishna”, eles o estariam cantando também, antes que se dessem conta do que acontecera, e pensariam: “Ei, eu achava que não deveria gostar de Hare Krishna!”.
As pessoas escrevem até hoje me perguntando que estilo era aquele. Dez anos mais tarde, estão tentando entender o que significam aquelas palavras. Realmente, foi apenas um pequeno truque, e não ofendeu. Por alguma razão, nunca obtive nenhuma reação ofensiva dos cristãos, que apenas disseram: “Gostamos até certo ponto, mas o que é que ‘Hare Krishna’ tem a ver com tudo isso?”.
“Aleluia” pode ter sido originalmente alguma coisa mântrica que caiu de moda, mas não tenho certeza do que significa realmente. A palavra grega para Cristo é kristos, que, no fundo, é o mesmo que Krishna.
Mukunda: Em I, Me, Mine, você fala sobre karma e reencarnação e sobre como a única maneira de escapar do ciclo é aceitar um processo espiritual genuíno. Você diz em um trecho: “Todos estão preocupados com a morte, mas a causa da morte é o nascimento. Assim, se você não quer morrer, não nasça!”. Algum dos outros Beatles acreditava na reencarnação?
George: Tenho certeza de que John acreditava! E não gostaria de subestimar Paul e Ringo. Eu não me surpreenderia se eles tivessem alguma esperança de que isso seja verdade. Pelo que conheço de Ringo, ele deve ser um yogi disfarçado de baterista!
Mukunda: Paul tem nosso último livro, o Voltando a Nascer. Onde você pensa que a alma de John está agora?
George: Espero que ele esteja em um bom lugar. Ele tinha a compreensão de que cada alma reencarna até se purificar completamente e de que cada alma recebe aquilo que merece, conforme as reações a suas ações nesta vida e em vidas anteriores.
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publicado por o editor às 15:46
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Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2014

Abre nos Estados Unidos Primeira Fábrica de Laticínios Certificada como Livre de Abate

 

Do Blog Volta ao Supremo. Leia outros artigos em www.voltaaosupremo.com.
Abre nos Estados Unidos Primeira Fábrica
de Laticínios Certificada como Livre de Abate
Madhava Smullen
Conheça mais sobre esse projeto sem fins lucrativos que tem por meta concretizar a idealização de Srila Prabhupada em relação à procedência do leite em todos os centros Hare Krishna.
4 de janeiro de 2014. No encontro de líderes europeus no final do ano passado, líderes da ISKCON (Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna) de toda a Europa discutiram um dilema comum entre os devotos de hoje: Bebemos leite, um importante ingrediente na dieta da ISKCON, ou o evitamos, uma vez que o leite hoje comprado apoia a indústria do abate?
A resposta, é claro, é bebermos leite de nossas próprias vacas protegidas. Infelizmente, há poucas fazendas de produção de leite na ISKCON mundial atualmente – mas há algumas. Os líderes citaram a fábrica de manteiga e queijo de Gita Nagari, em Port Royal, Pensilvânia, por exemplo, como um exemplo ideal para as outras comunidades da ISKCON.
Gita Nagari, uma fazenda de 140 hectares, foi comprada pela ISKCON Nova Iorque em 1975, seguindo a instrução de Srila Prabhupada de que todo templo urbano deveria ter um projeto rural vinculado a ele.
Em seu auge, cuidou e fez a ordenha de um grande rebanho de vacas pardas suíças, mas, ao longo dos anos, os esforços decresceram. Então, em 2008, Dhruva Dasa mudou da Cidade do Cabo, na África do Sul, para Gita Nagari de modo a servir como presidente de templo, junto de sua esposa, Parijata Dasi.
Eles eram duas pessoas com as formações mais improváveis para coordenadores de uma comunidade rural. Dhruva atuara como especialista técnico para uma central nuclear, ao passo que Parijata fora vice-presidente de uma organização estratégica para um negócio tecnológico.

Contudo, desde o princípio, aderiram ao estilo de vida rural. Seu programa de Agricultura Apoiada pela Comunidade produz pelo menos vinte diferentes tipos de legumes e verduras e fornece quatro templos urbanos próximos e 115 famílias com produção orgânica. Ao mesmo tempo, estão revivendo as atividades da fazenda Gita Nagari em relação aos laticínios com a nova fábrica de manteigas e queijos da Gita Nagari.
Como a primeira fábrica de laticínios certificada como livre de abate nos Estados Unidos, a fábrica tem certificação B pela FDA, o órgão americano de controle de alimentos e remédios, e tem permissão para a venda e transporte de leite puro por parte do departamento federal de agricultura. Isso significa que têm permissão legal para distribuir leite para consumo público.
“Quando chegamos aqui, começamos a ordenhar apenas duas vacas”, disse Parijata. “Então, em março de 2013, recebemos todo fundo necessário da Krishna Protects Cows Incorporated Trust, um grupo de devotos investidores, para comprar um rebanho de 28 vacas leiteiras pardas suíças. Também temos 19 vacas e bois aposentados, e 14 bezerros, incluindo dez novilhos e quatro touros”.
A fábrica de laticínios Gita Nagari é, atualmente, única no mundo. Ela evita práticas cruéis usadas por produtores convencionais, como corte do chifre e do rabo, ajustando todas as suas práticas pensando no conforto dos animais.
No inverno, as vacas se refugiam em um celeiro aquecido estratificado com palha dos próprios campos da Gita Nagari. Ao longo do ano, pastam em pastos orgânicos certificados e seguem um plano nutricional baseado em pastagem rotativa para o máximo de energia e saúde. E todos os dias Dhruva e Parijata as observam de perto a fim de se certificarem de que tudo está bem.
 
“Verificamos se seus cascos estão saudáveis, se seus olhos estão brilhantes e límpidos, seus narizes úmidos o bastante e se nenhum animal está mancando ou foi ferido”, diz Parijata. “Há constante interação com as vacas. Elas são cuidadas e amadas, e sentimos muitíssima reciprocação e troca de afeto quando lidamos com elas”.
Ademais, a Krishna Protects Cows Trust reservou fundos o bastante para cuidar do rebanho existente e de quaisquer necessidades se algo der errado com o projeto.
As vacas são ordenhadas duas vezes ao dia, às 5 horas da manhã e às 5 horas da tarde, ao pacífico som de mantras acompanhados de instrumentos musicais. Inicialmente, quando tinham apenas um pequeno número de vacas, Dhruva e Parijata as ordenhavam à mão. Agora que há dezenas, eles usam o tipo mais brando de máquina de sucção e compensam a redução de interação pessoal passando bastante tempo de qualidade com as vacas.
As vacas, em reciprocidade, produzem entre dois mil e duzentos e dois mil e seiscentos litros por semana. Alguns são usados para as Deidades que presidem Gita Nagari, Sri Sri Radha Damodara, e seus devotos. Alguns se tornam iogurte, panir [um tipo de ricota] e queijo – um fazendeiro menonita local usa o coalho vegetariano para fazer cheddar, queijo tipo suíço, Pepper Jack e Colby.
O restante é comprado pelos templos urbanos vizinhos exatamente dentro do sistema concebido por Srila Prabhupada. Comunidades da ISKCON em Washington D.C., Filadélfia, Newburgh, Towaco, Nova Jersey e Central New Jersey compram, cada uma, quase 200 litros de leite por semana para seus templos e membros individuais.

Esses templos pagam $2,70 por livro pelo leite da fazenda Gita Nagari, um preço assombroso para alguns devotos. Conduto, consideremos que o leite orgânico de vacas de abatedouro frequentemente custa $2,15 nas lojas. Consideremos os custos excepcionais de cuidar de dezenas de vacas por toda a vida. E consideremos a absoluta qualidade do leite produzido por tais vacas. Diante de tudo isso, $2,70 se revela um preço bastante justo.
“Para fazerem o leite que é vendido em supermercados, um caminhão-tanque vai de fazenda em fazenda, coleta o leite e coloca tudo em um imenso reservatório em uma fábrica de leite”, Parijata diz. “Eles, então, esterilizam completamente o leite, pasteurizam-no, tiram todas as gorduras e começam a colocar tudo de volta para fazer leite com um por cento de gordura, dois por cento de gordura e ‘integral’”.
Além disso, há a questão da vida de tortura em que vivem as vacas nas fazendas fábricas antes de serem abatidas pelo menos quinze anos antes de sua expectativa de vida normal, e há também os hormônios e antibióticos que são injetados nelas e terminam no leite. Vacas de fazendas fábricas também são submetidas a dietas horrendas de grãos excessivos, além de receberem até mesmo fezes e partes de animais para seu consumo.
“Nós não forçamos nossas vacas a produzirem, e sua dieta é cuidadosamente estabelecida e acompanhada”, diz Parijata. “Porque são bem cuidadas, felizes e contentes, a qualidade de seu leite é mais nutritiva. Há até casos de pessoas supostamente intolerantes a lactose que bebem nosso leite e não têm nenhum tipo de reação com ele”.
Ela adiciona: “A intolerância a lactose que é tão prevalente atualmente entre as alergias não se deve ao leite em sua forma pura, integral e original como alimento – se deve a como é manipulado e a como as vacas são tratadas. Tentamos compartilhar com as pessoas, portanto, como nosso leite é diferente”.
Ao mesmo tempo, a Gita Nagari segue cuidadosamente suas leis locais em relação ao leite, o alimento mais regulado nos Estados Unidos. A comunidade em si usa atualmente leite integral e puro dentro da Pensilvânia, onde semelhante leite é legal. De acordo com a lei, entretanto, a fábrica não pode enviar leite puro para fora do estado. Os devotos dos estados vizinhos, então, têm que ir até lá e levar o leite consigo, de acordo com seus direitos individuais.
De modo a poderem enviar leite a comunidades da ISKCON ao longo da Costa Leste dos Estados Unidos no futuro, todavia, a Gita Nagari comprou um pasteurizador, que será inspecionado pela FDA em breve e, esperam todos, receberá certificação A.
“Também gostaríamos de investir em um “separador de nata” a fim de que possamos fazer nossa própria manteiga, bem como leitelho, ghi e sorvete”, Parijata diz. Porém, ela deixa claro que ela e Dhruva planejam manter seu rebanho manejável e pequeno em um negócio sustentável: “Não queremos ligação com os grandes centros comerciais – tudo o que queremos é ter um bom programa disponível para os projetos da ISKCON em estados vizinhos poderem oferecer leite de vacas protegidas às suas Deidades e devotos”.
Embora vá permanecer pequena, a influência da fábrica de laticínios Gita Nagari Creamery pode ser grande. Através dela, Dhruva e Parijata esperam poder mostrar a outros produtores na Pensilvânia e em outros estados que é economicamente viável produzir leite livre de abate.
Dentro da ISKCON, aconselham que quaisquer comunidades rurais que queiram seguir seu exemplo comecem pequenos e sistematicamente através do investimento em um microssistema de produção de leite e ordenhando apenas duas vacas à mão.
Para os devotos em geral, Parijata oferece esta importante sugestão final: “Se vocês podem obter leite de vacas protegidas, obtenham. Apoiem esses projetos, pois a medida do sucesso das comunidades rurais está em quanto de apoio elas recebem”.
Para mais informações (em inglês), visite: http://www.gitanagari.org/node/286, https://www.facebook.com/GitaNagariCreamery.
Se gostou deste material, também gostará destes: Veganismo e Movimento Hare Krishna, Karma e Consumo de Carne na Literatura Védica, Por que os Devotos de Krishna Não Comem Alho e Cebola?, O Vegetarianismo e o Movimento Hare Krsna.

 

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Domingo, 16 de Fevereiro de 2014

Uma Forma de Ajudar Nova Gokula

 

 

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 Atenciosamente,

Vaikuntha Murti Das
VIVA NOVA GOKULA

 

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Quinta-feira, 14 de Novembro de 2013

Afinal, É Válido o Termo “Hindu”?

 

Afinal, É Válido o Termo “Hindu”?


 

Sri Nandanandana
Uma investigação das diferentes teorias para a origem do termo “hindu” e de sua validade para designar a cultura védica.
É importante esclarecermos o uso das palavras “hindu” e “hinduísmo”. O fato é que o verdadeiro “hinduísmo” se baseia no conhecimento védico, que é relacionado à nossa identidade espiritual. Muitas pessoas aceitam sim o termo como o mesmo que sanatana-dharma, que é um termo sânscrito mais preciso para o caminho védico. Nossa genuína identidade espiritual está além de quaisquer nomes temporários, como cristianismo, islamismo, budismo ou mesmo hinduísmo. Afinal, Deus jamais Se descreve como pertencente a quaisquer de tais categorias, dizendo-Se apenas um Deus cristão ou um Deus muçulmano ou um Deus hindu. Por isso alguns dos maiores mestres espirituais da Índia evitam se identificar apenas como hindus. O caminho védico é eterno, logo além de todas essas designações temporárias. Estou, então, chamando o nome “hindu” de uma designação temporária?
Temos que nos lembrar de que o termo “hindu” sequer é sânscrito. Numerosos estudiosos dizem que o mesmo não se encontra em parte alguma da literatura védica. Então, como esse nome pode realmente representar a cultura ou o caminho védico? E sem a literatura védica, não há base para “hinduísmo”.
A maioria dos estudiosos considera que o nome “hindu” foi desenvolvido por estrangeiros invasores que não conseguiam pronunciar o nome do rio Sindhu apropriadamente. Algumas fontes defendem que foi Alexandre, o Grande, quem pela primeira vez renomeou o rio Sindhu para Indu, omitindo o “s” inicial e assim tornando mais fácil a pronúncia para os gregos. O rio ficou conhecido, então, como Indus. Isso se deu quando Alexandre invadiu a Índia por volta de 325 a.C. Suas forças macedônias, então, passaram a chamar a terra a leste do Indus de Índia, um nome usado especialmente durante o regime britânico.

Posteriormente, quando os invasores muçulmanos chegaram de localidades como o Afeganistão e a Pérsia, chamaram o rio Sindhu de rio Hindu. Consequentemente, o nome “hindu” foi usado para descrever os habitantes das terras nas províncias do noroeste da Índia, onde se localiza o rio Sindhu, e a região em si foi chamada de “Hindustão”. Porque o som sânscrito de “s” se torna “h” na língua parse, os muçulmanos pronunciavam sindhu como hindu, muito embora as pessoas da área pessoalmente não usassem o nome “hindu”. A palavra foi usada pelos estrangeiros muçulmanos para identificar as pessoas e a religião daqueles que viviam naquela área. Com o tempo, mesmo os indianos conformaram-se com o termo utilizado por aqueles no poder e adotaram os nomes hindu e Hindustão. De outro modo, a palavra não tem significado exceto por aqueles que lhe dão valor ou a usam por conveniência.
Outra visão do termo “hindu” demonstra a desorientação que causa no entendimento da verdadeira essência dos caminhos espirituais da Índia. Como escrito por R. N. Suryanarayan em seu livro Universal Religion (p.1-2, publicado em Mysore em 1952): “A situação política do nosso país há séculos, digamos entre vinte e vinte e cinco séculos, torna muito difícil compreender a natureza desta nação e de sua religião. Os estudiosos ocidentais, e historiadores também, fracassaram no que diz respeito a traçar o verdadeiro nome desta terra Brahman, um país de dimensões continentais, e, portanto, contentaram-se em tratá-la pelo termo ‘hindu’, apesar de ser um termo sem sentido. Essa palavra, que é uma inovação estrangeira, não é utilizada por nenhum de nossos escritores sânscritos ou reverenciados acharyas em suas obras. Parece que o poder político foi o responsável por insistir na continuação do uso da palavra ‘hindu’. A palavra ‘hindu’ se encontra, é claro, na literatura persa. Hindu-e-falak significa ‘o negro do céu’ e ‘Saturno’. Na língua arábica, hind, não hindu, significa ‘nação’. É vergonhoso e ridículo ler o tempo todo na história que o nome ‘hindu’ foi dado pelos persas ao povo de nosso país quando aportaram no solo sagrado de Sindhu”.
Outra visão da fonte do nome “hindu” se baseia em um sentido depreciador. É dito ser “certo que o nome ‘hindu’ foi dado à raça ariana original da região por parte dos invasores muçulmanos a fim de humilhá-los. Na língua persa, a palavra significa ‘escravo’, e, de acordo com o islã, todos aqueles que não aderem ao islã são chamados de ‘escravos’”. (Maharishi Shri Dayanand Saraswati Aur Unka Kaam, editado por Lala Lajpat Rai, publicado em Lahore, 1898, em Introdução)
Um dicionário persa intitulado Lughet-e-Kishwari, publicado em Lucknow em 1964, fornece o significado da palavra “hindu” como “chore [ladrão], dakoo [saqueador], raahzan [assaltante] e ghulam [escravo]”. Em outro dicionário, o Urdu-Feroze-ul-Laghat (Parte Um, p. 615), o significado persa da palavra hindu é descrito ainda como barda (criado obediente), sia faam (cor negra) e kaalaa (preto). Assim, tudo isso são expressões denigritórias ao povo indiano na visão dos persas.
Basicamente, então, “hindu” é a mera continuação do termo muçulmano que se tornou popular apenas dentro dos últimos 1300 anos. Desta forma, podemos entender que não é um termo sânscrito válido, tampouco tem algo a ver com a verdadeira cultura védica ou o caminho espiritual védico. Nunca existiu uma religião que se chamasse hinduísmo até o povo indiano em geral colocar valor nesse nome e aceitar o seu uso. É surpreendente, então, que alguns acharyas indianos e organizações védicas não se interessem por usar o termo?
A grande confusão começou quando o nome “hinduísmo” passou a ser usado para indicar a religião do povo indiano. As palavras “hindu” e “hinduísmo” foram usadas frequentemente pelos britânicos com o intuito de grifar as diferenças religiosas entre os muçulmanos e as pessoas que se tornaram conhecidas como hindus. Isso foi feito com a intenção bem-sucedida de criar atrito entre os habitantes da Índia de acordo com a política britânica de “dividir e reinar” para tornar mais fácil seu contínuo domínio sobre o país.
Todavia, devemos mencionar que outros que tentam justificar a palavra “hindu” apresentam a ideia de que os rishis de tempos remotos, muitos milhares de anos atrás, também chamavam a Índia central de Hindustão, e o povo que vivia ali, de hindus. O seguinte verso, supostamente pertencente ao Vishnu Purana, Padma Purana e à Bruhaspati Samhita, é apresentado como prova, mas ainda não estou certo em relação a onde exatamente o verso pode ser encontrado:
aasindo sindhu aryantham yasyabharatha bhumikah
mathrubhuh pithrubhuchaiva sah vai hindurithismrithaah
Outro verso diz: sapta sindhu muthal sindhu maha samudhram vareyulla bharatha bhumi aarkkellamaano mathru bhumiyum pithru bhumiyumayittullathu, avaraanu hindukkalaayi ariyappedunnathu. Ambos os versos mais ou menos indicam que quem quer que considere a terra de Bharatha Bhumi, entre o Sapta Sindu e o Oceano Índico, como sua terra natal é conhecido como “hindu”. Porém, aqui também temos a menção do verdadeiro e antigo nome da Índia, que é Bharata Bhumi. “Bhumi” significa Mãe Terra, mas Bharata é a terra de Bharata, ou Bharata-varsha, que é o território indiano. Em numerosas referências védicas nos Puranas, no Mahabharata e outros textos védicos, a região da Índia é referida como Bharata-varsha, ou a terra de Bharata, e não Hindustão. O nome Bharata-varsha certamente ajuda na apresentação das raízes e do passado glorioso do país e de seu povo, especialmente em relação à sua cultura védica.
Outras duas referências comumente utilizadas são as seguintes:
himalayam samaarafya yaavat hindu sarovaram
tham devanirmmitham desham hindustanam prachakshathe
himalyam muthal indian maha samudhram vareyulla
devanirmmithamaya deshaththe hindustanam ennu parayunnu
Estas também indicam que a região entre os Himalayas e o Oceano Índico se chama Hindustão. Assim, a conclusão é que todas as pessoas da Índia são hindus independente de sua casta ou religião. É claro que nem todos concordarão com isso.
Outros dizem que, no Rig Veda, Bharata é referido como o país de “Sapta Sindhu”, isto é, o país de sete grandes rios. Isso é naturalmente aceitável. Contudo, exatamente de qual livro e de qual capítulo esse verso vem é algo que precisa ser esclarecido. Não obstante, alguns dizem que a palavra sindhu se refere a rios ou mares, e não meramente ao rio específico chamado Sindhu. Além disso, é dito que, no sânscrito védico, de acordo com dicionários antigos, sa era pronunciado como ha. Assim, pronunciava-se “Sapta Sindhu” como “Hapta Hindu”. Supõe-se, então, que foi assim o surgimento da palavra “hindu”. Também se diz que os antigos persas se referiam a Bharata como “Hapta Hind”, como registra o clássico Bem Riyadh. Essa é outra razão para alguns estudiosos acreditarem que a palavra “hindu” tem sua origem na Pérsia.
Outra teoria é que o nome “hindu” sequer vem do nome Sindhu. A. Krishna Kumar explica: “Essa visão [de Sindhu/Hindu] é insustentável uma vez que os indianos naquele tempo tinham a mais elevada e invejável posição no mundo em termos de civilização e riquezas, e não é possível que não tivessem um nome. Eles não eram aborígenes desconhecidos aguardando para serem descobertos, identificados e cristianizados por estrangeiros”. Ele cita um argumento do livro Self-Government in India, por N. B. Pavgee, publicado em 1912. O autor cita um idoso swami e sanscritista de nome Mangal Nathji, que encontrou um antigo Purana conhecido como Brihannaradi na vila Sham, Hoshiarpur, Punjab. O mesmo continha este verso:
himalayam samarabhya yavat bindusarovaram
hindusthanamiti qyatam hi antaraksharayogatah
Mais uma vez, a localização exata desse verso no Purana não é informada, mas Kumar o traduz assim: “A terra compreendida entre as montanhas Himalayas e o Bindu Sarovara (Cabo Camorim) é conhecida como Hindusthan pela combinação da primeira sílaba ‘hi’, de ‘Himalaya’, e a última sílaba ‘ndu’, de ‘bindu’”.
Acredita-se, é claro, que isso deu origem ao nome “hindu”, atribuindo uma origem indígena ao nome. A conclusão é que as pessoas vivendo nessa área são conhecidas, portanto, como “hindus”.
De qualquer modo que essas teorias possam apresentar suas informações e de qualquer modo que possamos refletir sobre elas, o nome “hindu” tem origem simplesmente como uma designação corpórea e regional. O nome “hindu” se refere a uma localização e a seus habitantes, e originalmente não tinha nenhuma ligação com a filosofia, a religião ou a cultura das pessoas, que certamente podiam mudar de uma para outra. É certamente correto dizer que todos da Índia são indianos, mas e quanto à sua religião e ao seu pensamento? Estes são conhecidos por numerosos nomes segundo as várias aparências e crenças. Assim, eles não são todos hindus, e muitos que não seguem o sistema védico já objetam serem chamados por esse nome. “Hindu”, portanto, não é o nome mais apropriado para um caminho espiritual, senão que o termo sânscrito sanatana-dharma é muito mais apropriado. A cultura dos indianos antigos e sua história é a cultura védica, ou o dharma védico. É mais acertado, portanto, usar um nome baseado nessa cultura para aqueles que a seguem do que um nome que apenas diz respeito à localização de um povo.
Por conseguinte, o caminho espiritual védico é mais adequadamente tratado por sanatana-dharma, que significa “a ocupação imutável e eterna da alma em seu relacionamento com o Ser Supremo”. O dharma do açúcar, por exemplo, é ser doce, e isso não muda. E se não é doce, não é açúcar. Ou o dharma do fogo é fornecer calor e luz. Se não faz isso, não é fogo. Da mesma forma, existe um dharma, ou natureza, próprio da alma, que é sanatana, eterno. Tal dharma é imutável. Há, portanto, o estado de dharma e o caminho do dharma. Seguir os princípios do sanatana-dharma pode nos levar ao estado puro de reavermos nossa esquecida identidade espiritual e nosso relacionamento com Deus. Essa é a meta do conhecimento védico. Assim, o conhecimento dos Vedas e de toda a literatura védica, tal como a mensagem do Senhor Krishna no Bhagavad-gita, bem como os ensinamentos das Upanishads e dos Puranas, não se limitam apenas a hindus, que são restritos a determinada regiões do planeta ou famílias. Esse conhecimento, na verdade, destina-se ao mundo inteiro. Como todos são seres espirituais e têm a mesma essência espiritual, como descrevem os princípios do sanatana-dharma, todos têm o direito e o privilégio de entender esse conhecimento.
Se gostou deste material, também gostará destes: Yoga nos Dias de Hoje, Os Avataras do Senhor Krishna.
 

 

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