Sexta-feira, 31 de Julho de 2015

Copom eleva juros em 0,5 p.p. e deve encerrar ajuste monetário

 

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar em meio ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, levando-a para o patamar de 14,25% ao ano. A decisão veio acompanhada de duas novidades: em primeiro lugar, a abstenção do diretor de assuntos internacionais, Tony Volpon, por ter supostamente antecipado seu voto em reunião pública com investidores dias antes da reunião do Copom; em segundo, uma mudança no comunicado do BC acerca da reunião, deixando claro que pretende manter o atual patamar de juros como estratégia de combate à carestia e de controle das expectativas inflacionárias. Com isso, esta deve ser a última elevação dos juros nos próximos meses, que já esteve em 7,25% no primeiro mandato da presidenta Dilma, tendo desde então passado por sucessivas elevações que praticamente dobraram a taxa de juros nominal e quintuplicaram os juros reais.

Comentário: O aumento dos juros era esperado pela maior parte dos agentes, tendo em vista que o Banco Central tem se mantido firme em sua estratégia de trazer as expectativas de inflação de 2016 para próximo do centro da meta. Muitos fatores podem ser alegados pelos diretores do BC para justificar o aumento da Selic: a necessidade de ancoragem e recomposição das expectativas, os riscos de novas rodadas de desvalorização cambial (que pressionariam a inflação no curto prazo), os índices de inflação em contínua elevação (hoje mesmo o IGP-M acelerou para 0,69% em julho, somando 6,97% em doze meses) e até mesmo o risco de deterioração do cenário fiscal, que até o momento vinha sendo contabilizado como um fator de contenção dos preços. Nenhum destes fatores, no entanto, é capaz de esconder o fato de que, em uma economia em desaceleração, a alta dos juros apenas aprofunda a espiral recessiva, reduz salários, diminui os investimentos e deteriora o já complexo quadro fiscal brasileiro. Na realidade, a combinação de ajuste fiscal e ajuste monetário, da maneira que vem sendo conduzida, implica em uma transferência de renda direta dos trabalhadores e das populações mais carentes, que dependem dos serviços e transferências públicas, para as classes que vivem de renda, ancoradas na dívida pública. Os efeitos deste ajuste sobre a inflação são, no mínimo, duvidosos, sendo que boa parte da inflação é explicada pelo aumento das tarifas públicas, não havendo evidências de inflação de demanda no período atual. O processo de ancoragem das expectativas é explicado fundamentalmente pelo aprofundamento da recessão, deixando evidente que a estratégia de controle da inflação passa pelo aumento do desemprego e pela deterioração do mercado de trabalho. Por fim, os efeitos do ajuste monetário sobre as contas públicas é desastrosa, aumentando os gastos com juros e reduzindo a arrecadação pública (via fortalecimento da recessão). Com isso, o BC está jogando por terra todo o esforço fiscal primário do governo e elevando a relação dívida/PIB, fator que justificou inicialmente o discurso em defesa do ajuste fiscal. A boa notícia do dia fica, portanto, com a decisão do Copom de encerrar os aumentos da Selic, colocando fim ao ajuste monetário que vem criando um grande desajuste econômico.

 
publicado por o editor às 11:45
link | comentar | favorito

.tags

. todas as tags

.arquivos

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub