Quarta-feira, 12 de Junho de 2013

Casagrande e seus demônios de Walter Casagrande e Gilvan Ribeiro

 

 

Casagrande e seus demônios

de Walter Casagrande e Gilvan Ribeiro


Páginas: 264
Formato: 16 cm x 23 cm







“Demônios à solta” não são mera figura de linguagem. Eles aparecem logo no título do primeiro capítulo do livro Casagrande e seus demônios, tratando daqueles fantasmas que rondam a vida de uma pessoa em desequilíbrio físico e emocional. Os “demônios” ilustram bem a reviravolta na vida de Walter Casagrande Júnior, que foi de ídolo do esporte a viciado em cocaína e heroína. Casão, ex-jogador do Corinthians, querido da torcida, integrante da Democracia Corintiana junto com Sócrates, e comentarista da TV Globo, expõe sem firulas ao jornalista Gilvan Ribeiro, coautor do livro, todo o seu declínio e restabelecimento.

Ricamente ilustrado, com um caderno recheado de fotos, a publicação tem apresentação de Antônio Prata, que se declara um admirador de Casagrande, e prefácio de Marcelo Rubens Paiva, amigo de sempre, que endossa a hipótese de que tantas coisas boas, e outras tantas ruins, que permearam a vida do ex-jogador dariam um bom roteiro para um livro. “Casão faz questão de contar o inferno que viveu quando era viciado em drogas e sua internação, pois para ele é fundamental passar adiante a experiência, dividir as dores da dependência e alertar para os perigos de um vício frenético, sem preconceitos, desvios ou mentiras. A verdade ajuda a sanidade”.

Na publicação, Casagrande faz revelações inéditas como, por exemplo, o doping que sofreu quando jogava na Europa. Mas foi na Europa que, em quatro situações, Casagrande foi obrigado a se dopar pelo clube em que jogava. Tomou uma injeção de Pervitin no músculo. “Isso realmente melhorava o desempenho, o jogador não desistia em nenhuma bola. Cansaço? Esquece... se fosse preciso, dava para jogar três partidas seguidas”, conta. No entanto, o jogador era radicalmente contra o doping e se negou a continuar fazendo uso da droga. Foram oito anos na Europa, até ele voltar a atuar no Brasil.

Mas Casagrande e seus demônios, como a carreira do próprio jogador, vai bem além das drogas. Fã de rock – especialmente de Janes Joplin e AC/DC –, é amigo de roqueiros nacionais, como Rita Lee, a quem dedicou o “Gol Rita Lee”, no segundo jogo do Corinthians pelo Campeonato Paulista de 1982, contra o São Paulo. "O Casagrande foi o jogador e é o comentarista mais rock ‘n’ roll da história do futebol brasileiro", diz o publicitário Washington Olivetto na quarta capa do livro. Ao comentar que o lado roqueiro fez com que muitos jovens se identificassem com o atacante corintiano, Olivetto diz que Casagrande “é o precursor de um personagem que começou a se materializar fortemente na Europa a partir do Ronaldo Fenômeno. É o que eu chamo de futpopbolista, cruzamento de jogador de bola com ídolo do pop”.

Casagrande via seu cotidiano sempre em evidência, não só por ser um ídolo no clube e na seleção brasileira, e por sua atuação política. Na época da ditadura militar, mantinha longos cabelos despenteados, usava jeans puídos e camisetas com slogans políticos. Desde menino, Casão fixava sua atenção nos rumos dados pelo governo, era contra a prisão arbitrária de oposicionistas ao regime, filiou-se ao PT quando o partido ainda era uma legenda nova – e é lulista convicto até hoje. Foi, então, com naturalidade que fez parte da Democracia Corintiana – termo batizado por Olivetto –, encabeçada pelos jogadores Sócrates, Wladimir, Zenon. Para além da autogestão implantada no clube, em que jogadores, comissão técnica e diretoria tinham poder de voto, os esportistas usavam camisetas em que exibiam apelos políticos, como Diretas-já.

O livro apresenta também um capítulo inteiro dedicado à afinidade que Casagrande tinha com Sócrates. Ironicamente, os dois se viram envolvidos com o vício – Casagrande com as drogas, Sócrates com o álcool. E por conta dele, o Magrão, como Casa chamava o amigo, cometeu diversos deslizes, a exemplo de chegar duas horas atrasado no casamento em que era padrinho. “Não concordo com muitas coisas que o Sócrates fez, ou até mesmo deixou de fazer. Acho que lhe faltava flexibilidade para usufruir a própria genialidade na plenitude. Ele poderia ter tido influência no país de modo muito mais efetivo”, analisa o jogador. A ruptura aconteceu quando Sócrates insinuou que Casagrande havia se “vendido ao sistema” ao aceitar o trabalho na TV Globo. Sem bate-boca, os grandes amigos se afastaram. Só voltaram às boas quando Magrão foi internado com hemorragia digestiva – que o levou à morte em seguida. “Ainda bem que nos reaproximamos no final da vida dele. Senão, a dor seria insuportável”, testemunha no livro. No Diário de S.Paulo publicou um texto em que contava sobre essa amizade tão importante. Suas últimas palavras: “Tínhamos uma estreita aliança... Vou jogar meu anel fora. Fazer o que com um anel pela metade?”.

Gilvan Ribeiro, que é amigo antigo de Casagrande, diz que a revolução na vida do craque “é uma história sem fim”. E que o ex-jogador “colhe os louros do nocaute sensacional sobre as drogas”, mas que ele precisa estar sempre alerta para não voltar a ter uma recaída. No último capítulo, “Casão por ele mesmo”, o ídolo rememora sua turma de amigos de adolescência, a Turma do Veneno, fala com emoção sobre a conquista do mundial do Corinthians no Japão – e sobre seu papel de torcedor durante a transmissão pela TV –, conta sobre seus fracassos amorosos – “O término de um relacionamento é um tipo de morte, em que a vida em comum deixa de existir” –, discorre sobre seu dia a dia no apartamento em que mora sozinho pela primeira vez, e afirma que ninguém deve ficar no “meio-termo”, todo mundo tem de viver por completo. Como ele mesmo faz.

Casagrande - Luta Contra As Drogas 

 

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Domingo, 14 de Outubro de 2012

A memória de uma amizade eterna de Gail Caldwell

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Domingo, 7 de Outubro de 2012

Os sapatos de Orfeu de José Maria Cançado

Os sapatos de Orfeu
de José Maria Cançado

Páginas: 338
Formato: 14 cm x 21 cm


Os sapatos de Orfeu busca reconstituir, como esclarece o próprio autor na introdução, por meio do mapeamento biográfico de um dos maiores artistas brasileiros do século passado, a socialização de uma época e de uma cultura, iluminando não apenas a trajetória de Carlos Drummond de Andrade, mas a de muitos companheiros de sua geração e das que se seguiram.
Com escrita fluente e sedutora, José Maria Cançado dividiu seu relato em três grandes partes. A primeira cobre o período de 1886 a 1930, percorrendo os anos de formação do poeta. A segunda, de 1930 a 1950, reconstitui as relações profissionais e políticas de Drummond paralelamente à publicação de seus primeiros livros. A terceira se estende de 1950 a 1987, ano em que morreu, privilegiando o trabalho da memória em sua obra poética.
Foram diversas as estratégias que o autor adotou para capturar a biografia de um homem que sempre fez questão de manter indevassável sua intimidade. Cançado pinçou dos próprios poemas os motes possíveis para o descortino de uma vida, sem cair em qualquer reducionismo que tornasse a biografia do poeta uma decorrência necessária de seus textos, ou vice-versa. Trata-se de empreendimento difícil e arriscado, no qual o autor se saiu muito bem, evitando explicações simplistas e mantendo a natureza enigmática sempre irredutível da vida e da obra de qualquer homem. Ressalte-se, ainda, a reconstrução cuidadosa da vida afetiva e sexual de Drummond, aspecto que é nevrálgico em toda a sua existência, sem qualquer traço de sensacionalismo gratuito. E, por fim, as ambiguidades políticas de Drummond e de seu tempo, tanto em seus envolvimentos com o Partido Comunista nos anos de 1940 quanto com a vida literária do país.
A edição traz, ainda, prefácio do poeta Armando Freitas Filho.


A crítica
‘‘Se a Orfeu se concederam sapatos, a seu biógrafo não tocaram senão franciscanas sandálias: é a partir de um material bastante pobre que José Maria Cançado logrou erigir este belo relato sobre a vida de Carlos Drummond de Andrade (...) Seu texto, respeitoso mas nunca apologético, dá conta de muitos impasses que atravancaram os sapatos de Orfeu, mas não a ponto de impedi-los de alargar os limites da poesia brasileira deste século.’’ (Antonio Carlos Secchin, Jornal do Brasil)
“Em Os sapatos de Orfeu, Cançado preocupou-se, antes de tudo, em escapar das armadilhas que – apesar de primárias – grassam no gênero biográfico. Primeiro, evitou fazer da reconstrução da vida de Drummond o polo único, a chave-mestra da explicação da obra. Segundo, passou longe da tradição que narra os episódios de uma vida, o tempo, a história como uma articulação dotada de um sentido pleno, moldada como se um telos qualquer a dirigisse e que tende, numa imagem caricatural, a ver em acontecimentos gratuitos ou irrelevantes os germes de uma trajetória futura que só poderia se concretizar de forma como veio a ser de fato, comodestino.’’ (Ricardo Musse, O Estado de S. Paulo)

O PERSONAGEM


O autor
José Maria Cançado foi jornalista e professor da PUC-MG. Defendeu tese doutoral na área de literatura brasileira na mesma universidade sobre a obra de ficção de Pedro Nava. É autor de diversos livros, dentre os quais se destacam Marcel Proust: as intermitências do coração, Um colégio nos trópicos e Memórias videntes do Brasil: a obra de Pedro Nava. Morreu em julho de 2006.

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Terça-feira, 31 de Julho de 2012

Queen – História ilustrada da maior banda de rock de todos os tempos de Phil Sutcliffe

 

Queen – História ilustrada da maior banda de rock de todos os tempos

de Phil Sutcliffe


Páginas: 288
Formato: 23,5 cm x 28 cm



Em 1981, há exatos 30 anos, o Estádio do Morumbi, em São Paulo, tremeu como nunca – e não foi por causa do futebol. No auge de sua carreira, a banda inglesa Queen fez apresentações inéditas no país. Em duas noites consecutivas, o quarteto inglês levou ao delírio mais de 200 mil jovens brasileiros com aquele que seria o primeiro megaconcerto de suas vidas – um show de rock "de verdade", como nunca tinha sido realizado por aqui, com efeitos de luz deslumbrantes, som poderoso e a magnética presença de palco de Freddie Mercury e companhia. Não poderia haver uma iniciação melhor em termos de superevento: nenhuma outra banda foi tão eficaz em arrebatar estádios pelo mundo todo quanto o Queen.

Essa vocação para a grandiosidade, para o espetáculo dirigido a grandes públicos, fez do Queen um fenômeno de popularidade. Nem a passagem do tempo, nem o fim do banda, com a morte de Mercury, em 1991, foram capazes de lançá-la ao esquecimento. Ao contrário, seu nome se torna cada vez mais forte à medida que hits como We will rock you, We are the champions ou Love of my life se eternizam como clássicos do rock. Os segredos dessa fórmula de sucesso duradouro são esmiuçados em Queen – História ilustrada da maior banda de rock de todos os tempos, escrito e compilado pelo jornalista britânico Phil Sutcliffe.

Discografia completa e comentada

Além de recuperar entrevistas feitas por ele mesmo com integrantes da banda, Sutcliffe empreendeu uma ampla pesquisa em tudo o que já se publicou a respeito do Queen. A investigação, capaz de surpreender até os mais ardorosos e bem-informados fãs, se estendeu a ponto de resultar na coleta de um rico acervo iconográfico: o livro traz mais de 500 imagens de shows, fotos dos integrantes da banda e itens de memorabilia, tais como cartazes de shows, capas de disco, canhotos de ingresso e programas de concerto.

Outro destaque do volume é a discografia completada e comentada: cada álbum do Queen ganhou análises detalhadas assinadas por jornalistas especializados em rock, como Jim DeRogatis e Greg Kot (autores de The Beatles vs. The Rolling Stones: opiniões ruidosas sobre a grande rivalidade do rock'n'roll, outro lançamento recente da Globo Livros), ou por amigos próximos da banda. As influências da obra de Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon ecoam, ainda, nos depoimentos de artistas como Slash, guitarrista do Guns'N'Roses, e Tom Morello, do Rage Against the Machine, admiradores confessos do Queen.

O AUTOR


O jornalista inglês Phil Sutcliffe começou sua carreira como aprendiz do jornal Newcastle Evening Chronicle em 1970, e atuou como freelancer de reportagem e edição em revistas de música (Sounds, The Face, Smash Hits, Q Magazine, Mojo), jornais (LA Times), websites além de ocasionalmente trabalhar com rádios e na TV. Entre seus livros, Phil escreveu a biografia de grandes bandas como The Police e AC/DC, além do livro sobre o Queen.     




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Segunda-feira, 11 de Junho de 2012

A talentosa Highsmith de Joan Schenkar

 

 

 

 

   A talentosa Highsmith

de Joan Schenkar

Tradutor: Ricardo Lísias

Páginas: 816

Formato: 16cm x 23cm

Chega às livrarias em abril a biografia de Patricia Highsmith (1921-1995), autora que aliou o gênero policial à alta literatura, autora de livros como O talentoso Ripley e Os fugitivos. A talentosa Highsmith conta com dezenas de fotos do acervo de Highsmith e é assinada por Joan Schenkar, importante dramaturga contemporânea dos EUA. No livro, além de arquivos, diários, correspondências e relatos de amigos íntimos, despontam as várias personas de Highsmith: criadora de ficções policiais que renovaram o gênero, americana de “alma” europeia, escritora de histórias em quadrinhos, mulher que se recusou a conhecer Alfred Hitchcock nas filmagens de seu primeiro romance, Pacto Sinistro, que lhe deu fama mundial nos anos 1950.





UM REINADO DE RAINHAS E DETETIVES

Agatha Christie é certamente a mais conhecida escritora de romances policiais. É chamada de a Rainha do Crime, mas o que na verdade intriga a muitos é como uma mulher, saída da era vitoriana,conseguiu criar tramas e enredos tão verossímeis, e ao mesmo tempo, construir histórias passíveis de serem consideradas crimes perfeitos. Com seus mais de 80 livros publicados, incluindo romances, contos, peças e até obras a quatro mãos, ela é uma das autoras mais traduzidas em todo o mundo e o maior sucesso do teatro inglês depois de Shakespeare. Durante um certo período de sua carreira, tentando livrar-se do rótulo de escritora de livros policiais e indo de encontro aos seus críticos ferrenhos que a acusavam de reles comerciante, Agatha escreveu uma série de romances utilizando-se do pseudônimo literário de Mary Westmacott. Mas, mesmo assim, não conseguiu evitar de permear essas histórias com certa dose de suspense. Por certo não figuram na obra Hercule Poirot ou Miss Marple, seus mais famosos detetives. Mas, com certeza, foi Dame Agatha que abriu as portas para várias outras escritoras de mistério.

Mulheres como P. D. James, na verdade Phyllis Doroty James, que nasceu em Oxford, Inglaterra, em 1920. Trabalhou no Serviço Nacional de Saúde, no Serviço de Ciência Forense e no Departamento de Lei Criminal, onde aprendeu "coisas úteis" para seus livros. Iniciou sua carreira literária aos 42 anos, com a publicação de "Over her face", seguido por mais treze romances que consolidaram sua reputação como uma das principais escritoras de livros policiais da atualidade. Em 1991, recebeu da rainha Elizabeth o título de Baronesa James of Holland Park. Seu mais importante livro é "A morte de um perito".Mas outras mulheres passaram a dominar a cena. Mulheres fortes e decididas como Patrícia Highsmith, que com o seu talentoso Mr. Ripley subverteu a idéia do criminoso ser sempre capturado.  Ou ainda escritoras cuidadosas como Mary Higgins Clark com tramas urdidas como um bom tricot. E ainda mulheres exóticas, de lugares distantes como a Nova Zelândia, a senhora Ngaio Marsh. A lista é intensa e imensa - Sara Paretsky, Ruth Rendell, Lyza Cody,l Lillian O’Donnell, Patrícia Cornwell, ou ainda Antonia Fraser que além de ser autora de romances policiais é historiadora e muitas outras mais.

O LIVRO
Mais do que mostrar os fatos que compõem sua vida e obra, o livro apresenta lados ocultos da autora. Bastidores que, a despeito de sua trajetória de sucesso, apontam para uma personalidade reclusa, obsessiva e apaixonada. Uma mulher que sentia-se insegura para assinar com seu próprio nome obras mais pessoais, que revelavam sua intimidade (como em Carol, de 1952, primeiro romance norte-americano sobre um amor passional entre duas mulheres, que publicou sob o pseudônimo de Claire Morgan) e era envolvente, interessante e capaz de prender a atenção de todos com as histórias dos personagens que criava. A obra permite entender porque a criadora do amoral personagem Tom Ripley acabou sendo referência para diretores como Wim Wenders, Anthony Minghella, Liliana Cavani e o escritor Peter Handke.

A BIOGRAFADA
Nascida em 1921 na pensão de sua avó em Fort Worth, Texas (Estados Unidos), Highsmith passou a juventude em Nova York, no efervescente Greenwich Village dos anos 1940, “as quatro milhas quadradas mais livres da Terra”. Encantadora, reservada e desejada por muitos, viveu nos limites da transgressão. A vida amorosa, uma caixa de Pandora com muitas mulheres interessantes e alguns homens convenientes, foi a fonte de inspiração para sua obra. E o longo auto-exílio na Europa, onde acabou morrendo solitária, ajudou-a a gerar o mito que a envolve, o de “Dama Negra das Letras Americanas”.

A AUTORA
Joan Schenkar escreveu uma coleção de peças de teatro chamada Signs of life: six comedies of Menace. É autora da elogiada biografia Truly Wilde, sobre Dolly Wilde, sobrinha do escritor Oscar Wilde. Vive e escreve em Paris e no Greenwich Village, em Nova York.

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