Terça-feira, 22 de Novembro de 2016

Vrajabhumi: 25 Anos de Beleza e Devoção

 

 

Bhagavan Dasa

Apresentar uma espiritualidade racional, técnicas práticas de autoaperfeiçoamento e uma sabedoria livre de fanatismo são alguns dos lemas de Vrajabhumi, um projeto bonito, acolhedor e rico em devoção, digno de ser conhecido pelo mundo inteiro.

Para começarmos a contar a história de Vrajabhumi, temos sob o holofote a pessoa de Sérgio, um típico playboy da década de setenta. Trabalhava com advocacia e era assíduo frequentador das noites cariocas. Sua cobertura em Copacabana era um ponto de festas, onde trocava o dia pela noite. Quase subitamente, porém, sua vida mudaria. Ao ler a obra Além do Nascimento e da Morte, de autoria de Srila Prabhupada, acharya-fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, o Sérgio das badalações começou a encarar a vida de outra maneira. Seu apartamento, então, virou um centro de encontro para espiritualistas, e, mais uma vez, os horários se alteraram, só que, desta vez, o seu dia começava bem cedo, de madrugada, para as meditações.

Em 1976, Sérgio foi ao Festival Hare Krishna de Nova Iorque, onde se encontrou pessoalmente com Srila Prabhupada, recebendo sua iniciação e o novo nome: Shatrukotivinasana Dasa (Shatru, para os amigos). Shatru agora queria dedicar-se exclusivamente à espiritualidade e, com as bênçãos do mestre, trocou seu apartamento e carro importado por uma terra em Teresópolis, com a intenção de transformá-la num pedaço do céu espiritual. Com a ideia em seu coração, Shatru pediu pessoalmente a Srila Prabhupada a bondade de dar um nome para aquele novo local de práticas espirituais. Prabhupada fechou seus olhos por um instante e, ainda de olhos cerrados, pronunciou: “Vrajabhumi”. “Nova Vrajabhumi?”, perguntam a Srila Prabhupada, já que muitas comunidades tinham nomes nessa estrutura. Srila Prabhupada disse: “Não. Apenas Vrajabhumi”. Desde então, Shatru se dedicou ao estabelecimento e desenvolvimento dessa comunidade como a obra de sua vida, sua oferenda a Deus.

Shatrukotivinasana Dasa, idealizador do Ashram Vrajabhumi, diante do primeiro templo da comunidade.

Seu principal objetivo era ter um projeto pioneiro que aliasse turismo, autossuficiência e pregação sofisticada para atingir camadas da população que normalmente não se aproximariam da consciência de Krishna. Desde o começo e ainda hoje, os frequentadores de Vrajabhumi se constituem, em sua maioria, de pessoas de classe média ou classe alta, com formação universitária e interesse por bem-estar e saúde, bem como espiritualidade racional, autoaperfeiçoamento e uma sabedoria livre de fanatismo. “A intenção não é nenhuma forma de elitismo”, aponta Nrisimhananda Dasa, atual presidente de Vrajabhumi, “mas, como sabemos, o ‘plano A’ de Srila Prabhupada no Ocidente era influenciar os líderes da sociedade, os formadores de opinião, porque, como o próprio Krishna diz na Bhagavad-gita, o que eles fizerem será naturalmente seguido pelas demais classes de homens. Tentamos cumprir esse propósito de Prabhupada.”

Shatru foi um homem à frente do seu tempo. Mesmo ainda nos anos 70, foi capaz de antever que a economia típica da ISKCON de então, de devotos vendendo livros nas ruas, talvez não se sustentasse como forma de obtenção de recursos por muito tempo. Ele queria um templo que se mantivesse mesmo sem uma congregação. A forma que encontrou para implementar isso foi se valer do potencial turístico da região onde Vrajabhumi está situada. A apenas 100 quilômetros do Rio de Janeiro, Teresópolis é um destino querido pelos cariocas quando desejam fugir um pouco da agitação dessa grande capital e se recolher em pousadas com um clima de roça e simplicidade.

Um dos aconchegantes chalés disponíveis na comunidade.

Vrajabhumi possui uma linda casa de hóspedes e chalés muito agradáveis, bem como uma estrutura para realização de retiros e recepção de grupos de yoga. Aqueles que participam dos retiros oferecem doações, o que é a principal fonte de recursos para Vrajabhumi, como foi originalmente planejado por Shatru. Além disso, Vrajabhumi conta com um restaurante lacto-vegetariano e vegano e oferece aulas de yoga, caminhadas pelas belas paisagens da região e diferentes terapias, compondo, assim, um leque de atrativos para o projeto.

Lalita Gopi, a devota à frente do restaurante de Vrajabhumi.

Devido à sua localização estratégica, Vrajabhumi é um local atrativo para retiros de grupos de yoga de toda a região sudeste do Brasil, justamente a maior detentora de influência econômica e cultural no país. Já há algum tempo, vários dos principais núcleos de yoga e grupos holísticos do Brasil têm frequentado Vrajabhumi e tido a oportunidade de serem introduzidos à consciência de Krishna de forma atrativa, coerente e culturalmente justificável.

Vrajabhumi é um local atrativo para retiros de grupos de yoga.

“Certamente se estabelecer de forma tão sólida dentro de um cenário competitivo como o do yoga, ao mesmo tempo preservando sua identidade como um retiro espiritual, foi o grande desafio histórico de Vrajabhumi”, comenta Nrisimhananda. “Acredito ser muito acertada e sábia a decisão de se manter Vrajabhumi alinhada de forma equidistante dentro do meio do yoga, pois todos acabam entendendo que Vrajabhumi não é seu rival, mas um projeto que pode agregar aos seus grupos.”

Lilaraja Dasa, residente de Vraja há mais de 30 anos.

Lilaraja Dasa, residente em Vrajabhumi desde 1982 (anos antes até mesmo de sua inauguração oficial com a instalação das Deidades), complementa: “Nós recebemos as pessoas e apresentamos a consciência de Krishna para fazermos amigos – amigos do meio do yoga, de ecologia, do vegetarianismo... Se alguém naturalmente se convence que o conhecimento dos três modos da natureza é algo objetivo e prático, que não podemos ser felizes no mundo material, que Krishna é maravilhoso, isso acontece pelo próprio mérito desse conhecimento. Não precisamos ser proselitistas.”

Murti de Srila Prabhupada, instalada em 2010.

Há mais de 30 em Vrajabhumi por “completa identificação”, Lilaraja Dasa, à sua maneira despojada, fala mais sobre a proposta de divulgação da consciência de Krishna ali: “Colocamos a pessoa ‘na cara do gol’. Em geral, as pessoas precisam fazer asanas para ficarem com o corpo saudável e poderem se sentar para pensar no Supremo, e fazem pranayama para a mente ficar serena. Vrajabhumi já dá para as pessoas os benefícios de asana e pranayama com suas instalações confortáveis, alimento saudável e santificado e um ambiente paradisíaco, aí basta a pessoa meditar no Supremo, com toda essa facilidade. Está realmente ‘na cara do gol’”.

O começo de Vrajabhumi, é claro, foi mais simples. O belíssimo lago de hoje, com o belíssimo salão/ilha em formato octogonal e totalmente janelado, era apenas “um charco”, e o templo era uma instalação modesta de tijolos e bambus. Lilaraja conta sobre o entusiasmo dos primeiros devotos envolvidos: “Fomos obtendo recursos com muita maratona de distribuição de livros, e fazíamos grandes maratonas de trabalho prático para as construções também”. Lilaraja lembra como pegaram milhares e milhares de pedras da margem de um rio próximo para utilizarem em diversas construções. “Nós cantávamos japa [canto de mantras contados em rosários] às 2 horas da madrugada, então fazíamos a adoração mangala-arati e, antes de o sol nascer, já estávamos trabalhando nas construções que sonhávamos oferecer a Prabhupada.”

Salão/ilha utilizado para cerimônias de fogo, aulas de yoga e atividades culturais.

Fachada do templo de Krishna-Balarama.

Um pouco da beleza de Vrajabhumi à noite.

Em 2001, com ajuda de Chandramukha Swami, junto de alguns outros devotos, como Krishna Mahotsava (esposa de Lilaraja), Jaya Advaita Dasa e Jaya Devaki Devi Dasi, o projeto já tinha todas as características da ideia piloto de Shatru. Nessa época, a estrutura para recepção de hóspedes foi revitalizada e o ashram amplamente divulgado pela pregação de Chandramukha Swami, que recebeu destaque na mídia devido ao seu trabalho musical com Nando Reis, um dos artistas mais influentes do Brasil e que se interessou em gravar uma música com mantras devido a ser fã de George Harisson.

Chandramukha Swami e outros devotos aparecem no clipe oficial da música Mantra, de Nando Reis, uma das músicas mais tocadas em 2004 na MTV.

Na história de Vrajabhumi, registram-se grandes eventos de repercussão local, nacional e internacional. Ao longo da década de 1990, realizaram-se anualmente “ashrams”, retiros que duravam entre 7 e 15 dias com ensinamentos intensos de bhakti-yoga, com diferentes líderes da ISKCON apresentando sistematicamente variados conteúdos da filosofia vaishnava, junto das práticas rotineiras do templo e conhecimentos acessórios, como ayurveda e astrologia. No total, mais de 1000 pessoas participaram desses eventos, que formaram muitos novos devotos de Krishna.

Embora numerosos demais para apontarmos todos, Vrajabhumi já sediou encontros dos trustees da BBT, encontros do órgão administrativo máximo do Brasil, encerramentos de maratonas de sankirtana, recitações de 7 dias do Srimad-Bhagavatam, congressos com temas como “Cuidado aos Devotos”, “O Pensamento Vaishnava”, curso completo Bhakti-shastri em 1 ano, Vaishnava Vedanta Yoga (curso pioneiro de formação de instrutores de yoga), retiros de japa, estudo avançado de O Néctar da Devoção e muitos outros.

“Noites de Vraja”, uma noite agradável no templo da capital do Rio, com shows de artistas famosos no Brasil, como a banda 14 Bis e o saxofonista Léo Gandelman, acompanhada de elegante jantar servido por garçons, cerimônias de fogo e palestras, foi outro evento de sucesso promovido por Vrajabhumi, ainda que fora de suas instalações.

Vrajabhumi, assim, atrai de forma amigável simpatizantes e espiritualistas em geral ao mesmo tempo em que auxilia com estudo aprofundado os devotos de Krishna e enche de orgulho os líderes influentes do movimento Hare Krishna. Jayadvaita Swami, discípulo de Srila Prabhupada e editor da Bhaktivedanta Book Trust, impressionou-se com Vrajabhumi e comentou que “Vrajabhumi tem um público numeroso e do melhor nível.” Madhusevita Prabhu, devoto italiano também guru na ISKCON, achou marcante a integração natural entre os devotos e o público geral nos kirtanas e palestras. Harishauri, famoso secretário e biógrafo de Srila Prabhupada, fez questão de ver cada um dos quartos e chalés de Vrajabhumi, conhecer a grande variedade de árvores, ver os animais silvestres que comem nas mãos dos devotos e tantas outras maravilhas de Vrajabhumi que lhe encheram os olhos.

Algo marcante nos kirtanas de Vrajabhumi é a integração natural e espontânea entre devotos e visitantes.

No centro de tudo isso, é claro, estão Krishna-Balarama, as Deidades instaladas no altar em 1991, completando neste ano de 2016, no dia 20 de agosto, 25 anos de instalação. Quando era responsável por um projeto rural que se iniciava no estado de Minas Gerais, Chandramukha Swami adquiriu as Deidades de Krishna-Balarama para o mesmo, mas as Deidades tinham outros planos. Chandramukha Swami, pouco depois de adquiri-las, tornou-se presidente da ISKCON Rio de Janeiro e inaugurou oficialmente o Ashram Vrajabhumi, instalando ali o par dourado de Deidades. Durante o Festival de Balarama de 2009, para tornar o altar ainda mais atrativo, foram instaladas as lindíssimas Deidades de mármore negro e mármore branco de Krishna-Balarama.

Instalação das Deidades originais.

As cativantes Deidades de mármore.

Com uma trajetória tão magnífica, há muito para comemorar, e as festas serão à altura. O festival de Vrajabhumi, em comemoração dos seus 25 anos, acontecerá entre os dias 19 e 21 de agosto, sendo que o ápice será no dia 20, quando haverá, além da programação tradicional do templo, um parikrama (peregrinação), o ritual do banho das Deidades, celebrações também pelos 50 anos da ISKCON, um banquete gratuito com 108 preparações e uma variedade de atrações culturais, culminando no show de Chandramukha Swami e da banda Krishna Bandhu. Grandes líderes do Movimento Hare Krishna na América Latina estarão presentes, como Dhanvantari Swami, Chandramukha Swami, Keshava Swami e Param Gati Maharaja, e, possivelmente, Purushatraya Swami e Yamunacharya Goswami. Nomes famosos do yoga também estarão circulando pelo evento.

Chandramukha Swami, líder espiritual mais atuante em Vrajabhumi.

Quando perguntamos a Nrisimhananda qual momento das festividades acreditaria ser o ápice, respondeu incerto: “Difícil definir um, mas acredito que, quando os devotos que tornaram Vrajabhumi realidade se unirem para contar seus passatempos, vamos ter um momento muito especial.”

Nrisimhananda falou um pouco sobre os planos para o futuro: “Hoje pensamos em expandir os limites de Vrajabhumi para abarcar hospedagens fora de retiros, fornecer cursos de filosofia védica em tempo integral e ter um diálogo maior com as atividades culturais da Região Serrana”. Vrajabhumi também pretender oferecer, em caráter inovador, uma formação completa de kshatriya, treinando devotos e pessoas de bom caráter para atividades de liderança e artes marciais segundo o exemplo dos reis-sábios descritos na literatura védica. Nessa mesma linha, iniciará um programa de “escoteiros vaishnavas”, para crianças a partir 7 anos.

Com passado, presente e futuro aos pés de lótus de Srila Prabhupada, Vrajabhumi é um projeto bonito, acolhedor e rico em devoção, digno de ser conhecido pelo mundo inteiro.

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Sexta-feira, 23 de Setembro de 2016

O Avatar: Concepções Digital, Cristã, Monista e de Bhakti

 

 

por Chaitanya-charana Dasa

 

 

O conceito de avatar no mundo dos jogos, na teologia cristã e na filosofia monista têm um elemento em comum: na transposição de um mundo para outro, quem o faz não permanece o mesmo – o avatar de bhakti possui uma lógica diferenciada.

Central no conceito de avatar está a ideia de transpor de um reino para outro. Em seu contexto filosófico original, em sânscrito, avatar se refere à Verdade Absoluta descer do mundo espiritual para o mundo material. A existência do Divino além deste mundo se chama “transcendência”, ao passo que Sua existência neste mundo se chama “imanência”. A questão de como o transcendente pode Se tornar imanente intrigou muitos pensadores ao longo da história. Para compreendermos um pouco da profundidade do assunto, consideremos as concepções de avatar no mundo digital, no cristianismo, no monismo e em bhakti.

Avatar Digital

A palavra sânscrita avatar se tornou bem conhecida no mundo devido a um sucesso de bilheteria de Hollywood e a jogos de RPG de computador. No uso contemporâneo, avatar se refere a um ícone ou personagem tridimensional representando uma pessoa em ambientes virtuais, como videogames e fóruns de internet. Nesse uso, a “transposição” implícita no avatar é do mundo físico para o mundo digital. Nosso avatar digital é um passo para fora da realidade de quem somos. Mesmo se nosso avatar no videogame for hábil em fazer muitas coisas, ele não tem consciência alguma. Sua consciência aparente resulta da projeção de nossa consciência nele através do mecanismo de interface do jogo. Então, quando nos referimos a algo inconsciente como nossa avatar, concebemo-nos em termos reduzidos. Essa redução é reveladora, pois aponta para duas linhas de pensamento distintas:

  1. Uma concepção mecânica do eu, que nos faz pensar que podemos ser representados por um perfil digital que é tão inconsciente quanto os elétrons que constituem o mundo digital.
  2. Uma ansiedade por se transpor para uma realidade diferente de nossa realidade mundana atual com toda sua nulidade.

Criação de um avatar em um jogo de computador.

Embora a palavra avatar, tradicionalmente, refira-se ao advento da Verdade Absoluta para este mundo, o uso contemporâneo da palavra se refere ao eu, e não ao Absoluto. Ainda assim, os problemas da “transposição” associados com a noção de avatar vêm à tona quando aplicados ao eu também, pois o avatar e o eu são distintos.

Encarnação Cristã

O termo “avatar” é frequentemente traduzido por “encarnação”. Essa palavra é intrincadamente associada a concepções abraâmicas acerca de como o Divino Se manifesta neste mundo. No cristianismo, a palavra “encarnação” se refere, em geral, a Jesus, que é tido como Deus em um advento de carne como um ser humano. Jesus nasceu em uma família judia que era fortemente messiânica, movida pela ansiedade de aguardar um messias que libertaria as pessoas de seus vários problemas. Com base nos ensinamentos e milagres de Jesus, seus seguidores o consideraram o messias. Essa noção foi negada por alguns diante de sua crucificação, mas foi reforçada por outros devido à alegada ressurreição. Por quase quatro séculos depois, a identidade de Jesus foi uma questão de debate vigoroso, ou mesmo “amargo”, na comunidade cristã. Por fim, o Credo Niceno elevou Jesus de “messias” a “encarnação”. O Credo determinou que a divindade de Cristo se manifestara na humanidade de Jesus, que era, por conseguinte, tanto completamente humano quanto completamente divino. Todavia, atribuir completa divindade a ele foi algo problemático, haja vista a memória histórica inegável e recente da vida de Jesus como um humano. A própria Bíblia insuflava o problema com declarações como: “O Pai é maior do que eu”. (João 14:28) Enquanto algumas citações apoiam a unidade do Pai e do Filho, a Bíblia também indica que essa “unidade” com Deus não é exclusiva dele, senão que pode ser obtida por outros também: “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em mim, e eu em Ti; que também eles sejam um em nós.” (João 17:21)

“E o verbo se fez carne.”

Essa falta de clareza dos limites entre humano e divino na concepção da identidade de Jesus reflete a falta de clareza ainda maior dos limites de matéria e espírito na filosofia cristã. A Bíblia se refere à alma, mas não a descreve claramente, nem a diferencia categoricamente do corpo – é frequentemente utilizada como uma referência metafórica para nossa essência imaterial. Com essa ambiguidade ontológica em relação à alma, surgiu a noção de que todo crente fiel receberia uma ressurreição corpórea, como aconteceu com Jesus. Aqui, mais uma vez, vemos como concepções do Divino se entrelaçam com concepções do eu.

Avatar Monista

Monistas defendem que a realidade é constituída, em última instância, de uma substância. Tecnicamente, materialistas que dizem que a matéria é tudo o que existe também são monistas – são monistas materialistas. Convencionalmente, porém, o termo “monista” se refere a espiritualistas que defendem que uma substância espiritual é tudo o que existe. Para tais monistas, o mundo material, com toda sua variedade, é, por fim, uma ilusão. Também sustentam que nossa autoconcepção como seres individuais também é uma ilusão. Acreditam que libertação é se fundir na unidade não-diferenciada do Absoluto.

Para os monistas, a matéria é simplesmente uma ilusão; o espírito é tudo o que existe, e é uma unidade não-diferenciada. Assim, na visão de mundo monista, não existe mundo material para se transpor, tampouco existe um ser espiritual supremo para fazer essa transposição.

Na tradição monista, o avatar é uma ilusão útil, mas que, no final, deve ser dispensada.

Monistas tentam solucionar tais problemas em sua filosofia atribuindo uma realidade provisória para a matéria – a matéria é vista como real enquanto as pessoas estão em consciência material, ou, em outras palavras, em ilusão. Defendem que o avatar também está nessa realidade provisória – o absoluto impessoal se torna pessoal temporariamente durante o período do advento. O avatar, assim, é tratado como uma ilusão útil, a qual pode nos ajudar a resistir às ilusões danosas da existência material: os muitos objetos dos sentidos que nos persuadem em direção aos prazeres mundanos. Quando focamos nossa consciência no avatar, podemos nos desapegar dos objetos dos sentidos e nos situarmos em um modo relativamente elevado: a bondade. Ainda assim, independente de quão útil ou prestativo, o avatar é tido, em última instância, como uma ilusão – uma ilusão que precisa ser dispensada para se obter a libertação. Assim, o monismo não trata o avatar como uma realidade espiritual, mas como uma ficção conveniente e útil para o crescimento espiritual.

Avatar de Bhakti

Enquanto o cristianismo sustenta que a encarnação é, de alguma forma, tanto material quanto espiritual, e o monismo advoga que o avatar é material, bhakti explica que o avatar permanece espiritual mesmo enquanto está no mundo material.

Para entendermos como isso é possível, precisamos primeiramente compreender como bhakti entende a relação entre matéria e espírito. A Bhagavad-gita, em seu segundo capítulo, apresenta uma dualidade radical entre matéria e espírito. O espírito é descrito como não tendo nenhum dos atributos da matéria – a alma não nasce nem morre (2.20) e é imutável, estando além de fragmentação, incineração, dissolução e dissecação (2.24-25). A Gita, porém, balanceia essa dualidade radical com uma unidade orgânica em seu sétimo capítulo, onde se declara que tanto a matéria quanto o espírito são energias da mesma Verdade Absoluta (7.4-5). O espírito ser uma energia do Absoluto deixa implícito que o Absoluto está situado não apenas do lado espiritual da divisão matéria e espírito, mas que está situado no ápice da realidade espiritual. A Gita (10.12) revela que essa Verdade Absoluta é Krishna, declarando que Ele não é apenas brahma (espírito), mas param brahma (o Espírito Supremo). O Srimad-Bhagavatam (8.3.4), outro texto de bhakti destacado, reitera essa posição do Absoluto ao declarar que Ele é parat parah, o que Srila Prabhupada explica como sendo que “Ele é transcendental ao transcendental”, ou “acima de toda transcendência”. Com esse plano de fundo metafísico, estamos melhor preparados para entender como o avatar permanece espiritual mesmo no mundo material.

Krishna, segundo a Bhagavad-gita, não é influenciado pela natureza material mesmo quando está nela.

Para ilustrar, Srila Prabhupada, algumas vezes, dava o exemplo da eletricidade: é uma só energia que pode se manifestar como calor através de um aquecedor e como frio através de um ar-condicionado. Pensemos ainda nos aparelhos que podem, pelo girar de um botão, passar de aquecedor para ar-condicionado. Aquele que controla esse aparelho pode, à vontade, se valer da mesma energia elétrica para aquecer ou esfriar. Se a existência é como uma máquina, Krishna é como o controlador. Girando o botão de Sua onipotência, Ele pode impedir que a energia material atue materialmente sobre Ele até mesmo quando Ele Se manifesta no mundo material.

Embora a Bhagavad-gita não utilize a palavra específica “avatar”, fala sobre o advento do divino no capítulo 4, nos versos de 6 a 10. A Gita começa essa discussão declarando que Krishna permanece o Senhor imperecível de todos os seres vivos até mesmo quando Ele entra na natureza material, que pertence a Ele. Essa declaração indica que Ele não fica sob o controle da natureza material, que sentencia todos os seres corporificados através do fluxo inexorável do tempo à deterioração e destruição.

A transcendência eterna do avatar grifa uma diferença sutil entre “avatar” e a tradução “encarnação”. Etimologicamente, “encarnação” significa “entrar na carne”. Krishna, entretanto, não faz Seu advento em uma forma de carne; Ele permanece transcendental.

Não obstante, instrutores de bhakti frequentemente introduzem audiências ao conceito de avatar com a tradução “encarnação”. Fazendo isso, evitam de colocar sobre nós o fardo de uma dupla falta de familiaridade: tanto um termo estranho quanto um conceito estranho. Termos são instrumentos verbais para conceitos mentais. Ao primeiramente nos darem um meio familiar para acessarmos um conceito estranho e, em seguida, explicarem as dimensões estranhas do conceito, eles nos ajudam a progredir até a compreensão, com um passo de cada vez.

Quando Krishna faz Seu advento neste mundo e realiza Seus passatempos, Ele faz com que este mundo deixe de ser um palco para exibição de ilusão e o torna um palco para exibição da realidade espiritual mais elevada: os passatempos amorosos entre Ele e Seus devotos. A Gita (4.9) declara que aqueles que se atraem pelo advento e pelas atividades de Krishna, entendendo Sua posição transcendental, não renascem – senão que alcançam Sua morada eterna.

Trailer e Trilha

O passatempo que o avatar realiza serve a duas funções extraordinárias: como trailer e como trilha.

Trailer: O amor é nossa aspiração mais profunda; todos nós desejamos amar e sermos amados. Contudo, devido à natureza temporária das coisas neste mundo, nossa avidez por amor é frustrada – inevitável e repetidamente.

Os passatempos de Krishna são atuações do amor que jamais é frustrado.

Os passatempos de Krishna são atuações do amor que jamais é frustrado – o amor puro e espiritual entre o todo-atrativo Supremo e Seus devotos que segue eternamente no mundo espiritual. Quando Krishna faz Seu advento neste mundo, Ele realiza alguns desses passatempos aqui, dando-nos vislumbres provocativos de uma região onde nossa avidez por amor pode ser satisfeita eterna e perfeitamente. Assim, Seus passatempos servem como um trailer com a finalidade de nos atrair para Sua morada.

Trilha: Aqueles com um entendimento superficial dos passatempos de Krishna pensam que se tratam de histórias destinadas a entreter. Quem compreende esses passatempos verdadeiramente, porém, sabe que não são mero entretenimento, mas algo em que podemos ingressar – eles ocorrem na realidade espiritual eterna, à qual nós, como almas espirituais, partes de Krishna, pertencemos.

Para adentrarmos essa realidade, precisamos redirecionar nosso coração do mundo para Krishna. Para esse redirecionamento, Seus passatempos proporcionam tópicos encantadores e purificantes, os quais podemos contemplar, analisar e desfrutar. Quanto mais pensamos em Krishna dessa maneira, mais nosso coração se atrai por Ele e mais progredimos em direção a Ele. 

De modo geral, o avatar demonstra a centralidade do amor no crescimento espiritual. É o amor de Krishna por nós que inspira o transcendental a se tornar imanente, e é nosso amor por Ele que nos permite transpormos da matéria para o espírito, experimentarmos nossa identidade além da matéria e nos situarmos na realidade espiritual.

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Terça-feira, 6 de Setembro de 2016

Dia 9 celebramos Radhastami, o dia de aparecimento de Radharani!

 

 

 

 

 

O Advento de Srimati Radharani

 

 

Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada

 

Em palestra realizada em Montreal, 30 de agosto de 1968, o acharya-fundador da ISKCON fala sobre a grandiosidade da filosofia de Radha-Krishna.

 

Hoje é Radhashtami, o aniversário de Srimati Radharani. Radharani é a potência de prazer de Krishna, o qual, por Sua vez, é o Brahman Supremo, como encontramos no Bhagavad-gita (10.12):

 

param brahma param dhama

pavitram paramam bhavan

purusham shashvatam divyam

adi-devam ajam vibhum

 

“Sois a Suprema Personalidade de Deus, a morada derradeira, o mais puro, a Verdade Absoluta [param brahma]. Sois eterno, transcendental, a pessoa original, o não nascido, o maior”.

 

Krishna é o Brahman Supremo e, quando o mesmo quer desfrutar, Ele não Se vale da matéria para isso. A postura de desfrute está presente no Brahman Supremo, ou param brahma. Do contrário, não poderíamos ter esse espírito de desfrute. Porque somos partes integrantes do Brahman Supremo, temos essa postura de desfrute, mas, em nós, é materialmente contaminada. É fato, no entanto, que, porque Krishna desfruta, a postura de buscar desfrute também existe em nós, mas não sabemos como desfrutar. Estamos tentando desfrutar na matéria, a qual é, por natureza, embotada. Brahma-sukhanubhutya (Srimad-Bhagavatam 10.12.11): as pessoas estão tentando sentir o que é o brahma-sukha, o prazer de brahmanubhava, o que não é prazer material. Muitíssimos yogis abandonaram sua vida familiar e seu reino e adotaram a meditação para alcançar o prazer do Brahman. Na verdade, a meta é o prazer do Brahman. Muitíssimos brahmacharis e sannyasis estão tentando obter o prazer do Brahman e, a fim de obter semelhante sorte de prazer, estão negligenciando e rejeitando todo prazer material. Vocês acham que o prazer do Brahman é um prazer ordinário como este prazer material se, a fim de obterem uma porção do prazer do Brahman, grandes personalidades rejeitam todo este prazer material?

 

Não falemos de nós, porquanto somos homens comuns. Na história, temos grandes exemplos, como aquele de Bharata Maharaja, devido a cujo nome este planeta se chama Bharatavarsha. Bharata Maharaja foi o imperador do mundo inteiro e, como imperador, tinha sua bela esposa e seus jovens filhos. Com a idade de vinte e quatro anos, no entanto, quando apenas um rapaz, ele abandonou tudo. Talvez alguém diga que esta é uma história muito antiga, é claro, mas vocês conhecem o Senhor Buddha, o qual também era príncipe. Buddha não era um homem comum, mas sim príncipe, kshatriya, e ele estava sempre desfrutando com belas mulheres, pois o costumeiro prazer palaciano nos países orientais era que, no palácio, havia muitas belas moças, e elas estavam sempre dançando e dando prazer aos reis e aos príncipes. Assim, o Senhor Buddha também estava envolto por tal prazer, mas ele abandonou tudo e começou a meditar.

 

Há muitas centenas de casos na história da Índia de personalidades que, para auferirem o prazer do Brahman, abandonaram tudo. Esse é o caminho. Tapasya significa voluntariamente aceitar algo rigoroso para lograr o prazer supremo. Então, entendamos: se, para saborear um pouco do prazer do Brahman, todos os prazeres materialistas estão sendo abandonados, é possível acharmos que o Brahman Supremo, o Senhor Krishna, desfrutará deste prazer material? Isso é razoável? Krishna está desfrutando, lakshmi-sahasra-shata-sambhrama-sevyamanam (Brahma-samhita 5.29): “Centenas e milhares de deusas da fortuna estão ocupadas a Seu serviço”. É possível pensarmos que essas lakshmis, deusas da fortuna, são mulheres materiais? Como Krishna pode obter prazer nas mulheres materiais? Pensar isso é engano. Ananda-chinmaya-rasa-pratibhavitabhis tabhir ya eva nija-rupataya kalabhih: Na Brahma-samhita (5.32), vocês encontrarão que Ele expande Sua ananda-chinmaya-rasa, “a nuança da transcendental potência de prazer”, e as gopis, entre as quais Radharani é a principal, são expansões de Sua potência de prazer.

 

Radharani é o centro, de modo que não devemos pensar que Ela é uma mulher comum, assim como temos a nossa esposa ou irmã ou mãe. Não. Radharani é a potência de prazer, e o Seu nascimento não foi a partir do ventre de algum ser humano, senão que Ela foi encontrada por Seu pai no campo. Enquanto o pai arava o solo, ele viu que uma criancinha estava ali. Ele não tinha filhos, então ele pegou a criança e a apresentou à rainha, sua esposa: “Temos aqui uma excelente criança”. “Como obtiveste tal criança?”. “No campo”. Apenas vejam. O janma, ou nascimento, de Radharani é assim, o qual se deu hoje.

 

O nome Radha às vezes não é encontrado no Srimad-Bhagavatam, em virtude do que os membros da classe ateísta protestam com perguntas como esta: “De onde surge este nome Radharani?”. O ponto, contudo, é que eles não sabem como vê-lo. No Srimad-Bhagavatam (10.30.28), encontramos anayaradhitah. Não obstante a existência de muitas gopis, existe a menção de que, por essa gopi em particular, Ele é servido mais prazerosamente, ou, em outras palavras, Krishna aceita o serviço dessa gopi com mais prazer. A palavra aradhyate significa “adoração”. Desta palavra aradhyate, vem Radha. O nome de Radha, contudo, está presente em outros Puranas. Assim, esta é a origem.

 

Radha e Krishna. Krishna é o desfrutador, e Ele quer desfrutar. Então, uma vez que Ele é o Brahman Supremo, Ele não pode desfrutar de algo externo, dado Seu atributo de atmarama, “autossatisfeito”. Ele, portanto, desfruta em Si mesmo. Radharani, por conseguinte, é a expansão de Sua potência de prazer, daí se afirmar que Krishna não tem que buscar por coisas externas para o Seu prazer, sendo Ele pleno em Si mesmo. Radharani, destarte, é expansão de Krishna: Krishna é o energético, e Radharani é a energia. Assim como não é possível separar a energia do energético; onde quer que Krishna esteja presente, está presente Radha, e onde quer que Radha esteja presente, está presente Krishna. O fogo e o calor você não pode separar: em todo lugar onde há fogo, há calor, e onde quer que haja calor, há fogo. Igualmente inseparáveis são Radha e Krishna, mas Ele está desfrutando.

 

Svarupa Damodara Gosvami descreveu esta intrincada filosofia de Radha e Krishna em um excelente verso, o qual diz:

 

radha krishna-pranaya-vikritir hladini shaktir asmad

ekatmanav api bhuvi pura deha-bhedam gatau tau

chaitanyakhyam prakatam adhuna tad-dvayam chaikyam aptam

radha-bhava-dyuti-suvalitam naumi krishna-svarupam

(Chaitanya-charitamrita, Adi 1.5)

 

Radha e Krishna é o Supremo único, mas, a fim de desfrutar, Eles Se dividiram em dois, e, no Senhor Chaitanya, juntaram-Se novamente os dois em um. Esse “um” indica Krishna no êxtase de Radha. Algumas vezes, Krishna fica no êxtase de Radha, e, outras vezes, Radha fica no êxtase de Krishna, o que continua. O ponto, no entanto, é que “Radha e Krishna” significa o único, o Supremo.

 

A filosofia de Radha-Krishna é uma filosofia muito grandiosa, a qual deve ser entendida no estágio liberado, e não no estágio condicionado. Quando adoramos Radha-Krishna em nosso estágio condicionado; adoramos, na verdade, Lakshmi-Narayana. Raga-marga e viddhi-marga: a adoração a Radha-Krishna está na plataforma de amor puro, raga-marga, ao passo que a adoração a Lakshmi-Narayana está na plataforma dos princípios reguladores, viddhi-marga. Enquanto não desenvolvermos o nosso amor puro, teremos que adorar com base nos princípios reguladores: o indivíduo tem que se tornar brahmachari, tem que se tornar sannyasi, tem que fazer a adoração de determinada maneira, tem que levantar de manhã, tem que oferecer artigos – muitíssimas regras e regulações. Existem pelo menos sessenta e quatro regras e regulações, as quais introduziremos gradualmente, à medida que vocês se desenvolvam.

 

Assim, em viddhi-marga, quando não temos amor por Deus, ou Krishna, temos que seguir a prática dos princípios reguladores, até que o tenhamos automaticamente. Quando vocês praticam tocar o tambor mridanga, por exemplo, não fica harmonioso no começo, mas, quando bem versados na prática, o som será produzido muito bem. Analogamente, quando estamos ocupados pelos princípios reguladores na adoração a Radha-Krishna, isso se chama viddhi-marga, ao passo que, quando você está realmente na plataforma amorosa, isso se chama raga-marga. Então, se alguém quer aprender raga-marga imediatamente, sem viddhi-marga, isso é tolice, haja vista que ninguém pode passar no mestrado sem passar pelos princípios reguladores do ensino fundamental, médio e superior. Diante disso, eu não me ocupo em discussões de Radha e Krishna muito facilmente. Em vez de o fazermos, prossigamos com o princípio regulador no momento presente. Gradualmente, à medida que vocês se tornarem purificados, à medida que vocês se situarem na plataforma transcendental, vocês entenderão o que é Radha-Krishna, mas não tentem compreender Radha-Krishna muito rapidamente, porquanto é um tema muito amplo. Se quisermos compreender Radha-Krishna muito rapidamente, haverá muitíssimos prakrita-sahajiyas.

 

Na Índia, há prakrita-sahajiyas, os quais tornaram a dança de Radha-Krishna, por exemplo, um brinquedo. Nas pinturas de Radha-Krishna deles, Krishna está beijando Radha e Radha O está beijando. Tudo isso é disparate, pois a filosofia de Radha-Krishna tem que ser compreendida pela pessoa liberada, não pela alma condicionada. Devemos aguardar, portanto, pelo afortunado momento em que estaremos liberados, então compreenderemos radha-krishna-pranaya-vikritir. Tentem compreender que Krishna e Radha não estão no âmbito material. A análise de Jiva Gosvami, em resumo, é que Krishna é o Brahman Supremo, e o Brahman Supremo não pode aceitar algo material, logo Radha não está no âmbito material.

 

Existe uma excelente canção, de autoria de Rupa Gosvami.

 

radhe jaya jaya madhava-dayite

gokula-taruni-mandala-mahite

damodara-rati-vardhana-veshe

hari-nishkuta-vrinda-vipineshe

vrishabhanudadhi-nava-shashi-lekhe

lalita-sakhi guna-ramita-vishakhe

karunam kuru mayi karuna-bharite

sanaka-sanatana-varnita-charite

(Radhika-stava)

 

Esta canção foi cantada por Rupa Gosvami, aquele a de fato ter compreendido Radha e Krishna. Então, ele diz radhe jaya jaya, “todas as glórias a Radharani”; madhava-dayite, “a qual é muito querida a Krishna”. Todos estão tentando amar Krishna, mas Krishna está tentando amar Radharani, de modo que podemos tentar compreender quão grandiosa Ela é. Todas as entidades vivas, no universo inteiro, estão tentando amar Krishna – krishna-prema. O Senhor Chaitanya disse que prema-pumartho mahan, isto é, “a meta mais elevada é amar Krishna”. E Rupa Gosvami descreveu: “Estás distribuindo krishna-prema, ó Chaitanya”. Assim, embora krishna-prema seja algo valiosíssimo, Krishna está buscando por Radharani. Apenas vejam o quanto Radharani é grandiosa! Apenas tentemos entender a grandeza de Radharani! Ela é grandessíssima, em razão do que temos que oferecer os nossos respeitos: radhe jaya jaya madhava-dayite.

 

Como Ela é? Gokula-taruni-mandala-mahite. Taruni significa “mocinhas”. Vocês podem ver nas pinturas que elas, as gopis, são todas mocinhas. De todas as mocinhas, entretanto, Radharani é a mais bela. Ela é encantadora às mocinhas também, pois Ela é belíssima. Damodara-rati-vardhana-veshe: Ela sempre Se veste tão bem que Damodara, Krishna, atrai-Se pela beleza dEla. Hari-nishkuta-vrinda-vipineshe: Ela é o único objeto amável de Krishna, e Ela é a rainha de Vrindavana. Caso vocês forem a Vrindavana, vocês verão que todos estão adorando Radharani. Rani significa “rainha”. Todos lá estão sempre falando: “Jaya Radhe!”. Todos os devotos em Vrindavana são adoradores de Radharani. Vrishabhanudadhi-nava-shashi-lekhe: Ela apareceu como a filha do rei Vrishabhanu. Lalita-sakhi guna-ramita-vishakhe: Suas companheiras são Lalita-sakhi e Vishakha-sakhi. Então, em nome dos devotos puros de Krishna, Rupa Gosvami está orando, karunam kuru mayi karuna-bharite. “Ó minha adorável Radharani, sois plena de misericórdia, em virtude do que estou implorando por Vossa misericórdia. Visto que sois deveras misericordiosa, muito facilmente concedeis Vossa misericórdia. Não deixarei, portanto, de implorar por Vossa misericórdia”. Neste ponto, alguém talvez dissesse: “Rupa Gosvami, és tão grandioso, és um estudioso erudito, uma personalidade tão santa, e está implorando pela misericórdia de uma mocinha comum? Como é isso?”. Portanto, Rupa Gosvami diz, sanaka-sanatana-varnita-charite: “Não se trata de uma moça comum. Apenas grandes personalidades santas, como Sanaka-Sanatana, podem descrever tal moça, logo Ela não é uma moça qualquer”.

 

Assim, a lição é que não devemos tratar Radharani como uma garota comum, ou Krishna como um homem comum. Eles são a Suprema Verdade Absoluta. Na Verdade Absoluta, todavia, existe a potência de prazer, a qual é exibida nas relações de Radha e Krishna, e todas as gopis são expansões de Radha.

 

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Domingo, 4 de Setembro de 2016

A Ressurreição de um Garoto Afogado

 

Srila Prabhupada(da obra Krishna, a Suprema Personalidade de Deus)

Diante da oportunidade de pedir algo a Krishna, seu professor, sabendo que Krishna era o Senhor Supremo, faz um pedido extraordinário: “Traga meu filho de volta à vida”.

É costume que alguém, depois que foi iniciado no mantra Gayatri, viva longe de casa durante algum tempo, sob o cuidado do acharya, para ser treinado na vida espiritual. Durante tal período, a pessoa deve trabalhar sob as ordens do mestre espiritual como um servo subalterno e comum. Existem muitas regras e regulações para um brahmachari que viva sob o cuidado de um acharya, e tanto o Senhor Krishna quanto Balarama seguiram à risca esses princípios reguladores enquanto viveram sob a instrução de Seu mestre espiritual, Sandipani Muni, que residia em Avantipura, no distrito de Ujjain, norte da Índia. Segundo os preceitos das escrituras, deve-se respeitar um mestre espiritual e considerá-lo como estando no mesmo nível que a Suprema Personalidade de Deus. Krishna e Balarama seguiram esses princípios com grande devoção e perícia, e Se submeteram às regulações de brahmacharya.

Krishna e Balarama recebem instruções de Sandipani Muni.

Assim, Eles satisfizeram Seu mestre espiritual, que Os instruiu no conhecimento védico. Estando muito satisfeito, Sandipani Muni instruiu-Os em todas as complexidades da sabedoria védica e na literatura suplementar, como as Upanishads. Como eram kshatriyas, Krishna e Balarama foram treinados especificamente na ciência militar, política e ética. Política inclui diversas esferas de conhecimento, entre elas: como restabelecer a paz, como lutar, como pacificar, como dividir e reinar e como dar abrigo. Todos esses itens foram plenamente explicados e ensinados a Krishna e Balarama.

O oceano é a fonte de água em um rio. A nuvem é criada pela evaporação da água do oceano, e a mesma água é distribuída como chuva sobre toda a superfície da Terra, que, então, retorna ao oceano através dos rios. Do mesmo modo, Krishna e Balarama são a fonte de todo o conhecimento, mas, porque estavam fazendo o papel de meninos humanos comuns, Eles deram o exemplo para que todos recebessem conhecimento da fonte certa. Assim, concordaram em receber conhecimento de um mestre espiritual.

O Senhor Krishna e Balarama, reservatórios de todo o conhecimento, exibiram Sua perfeita compreensão de todas as artes e ciências mencionadas acima. Então, ofereceram-Se para servir Seu mestre concedendo-lhe qualquer coisa que ele desejasse. Essa oferta pelo estudante ao instrutor ou mestre espiritual chama-se guru-dakshina. É essencial que o estudante satisfaça o mestre em troca de qualquer aprendizado recebido, quer material, quer espiritual. Quando Krishna e Balarama ofereceram Seu serviço dessa maneira, o mestre, Sandipani Muni, julgou sensato pedir-Lhes algo extraordinário, algo que nenhum estudante comum poderia oferecer. Ele, então, consultou sua esposa sobre o que pedir a Eles. Tanto o mestre quanto sua esposa já tinham visto as potências extraordinárias de Krishna e Balarama e podiam entender que os dois meninos eram a Suprema Personalidade de Deus. Decidiram pedir a volta de seu filho, que havia se afogado no oceano perto da praia, em Prabhasa-kshetra.

Quando Krishna e Balarama ouviram Seu mestre falar sobre a morte do filho, Eles partiram imediatamente para Prabhasa-kshetra em Sua quadriga. Alcançando a praia, pediram à deidade controladora do oceano que devolvesse o filho de Seu mestre. A deidade do oceano apareceu imediatamente diante do Senhor e ofereceu-Lhe todas as reverências com grande humildade.

Krishna e Balarama conversam com a deidade controladora do oceano.

O Senhor disse: “Há algum tempo, você afogou o filho de Nosso mestre. Ordeno-lhe que o devolva”.

A deidade do oceano respondeu: “Na verdade, o menino não foi tomado por mim, mas foi capturado por um demônio chamado Pancajana. Esse grande demônio, em geral, fica no fundo da água na forma de um búzio. O filho de Seu mestre deve estar dentro da barriga do demônio, tendo sido devorado por ele”.

Ouvindo isso, Krishna mergulhou fundo na água e agarrou o demônio Pancajana. Matou-o ali mesmo, mas não pôde encontrar o filho de Seu mestre dentro da barriga dele. Então, pegou o cadáver do demônio (na forma de búzio) e voltou para Sua quadriga na praia de Prabhasa-kshetra. Dali, partiu para Samyamani, a residência de Yamaraja, o superintendente da morte. Acompanhado por Seu irmão mais velho, Balarama, também conhecido como Halayudha, Krishna chegou lá e tocou Seu búzio.

Ouvindo a vibração, Yamaraja apareceu e recebeu Sri Krishna com todas as respeitosas reverências. Yamaraja podia entender quem eram Krishna e Balarama, em razão do que ofereceu imediatamente seu humilde serviço ao Senhor. Krishna aparecera na superfície da Terra como um ser humano comum, mas, de fato, Krishna e Balarama são a Superalma que vive dentro do coração de toda entidade viva. Eles são o próprio Vishnu, mas estavam fazendo o papel de meninos humanos comuns. Enquanto Yamaraja oferecia seus serviços ao Senhor, Sri Krishna pediu-lhe que devolvesse o filho de Seu mestre, que ele obtivera como resultado de seu trabalho. “Considerando Meu comando supremo”, disse Krishna, “você deve devolver imediatamente o filho de Meu mestre”.

Yamaraja, então, devolveu o menino à Suprema Personalidade de Deus, e Krishna e Balarama levaram-no a seu pai. Os irmãos perguntaram se Seu mestre tinha mais alguma coisa para pedir-Lhes, diante do que ele respondeu: “Meus queridos filhos, Vocês fizeram bastante por mim. Agora estou completamente satisfeito. O que mais pode faltar a um homem que tem discípulos como Vocês? Meus queridos filhos, podem agora ir para casa. Esses Seus atos gloriosos serão sempre famosos no mundo inteiro. Vocês estão acima de toda bênção, mas é meu dever abençoá-lOs. Por isso, eu Lhes dou a bênção de que tudo o que Vocês disserem permanecerá eternamente recente, assim como as instruções dos Vedas. Seus ensinamentos serão honrados não só neste universo ou neste milênio, mas em todos os lugares e épocas, e permanecerão cada vez mais novos e importantes”. Devido a essa bênção de Seu mestre, a Bhagavad-gita do Senhor Krishna está cada vez mais nova, e é famosa não só neste universo, mas em outros planetas e em outros universos também.

Tendo recebido a ordem de Seu mestre, Krishna e Balarama voltaram imediatamente para casa em Sua quadriga.

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Segunda-feira, 11 de Julho de 2016

Vagas no Paraíso!

 

 

Estamos com novas vagas no Paraíso dos Pândavas.

 Uma grande oportunidade para ter uma experiência de vida saudável, devotada e feliz! Venha fazer parte da equipe do Paraíso dos Pândavas (www.pandavas.org.br), um projeto “yogaresort” dedicado a compartilhar consciência de Krishna, paz e bem-estar de uma forma atraente e acessível.

Atualmente buscamos pessoas para atuar nas seguintes funções:

  • ajudar no preparo de alimentos na cozinha
  • limpar pratos e panelas
  • limpar quartos
  • lavar e passar roupas de cama

Estão bem-vindos especialmente àqueles que além das funções acima consigam:

  • dar aulas de yoga
  • dar aulas sobre a filosofia da consciência de Krishna

Acima de tudo, buscamos pessoas já com alguma prática e sério interesse em avançar no caminho da consciência de Krishna ou Método 3T. Interessados devem mandar um breve CV, junto com uma foto, diretamente para mim no gd@pandavas.org.br, sua experiência na prática da consciência de Krishna e porque você seria a pessoa mais indicada para a vaga.

Em troca estamos oferecendo um salário inicial de R$1200, com carteira assinada, moradia em quarto individual, pensão completa e Internet banda larga.

 

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Quinta-feira, 9 de Junho de 2016

Mapas para uma Inteligência Desconhecida

 

 

 

 

Devamrita Swami

 

Evidências apresentadas por mapas antigos parecem sugerir a existência, em tempos muito remotos, de uma cultura global e mais avançada do que qualquer cultura conhecida até séculos recentes.

Um professor de história da ciência, Charles Hapgood, através de uma rota incomum, chegou a intrigantes sinais de que uma civilização antiga e inteligente precedera o Egito dinástico. Arquivados na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, há centenas de mapas marítimos medievais. Chamados de portulanos, cujo significado é “de porto em porto”, esses mapas são conhecidos pelos acadêmicos há séculos. Contudo, constrita pela convenção de que qualquer mapa dos tempos medievais tem de estar repleto de imprecisões grosseiras, a comunidade acadêmica dedicou pouca atenção ao tesouro em potencial.

 

Hapgood, formado pela Universidade Harvard, foi o primeiro a conduzir um estudo amplo. Seu interesse teve início em 1956, quando ouviu uma discussão em uma estação de rádio sobre um antigo mapa conhecido como “o mapa de Piri Reis”, cuja uma cópia fora presenteada por um oficial naval turco ao Departamento Hidrográfico da Marinha dos Estados Unidos naquele mesmo ano. O original fora encontrado enrolado em uma prateleira empoeirada no Palácio de Topkapi, em Istambul, no ano de 1929. Pintado em uma pele de gazela, com a data de 1513 inscrita, o mapa mostra uma porção da costa ocidental da África à direita, a costa oriental da América do Sul à esquerda, e o que parece ser a costa setentrional da Antártica embaixo.

 

Todavia, a Antártica não foi descoberta até 1818, mais de 300 anos depois que Piri Reis desenhou o mapa. O assombro, não obstante, não termina por aí. Indicando que maiores problemas podem afligir nossas atuais convenções históricas, o mapa parece mostrar parte da topografia da Antártica sem gelo.

 

A calota de gelo antártica contém 90 por cento de todo o gelo na Terra. Cobrindo cerca de 98 por cento do continente antártico, a calota de gelo é a maior do planeta. É considerada também a mais antiga. Os cientistas opinam que a Groenlândia foi congelada 7 milhões de anos atrás e que a Antártica está coberta de gelo provavelmente, ao menos em parte, há 35 milhões de anos.

 

 

Mapa de Piri Reis.

 

Atualmente, há um debate acadêmico quanto a se algum aquecimento afetou a calota de gelo antártica durante sua existência teorizada de 35 milhões de anos. Um grupo de cientistas conduzido por Peter Webb, da Universidade do Estado de Ohio, diz ter descoberto evidências de um derretimento glacial há 3 milhões de anos. Outros cientistas, como George Denton e David Merchant, dizem que não.

 

A situação difícil é que, por um lado, temos o mapa de Piri Reis, que, aparentemente, retrata a Terra da Rainha Maud, no Polo Sul, com baías sem gelo. Se, com efeito, o mapa retrata a Antártica, temos que ir para o outro lado. Temos que lidar com a opinião científica contemporânea de que não se deparou com evidências para uma Antártica sem gelo antes de pelo menos a data controversa de 3 milhões de anos atrás. Finalmente, temos a questão mais importante: que civilização, perdida no tempo, foi capaz de mapear a costa antártica? Ademais, como e quando seu povo poderia ter visto a Antártica sem gelo?

 

O mapa de Piri Reis certamente tem seus problemas. Alguns de seus detalhes parecem mais renascentistas do que medievais. Além disso, historiadores sabem que, no tempo em que Reis fez o mapa, marinheiros europeus trocavam rumores de que um corpo de terra existia acima da América do Sul. Por exemplo, Américo Vespúcio, soprado para muito fora de sua rota, avistou a terra. Podem ter sido as Ilhas Malvinas ou talvez até mesmo a Antártica, como alguns acadêmicos teorizam. Finalmente, o próprio Hapgood reconheceu o problema de que o mapa demonstra a América do Sul e a Antártica como uma costa contínua, como se os dois continentes fossem unidos em vez de separados por 960 quilômetros de oceano. Alguns dizem que talvez o que vemos como a Antártica seja, na verdade, o que Reis intencionou ser a Patagônia – a porção inferior do litoral argentino.

 

Robert Schoch, o geólogo de Yale que desencadeou a batalha da Grande Esfinge, recusou-se a aceitar o mapa de Reis. Ele, no entanto, admite abertamente o desafio trazido pelo mapa. “Continuo a considerar as ideias de Hapgood fascinantes e torturantes, mas a evidência é menos do que conclusiva. O mapa de Piri Reis não contém nenhuma informação de origem indisputavelmente antiga, e a suposta costa da Antártica poderia muito bem ser a parte inferior da América do Sul”.[1] Aqueles que veem a Antártica no mapa de Reis têm, sim, grandes apoiadores, renomados por sua perícia técnica e interesse por todo metro quadrado do planeta. Em uma carta a Charles Hapgood, a Força Aérea estadunidense confirmou a análise do acadêmico e suas consequências:

 

8 Reconnaissance Technical Squadron (SAC)

Força Aérea dos Estados Unidos

Base da Força Aérea de Westover

Massachusetts

6 de julho de 1960

 

Assunto: Mapa Mundial do Almirante Piri Reis

Para: Professor Charles H. Hapgood

Keene College

Keene, New Hampshire

 

Prezado professor Hapgood,

 

Seu pedido de avaliação de certos aspectos incomuns do Mapa Mundial de Piri Reis de 1513 por parte desta organização foi considerado.

 

A alegação de que a parte inferior do mapa retrata a Costa da Princesa Marta, da Terra da Rainha Maud, Antártica, bem como a Península de Palmer, é aceitável. Consideramos que essa é a interpretação mais lógica do mapa e, muitíssimo possivelmente, a interpretação correta.

 

O detalhe geográfico exibido na parte inferior do mapa está de acordo muito notavelmente com os resultados do perfil sísmico feito ao longo do topo da calota de gelo pela Expedição Antártica sueco-britânica de 1949.

 

Isso indica que a costa foi mapeada antes de ser coberta pela calota de gelo.

 

A calota de gelo nessa região é, atualmente, de cerca de 1,5 quilômetros de espessura.

 

Não fazemos ideia de como a data nesse mapa pode ser conciliada com o suposto conhecimento geográfico em 1513.

 

Harold Z. Ohlmeyer

Tenente-coronel, Força Aérea dos Estados Unidos,

Comandante[2]

 

O examinador perito da Força Aérea certamente sabia que a cartografia é uma atividade complexa que exige um sofisticado nível de civilização. Oficiais de alta patente da Força Aérea dos Estados Unidos dedicaram anos de rigorosos estudos, comparáveis ao que apenas as melhores universidades civis poderiam oferecer. A Academia, caso escolha reconhecer o desafio, teria de encontrar um povo antigo direta ou indiretamente responsável pelo mapa em um tempo em que os historiadores não conhecem nenhum desenvolvimento civilizatório. Tipicamente, buscaríamos pela cauda dessa civilização avançada – seus últimos dias. Então, de acordo com a nossa concepção linear ocidental, teríamos que voltar no tempo pelo menos mais alguns milhares de anos para permitir que semelhante civilização obtivesse o nível necessário de geodesia e cartografia.

 

Piri Reis é uma personalidade histórica documentada. Um almirante na esquadra dos turcos otomanos, ele, em meio às suas batalhas navais, escreveu um texto de navegação famoso em seus dias. O manual descrevia as complexidades navegacionais do Mar Egeu e do Mar Mediterrâneo. Em notas sobre o mapa antártico, hoje famoso, Reis escreveu que não fez nenhuma das expedições para a carta marítima, senão que produziu o mapa a partir de uma coleção de fontes anteriores, algumas até mesmo do século IV a.C. Ele não mencionou nada sobre a identidade dos antigos cartógrafos.

 

Reis foi decapitado em 1554 ou 1555 por seus superiores. Professor Hapgood parece ter sido um pequeno resultado nos esforços de Reis, os quais lhe custaram um destino desventurado. Nenhum enaltecimento acadêmico chegou a ele – nenhum reconhecimento por uma contribuição grandiosa, bem pesquisada e original ao estudo da antiguidade. Pior ainda, até sua morte, a maior parte de seus colegas de pesquisa o evitou e ridicularizou seu trabalho. O programa exibido em todo o território norte-americano Misteriosas Origens do Homem, bem como muitos livros não especializados, estabeleceram postumamente sua reputação, citando-o por sua possível revolução nas convenções da história do mundo.

 

A seção subglacial da Terra da Rainha Maud, Antártica, permaneceu oculta sob o gelo até 1949, quando uma equipe de reconhecimento composta por britânicos e suecos conduziu uma inspeção sísmica. Como Hapgood descobriu em sua pesquisa na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, o mapa de Piri Reis não foi o único portulano a indicar conhecimento antigo de uma Antártica sem gelo. O professor encontrou o Mapa de Oronce Finé, de 1531, o qual, além da Terra da Rainha Maud, mostrava detalhes incríveis de montanhas, estuários, baías e rios em muitas outras regiões. Esses detalhes são tão harmônicos com as análises científicas contemporâneas do que se encontra sob o gelo que Hapgood teve que concluir que os homens antigos visitaram a Antártica e talvez tenham vivido lá antes das geleiras tomarem completamente aquelas terras.

 

Como o mapa de Reis, o mapa de Oronce Finé tem seus problemas. Nele, falta a península de Palmer, que se expande do continente antártico em direção à América do Sul por quase 800 quilômetros. Além disso, muito do que o mapa mostra como terra sólida, como a Terra de Wilkes e a plataforma de gelo Amery, estaria, teoricamente, debaixo d’água na ausência das geleiras. Robert Schoch, sendo cauteloso, conclui: “O Mapa de Oronce Finé pode ser uma representação que é parcialmente precisa, parcialmente produzida a partir de rumores. Isso levanta uma pergunta torturante sobre explorações do continente no extremo sul que se perderam da história”. Richard Strachan, do prestigioso Massachusetts Institute of Technology, foi além. Ele confirmou a forte correspondência do Mapa de Oronce Finé com as mais recentes pesquisas na calota de gelo.

 

 

Mapa de Oronce Finé.

 

O mais famoso cartógrafo do século XVI é renomado pela projeção de Mercator, utilizada ainda hoje na maioria dos mapas do mundo. Gerard Kramer, conhecido como Mercator, incluiu em 1569 o Mapa de Oronce Finé em seu Atlas, e também apresentou a Antártica em muitos de seus próprios mapas com detalhes ainda mais distintamente reconhecíveis.

 

Então, no século XVIII, ainda muito antes da descoberta oficial do continente gelado, o geógrafo francês Phillippe Buache, aparentemente, superou todos os mapas supramencionados apresentando sua cartografia de toda uma Antártica sem gelo. A ciência moderna não tinha uma topografia subglacial inteira até 1958, quando um estudo sísmico completo da Antártica foi feito. A avaliação moderna parece confirmar, de maneira geral, o que Buache fez em 1737. Quais são as fontes primárias dos mapas de Finaeus, Mercator e Buache? Que povo na antiguidade remota poderia ter possuído originalmente todo esse conhecimento?

 

Como os outros mapas, o mapa de Buache tem seus apoiadores e detratores. Buache contribuiu com mais surpresas para o enigma. Seu mapa revela um desafio extremo: um curso de água navegável, livre de gelo, ao longo do continente antártico, dividindo-o, assim, em dois principais territórios. Embora mapas modernos mostrem a Antártica como um só corpo de terra, os estudos sísmicos de 1958 demonstram que se trata de um arquipélago oculto de grandes ilhas, com gelo da espessura de 1,5 quilômetro entre elas.

 

Devemos notar que geólogos ortodoxos dizem que a data mais tardia quando esses canais estavam abertos é milhões de anos atrás. Contudo, que humanos estavam no planeta milhões de anos atrás para presenciar e mapear a Antártica com sua terra completamente livre de geleiras e com seus canais completamente desobstruídos de gelo? Quem retransmitiu esse conhecimento? Se o mapa de Buache, como os demais, está correto, ao menos parcialmente, então, sem dúvidas, tem que existir outra explicação.

 

 

Mapa de Buache.

 

Hapgood rastreou e analisou mais mapas, sugerindo outras partes do mundo, como América do Sul e norte da Europa. O leitor pode consultar o Maps of the Ancient Sea Kings, de Hapgood, para a apresentação completa. Seu capítulo final, intitulado “Uma Civilização que Desapareceu”, direciona os leitores de mente aberta para algo revolucionário:

 

A evidência apresentada pelos mapas antigos parece sugerir a existência, em tempos remotos, antes do surgimento de quaisquer culturas conhecidas, de uma civilização verdadeira e de um tipo avançado, que ou foi localizada em uma área porém teve um comércio global, ou foi, em um sentido real, uma cultura global. Essa cultura, ao menos em alguns aspectos, foi mais avançada do que as civilizações da Grécia e da Roma. Em geodesia, ciência náutica e cartografia, foi mais avançada do que qualquer cultura conhecida antes do século XVIII da era cristã.

Enquanto o público, com um pouco de ajuda do que a Academia estabeleceu, tenta encontrar seu caminho em meio a todas essas informações espantosas que viram de ponta-cabeça a história estabelecida das origens humanas e da civilização, os textos védicos, que sempre falaram de uma humanidade superior à atual no passado, estiveram aguardando por seu lugar ao Sol.

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[1] Schoch, p. 103. Em seu livro, Schoch apresenta uma visão geral de possíveis objeções técnicas aos portolanos. Mantos de gelo não se desprendem da terra como se separa um vidro de uma fotografia. Se os estimados 30 milhões de bilhões de toneladas de gelo cobrindo a Antártica houvessem derretido, a terra teria iniciado um processo que os geólogos chamam de “ajuste isostático”. Além disso, se a calota de gelo houvesse derretido, o nível do mar teria se elevado drasticamente. Teoricamente, um nível de mar em elevação combinado com ajuste isostático produziria um continente diferente de sua versão atual, com o gelo claramente subtraído.

[2] Carta reproduzida em Charles H. Hapgood FRGS, Maps of the Ancient Sea Kings (Filadélfia e Nova Iorque: Chilton Books, 1966), p. 243.

 

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Sexta-feira, 3 de Junho de 2016

O Curso para Discípulos na ISKCON - Inscrições Abertas

 

O Curso para discípulos na ISKCON é um programa de formação projetado para devotos que se preparam para receber iniciação espiritual, mas também é recomendado para líderes, pregadores, conselheiros e educadores da ISKCON.

 

 

A formulação do curso se deu ao longo de um período de dois anos sob a direção do Guru Services Committee do GBC, com os esforços combinados de educadores de destaque dentro da ISKCON.

Todo o material didático e o modelo pedagógico do curso baseia-se nos ensinamentos de Srila Prabhupada, na atual Lei da ISKCON e apresenta referências das escrituras da tradição gaudya vaishnava de forma muito ampla.

Os tópicos abordados no curso são: 


- Guru-tattva (as bases filosóficas do Guru assunto) e do Sistema de Guru-parampara (sucessão discipular de professores)
- Srila Prabhupada, fundador Acharya da ISKCON e Guru Proeminente
- Tipos de Gurus
- Relação entre Gurus da ISKCON e as autoridades da ISKCON 

- Gurus de fora da ISKCON
- Guru-padasraya
- A seleção de um Guru
- Os votos de iniciação
- Guru-puja e Vyasa-puja
- Adoração dos Gurus na ISKCON
- Vapu Guru-seva e vani (serviço de pessoal para Guru e instruções de serviço)
- Guru-tyaga, a rejeição do mestre espiritual
- O desenvolvimento de relações de cooperação em um ambiente de múltiplos Gurus.

 

As vagas são limitadas, portanto faça já sua inscrição pelo sitehttp://institutojaladuta.com/curso-discipulos/

Maiores informações: info@institutojaladuta.com

 

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Sexta-feira, 8 de Abril de 2016

Conexões Sagradas: Entrevista com o Autor

 

 

 

 

Entrevista com Hermano Trineto


Três histórias do Srimad-Bhagavatam, o grande clássico da literatura sagrada, descortinam seus ensinamentos sob as lentes da psicologia junguiana.

 

Volta ao Supremo: A que se propõe o livro Conexões Sagradas?

 

Hermano Trineto: O livro propõe-se a fazer uma leitura psicológica sobre histórias do Bhagavatam de pessoas que tiveram alguma realização ou experiência com o Sagrado, ou Krishna, sob a perspectiva da psicologia analítica, de Carl Gustav Jung. Assim, vão sendo delineados e analisados as experiências, conflitos e ensinamentos de três grandes personagens – Narada Muni, Dhruva Maharaja e Prahlada Maharaja  –, mostrando a todos nós o quanto essas histórias nos falam muito acerca da nossa própria condição humana como seres que estão tentando, de algum modo, encontrar uma conexão mais profunda e sagrada com a existência e com a própria Suprema Personalidade de Deus.

 

 

Conexões Sagradas, publicado pela editora Relighare.

 

Na famosa série de conversas com Hayagriva sobre diferentes pensadores ocidentais, Srila Prabhupada teceu considerações sobre Jung. Diferente da maioria dos outros pensadores sobre os quais conversou com Hayagriva, Srila Prabhupada mostrou-se apreciativo das ideias de Jung.


Volta ao Supremo: Quando surgiu em você o desejo de escrevê-lo?

 

Hermano Trineto: O desejo de escrever o livro partiu muito da minha experiência clínica em observar o quanto, de um modo geral, as pessoas vêm perdendo a noção do Sagrado em suas vidas cotidianas e, com isso, um sentido mais profundo que dê uma sustentação emocional e espiritual para suas vidas. Jung considerava que esta seria a verdadeira causa de muitas neuroses e outros desordens emocionais, o fato das pessoas não terem um propósito transcendente às suas vidas, acompanhado de um empobrecimento de sua vida simbólica. A partir dessa experiência, surgiu em mim o desejo de explorar um pouco essa temática, mostrando que a relação do homem ou o Ego, com a dimensão do Sagrado, ou Self, pode nos oferecer outras perspectivas em relação à nossa vida humana.

 

Volta ao Supremo: Por sua pesquisa, acha que há profunda afinidade entre as ideias de Jung e os ensinamentos doBhagavatam, em especial como apresentados por Srila Prabhupada?

 

Hermano Trineto: Certamente. Jung foi uma personalidade extremamente favorável ao estudo e compreensão das diferentes tradições religiosas e de seus simbolismos. Podemos, sim, estabelecer muitos paralelos com as observações de Jung e os ensinamentos de Srila Prabhupada e da literatura védica como um todo. Por exemplo, Jung nos adverte que o Ego material, ao contrário do que muitos advogam, não representa a totalidade da psique, e que quanto mais o homem se volta para a identificação com esse ego material, em termos de posses e realizações de ordem material, mais ele está sujeito a um completo esvaziamento de sua vida interior. Para Jung, a totalidade do nosso ser somente pode ser experimentada quando entramos em contato com a instância do Self. No meu livro, estabeleço algumas relações entre o eixo Ego-Self, que seria a relação entre o Falso ego condicionado e a Suprema Personalidade de Deus. Na verdade, tento estabelecer outros paralelos que considero significativos ao alongo das três histórias.

 

 

Hermano Trineto, o entrevistado.


Volta ao Supremo: E quais foram os critérios que o levaram a optar por essas três históricas especificamente, em meio a tantas outras no Srimad-Bhagavatam?

 

Hermano Trineto: O critério central foi o encontro com a Suprema Personalidade de Deus e de como, a partir desse encontro, a vida desses devotos pôde ser transformada. Para mim, eles viveram experiências culminantes, de grande iluminação, e é disso que precisamos hoje em dia, que possamos cultivar a nossa relação com Krishna de modo que possamos obter realizações espirituais genuínas e que deem condições para que possamos cultivar a nossa relação com Deus até o final de nossa vida. Assim, um dos conceitos centrais que nortearam a escolha dessas três histórias é a noção de experiência religiosa, e não apenas algo teórico ou distante de Deus.


Volta ao Supremo: Qual o grau de aceitabilidade entre os profissionais de Psicologia diante de um teísmo apresentado como solução para questões do campo primário da psicologia, a mente?

 

Hermano Trineto: Acredito que, entre os profissionais em geral, existe uma variação considerável em termos de aceitar ou não o aspecto do teísmo, e isso depende, em grande parte, da abordagem psicológica em que cada profissional se baseia. Sabemos que existem algumas correntes psicológicas, como a psicologia transpessoal e a psicologia analítica junguiana, que são mais favoráveis à questões acerca da espiritualidade e transcendência, enquanto outras abordagens, como a psicanálise, são mais restritivas. De qualquer modo, acho fundamental incluirmos a experiência religiosa e seus desdobramentos sobre o nosso psiquismo como tema de estudo, pois, como Jung sinalizou, parece que a psique apresenta, entre outros aspectos, uma função eminentemente religiosa.


Volta ao Supremo: Conte-nos um pouco sobre o processo de escrita da obra.

 

Hermano Trineto: Inicialmente, o processo criativo se deu através do que nós conhecemos como “brainstorm” ou “chuva de ideias”. Eu simplesmente comecei a analisar as histórias e fazer uma série de apontamentos de possíveis inter-relações entre os acontecimentos com a psicologia junguiana. Por exemplo, o que a morte da mãe de Narada poderia nos dizer em termos de uma leitura junguiana? A figura de Hiranyakashipu, que imagens ela poderia evocar do ponto de vista psicológico? O que representaria as austeridades de Dhruva Maharaja? Assim, procurei fazer alguns links entre certos acontecimentos com alguns conceitos junguianos e da psicologia em geral. Depois dessa primeira etapa, comecei a fazer uma pesquisa mais detalhada para fundamentar essas associações, vendo o que de fato tinha certa consistência teórica, com o propósito de eliminar possíveis especulações sem um maior fundamento. Diversas vezes, li e reli o texto seguindo essa linha de conduta. Por fim, o manuscrito final foi analisado por um colega meu da Universidade, professor Jorge Dellane, que escreveu também o prefácio e a quem sou eternamente grato pela análise minuciosa do texto final.

 

Volta ao Supremo: Nas três histórias analisadas, os protagonistas são crianças. Qual o significado disso?

 

Hermano Trineto: Acho que foi uma coincidência ter escolhido três histórias tendo crianças como protagonistas, mas podemos conjeturar, como abordo no final do livro, que a imagem da criança representa a dimensão do novo e de possibilidades futuras de crescimento e desenvolvimento, algo bem representativo em termos da nossa busca por autorrealização. Assim, o elemento criança nessas 3 histórias pode nos indicar que, na nossa busca pelo Supremo, devemos ser como crianças.


Volta ao Supremo: Qual das três histórias mais o agrada? Por quê?


Hermano Trineto: Acho que a história de Dhruva é a que me toca mais, talvez pelo seu ensinamento central, de que o nosso grande tesouro está na nossa relação com Krishna.

 

 

Dhruva Maharaja em seu encontro com o Sagrado.

 

Volta ao Supremo: Por fim, o livro é igualmente relevante para um adepto do vaishnavismo, ou do hinduísmo, e para uma pessoa fora dessa tradição?

 

Hermano Trineto: Sim. A minha tentativa foi produzir uma obra religiosa, mas que não fosse de modo algum proselitista, ou com uma linguagem específica de um grupo em particular. Para isso, utilizei o recurso da psicologia junguiana para trazer diferentes níveis de compreensão dos assuntos que vão sendo abordados. Já recebi comentários positivos de quem não tem qualquer conhecimento prévio sobre o hinduísmo ou a consciência de Krishna e penso que a obra é igualmente relevante para todos, como era a minha intenção e desejo original.

 

Se gostou deste material, também gostará destes: Psicologia Humanista e Autorrealização, Srila Prabhupada Conversa sobre Carl Jung.

publicado por o editor às 15:38
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Quinta-feira, 29 de Outubro de 2015

Viagem no Tempo: Do Sucesso de Bilheteria “Interestelar” à Literatura Mais Antiga da Humanidade  

 

 

Viagem no Tempo: Do Sucesso de Bilheteria “Interestelar” à Literatura Mais Antiga da Humanidade


por Pedro Palmares

 
 
 
Os Vedas, escrituras da Índia antiga, bem como mitos celtas, chineses e japoneses, já descreviam o tipo de viagem no tempo retratada no filme “Interestelar” e teorizada por Albert Einstein.

Viagem no tempo. É possível? Esta ideia tanto tem sido uma das motivações para histórias surpreendentes da ficção científica quanto tem intrigado físicos. Ultrapassar os limites do Tempo parece ser até mais desafiador do que superar os limites do Espaço (e, possivelmente, os dois estão conectados). Nascimento, velhice e morte. Parece que nossa consciência almeja por libertar-se destas barreiras. Há algo que nos diz que há um fator dentro de nós que aspira por superar os limites temporais. Talvez este desejo interno seja um dos motivos pela busca da imortalidade, seja através de especulações e tentativas de caráter científico/materialista, seja através da transcendência da consciência, própria da poesia, das religiões e do misticismo.

O último filme do diretor Christopher Nolan, “Interestelar” (Interstellar), tem o Tempo como um dos temas principais. Apesar de o filme ser quase um tributo aos poderes do homem e da ciência (em oposição a outra corrente da ficção científica, que critica a sujeição do homem perante a tecnologia/ciência) e não representar a melhor realização de Nolan (que teve o seu canto de cisne em “O Grande Truque”), a obra apresenta um aspecto interessante que faz parte do mundo da ciência moderna, da ficção científica e dos mitos antigos da humanidade: viagem no tempo. Este tema faz parte da tradição sci-fi. Para citar alguns, temos a franquia “Exterminador do Futuro”, “Planeta dos Macacos”, “De Volta ao Futuro”, “Efeito Borboleta”, “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” e “Dragon Ball Z”. O conto de ficção científica do século XIX do autor H.G Wells pode ser considerado uma das obras axiais do gênero. Nela, o protagonista realiza viagens de milhares de anos no futuro.


No entanto, viajar no tempo, especialmente para o futuro, não é algo que apenas faz parte de obras pop ou das teorias da física moderna. Viagens no tempo (com alto grau de detalhes) já eram descritas em histórias antigas, especialmente nas narrativas dos Vedas (as escrituras milenares da Índia antiga). A seguir, analisaremos o conceito de dilatação do tempo da Teoria da Relatividade, de Einstein, com aspectos do filme “Interestelar” e com as narrativas antigas dos celtas, chineses, japoneses e autores dos Vedas.

Dilatação do Tempo e “Interestelar“: Vinte e Três Anos em Três Horas

Um dos aspectos mais interessantes do filme “Interestelar” é a forma como é mostrado o conceito de dilação do tempo. Os protagonistas decidem visitar o planeta de Miller, próximo a um buraco negro chamado Gargântua. Essa proximidade com a gravidade intensa do buraco negro faz com que o planeta tenha uma diferença de tempo muito grande: cada hora neste planeta equivale a 7 anos para as pessoas que estão fora dele. Os protagonistas astronautas acabam passando 3 horas no planeta, que é composto de água e ondas colossais, e, quando conseguem deixá-lo e voltar para a base espacial, reencontram lá o colega astronauta Romilly, porém 23 anos mais velho. Para eles, foram 3 horas – para Romilly, foram 23 anos.

De acordo com a Teoria da Relatividade, de Einstein, e com verificações empíricas na ciência física, isso realmente é possível. O tempo, diverso do conceito de Newton como algo absoluto, é diferente em diversas partes do universo, sendo uma das razões para isso a gravidade. Um astronauta que passasse muito tempo no espaço, com menor força da gravidade, envelheceria mais rápido em relação às pessoas na Terra, onde a gravidade é maior. Ou seja, a quantidade de gravidade de um planeta determina a diferença de como transcorre o tempo em relação a outro planeta de gravidade diferente: quanto maior a gravidade, mais devagar envelhecem seus habitantes.

No entanto, o tempo seria percebido, ou “correria”, de forma igual tanto para as pessoas da Terra quanto para os astronautas em um planeta com o dobro da gravidade da Terra, por exemplo. Elas não perceberiam mudanças no tempo a não ser que se encontrassem depois, constatando que os astronautas envelheceram menos e os terráqueos mais.

A animação japonesa Dragon Ball Z apresenta um exemplo disso na Câmara Hiperbólica do Tempo. Um dia dentro dessa câmara equivale a um ano fora dela.




Esse conceito que aparece de forma clara no episódio do planeta de Miller em “Interestelar” e na referida câmara puramente ficcional de Dragon Ball Z, no entanto, não faz parte apenas da Teoria da Relatividade e das verificações da física moderna. Tal conceito já existia nas narrativas antigas de outros povos, e as semelhanças são impressionantes.

Dilatação do Tempo nos Vedas: Milhares de Anos em Um Segundo

Os Vedas são as escrituras mais antigas da humanidade, estando também entre as mais sofisticadas. Esses imensos textos são a base de todas as linhas religiosas e filosóficas do que por convenção se chama de hinduísmo. O legado do conhecimento védico para a humanidade é imensurável. Desde a trigonometria até as artes marciais orientais, praticamente quase tudo o que existe no campo do conhecimento humano parece ter-se originado na Índia (ou ter tido uma grande influência da Índia). Não por acaso, a Índia, desde a Antiguidade, representou a terra prometida, o lugar da riqueza e do conhecimento. O sânscrito, por exemplo, a língua em que estão escritos os Vedas, é conhecido pelas suas refinadas regras gramaticais. O alfabeto devanágari, “a escrita dos deuses”, é um exemplo. Enquanto o alfabeto grego e latino antigo não possuem uma ordem lógica, o alfabeto do sânscrito é científico. Estudar a ordem de suas letras, por si só, já é uma aula de linguística.

No campo da espiritualidade e da filosofia, os Vedas estão entre os textos mais influentes e estudados. O Bhagavad-gita, “A Poesia do Ser Supremo”, por exemplo, era estudado por diversas personalidades importantes, inclusive cientistas: J. Robert Oppenheimer (famoso e influente físico que se tornou infame pela construção da bomba atômica), Herman Hesse, Sunita Williams (destacada astronauta), Carl Jung, Gandhi, Aldous Huxley, para citar alguns.



Bhagavad-gita Como Ele É, uma das edições do Bhagavad-gita mais popular em todo o mundo.

Esta riqueza intelectual dos Vedas também está na cosmologia e na forma como eles compreendiam o Tempo. Suas escalas temporais vão desde o tempo que o Sol leva para percorrer um átomo (relógio atômico) até o tempo de duração de todo o universo. A ideia de dilatação do tempo, de Einstein, mostrada no filme Interestelar, também faz parte do universo dos Vedas. Essas escrituras apresentam informações elaboradas das diferenças temporais de diferentes galáxias e sistemas planetários. De acordo com esses textos milenares, escritos há cerca de 5 mil anos, planetas e sistemas planetários (chamados de lokas) da porção superior do universo (de acordo com a cosmologia védica, o universo é fundamentalmente divido em três partes: inferior, média e superior. Este esquema tem forte semelhança com a cosmologia nórdica, grega e judaica) teriam uma forte dilatação de tempo em relação ao tempo terrestre. Por exemplo, no primeiro planeta do universo, chamado de Brahmaloka, a dilatação de tempo seria imensa. Nesse lugar, cada segundo equivaleria a 98.630 anos terrestres.

A escala colossal de como os Vedas lidam com a relação tempo/universo pode ser verificada também na seguinte informação encontrada nessas escrituras: a duração de todo o universo seria de 311 trilhões e 40 bilhões de anos. Nenhuma cultura antiga pensava em números tão altos. A única que chegou perto foi a cultura maia. Quando os europeus das navegações entraram em contato com essas duas culturas, o conceito de um universo tão antigo, utilizando números na casa dos bilhões, certamente influenciou uma nova visão do cosmos por parte da Europa.

O astrônomo Carl Sagan disse certa vez: “A religião da Índia é a única fé do mundo que possui uma concepção de Cosmos que passa por um imenso e infinito número de mortes e renascimentos. É a única religião na qual as escalas de tempo correspondem com a da cosmologia científica moderna”.



O conceito de dilatação do tempo é detalhadamente explicado nos Vedas, e há muitos casos semelhantes ao episódio do planeta de Miller do filme “Interestelar”. O conceito de múltiplos universos também está presente na cosmologia védica.

Como diz o pesquisador e cientista Richard L. Thompson: “A literatura védica aponta a existência de uma hierarquia de sistemas planetários, os quais também podemos considerar como mundos paralelos. O sistema mais elevado é Brahmaloka, o planeta de Brahma, onde se manifesta o grau mais elevado de dilatação do tempo em relação à Terra. Em outros sistemas planetários, os intermediários, manifestam-se graus intermediários de dilatação de tempo”.

Dilatação do Tempo nas Lendas da Europa: Trezentos Anos em Três

Há um conceito de dilatação do tempo peculiar na história celta de Ossian.

A narrativa envolve uma princesa sidhe (uma espécie de raça de fada/elfo que habita um mundo invisível para a maioria dos humanos, um mundo paralelo) que seduziu um humano, Ossian, a vir para o seu mundo, Tír na nÓg (“A Terra da Juventude”, um dos nomes dessa realidade paralela). Ali, ele se casou e viveu pelo que lhe pareceu serem três anos. Finalmente, porém, ele sentiu um desejo irresistível de retornar para o seu mundo natal, a Irlanda. Partiu montado no mesmo cavalo mágico, com capacidade de viajar sobre o mar, que o levara ao outro mundo, e a sua esposa fada alertou-o a não colocar os pés em terra firme.

Ao chegar à Irlanda, ele soube da morte de todos os seus antigos companheiros e de todas as mudanças pelas quais passara o país. Somente então se deu conta do longo tempo que estivera afastado dali: haviam se passado trezentos anos. Enquanto, para Ossian, foram apenas três anos vivendo na realidade paralela de Tír na nÓg; na Terra, haviam se passado trezentos anos.

Outra lenda irlandesa que envolve dilatação do tempo é “A Viagem de Bran”, do ano 700 d.C., resumida a seguir.

Certo dia, enquanto Bran caminha, ouve uma música esplendorosa que o faz dormir. Ao acordar, vê uma mulher do Outro Mundo (uma realidade paralela), que o convida a visitar essa outra dimensão, onde não há doença, sempre é verão e não há falta de água e alimentos. Bran reúne um grupo de marinheiros e decide cruzar o mar, seguindo as instruções da mulher fantástica. No meio da viagem, ele encontra o deus do Mar celta, Manannán, em uma carruagem sobre o mar, que afirma que, enquanto Bran pensa que está velejando sobre o oceano, para Manannán, o lugar é um campo florido, sugerindo dimensões paralelas. Ele também releva que há muitas carruagens no local, mas que elas parecem invisíveis para Bran.

Ao continuar sua viagem, o protagonista chega a uma terra mágica, a Terra das Mulheres, onde cada marinheiro enamora-se com uma fada, assim como Bran com a líder delas. Eles permanecem lá por um ano até um dos marinheiros sentir muita saudade de casa. A líder das mulheres fica relutante em deixá-los ir e os avisa para não pisar em solo quando chegarem à Irlanda.

Bran e seus companheiros viajam de volta para a Irlanda. As pessoas, ao verem o barco, aglomeram-se nas praias, mas não reconhecem seu nome a não ser nas lendas locais. Para Bran, apenas um ano tinha se passado no Outro Mundo, mas centenas de anos haviam se passado na Terra. Um dos marinheiros pula do barco e pisa em terra firme – imediatamente ele se torna cinzas.

As Órcades, um arquipélago localizado ao norte da Escócia, possuem uma lenda que também lida com dilatação do tempo, ligada ao Círculo de Brodgaré, uma misteriosa formação circular de pedras, como o famoso Stonehenge. A lenda diz que um violinista bêbado estava voltando para casa quando ouviu uma música vindo de uma colina perto do local. Ele encontra um grupo de trolls fazendo uma festa. Ele decide ficar por lá e toca por duas horas. Ao voltar para casa, por fim, descobre que 50 anos haviam se passado.


Outras lendas europeias, como a irlandesa “Viagem de Mael Duin”, e a alemã “Herla”, também lidam com o tema de dilatação temporal. A mesma temática se repete: mortais visitam uma dimensão paralela e lá ficam por alguns dias. Quando retornam à Terra, centenas de anos haviam se passado.

Dilatação do Tempo nos Mitos Chineses e Japoneses

Na China, o autor e erudito taoísta Tu Kuang-t´ing, que viveu de 850 a 933 d.C., escreveu um livro que descreve mundos paralelos, dez “paraísos subterrâneos” e 35 “pequenos paraísos subterrâneos”, que teriam existido debaixo das montanhas chinesas. Eis o relato das experiências vividas por um homem ao transpor uma passagem que levava a um desses paraísos subterrâneos:

Após caminhar vinte quilômetros, ele se viu subitamente em “uma bela região com um límpido céu azul, brilhantes nuvens róseas, flores exuberantes, salgueiros enormes, torres da cor do cinabre, pavilhões de jade vermelho e amplos palácios”. Foi recebido por um grupo de mulheres amáveis e sedutoras, que o levaram para uma casa de jaspe e tocaram belas melodias enquanto ele tomava “uma bebida vermelha como o rubi e um suco cor de jade”. Tão logo sentiu o impulso de se deixar seduzir, lembrou-se de sua família e voltou para a passagem. Conduzido por uma luz estranha a dançar em sua frente, caminhou de volta, pela caverna, até o mundo exterior. Contudo, chegando à sua casa, encontrou seus próprios descendentes de nove gerações posteriores à sua. Segundo lhe contaram, um de seus ancestrais desaparecera numa caverna trezentos anos antes e jamais fora visto de novo.

Há outra lenda chinesa chamada “Lan Ke” (“O Cabo Estragado do Machado”), ou “Ranka”, datada de 300 d.C., a qual também mostra uma viagem a uma dimensão diferente e um efeito de dilatação do tempo. Diz a tradição que o acontecimento ocorreu em uma montanha considerada sagrada, que seria um dos lares dos Imortais do misticismo taoísta. Essa montanha possui no topo uma formação natural de pedras na forma de uma ponte. Uma caverna localiza-se debaixo da ponte, e lá é onde a tradição diz que ocorreu o incidente. A lenda tem alguns detalhes diferentes nos diversos manuscritos em que foi gravada, mas a essência é a mesma.

A história é sobre um viajante em um cavalo, portando um machado, que entra cada vez mais em uma floresta. De repente, ele vê dois idosos estranhos jogando go, uma espécie de xadrez chinês. Em outra versão, ele encontra quatro jovens cantando uma música celestial. Esses seres, os dois idosos ou os quatro jovens, oferecem um alimento místico ao viajante, que, ao comer o mesmo, perde totalmente a fome e a sede. Após uma ou duas horas assistindo ao espetáculo, ele decide retornar para o cavalo e encontra apenas o esqueleto deste. Também percebe que o cabo do seu machado apodreceu. Ao retornar para casa, descobre que décadas se passaram, sua família não existe mais e ninguém mais se lembra do seu nome.

No Japão, há a famosa lenda de Urashima Tarō, do ano 700 d.C. Ela mostra dilatação do tempo e é sobre um pescador que resgata uma tartaruga e é recompensado com uma visita ao palácio do deus dragão, que fica debaixo do oceano. Ele fica lá por três dias e, quando retorna, percebe que, na Terra, passaram-se trezentos anos. A lenda é tão influente que serviu de inspiração para animações japonesas como Dragon Ball, Yuyu-Hakusho e Cowboy Bebop. A força da história é tamanha, com efeito, que há uma capela milenar em Kyoto, construída pelo imperador Junna, governante da época, em homenagem ao ocorrido.

A história é a seguinte: Um dia, um jovem pescador chamado Urashima Tarō estava pescando quando vê um grupo de crianças torturando uma pequena tartaruga. Tarō a salva e a deixa retornar para o mar. No próximo dia, uma tartaruga enorme se aproxima dele e conta que a pequena tartaruga que ele salvou é a filha do imperador do mar, Ryujin, que quer vê-lo e agradecer-lhe. A tartaruga mágica dá guelras a Tarō e o leva para o fundo do mar, para o palácio do deus dragão. Lá, ele se encontra com o imperador e a pequena tartaruga, que, na verdade, é uma amável princesa chamada Otohime.

Tarō permanece com Otohime por três dias, mas logo decide retornar para sua vila e ver a sua mãe idosa, e pede permissão para partir. A princesa diz que lamenta vê-lo ir embora, mas deseja o melhor para Tarō e lhe dá uma misteriosa caixa chamada Tamatebako, a qual o protegerá de qualquer mal, mas a qual ele jamais deve abrir. Tarō segura a caixa e monta a mesma tartaruga que o levou para aquele mundo, e logo está de volta à beira da praia.



Quando ele retorna para casa, tudo mudou. Sua casa se foi, sua mãe desapareceu e as pessoas que ele conhecia não são encontradas. Ele pergunta se alguém conhece o nome Urashima Tarō. Algumas pessoas respondem que ouviram falar de alguém com o mesmo nome que sumiu no mar muito tempo atrás. Ele descobre que 300 anos se passaram desde o dia em que ele partira para o mundo paralelo do Palácio do Rei Dragão, no fundo do mar. Tomado pelo pesar, ele distraidamente abre a caixa que a princesa lhe havia dado. Uma fumaça branca surge e de repente ele envelhece, com uma barba branca, longa e branca, e fica corcunda. Advinda do mar, ele escuta a voz suave da princesa: ”Eu disse a você para não abrir a caixa. Nela, estava a sua velhice”.

Conclusão

O conceito de dilatação do tempo, de Einstein, mostrado no filme “Interestelar” já era descrito 5 mil anos atrás nas escrituras da Índia antiga, os Vedas. As descrições desses textos mostram com rigor matemático as diferentes dilatações do tempo encontradas nos diferentes sistemas planetários da astronomia indiana. Tal efeito também ocorre nos mitos europeus, particularmente os celtas, assim como em mitos chineses e na lenda japonesa de Tarō. Muitas vezes, a viagem para esses outros planetas, dimensões e mundo paralelos não se dá por naves espaciais (apesar de naves intergaláticas serem descritas nos Vedas, chamadas de vimanas), mas por uma espécie de Buracos de Minhoca (wormholes) que transportam o viajante de uma dimensão para outra.

“Eu sou o tempo, o destruidor dos mundos”. (Bhagavad-gita 11.32)

Bibliografia

Bhagavad Gita Como Ele É – Tradução e Comentários de Srila Prabhupada – Editora BBT
Srimad Bhagavatam – Autor: Vyasadeva, Tradução e Comentários de Srila Prabhupada – Editora BBT
Identidades Alienígenas – Richard L. Thompson – Editora Nova Era
Vedic Cosmography and Astronomy – Richard L. Thompson – Editora Motilal Banarsidass
The Science of Interstellar – Autor: Kip Thorne – Editora W. W. Norton & Company
God and Science – Autor: Richard L. Thompson – Editora Govardhan Hill
https://en.wikipedia.org/wiki/Hindu_cosmology
https://en.wikipedia.org/wiki/Hindu_units_of_time
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Voyage_of_Bran
https://en.wikipedia.org/wiki/Urashima_Tar%C5%8D
https://en.wikipedia.org/wiki/Ranka_%28legend%29

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Terça-feira, 27 de Outubro de 2015

Here Comes the Sun – A Jornada Espiritual e Musical de George Harrison

 

 



Aclamada biografia de George Harrison finalmente
é lançada em português




Uma das maiores estrelas da música popular de todos os tempos, George Harrison ganha em português a biografia “Here Comes the Sun – A Jornada Espiritual e Musical de George Harrison”, do premiado historiador Joshua M. Greene (Yogesvara Dasa). O lançamento acontece neste mês de outubro, com a venda pelo site www.sankirtanashop.com.br.

Uma história como nenhuma outra: em meio à fama avassaladora dos Beatles, a busca por Deus. Nesta biografia íntima, Greene fornece um relato comovente de uma das pessoas mais extraordinárias do século XX. “Here Comes the Sun” aborda a ascensão vertiginosa de George com os Beatles, a sua submersão na religião oriental, desde as suas primeiras visões, em meados dos anos 1960, até sua prática crescente de meditação, sua amizade duradoura com Ravi Shankar, lenda da música indiana, que lhe mostrou a ligação harmoniosa entre música e espírito, sua relação com Srila Prabhupada, além de sua profunda devoção nos últimos anos.

Greene dá uma atenção especial à extraordinária fase final de George com os Beatles e sua carreira solo, revelando como grandes sucessos dele como “Something”, “Here Comes the Sun” e “My Sweet Lord”, por exemplo, foram tomados pela crescente espiritualidade do compositor. O compromisso espiritual do então “beatle calado” o levou a organizar o famoso “Concert for Bangladesh”, o primeiro grande show beneficente da história do rock, e um disco apenas com mantras em sânscrito, ao lado dos primeiros devotos Hare Krishnas ocidentais, que ficou semanas em primeiro lugar nas paradas de sucesso. Esta reverência a Deus foi o que, sem dúvida, fez uma celebridade como ele alcançar a verdadeira paz e amor e viver assim até sua morte, aos 58 anos.

O livro inclui histórias nunca antes publicadas de George com ícones da música, como Bob Dylan, Eric Clapton e Elvis Presley, além de descrições detalhadas de seus encontros e relacionamentos com emblemáticos líderes espirituais. Uma leitura essencial para todos, incluindo fãs dos Beatles e interessados no caminho espiritual. “Um elemento fundamental do legado dos Beatles nunca foi explorado antes, que é a busca espiritual de George Harrison. Até agora, ninguém havia explicado essa questão e o que ela significava pra ele”, comenta Greene. “Ele se tornou rico e famoso além da conta aos 23 anos e teve muitas experiências profundas nesse curto período. Sua vida foi compactada. Ele tinha tudo que valia a pena ter, já havia encontrado com todos que queria, mas teve uma inteligência inata para saber que ‘há algo mais na vida do que apenas curtir’”, acrescenta o autor.

Joshua M. Greene

Após 13 anos de vida integralmente dedicada a templos na Europa e Índia, Joshua M. Greene, iniciado por Srila Prabhupada com o nome de Yogesvara Dasa, voltou para Nova York, onde ganhou prêmios por seus livros infantis e filmes para PBS e Disney Channel. Seu filme “People” foi indicado a um prêmio Emmy, e ele já recebeu por cinco oportunidades o prêmio “TV Guide’s Best Program” do ano. Greene é, ainda, o autor de dois premiados livros para adultos: “Justice at Dachau” e “Witness: Voices from the Holocaust”, que virou um documentário da TV PBS. Atualmente, além de um popular palestrante, leciona no Departamento de Religião da Hofstra University.

Comentários

"Uma leitura fascinante, especialmente para aqueles que estão menos familiarizados com a vida de Harrison pós-Beatles. Claramente, Harrison era um homem profundamente religioso, e “Here Comes the Sun” faz bem para desenvolver ainda mais esse aspecto da carreira de Harrison, que muitas vezes é mantido no escuro".
− Associated Press

"Muitos artistas são conhecidos por terem tocado o coração das pessoas com sua música, mas poucos já conseguiram tocar a alma delas. Esse foi o presente de George, e sua história é descrita aqui com carinho e bom gosto. Um livro maravilhoso”.
− Mia Farrow

"Eu amo este livro por muitas razões. Sobretudo pelo seu retrato justo e sensível do irmão de mente aberta para a espiritualidade. Ele viu o Espírito como pertencente a todos, e esta qualidade maravilhosa dele aparece aqui com dignidade e discernimento”.
− Louise Harrison (irmã de George)

"Eu tenho boas lembranças dos tempos em que George e eu passamos juntos e "Here Comes The Sun" realmente o capta, não apenas como um beatle, mas como um artista e um ser humano”.
− Peter Frampton



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https://www.sankirtana.com.br/br/produto/2113/here-comes-the-sun/

 

publicado por o editor às 15:03
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