Terça-feira, 22 de Novembro de 2016

Vrajabhumi: 25 Anos de Beleza e Devoção

 

 

Bhagavan Dasa

Apresentar uma espiritualidade racional, técnicas práticas de autoaperfeiçoamento e uma sabedoria livre de fanatismo são alguns dos lemas de Vrajabhumi, um projeto bonito, acolhedor e rico em devoção, digno de ser conhecido pelo mundo inteiro.

Para começarmos a contar a história de Vrajabhumi, temos sob o holofote a pessoa de Sérgio, um típico playboy da década de setenta. Trabalhava com advocacia e era assíduo frequentador das noites cariocas. Sua cobertura em Copacabana era um ponto de festas, onde trocava o dia pela noite. Quase subitamente, porém, sua vida mudaria. Ao ler a obra Além do Nascimento e da Morte, de autoria de Srila Prabhupada, acharya-fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, o Sérgio das badalações começou a encarar a vida de outra maneira. Seu apartamento, então, virou um centro de encontro para espiritualistas, e, mais uma vez, os horários se alteraram, só que, desta vez, o seu dia começava bem cedo, de madrugada, para as meditações.

Em 1976, Sérgio foi ao Festival Hare Krishna de Nova Iorque, onde se encontrou pessoalmente com Srila Prabhupada, recebendo sua iniciação e o novo nome: Shatrukotivinasana Dasa (Shatru, para os amigos). Shatru agora queria dedicar-se exclusivamente à espiritualidade e, com as bênçãos do mestre, trocou seu apartamento e carro importado por uma terra em Teresópolis, com a intenção de transformá-la num pedaço do céu espiritual. Com a ideia em seu coração, Shatru pediu pessoalmente a Srila Prabhupada a bondade de dar um nome para aquele novo local de práticas espirituais. Prabhupada fechou seus olhos por um instante e, ainda de olhos cerrados, pronunciou: “Vrajabhumi”. “Nova Vrajabhumi?”, perguntam a Srila Prabhupada, já que muitas comunidades tinham nomes nessa estrutura. Srila Prabhupada disse: “Não. Apenas Vrajabhumi”. Desde então, Shatru se dedicou ao estabelecimento e desenvolvimento dessa comunidade como a obra de sua vida, sua oferenda a Deus.

Shatrukotivinasana Dasa, idealizador do Ashram Vrajabhumi, diante do primeiro templo da comunidade.

Seu principal objetivo era ter um projeto pioneiro que aliasse turismo, autossuficiência e pregação sofisticada para atingir camadas da população que normalmente não se aproximariam da consciência de Krishna. Desde o começo e ainda hoje, os frequentadores de Vrajabhumi se constituem, em sua maioria, de pessoas de classe média ou classe alta, com formação universitária e interesse por bem-estar e saúde, bem como espiritualidade racional, autoaperfeiçoamento e uma sabedoria livre de fanatismo. “A intenção não é nenhuma forma de elitismo”, aponta Nrisimhananda Dasa, atual presidente de Vrajabhumi, “mas, como sabemos, o ‘plano A’ de Srila Prabhupada no Ocidente era influenciar os líderes da sociedade, os formadores de opinião, porque, como o próprio Krishna diz na Bhagavad-gita, o que eles fizerem será naturalmente seguido pelas demais classes de homens. Tentamos cumprir esse propósito de Prabhupada.”

Shatru foi um homem à frente do seu tempo. Mesmo ainda nos anos 70, foi capaz de antever que a economia típica da ISKCON de então, de devotos vendendo livros nas ruas, talvez não se sustentasse como forma de obtenção de recursos por muito tempo. Ele queria um templo que se mantivesse mesmo sem uma congregação. A forma que encontrou para implementar isso foi se valer do potencial turístico da região onde Vrajabhumi está situada. A apenas 100 quilômetros do Rio de Janeiro, Teresópolis é um destino querido pelos cariocas quando desejam fugir um pouco da agitação dessa grande capital e se recolher em pousadas com um clima de roça e simplicidade.

Um dos aconchegantes chalés disponíveis na comunidade.

Vrajabhumi possui uma linda casa de hóspedes e chalés muito agradáveis, bem como uma estrutura para realização de retiros e recepção de grupos de yoga. Aqueles que participam dos retiros oferecem doações, o que é a principal fonte de recursos para Vrajabhumi, como foi originalmente planejado por Shatru. Além disso, Vrajabhumi conta com um restaurante lacto-vegetariano e vegano e oferece aulas de yoga, caminhadas pelas belas paisagens da região e diferentes terapias, compondo, assim, um leque de atrativos para o projeto.

Lalita Gopi, a devota à frente do restaurante de Vrajabhumi.

Devido à sua localização estratégica, Vrajabhumi é um local atrativo para retiros de grupos de yoga de toda a região sudeste do Brasil, justamente a maior detentora de influência econômica e cultural no país. Já há algum tempo, vários dos principais núcleos de yoga e grupos holísticos do Brasil têm frequentado Vrajabhumi e tido a oportunidade de serem introduzidos à consciência de Krishna de forma atrativa, coerente e culturalmente justificável.

Vrajabhumi é um local atrativo para retiros de grupos de yoga.

“Certamente se estabelecer de forma tão sólida dentro de um cenário competitivo como o do yoga, ao mesmo tempo preservando sua identidade como um retiro espiritual, foi o grande desafio histórico de Vrajabhumi”, comenta Nrisimhananda. “Acredito ser muito acertada e sábia a decisão de se manter Vrajabhumi alinhada de forma equidistante dentro do meio do yoga, pois todos acabam entendendo que Vrajabhumi não é seu rival, mas um projeto que pode agregar aos seus grupos.”

Lilaraja Dasa, residente de Vraja há mais de 30 anos.

Lilaraja Dasa, residente em Vrajabhumi desde 1982 (anos antes até mesmo de sua inauguração oficial com a instalação das Deidades), complementa: “Nós recebemos as pessoas e apresentamos a consciência de Krishna para fazermos amigos – amigos do meio do yoga, de ecologia, do vegetarianismo... Se alguém naturalmente se convence que o conhecimento dos três modos da natureza é algo objetivo e prático, que não podemos ser felizes no mundo material, que Krishna é maravilhoso, isso acontece pelo próprio mérito desse conhecimento. Não precisamos ser proselitistas.”

Murti de Srila Prabhupada, instalada em 2010.

Há mais de 30 em Vrajabhumi por “completa identificação”, Lilaraja Dasa, à sua maneira despojada, fala mais sobre a proposta de divulgação da consciência de Krishna ali: “Colocamos a pessoa ‘na cara do gol’. Em geral, as pessoas precisam fazer asanas para ficarem com o corpo saudável e poderem se sentar para pensar no Supremo, e fazem pranayama para a mente ficar serena. Vrajabhumi já dá para as pessoas os benefícios de asana e pranayama com suas instalações confortáveis, alimento saudável e santificado e um ambiente paradisíaco, aí basta a pessoa meditar no Supremo, com toda essa facilidade. Está realmente ‘na cara do gol’”.

O começo de Vrajabhumi, é claro, foi mais simples. O belíssimo lago de hoje, com o belíssimo salão/ilha em formato octogonal e totalmente janelado, era apenas “um charco”, e o templo era uma instalação modesta de tijolos e bambus. Lilaraja conta sobre o entusiasmo dos primeiros devotos envolvidos: “Fomos obtendo recursos com muita maratona de distribuição de livros, e fazíamos grandes maratonas de trabalho prático para as construções também”. Lilaraja lembra como pegaram milhares e milhares de pedras da margem de um rio próximo para utilizarem em diversas construções. “Nós cantávamos japa [canto de mantras contados em rosários] às 2 horas da madrugada, então fazíamos a adoração mangala-arati e, antes de o sol nascer, já estávamos trabalhando nas construções que sonhávamos oferecer a Prabhupada.”

Salão/ilha utilizado para cerimônias de fogo, aulas de yoga e atividades culturais.

Fachada do templo de Krishna-Balarama.

Um pouco da beleza de Vrajabhumi à noite.

Em 2001, com ajuda de Chandramukha Swami, junto de alguns outros devotos, como Krishna Mahotsava (esposa de Lilaraja), Jaya Advaita Dasa e Jaya Devaki Devi Dasi, o projeto já tinha todas as características da ideia piloto de Shatru. Nessa época, a estrutura para recepção de hóspedes foi revitalizada e o ashram amplamente divulgado pela pregação de Chandramukha Swami, que recebeu destaque na mídia devido ao seu trabalho musical com Nando Reis, um dos artistas mais influentes do Brasil e que se interessou em gravar uma música com mantras devido a ser fã de George Harisson.

Chandramukha Swami e outros devotos aparecem no clipe oficial da música Mantra, de Nando Reis, uma das músicas mais tocadas em 2004 na MTV.

Na história de Vrajabhumi, registram-se grandes eventos de repercussão local, nacional e internacional. Ao longo da década de 1990, realizaram-se anualmente “ashrams”, retiros que duravam entre 7 e 15 dias com ensinamentos intensos de bhakti-yoga, com diferentes líderes da ISKCON apresentando sistematicamente variados conteúdos da filosofia vaishnava, junto das práticas rotineiras do templo e conhecimentos acessórios, como ayurveda e astrologia. No total, mais de 1000 pessoas participaram desses eventos, que formaram muitos novos devotos de Krishna.

Embora numerosos demais para apontarmos todos, Vrajabhumi já sediou encontros dos trustees da BBT, encontros do órgão administrativo máximo do Brasil, encerramentos de maratonas de sankirtana, recitações de 7 dias do Srimad-Bhagavatam, congressos com temas como “Cuidado aos Devotos”, “O Pensamento Vaishnava”, curso completo Bhakti-shastri em 1 ano, Vaishnava Vedanta Yoga (curso pioneiro de formação de instrutores de yoga), retiros de japa, estudo avançado de O Néctar da Devoção e muitos outros.

“Noites de Vraja”, uma noite agradável no templo da capital do Rio, com shows de artistas famosos no Brasil, como a banda 14 Bis e o saxofonista Léo Gandelman, acompanhada de elegante jantar servido por garçons, cerimônias de fogo e palestras, foi outro evento de sucesso promovido por Vrajabhumi, ainda que fora de suas instalações.

Vrajabhumi, assim, atrai de forma amigável simpatizantes e espiritualistas em geral ao mesmo tempo em que auxilia com estudo aprofundado os devotos de Krishna e enche de orgulho os líderes influentes do movimento Hare Krishna. Jayadvaita Swami, discípulo de Srila Prabhupada e editor da Bhaktivedanta Book Trust, impressionou-se com Vrajabhumi e comentou que “Vrajabhumi tem um público numeroso e do melhor nível.” Madhusevita Prabhu, devoto italiano também guru na ISKCON, achou marcante a integração natural entre os devotos e o público geral nos kirtanas e palestras. Harishauri, famoso secretário e biógrafo de Srila Prabhupada, fez questão de ver cada um dos quartos e chalés de Vrajabhumi, conhecer a grande variedade de árvores, ver os animais silvestres que comem nas mãos dos devotos e tantas outras maravilhas de Vrajabhumi que lhe encheram os olhos.

Algo marcante nos kirtanas de Vrajabhumi é a integração natural e espontânea entre devotos e visitantes.

No centro de tudo isso, é claro, estão Krishna-Balarama, as Deidades instaladas no altar em 1991, completando neste ano de 2016, no dia 20 de agosto, 25 anos de instalação. Quando era responsável por um projeto rural que se iniciava no estado de Minas Gerais, Chandramukha Swami adquiriu as Deidades de Krishna-Balarama para o mesmo, mas as Deidades tinham outros planos. Chandramukha Swami, pouco depois de adquiri-las, tornou-se presidente da ISKCON Rio de Janeiro e inaugurou oficialmente o Ashram Vrajabhumi, instalando ali o par dourado de Deidades. Durante o Festival de Balarama de 2009, para tornar o altar ainda mais atrativo, foram instaladas as lindíssimas Deidades de mármore negro e mármore branco de Krishna-Balarama.

Instalação das Deidades originais.

As cativantes Deidades de mármore.

Com uma trajetória tão magnífica, há muito para comemorar, e as festas serão à altura. O festival de Vrajabhumi, em comemoração dos seus 25 anos, acontecerá entre os dias 19 e 21 de agosto, sendo que o ápice será no dia 20, quando haverá, além da programação tradicional do templo, um parikrama (peregrinação), o ritual do banho das Deidades, celebrações também pelos 50 anos da ISKCON, um banquete gratuito com 108 preparações e uma variedade de atrações culturais, culminando no show de Chandramukha Swami e da banda Krishna Bandhu. Grandes líderes do Movimento Hare Krishna na América Latina estarão presentes, como Dhanvantari Swami, Chandramukha Swami, Keshava Swami e Param Gati Maharaja, e, possivelmente, Purushatraya Swami e Yamunacharya Goswami. Nomes famosos do yoga também estarão circulando pelo evento.

Chandramukha Swami, líder espiritual mais atuante em Vrajabhumi.

Quando perguntamos a Nrisimhananda qual momento das festividades acreditaria ser o ápice, respondeu incerto: “Difícil definir um, mas acredito que, quando os devotos que tornaram Vrajabhumi realidade se unirem para contar seus passatempos, vamos ter um momento muito especial.”

Nrisimhananda falou um pouco sobre os planos para o futuro: “Hoje pensamos em expandir os limites de Vrajabhumi para abarcar hospedagens fora de retiros, fornecer cursos de filosofia védica em tempo integral e ter um diálogo maior com as atividades culturais da Região Serrana”. Vrajabhumi também pretender oferecer, em caráter inovador, uma formação completa de kshatriya, treinando devotos e pessoas de bom caráter para atividades de liderança e artes marciais segundo o exemplo dos reis-sábios descritos na literatura védica. Nessa mesma linha, iniciará um programa de “escoteiros vaishnavas”, para crianças a partir 7 anos.

Com passado, presente e futuro aos pés de lótus de Srila Prabhupada, Vrajabhumi é um projeto bonito, acolhedor e rico em devoção, digno de ser conhecido pelo mundo inteiro.

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publicado por o editor às 14:07
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Terça-feira, 15 de Novembro de 2016

Detox de Corpo e Alma

 

 

 

 

Chandramukha Swami

 

Nada mal se toda a nossa negatividade e veneno estivessem somente em nossos corpos...

 

A palavra da moda é detox, um simpático diminutivo da palavra inglesa detoxication, que, em português, significa “desintoxicação”. A ideia é boa: eliminar os efeitos de uma possível intoxicação. Nada mal se toda a nossa negatividade e veneno estivessem somente em nossos corpos! Nesse caso, seria muito simples fazer o milagre detox acontecer. Porém, “o diabo mora os detalhes”.

  Intoxicação é o que mais existe. Dá até para reconhecê-la em nós. Quer fazer o teste? É só responder às seguintes perguntinhas: 

– Você se levanta exausto? 

– Com mais pensamentos do que cabem em sua própria cabeça? 

– Vive embarcado em sentimentos dispersos, derramados em todas as direções? 

– Odeia o que faz? (Se este for o nosso caso, com certeza, será bom começarmos nosso dia com dois copos de um maravilhoso suco verde, mas sinto que isso não resolverá o nosso caso.)

– Você é incapaz de ficar a sós consigo mesmo? 

– É frequentemente tomado pelo espírito anônimo de sua própria insatisfação?

  – Sua vida pertence a estranhos? (Nesse caso, é bom mesmo introduzirmos lichia e linhaça em nosso pão integral, mas suspeito que isso não solucionará totalmente o nosso problema.)

– Você ingere suas refeições às pressas, em profundo sonambulismo?

– Vive acompanhado de comprimidos e drogas falíveis? 

– Os fantasmas das mil e uma contradições dilaceram sua vida cotidiana? (Sugiro que caprichemos mesmo no arroz integral com feijão azuki e comamos muita salada de folhas verdes, embora não acredite que isso nos bastará).

– À noite, se deita às altas horas, à margem de você mesmo? 

– Sua cabeça costuma girar em todas as latitudes e longitudes do mundo exterior? 

– Em meio à barulhenta praça pública da sua mente atormentada, tem dificuldade de pegar no sono? (Talvez, antes de dormir, uma sopa de abóbora com farelo de quinoa e vegetais grelhados poderão nos ajudar, mas não acredito que isso será o suficiente.)

 

Infelizmente, estamos intoxicados. Caso contrário, quem, em sã consciência, iria gastar seu tempo se nutrindo com as desgraças dos noticiários? Definitivamente, não dá para acreditar em purificação simplesmente bebendo suco verde se continuamos adorando saber das corrupções, se sentimos prazer em ouvir sobre as violências do cotidiano, se gostamos de problemas, se adoramos falar de doenças, se achamos que as mudanças têm que vir de fora para dentro.

Não adianta beber dois, três litros de uma boa água por dia se somos peritos em criar discórdias, se vivemos de aparências, se somos rasos, supérfluos, superficiais, se ficamos irados por qualquer coisa, se não fazermos as pazes com o nosso karma e, assim, só provamos e partilhamos migalhas de amor e bondade, se buscamos felicidade em embalagens plásticas com códigos de barra.

Somente uma era tão maluca como esta poderia produzir pessoas como nós. Sim, estamos intoxicados. Por isso, nossos semblantes são cinzas, somos pessoas amargas e amarguradas, mas nada disso tem a ver com o nosso eu verdadeiro. São meros resultados da intoxicação. A boa notícia é que existe um poderoso e delicioso tratamento detox: o cantar dos santos nomes de Deus, Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare..., que limpa a poeira acumulada na mente, desentope nosso canal de comunicação com Deus e, finalmente, restaura e desperta a nossa verdadeira consciência. Os santos nomes são tão poderosos que aceleram o metabolismo da alma. Por isso, eles são o verdadeiro detox para nossos dias sem graça e repetitivos, para nossos maus hábitos, para nossa inveja, para nossas relações doentes, para nossas obsessões, para nosso pessimismo, para nosso medo de mudar, para nossos sentimentos pobres, para nossos vícios, para nossa falta de coragem de arriscar, de romper, de fechar os ciclos, de se reinventar.

 

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publicado por o editor às 15:38
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Segunda-feira, 31 de Outubro de 2016

Fantasmas Existem?

 

 

Chaitanya-charana Dasa

Fantasmas existem? Sim, seria a resposta de muitas pessoas em diferentes tempos e lugares.

Algo quase universal na experiência humana são relatos de pessoas vendo, ouvindo ou percebendo de alguma maneira seres descorporificados que parecem agir de maneiras misteriosas e assustadoras. Em nossos tempos científicos, muitos de nós tendem a rejeitar a ideia da existência de fantasmas, tendo-a como fantasia folclórica, carente de evidências científicas. Entretanto, muitos cientistas eminentes consideram a questão dos fantasmas com grande seriedade.

Proeminente entre os cientistas que acreditam em fantasmas está o cientistas naturalista inglês Alfred Wallace, que foi cofundador da teoria da evolução. Em sua autobiografia, ele narra como evidências o forçaram a abandonar seu preconceito quanto à existência de fantasmas: “A maioria das pessoas de hoje cresceu com a crença de que milagres, fantasmas e toda a série de fenômenos estranhos aqui descritos não podem existir, que são contrários às leis da natureza, que são superstições de tempos passados e que são, portanto, ou imposições ou ilusões, necessariamente. Não existe espaço na tessitura de seu pensamento em que se possa encaixar esses fatos. Quando comecei a questionar isso, o mesmo acontecia comigo. Os fatos não encontravam espaço na estrutura de pensamento que eu tinha erigido até então. Todos os meus preconceitos, todo o meu conhecimento, toda a minha crença na supremacia da ciência e da lei natural se forçavam sobre mim sem possibilidade de eu escapar delas, ainda... Espíritos era a última coisa em que eu poderia acreditar. Toda outra possível solução foi experimentada, e rejeitada... Não pedimos aos nossos leitores que acreditem, mas que duvidem de sua infalibilidade em analisar a questão; pedimos que indaguem e façam experimentos com paciência, em vez de tirar alguma conclusão precipitada.”

Alfred Wallace, cofundador da teoria da evolução.

Outro cientista eminente que se convenceu diante de evidências foi o bem reputado psicólogo norte-americano William James: “Então, quando me volto ao restante das evidências, no tocante a fantasmas e coisas similares, não consigo mais carregar comigo algum tendenciamento irreversivelmente negativo da mente de ‘rigor científico’, com seus pressupostos quanto a como deve ser a verdadeira ordem da natureza.” (William James on Psychical Research, de Gardner e Ballou Murphy)

As evidências hoje têm mais peso do que nunca antes, visto que muitos livros bem documentados relatam evidências acumuladas por meio de rigorosos procedimentos científicos, conduzidos por muitos pesquisadores de paranormalidade.

Paralela a essas evidências significativas, e possivelmente abastecida por isso, temos uma crença pública substancial na existência de fantasmas. Uma pesquisa Gallup conduzida em 1990 demonstrou que:

- 29 por cento dos estadunidenses acreditam em fantasmas assombrando casas,

- 1 em cada 10 estadunidenses alegam terem visto ou terem estado na presença de um fantasma.

Apesar de cada vez mais evidências documentais e cada vez maior aceitação popular, o conceito de fantasmas permanece inaceitável para a maioria dos cientistas. Uma razão primária para isso é que a ciência materialista moderna não possui uma estrutura conceitual dentro da qual possa considerar a existência de fantasmas.

Mas essa limitação não é intrínseca à ciência per se, embora possa ser essencial para a ciência materialista. Não há razão, todavia, para se presumir que toda ciência tenha que ser materialista, pois não há evidência científica de que toda a realidade exista apenas no nível material.

Para quem possui uma mente aberta e aventureira o bastante para explorar visões de um mundo não-materialista, a sabedoria védica oferece uma estrutura explicativa sistemática para a compreensão da existência de fantasmas.

Três Níveis de Ser

Para auxiliar no nosso entendimento dos fantasmas, precisamos, primeiramente, nos familiarizar com os três níveis de existência, explicados na sabedoria védica. Esses três níveis são os seguintes:

  1. O nível material grosseiro: Este nível abrange a realidade física que podemos perceber com os nossos sentidos e com instrumentos que expandem a capacidade dos nossos sentidos, como microscópios. Cientistas materialistas se focam neste nível material grosseiro principalmente, se não exclusivamente.
  2. O nível material sutil: Este nível, embora material, está além da percepção dos nossos sentidos e abrange os sentidos sutis, a mente, a inteligência e o falso ego. De maneira simplificada, iremos nos referir a todo esse nível, algumas vezes, como o nível da mente, ou o nível mental.
  3. O nível espiritual: A alma, que é a fonte da consciência, existe neste nível imaterial.

Pertinente para nossa discussão dos fantasmas é a diferença entre a mente e a alma. A mente, embora invisível, não é espiritual; é material, apesar de feita de uma substância material sutil, o que a torna invisível aos nossos sentidos grosseiros. A mente, sendo material, não é consciente; apenas a alma é consciente. A mente pertence ao nível sutil, que fica entre o nível espiritual e o nível material. A partir dessa posição intermediária, a mente age como o conduto da consciência da alma, permitindo-a interagir com o corpo grosseiro. A mente tem a função de operar como um depósito de impressões adquiridas pela interação com o nível material grosseiro. Essas impressões abarcam, entre outras coisas, memórias do passado e desejos para o futuro. Com esse fundamento de ontologia védica básica, entendamos, agora, como e por que alguns indivíduos se tornam fantasmas.

Descorporificados e Desafortunados No momento da morte, a alma, acompanhada pelo corpo sutil, deixa o corpo grosseiro. Normalmente, a alma obtém um novo corpo sutil, de acordo com seu karma. Em casos excepcionais, entretanto, quando a alma não obtém um próximo corpo grosseiro, ela permanece em um estado descorporificado. As almas vivendo essa existência descorporificada são chamadas de “fantasmas”.

É claro que fantasmas não são completamente descorporificados; ainda têm um corpo sutil. Contudo, porque no linguajar não técnico, a palavra “corpo” denota um corpo grosseiro, o estado de existência sem esse corpo é chamado de “descorporificado”.

Por que os fantasmas não obtêm um corpo físico?

Suicídio: Aqueles que destroem seu corpo físico por meio de suicídio, isto é, aqueles que destroem o corpo prematuramente, antes do tempo estabelecido pelo seu destino cármico para receber um novo corpo, sentenciam-se a uma existência descorporificada como fantasmas até serem alocados em um novo corpo físico.

O suicídio é uma das causas para alguém se tornar fantasma após a morte.

Srila Prabhupada declara: “Fantasmas são destituídos de um corpo físico por causa de seus atos pecaminosos de grande gravidade, como o suicídio.” Assim, pessoas frustradas que imaginam que a morte é o fim da existência e, portanto, cometem suicídio para se livrarem de sofrimentos dão consigo mesmas em uma existência ainda mais miserável como um fantasma.

Apego extremo: Aqueles que morrem com extremo apego ao corpo, ao ambiente ou às posses físicas também podem se tornar fantasmas. Durante a morte de alguém nessa condição de apego, a obsessão excessiva e intensa da mente com o passado pode impedir que a alma vá adiante e, em consequência disso, fique descorporificada. Srila Prabhupada explica: “Quem é muito pecaminoso e apegado à sua família, casa, vila ou país não recebe um corpo grosseiro feito de elementos materiais, senão que permanece em um corpo sutil, composto de mente, ego e inteligência. Aqueles que vivem em tais corpos sutis se chamam fantasmas’.”

Um Estado Frustrante e Aterrador

A condição anormal de estar sem corpo é agonizante para os próprios fantasmas e aterradora para os demais. Vejamos o porquê:

Agonizante para eles: Os fantasmas possuem uma mente, tal qual a nossa. A mente deles, como a nossa, está cheia de memórias e desejos, os quais eles desenvolveram em sua existência corporificada anterior. Contudo, diferente de nós, eles não têm um corpo grosseiro para a realização desses desejos. Assim, a memória deles pode estimulá-los, por exemplo, a desejar um doce favorito. E, como o corpo sutil contém sentidos sutis, talvez até mesmo percebam outros – pessoas corporificadas – saboreando esse doce, o que agrava o seu desejo. Todavia, como os fantasmas não possuem uma língua física para desfrutar pessoalmente desse doce, seu desejo permanece eternamente sem ser satisfeito. A situação deles é como aquela de alguém que tem que seguir uma dieta estrita enquanto vê outros se banquetearem. Para o doente, essa aflição talvez dure por alguns dias apenas, mas, para os fantasmas, isso se alonga por toda a duração de sua existência fantasmagórica. Como se isso não bastasse, essa frustração se estende a quase todo tipo de desejo que têm. Não é de surpreender que eles considerem agonizante sua existência. Srila Prabhupada resume a causa da agonia deles quando declara: “Os fantasmas, por não possuírem um corpo, sofrem terrivelmente, não sendo capazes de satisfazer seus sentidos.”

Assim como um doente se frustra com a dieta rigorosa que tem que seguir, fantasmas sentem grande ansiedade por não poderem satisfazer seus desejos.

Aterrador para os demais: Muitas pessoas têm muito medo de fantasmas porque lhes é algo incompreensível – assustadora e misteriosamente incompreensível. Ficam arrepiadas apenas por imaginar portas se abrindo de repente sem ninguém nas proximidades ou barulhos estranhos vindo de uma área sem uma fonte evidente para o som. Poucas coisas afastam mais possíveis compradores de uma casa do que rumores – verdadeiros ou falsos – de que a casa é assombrada. Para muitos, a mera possibilidade de se encontrarem com um fantasma é assustadora o bastante, mas a ideia de ser possuído é muito apavorante. Possessão se refere ao fenômeno desconcertante em que um fantasma entra no corpo grosseiro de alguém, assume o controle desse corpo e o utiliza como um instrumento para realizar seus desejos pessoais. O indivíduo assim possuído frequentemente fala e age de maneiras que diferem marcadamente de sua maneira habitual de falar e se comportar. Durante a possessão, o possuído exibe uma personalidade diferente de sua personalidade habitual porque essa personalidade habitual foi suprimida pela personalidade dominante do fantasma. A alteração de personalidade frequentemente deixa perplexos e perturbados os parentes da pessoa possuída. Anedotas envolvendo essas possessões fazem crescer o medo de fantasmas na mente do público em geral.

Evaporando a Névoa de Mistério

A sabedoria védica consegue evaporar essa névoa de mistério em torno dos fantasmas. Ela desmistifica a natureza da existência fantasmagórica e nos ajuda a ver os fantasmas como indivíduos mais em sofrimento do que indivíduos malévolos. É claro que alguns fantasmas podem ser maus, especialmente com quem fez mal a eles em sua existência corporificada passada. Entretanto, os fantasmas, em geral, são, antes de tudo, indivíduos que estão sofrendo por causa dos desejos não realizados, um problema endémico de sua existência descorporificada. A pressão dessas frustrações frequentemente os volta à violência e, algumas vezes, à maldade sistemática.

A visão védica da realidade tríplice – matéria grosseira, matéria sutil e espírito – nos ajuda a entender o comportamento aparentemente misterioso dos fantasmas, que desafiam as leis da ciência materialista. Essas leis da ciência materialista foram postuladas principalmente com base em observar e analisar o comportamento da matéria grosseira. Como a mente é um elemento material sutil, pode atuar sobre o nível material grosseiro de maneiras que não são limitadas a essas leis da ciência materialista. Não é de espantar, portanto, que os fantasmas, existindo como existem no plano mental, possam atuar de formas que confundem e perturbam as pessoas que foram ensinadas a acreditar que tudo na natureza segue as leis da ciência materialista. O poder fantástico dos fantasmas é indicado no Srimad-Bhagavatam (5.5.21-22), que aponta os fantasmas como superiores aos humanos na hierarquia universal de seres vivos: “Superiores aos seres humanos são os fantasmas, pois não possuem corpo material.”

Os textos védicos explicam que os fantasmas acomodam-se em condições de ignorância e ilusão. Assim, quem se mantém habitualmente em condições dessa natureza, como a alteração da consciência por meio de álcool e outras drogas, tem mais chances de ter uma mente fraca que facilite ataques e possessões por parte de fantasmas. Srila Prabhupada declara: “Ser assombrado é algo que acontece em um estado de existência impuro.”

Podemos nos tornar praticamente invulneráveis a esses ataques incorpóreos ao adotarmos um modo de vida iluminado. A sabedoria védica recomenda esse modo de vida primeiramente para o fim do avanço espiritual, que é a meta mais elevada da vida. Apesar disso, esse modo de vida que se afasta de atividades autodestrutivas, como o uso de drogas, oferece o benefício adicional de nos proteger de ataques de criaturas fantasmagóricas.

Para lidar com ataques de fantasmas, a sabedoria védica nos equipa não apenas com insights preventivos, mas também remediadores. Atividades devocionais, como sequências de mantras sagrados, podem exorcizar tanto lugares que estejam assombrados quanto pessoas que estejam possuídas. Srila Prabhupada endossa isso em uma carta enviada em resposta aos questionamentos de um discípulo: “A melhor maneira de removê-los [fantasmas] é cantar Hare Krishna muito alto e fazer um kirtana jubiloso até que vão embora. Na Inglaterra, na casa do Sr. John Lennon, onde fiquei em 1969, havia um fantasma. Contudo, tão logo os devotos começaram a cantar muito alto, ele se foi sem demora.” (Carta a Damodara, Delhi, 3 de dezembro de 1971)

Indo Além de Todas as Misérias

É importante salientar que, embora a sabedoria védica reconheça a existência de fantasmas, ela não é caprichosa em colocar neles toda culpa de acontecimentos estranhos. Srila Prabhupada escreveu em uma carta a um discípulo que perguntou se seus problemas mentais eram causados por fantasmas: “Com relação às ofensas que você está ouvindo, não se trata de fantasmas, como você diz, mas são criações da sua mente. A mente é realmente repulsiva, como você disse. Portanto, Krishna diz que o transcendentalista esforçado tem que primeiro controlar a mente, após o que, pelo controle da mente, terá paz.” (Carta a Dhristaketu, Bombaim, 1 de novembro de 1974)

Disciplinar a mente por meio da prática da consciência de Krishna é a maneira mais efetiva de lidar com todos os problemas da existência material – tornar-se um fantasma, ser assombrado por um fantasma ou ser atormentado por perturbações da mente que alguns poderiam atribuir a fantasmas, ou todos os outros problemas que são, em última instância, as reações cármicas para os erros impelidos pela mente descontrolada.

Existem coisas mais importantes a se fazer na vida humana do que se preocupar com fantasmas.

É por isso que, embora explique a existência de fantasmas e confirme a potência exorcista do santo nome, a sabedoria védica não dá muita importância para nenhuma das duas. Ela declara que a vida humana se destina a um propósito muito mais importante do que se preocupar com fantasmas, seja na forma de fascínio mórbido, medo paranoico ou negação dogmática. A vida humana carrega a potência gloriosa de nos outorgar a imortalidade caso utilizemos esta vida para redirecionar nosso amor do efêmero para o eterno, da matéria para Krishna. Devolver-nos nosso direito perdido à imortalidade como seres espirituais é o tesouro supremo da sabedoria védica. A explicação precisa e coerente da sabedoria védica de fenômenos como assombrações – um fenômeno que confunde a ciência materialista e a impele a viver em eterna negação – pode servir como um combustível para nossa fé conforme exploramos os insights mais espirituais e desfrutamos das dádivas devocionais dessa fonte de conhecimento perene.

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Segunda-feira, 24 de Outubro de 2016

A Ressurreição de um Garoto Afogado

 

 

Srila Prabhupada(da obra Krishna, a Suprema Personalidade de Deus)

Diante da oportunidade de pedir algo a Krishna, seu professor, sabendo que Krishna era o Senhor Supremo, faz um pedido extraordinário: “Traga meu filho de volta à vida”.

É costume que alguém, depois que foi iniciado no mantra Gayatri, viva longe de casa durante algum tempo, sob o cuidado do acharya, para ser treinado na vida espiritual. Durante tal período, a pessoa deve trabalhar sob as ordens do mestre espiritual como um servo subalterno e comum. Existem muitas regras e regulações para um brahmachari que viva sob o cuidado de um acharya, e tanto o Senhor Krishna quanto Balarama seguiram à risca esses princípios reguladores enquanto viveram sob a instrução de Seu mestre espiritual, Sandipani Muni, que residia em Avantipura, no distrito de Ujjain, norte da Índia. Segundo os preceitos das escrituras, deve-se respeitar um mestre espiritual e considerá-lo como estando no mesmo nível que a Suprema Personalidade de Deus. Krishna e Balarama seguiram esses princípios com grande devoção e perícia, e Se submeteram às regulações de brahmacharya.

Krishna e Balarama recebem instruções de Sandipani Muni.

Assim, Eles satisfizeram Seu mestre espiritual, que Os instruiu no conhecimento védico. Estando muito satisfeito, Sandipani Muni instruiu-Os em todas as complexidades da sabedoria védica e na literatura suplementar, como as Upanishads. Como eram kshatriyas, Krishna e Balarama foram treinados especificamente na ciência militar, política e ética. Política inclui diversas esferas de conhecimento, entre elas: como restabelecer a paz, como lutar, como pacificar, como dividir e reinar e como dar abrigo. Todos esses itens foram plenamente explicados e ensinados a Krishna e Balarama.

O oceano é a fonte de água em um rio. A nuvem é criada pela evaporação da água do oceano, e a mesma água é distribuída como chuva sobre toda a superfície da Terra, que, então, retorna ao oceano através dos rios. Do mesmo modo, Krishna e Balarama são a fonte de todo o conhecimento, mas, porque estavam fazendo o papel de meninos humanos comuns, Eles deram o exemplo para que todos recebessem conhecimento da fonte certa. Assim, concordaram em receber conhecimento de um mestre espiritual.

O Senhor Krishna e Balarama, reservatórios de todo o conhecimento, exibiram Sua perfeita compreensão de todas as artes e ciências mencionadas acima. Então, ofereceram-Se para servir Seu mestre concedendo-lhe qualquer coisa que ele desejasse. Essa oferta pelo estudante ao instrutor ou mestre espiritual chama-se guru-dakshina. É essencial que o estudante satisfaça o mestre em troca de qualquer aprendizado recebido, quer material, quer espiritual. Quando Krishna e Balarama ofereceram Seu serviço dessa maneira, o mestre, Sandipani Muni, julgou sensato pedir-Lhes algo extraordinário, algo que nenhum estudante comum poderia oferecer. Ele, então, consultou sua esposa sobre o que pedir a Eles. Tanto o mestre quanto sua esposa já tinham visto as potências extraordinárias de Krishna e Balarama e podiam entender que os dois meninos eram a Suprema Personalidade de Deus. Decidiram pedir a volta de seu filho, que havia se afogado no oceano perto da praia, em Prabhasa-kshetra.

Quando Krishna e Balarama ouviram Seu mestre falar sobre a morte do filho, Eles partiram imediatamente para Prabhasa-kshetra em Sua quadriga. Alcançando a praia, pediram à deidade controladora do oceano que devolvesse o filho de Seu mestre. A deidade do oceano apareceu imediatamente diante do Senhor e ofereceu-Lhe todas as reverências com grande humildade.

Krishna e Balarama conversam com a deidade controladora do oceano.

O Senhor disse: “Há algum tempo, você afogou o filho de Nosso mestre. Ordeno-lhe que o devolva”.

A deidade do oceano respondeu: “Na verdade, o menino não foi tomado por mim, mas foi capturado por um demônio chamado Pancajana. Esse grande demônio, em geral, fica no fundo da água na forma de um búzio. O filho de Seu mestre deve estar dentro da barriga do demônio, tendo sido devorado por ele”.

Ouvindo isso, Krishna mergulhou fundo na água e agarrou o demônio Pancajana. Matou-o ali mesmo, mas não pôde encontrar o filho de Seu mestre dentro da barriga dele. Então, pegou o cadáver do demônio (na forma de búzio) e voltou para Sua quadriga na praia de Prabhasa-kshetra. Dali, partiu para Samyamani, a residência de Yamaraja, o superintendente da morte. Acompanhado por Seu irmão mais velho, Balarama, também conhecido como Halayudha, Krishna chegou lá e tocou Seu búzio.

Ouvindo a vibração, Yamaraja apareceu e recebeu Sri Krishna com todas as respeitosas reverências. Yamaraja podia entender quem eram Krishna e Balarama, em razão do que ofereceu imediatamente seu humilde serviço ao Senhor. Krishna aparecera na superfície da Terra como um ser humano comum, mas, de fato, Krishna e Balarama são a Superalma que vive dentro do coração de toda entidade viva. Eles são o próprio Vishnu, mas estavam fazendo o papel de meninos humanos comuns. Enquanto Yamaraja oferecia seus serviços ao Senhor, Sri Krishna pediu-lhe que devolvesse o filho de Seu mestre, que ele obtivera como resultado de seu trabalho. “Considerando Meu comando supremo”, disse Krishna, “você deve devolver imediatamente o filho de Meu mestre”.

Yamaraja, então, devolveu o menino à Suprema Personalidade de Deus, e Krishna e Balarama levaram-no a seu pai. Os irmãos perguntaram se Seu mestre tinha mais alguma coisa para pedir-Lhes, diante do que ele respondeu: “Meus queridos filhos, Vocês fizeram bastante por mim. Agora estou completamente satisfeito. O que mais pode faltar a um homem que tem discípulos como Vocês? Meus queridos filhos, podem agora ir para casa. Esses Seus atos gloriosos serão sempre famosos no mundo inteiro. Vocês estão acima de toda bênção, mas é meu dever abençoá-lOs. Por isso, eu Lhes dou a bênção de que tudo o que Vocês disserem permanecerá eternamente recente, assim como as instruções dos Vedas. Seus ensinamentos serão honrados não só neste universo ou neste milênio, mas em todos os lugares e épocas, e permanecerão cada vez mais novos e importantes”. Devido a essa bênção de Seu mestre, a Bhagavad-gita do Senhor Krishna está cada vez mais nova, e é famosa não só neste universo, mas em outros planetas e em outros universos também.

Tendo recebido a ordem de Seu mestre, Krishna e Balarama voltaram imediatamente para casa em Sua quadriga.

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Segunda-feira, 17 de Outubro de 2016

Kartik - Mês Lunar de Damodara

 

 

 

 

Em 2016 começa dia 16 de outubro o mês lunar de Damodara. Durante este período, chamado Kartk, cantamos todos os dias a canção Damodarastaka, onde meditamos na forma infantil de Krishna e a relação amorosa materna com Deus, exemplificada por Yasoda, que faz o papel de mãe de Krishna.

 

 

Nesta época é muito auspicioso oferecer uma mechinha de ghee para Krishna todos os dias.

 

Aqui uns vídeos no YouTube onde poderá escutar a canção (ou tocar para cantar junto durante estes dias!). Em anexo a letra.

 

Radhanatha Swami em Mayapur: http://www.youtube.com/watch?v=5bpl1puoGxo.

 

Devotos de Nova Goloka (EUA): http://www.youtube.com/watch?v=gwZal4ry-7Y.

 

Versão em Estúdio de Gravação por Srimathumitha: http://www.youtube.com/watch?v=z68Ccgk0i64.

 

O mês lunar de Damodara termina dia 15 de novembro.

 

É uma época muito auspiciosa e propícia para reforçar nossa devoção, aproveitem!

 

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Sexta-feira, 14 de Outubro de 2016

Debate - Jesus É o Único Caminho?

 

 

H.D. Goswami

O que pensam as pessoas quando têm liberdade de pensamento?

O que realmente leva pessoas a tomarem uma decisão – “isso é verdade” ou “isso não é verdade” – é a intuição profunda, porque Deus está no coração. Por exemplo, tome a alegação: “Jesus é o único caminho, não há outro caminho para Deus a não ser Jesus”. Verificamos que essa alegação foi aceita pela maioria das pessoas ao longo da história apenas em sociedades onde havia coação muito extrema e violenta. Em outras palavras, de fato não verificamos que uma quantidade significativa de pessoas, por períodos significativos de tempo, acreditaria nisso se não houvesse coerção violenta. Não estou dizendo que Jesus não é divino – pessoalmente acredito que Jesus é divino, e há muitas pessoas boas que aceitam Jesus como divino. Porém, meu ponto é especificamente este: quantidades significativas de pessoas, por períodos significativos de tempo, não acreditavam que Jesus seria o único caminho; algo que, em primeiro lugar, o próprio Jesus nunca ensinou.

Se analisarmos sociedades livres, onde não há coerção intensa de uma forma ou de outra, muitas pessoas respeitam e amam Jesus, e também entendem que existem outros caminhos. De fato, o estudo sério mais recente feito pela Fundação Pew, provavelmente o principal grupo que faz pesquisas sobre atitudes das pessoas com relação à religião nos Estados Unidos (um país conhecido por ter pessoas do tipo “fanáticas consumadas”) descobriu que 2/3 dos cristãos norte-americanos – quer sejam protestantes, católicos ou ortodoxos – acreditam que o indivíduo pode ir para o céu de outra maneira além de Jesus.

Por exemplo, quando eu morava em Davidson, uma cidade universitária muito bonita na Carolina do Norte, um dos meus vizinhos era o pastor de uma Igreja Episcopal. Ele era um sujeito inteligente e muito agradável; costumávamos conversar quando nos esbarrávamos nessa pequena cidade. Uma vez, estávamos conversando e eu o questionei: “Você afirma que Jesus é o único caminho e que o que estou praticando não é um caminho válido?” Sua resposta foi muito interessante: Ele disse: “Jesus é o único caminho, mas não necessariamente para todos”. Penso que essa resposta foi muito inteligente e razoável.

Tradução de Dhananjaya Dasa.

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Sexta-feira, 7 de Outubro de 2016

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O CURSO PARA DISCÍPULOS NA ISKCON!

 

 
 
Última turma do ano!!!
 
 

 
O Curso para discípulos na ISKCON é um programa de formação projetado para devotos que se preparam para receber iniciação espiritual, mas também é recomendado para líderes, pregadores, conselheiros e educadores da ISKCON.
A formulação do curso se deu ao longo de um período de dois anos sob a direção do Guru Services Committee do GBC, com os esforços combinados de educadores de destaque dentro da ISKCON.
Todo o material didático e o modelo pedagógico do curso baseia-se nos ensinamentos de Srila Prabhupada, na atual Lei da ISKCON e apresenta referências das escrituras da tradição gaudya vaishnava de forma muito ampla.
As vagas são limitadas, portanto faça já sua inscrição pelo site http://institutojaladuta.com/curso-discipulos/!

 

 
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Segunda-feira, 26 de Setembro de 2016

Curso de Comunicação da ISKCON

 

 

O Curso de Comunicação da ISKCON é considerado um dos cursos mais iluminadores disponível de forma bem simples e prática.

 

A quem está dirigido?

A todos os devotos, da congregação e residentes de templos, que tenham interesse em melhorar suas habilidades e estratégias de comunicação, os relacionamentos interpessoais e a forma na qual se apresenta o movimento para outras pessoas. 

 

Como é o sistema de ensino?

O sistema de ensino integra um ambiente virtual de ensino onde o estudante participa de exercícios, fóruns de discussão e vídeos, junto com videoconferências ao vivo, no sistema de ensino EAD (ensino à distâcia).

 

Qual a duração e o conteúdo do curso?

O curso tem uma duração de 6 semanas que incluem diferentes atividades interativas, para que os estudantes possam desenvolver a compreensão e habilidades de como lidar com o público em geral em audiências chave, tais como: a mídia, convidados, outras religiões, o governo e nossas comunidades de devotos. Analisaremos os êxitos e fracassos nas diferentes estratégias de comunicação da ISKCON, e aprenderemos a como aplicar melhores recursos comunicativos de acordo com tempo, local e circunstancia.

 

Facilitadora: Mitravinda devi dasi.

Acreditada pelo VTE (Vaishnava Training and Education) para ministrar este curso oficial do Ministério de Comunicação da ISKCON.

 

Informações e inscrição:

www.institutojaladuta.com

 

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Sexta-feira, 23 de Setembro de 2016

O Avatar: Concepções Digital, Cristã, Monista e de Bhakti

 

 

por Chaitanya-charana Dasa

 

 

O conceito de avatar no mundo dos jogos, na teologia cristã e na filosofia monista têm um elemento em comum: na transposição de um mundo para outro, quem o faz não permanece o mesmo – o avatar de bhakti possui uma lógica diferenciada.

Central no conceito de avatar está a ideia de transpor de um reino para outro. Em seu contexto filosófico original, em sânscrito, avatar se refere à Verdade Absoluta descer do mundo espiritual para o mundo material. A existência do Divino além deste mundo se chama “transcendência”, ao passo que Sua existência neste mundo se chama “imanência”. A questão de como o transcendente pode Se tornar imanente intrigou muitos pensadores ao longo da história. Para compreendermos um pouco da profundidade do assunto, consideremos as concepções de avatar no mundo digital, no cristianismo, no monismo e em bhakti.

Avatar Digital

A palavra sânscrita avatar se tornou bem conhecida no mundo devido a um sucesso de bilheteria de Hollywood e a jogos de RPG de computador. No uso contemporâneo, avatar se refere a um ícone ou personagem tridimensional representando uma pessoa em ambientes virtuais, como videogames e fóruns de internet. Nesse uso, a “transposição” implícita no avatar é do mundo físico para o mundo digital. Nosso avatar digital é um passo para fora da realidade de quem somos. Mesmo se nosso avatar no videogame for hábil em fazer muitas coisas, ele não tem consciência alguma. Sua consciência aparente resulta da projeção de nossa consciência nele através do mecanismo de interface do jogo. Então, quando nos referimos a algo inconsciente como nossa avatar, concebemo-nos em termos reduzidos. Essa redução é reveladora, pois aponta para duas linhas de pensamento distintas:

  1. Uma concepção mecânica do eu, que nos faz pensar que podemos ser representados por um perfil digital que é tão inconsciente quanto os elétrons que constituem o mundo digital.
  2. Uma ansiedade por se transpor para uma realidade diferente de nossa realidade mundana atual com toda sua nulidade.

Criação de um avatar em um jogo de computador.

Embora a palavra avatar, tradicionalmente, refira-se ao advento da Verdade Absoluta para este mundo, o uso contemporâneo da palavra se refere ao eu, e não ao Absoluto. Ainda assim, os problemas da “transposição” associados com a noção de avatar vêm à tona quando aplicados ao eu também, pois o avatar e o eu são distintos.

Encarnação Cristã

O termo “avatar” é frequentemente traduzido por “encarnação”. Essa palavra é intrincadamente associada a concepções abraâmicas acerca de como o Divino Se manifesta neste mundo. No cristianismo, a palavra “encarnação” se refere, em geral, a Jesus, que é tido como Deus em um advento de carne como um ser humano. Jesus nasceu em uma família judia que era fortemente messiânica, movida pela ansiedade de aguardar um messias que libertaria as pessoas de seus vários problemas. Com base nos ensinamentos e milagres de Jesus, seus seguidores o consideraram o messias. Essa noção foi negada por alguns diante de sua crucificação, mas foi reforçada por outros devido à alegada ressurreição. Por quase quatro séculos depois, a identidade de Jesus foi uma questão de debate vigoroso, ou mesmo “amargo”, na comunidade cristã. Por fim, o Credo Niceno elevou Jesus de “messias” a “encarnação”. O Credo determinou que a divindade de Cristo se manifestara na humanidade de Jesus, que era, por conseguinte, tanto completamente humano quanto completamente divino. Todavia, atribuir completa divindade a ele foi algo problemático, haja vista a memória histórica inegável e recente da vida de Jesus como um humano. A própria Bíblia insuflava o problema com declarações como: “O Pai é maior do que eu”. (João 14:28) Enquanto algumas citações apoiam a unidade do Pai e do Filho, a Bíblia também indica que essa “unidade” com Deus não é exclusiva dele, senão que pode ser obtida por outros também: “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em mim, e eu em Ti; que também eles sejam um em nós.” (João 17:21)

“E o verbo se fez carne.”

Essa falta de clareza dos limites entre humano e divino na concepção da identidade de Jesus reflete a falta de clareza ainda maior dos limites de matéria e espírito na filosofia cristã. A Bíblia se refere à alma, mas não a descreve claramente, nem a diferencia categoricamente do corpo – é frequentemente utilizada como uma referência metafórica para nossa essência imaterial. Com essa ambiguidade ontológica em relação à alma, surgiu a noção de que todo crente fiel receberia uma ressurreição corpórea, como aconteceu com Jesus. Aqui, mais uma vez, vemos como concepções do Divino se entrelaçam com concepções do eu.

Avatar Monista

Monistas defendem que a realidade é constituída, em última instância, de uma substância. Tecnicamente, materialistas que dizem que a matéria é tudo o que existe também são monistas – são monistas materialistas. Convencionalmente, porém, o termo “monista” se refere a espiritualistas que defendem que uma substância espiritual é tudo o que existe. Para tais monistas, o mundo material, com toda sua variedade, é, por fim, uma ilusão. Também sustentam que nossa autoconcepção como seres individuais também é uma ilusão. Acreditam que libertação é se fundir na unidade não-diferenciada do Absoluto.

Para os monistas, a matéria é simplesmente uma ilusão; o espírito é tudo o que existe, e é uma unidade não-diferenciada. Assim, na visão de mundo monista, não existe mundo material para se transpor, tampouco existe um ser espiritual supremo para fazer essa transposição.

Na tradição monista, o avatar é uma ilusão útil, mas que, no final, deve ser dispensada.

Monistas tentam solucionar tais problemas em sua filosofia atribuindo uma realidade provisória para a matéria – a matéria é vista como real enquanto as pessoas estão em consciência material, ou, em outras palavras, em ilusão. Defendem que o avatar também está nessa realidade provisória – o absoluto impessoal se torna pessoal temporariamente durante o período do advento. O avatar, assim, é tratado como uma ilusão útil, a qual pode nos ajudar a resistir às ilusões danosas da existência material: os muitos objetos dos sentidos que nos persuadem em direção aos prazeres mundanos. Quando focamos nossa consciência no avatar, podemos nos desapegar dos objetos dos sentidos e nos situarmos em um modo relativamente elevado: a bondade. Ainda assim, independente de quão útil ou prestativo, o avatar é tido, em última instância, como uma ilusão – uma ilusão que precisa ser dispensada para se obter a libertação. Assim, o monismo não trata o avatar como uma realidade espiritual, mas como uma ficção conveniente e útil para o crescimento espiritual.

Avatar de Bhakti

Enquanto o cristianismo sustenta que a encarnação é, de alguma forma, tanto material quanto espiritual, e o monismo advoga que o avatar é material, bhakti explica que o avatar permanece espiritual mesmo enquanto está no mundo material.

Para entendermos como isso é possível, precisamos primeiramente compreender como bhakti entende a relação entre matéria e espírito. A Bhagavad-gita, em seu segundo capítulo, apresenta uma dualidade radical entre matéria e espírito. O espírito é descrito como não tendo nenhum dos atributos da matéria – a alma não nasce nem morre (2.20) e é imutável, estando além de fragmentação, incineração, dissolução e dissecação (2.24-25). A Gita, porém, balanceia essa dualidade radical com uma unidade orgânica em seu sétimo capítulo, onde se declara que tanto a matéria quanto o espírito são energias da mesma Verdade Absoluta (7.4-5). O espírito ser uma energia do Absoluto deixa implícito que o Absoluto está situado não apenas do lado espiritual da divisão matéria e espírito, mas que está situado no ápice da realidade espiritual. A Gita (10.12) revela que essa Verdade Absoluta é Krishna, declarando que Ele não é apenas brahma (espírito), mas param brahma (o Espírito Supremo). O Srimad-Bhagavatam (8.3.4), outro texto de bhakti destacado, reitera essa posição do Absoluto ao declarar que Ele é parat parah, o que Srila Prabhupada explica como sendo que “Ele é transcendental ao transcendental”, ou “acima de toda transcendência”. Com esse plano de fundo metafísico, estamos melhor preparados para entender como o avatar permanece espiritual mesmo no mundo material.

Krishna, segundo a Bhagavad-gita, não é influenciado pela natureza material mesmo quando está nela.

Para ilustrar, Srila Prabhupada, algumas vezes, dava o exemplo da eletricidade: é uma só energia que pode se manifestar como calor através de um aquecedor e como frio através de um ar-condicionado. Pensemos ainda nos aparelhos que podem, pelo girar de um botão, passar de aquecedor para ar-condicionado. Aquele que controla esse aparelho pode, à vontade, se valer da mesma energia elétrica para aquecer ou esfriar. Se a existência é como uma máquina, Krishna é como o controlador. Girando o botão de Sua onipotência, Ele pode impedir que a energia material atue materialmente sobre Ele até mesmo quando Ele Se manifesta no mundo material.

Embora a Bhagavad-gita não utilize a palavra específica “avatar”, fala sobre o advento do divino no capítulo 4, nos versos de 6 a 10. A Gita começa essa discussão declarando que Krishna permanece o Senhor imperecível de todos os seres vivos até mesmo quando Ele entra na natureza material, que pertence a Ele. Essa declaração indica que Ele não fica sob o controle da natureza material, que sentencia todos os seres corporificados através do fluxo inexorável do tempo à deterioração e destruição.

A transcendência eterna do avatar grifa uma diferença sutil entre “avatar” e a tradução “encarnação”. Etimologicamente, “encarnação” significa “entrar na carne”. Krishna, entretanto, não faz Seu advento em uma forma de carne; Ele permanece transcendental.

Não obstante, instrutores de bhakti frequentemente introduzem audiências ao conceito de avatar com a tradução “encarnação”. Fazendo isso, evitam de colocar sobre nós o fardo de uma dupla falta de familiaridade: tanto um termo estranho quanto um conceito estranho. Termos são instrumentos verbais para conceitos mentais. Ao primeiramente nos darem um meio familiar para acessarmos um conceito estranho e, em seguida, explicarem as dimensões estranhas do conceito, eles nos ajudam a progredir até a compreensão, com um passo de cada vez.

Quando Krishna faz Seu advento neste mundo e realiza Seus passatempos, Ele faz com que este mundo deixe de ser um palco para exibição de ilusão e o torna um palco para exibição da realidade espiritual mais elevada: os passatempos amorosos entre Ele e Seus devotos. A Gita (4.9) declara que aqueles que se atraem pelo advento e pelas atividades de Krishna, entendendo Sua posição transcendental, não renascem – senão que alcançam Sua morada eterna.

Trailer e Trilha

O passatempo que o avatar realiza serve a duas funções extraordinárias: como trailer e como trilha.

Trailer: O amor é nossa aspiração mais profunda; todos nós desejamos amar e sermos amados. Contudo, devido à natureza temporária das coisas neste mundo, nossa avidez por amor é frustrada – inevitável e repetidamente.

Os passatempos de Krishna são atuações do amor que jamais é frustrado.

Os passatempos de Krishna são atuações do amor que jamais é frustrado – o amor puro e espiritual entre o todo-atrativo Supremo e Seus devotos que segue eternamente no mundo espiritual. Quando Krishna faz Seu advento neste mundo, Ele realiza alguns desses passatempos aqui, dando-nos vislumbres provocativos de uma região onde nossa avidez por amor pode ser satisfeita eterna e perfeitamente. Assim, Seus passatempos servem como um trailer com a finalidade de nos atrair para Sua morada.

Trilha: Aqueles com um entendimento superficial dos passatempos de Krishna pensam que se tratam de histórias destinadas a entreter. Quem compreende esses passatempos verdadeiramente, porém, sabe que não são mero entretenimento, mas algo em que podemos ingressar – eles ocorrem na realidade espiritual eterna, à qual nós, como almas espirituais, partes de Krishna, pertencemos.

Para adentrarmos essa realidade, precisamos redirecionar nosso coração do mundo para Krishna. Para esse redirecionamento, Seus passatempos proporcionam tópicos encantadores e purificantes, os quais podemos contemplar, analisar e desfrutar. Quanto mais pensamos em Krishna dessa maneira, mais nosso coração se atrai por Ele e mais progredimos em direção a Ele. 

De modo geral, o avatar demonstra a centralidade do amor no crescimento espiritual. É o amor de Krishna por nós que inspira o transcendental a se tornar imanente, e é nosso amor por Ele que nos permite transpormos da matéria para o espírito, experimentarmos nossa identidade além da matéria e nos situarmos na realidade espiritual.

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publicado por o editor às 14:09
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Terça-feira, 6 de Setembro de 2016

Dia 9 celebramos Radhastami, o dia de aparecimento de Radharani!

 

 

 

 

 

O Advento de Srimati Radharani

 

 

Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada

 

Em palestra realizada em Montreal, 30 de agosto de 1968, o acharya-fundador da ISKCON fala sobre a grandiosidade da filosofia de Radha-Krishna.

 

Hoje é Radhashtami, o aniversário de Srimati Radharani. Radharani é a potência de prazer de Krishna, o qual, por Sua vez, é o Brahman Supremo, como encontramos no Bhagavad-gita (10.12):

 

param brahma param dhama

pavitram paramam bhavan

purusham shashvatam divyam

adi-devam ajam vibhum

 

“Sois a Suprema Personalidade de Deus, a morada derradeira, o mais puro, a Verdade Absoluta [param brahma]. Sois eterno, transcendental, a pessoa original, o não nascido, o maior”.

 

Krishna é o Brahman Supremo e, quando o mesmo quer desfrutar, Ele não Se vale da matéria para isso. A postura de desfrute está presente no Brahman Supremo, ou param brahma. Do contrário, não poderíamos ter esse espírito de desfrute. Porque somos partes integrantes do Brahman Supremo, temos essa postura de desfrute, mas, em nós, é materialmente contaminada. É fato, no entanto, que, porque Krishna desfruta, a postura de buscar desfrute também existe em nós, mas não sabemos como desfrutar. Estamos tentando desfrutar na matéria, a qual é, por natureza, embotada. Brahma-sukhanubhutya (Srimad-Bhagavatam 10.12.11): as pessoas estão tentando sentir o que é o brahma-sukha, o prazer de brahmanubhava, o que não é prazer material. Muitíssimos yogis abandonaram sua vida familiar e seu reino e adotaram a meditação para alcançar o prazer do Brahman. Na verdade, a meta é o prazer do Brahman. Muitíssimos brahmacharis e sannyasis estão tentando obter o prazer do Brahman e, a fim de obter semelhante sorte de prazer, estão negligenciando e rejeitando todo prazer material. Vocês acham que o prazer do Brahman é um prazer ordinário como este prazer material se, a fim de obterem uma porção do prazer do Brahman, grandes personalidades rejeitam todo este prazer material?

 

Não falemos de nós, porquanto somos homens comuns. Na história, temos grandes exemplos, como aquele de Bharata Maharaja, devido a cujo nome este planeta se chama Bharatavarsha. Bharata Maharaja foi o imperador do mundo inteiro e, como imperador, tinha sua bela esposa e seus jovens filhos. Com a idade de vinte e quatro anos, no entanto, quando apenas um rapaz, ele abandonou tudo. Talvez alguém diga que esta é uma história muito antiga, é claro, mas vocês conhecem o Senhor Buddha, o qual também era príncipe. Buddha não era um homem comum, mas sim príncipe, kshatriya, e ele estava sempre desfrutando com belas mulheres, pois o costumeiro prazer palaciano nos países orientais era que, no palácio, havia muitas belas moças, e elas estavam sempre dançando e dando prazer aos reis e aos príncipes. Assim, o Senhor Buddha também estava envolto por tal prazer, mas ele abandonou tudo e começou a meditar.

 

Há muitas centenas de casos na história da Índia de personalidades que, para auferirem o prazer do Brahman, abandonaram tudo. Esse é o caminho. Tapasya significa voluntariamente aceitar algo rigoroso para lograr o prazer supremo. Então, entendamos: se, para saborear um pouco do prazer do Brahman, todos os prazeres materialistas estão sendo abandonados, é possível acharmos que o Brahman Supremo, o Senhor Krishna, desfrutará deste prazer material? Isso é razoável? Krishna está desfrutando, lakshmi-sahasra-shata-sambhrama-sevyamanam (Brahma-samhita 5.29): “Centenas e milhares de deusas da fortuna estão ocupadas a Seu serviço”. É possível pensarmos que essas lakshmis, deusas da fortuna, são mulheres materiais? Como Krishna pode obter prazer nas mulheres materiais? Pensar isso é engano. Ananda-chinmaya-rasa-pratibhavitabhis tabhir ya eva nija-rupataya kalabhih: Na Brahma-samhita (5.32), vocês encontrarão que Ele expande Sua ananda-chinmaya-rasa, “a nuança da transcendental potência de prazer”, e as gopis, entre as quais Radharani é a principal, são expansões de Sua potência de prazer.

 

Radharani é o centro, de modo que não devemos pensar que Ela é uma mulher comum, assim como temos a nossa esposa ou irmã ou mãe. Não. Radharani é a potência de prazer, e o Seu nascimento não foi a partir do ventre de algum ser humano, senão que Ela foi encontrada por Seu pai no campo. Enquanto o pai arava o solo, ele viu que uma criancinha estava ali. Ele não tinha filhos, então ele pegou a criança e a apresentou à rainha, sua esposa: “Temos aqui uma excelente criança”. “Como obtiveste tal criança?”. “No campo”. Apenas vejam. O janma, ou nascimento, de Radharani é assim, o qual se deu hoje.

 

O nome Radha às vezes não é encontrado no Srimad-Bhagavatam, em virtude do que os membros da classe ateísta protestam com perguntas como esta: “De onde surge este nome Radharani?”. O ponto, contudo, é que eles não sabem como vê-lo. No Srimad-Bhagavatam (10.30.28), encontramos anayaradhitah. Não obstante a existência de muitas gopis, existe a menção de que, por essa gopi em particular, Ele é servido mais prazerosamente, ou, em outras palavras, Krishna aceita o serviço dessa gopi com mais prazer. A palavra aradhyate significa “adoração”. Desta palavra aradhyate, vem Radha. O nome de Radha, contudo, está presente em outros Puranas. Assim, esta é a origem.

 

Radha e Krishna. Krishna é o desfrutador, e Ele quer desfrutar. Então, uma vez que Ele é o Brahman Supremo, Ele não pode desfrutar de algo externo, dado Seu atributo de atmarama, “autossatisfeito”. Ele, portanto, desfruta em Si mesmo. Radharani, por conseguinte, é a expansão de Sua potência de prazer, daí se afirmar que Krishna não tem que buscar por coisas externas para o Seu prazer, sendo Ele pleno em Si mesmo. Radharani, destarte, é expansão de Krishna: Krishna é o energético, e Radharani é a energia. Assim como não é possível separar a energia do energético; onde quer que Krishna esteja presente, está presente Radha, e onde quer que Radha esteja presente, está presente Krishna. O fogo e o calor você não pode separar: em todo lugar onde há fogo, há calor, e onde quer que haja calor, há fogo. Igualmente inseparáveis são Radha e Krishna, mas Ele está desfrutando.

 

Svarupa Damodara Gosvami descreveu esta intrincada filosofia de Radha e Krishna em um excelente verso, o qual diz:

 

radha krishna-pranaya-vikritir hladini shaktir asmad

ekatmanav api bhuvi pura deha-bhedam gatau tau

chaitanyakhyam prakatam adhuna tad-dvayam chaikyam aptam

radha-bhava-dyuti-suvalitam naumi krishna-svarupam

(Chaitanya-charitamrita, Adi 1.5)

 

Radha e Krishna é o Supremo único, mas, a fim de desfrutar, Eles Se dividiram em dois, e, no Senhor Chaitanya, juntaram-Se novamente os dois em um. Esse “um” indica Krishna no êxtase de Radha. Algumas vezes, Krishna fica no êxtase de Radha, e, outras vezes, Radha fica no êxtase de Krishna, o que continua. O ponto, no entanto, é que “Radha e Krishna” significa o único, o Supremo.

 

A filosofia de Radha-Krishna é uma filosofia muito grandiosa, a qual deve ser entendida no estágio liberado, e não no estágio condicionado. Quando adoramos Radha-Krishna em nosso estágio condicionado; adoramos, na verdade, Lakshmi-Narayana. Raga-marga e viddhi-marga: a adoração a Radha-Krishna está na plataforma de amor puro, raga-marga, ao passo que a adoração a Lakshmi-Narayana está na plataforma dos princípios reguladores, viddhi-marga. Enquanto não desenvolvermos o nosso amor puro, teremos que adorar com base nos princípios reguladores: o indivíduo tem que se tornar brahmachari, tem que se tornar sannyasi, tem que fazer a adoração de determinada maneira, tem que levantar de manhã, tem que oferecer artigos – muitíssimas regras e regulações. Existem pelo menos sessenta e quatro regras e regulações, as quais introduziremos gradualmente, à medida que vocês se desenvolvam.

 

Assim, em viddhi-marga, quando não temos amor por Deus, ou Krishna, temos que seguir a prática dos princípios reguladores, até que o tenhamos automaticamente. Quando vocês praticam tocar o tambor mridanga, por exemplo, não fica harmonioso no começo, mas, quando bem versados na prática, o som será produzido muito bem. Analogamente, quando estamos ocupados pelos princípios reguladores na adoração a Radha-Krishna, isso se chama viddhi-marga, ao passo que, quando você está realmente na plataforma amorosa, isso se chama raga-marga. Então, se alguém quer aprender raga-marga imediatamente, sem viddhi-marga, isso é tolice, haja vista que ninguém pode passar no mestrado sem passar pelos princípios reguladores do ensino fundamental, médio e superior. Diante disso, eu não me ocupo em discussões de Radha e Krishna muito facilmente. Em vez de o fazermos, prossigamos com o princípio regulador no momento presente. Gradualmente, à medida que vocês se tornarem purificados, à medida que vocês se situarem na plataforma transcendental, vocês entenderão o que é Radha-Krishna, mas não tentem compreender Radha-Krishna muito rapidamente, porquanto é um tema muito amplo. Se quisermos compreender Radha-Krishna muito rapidamente, haverá muitíssimos prakrita-sahajiyas.

 

Na Índia, há prakrita-sahajiyas, os quais tornaram a dança de Radha-Krishna, por exemplo, um brinquedo. Nas pinturas de Radha-Krishna deles, Krishna está beijando Radha e Radha O está beijando. Tudo isso é disparate, pois a filosofia de Radha-Krishna tem que ser compreendida pela pessoa liberada, não pela alma condicionada. Devemos aguardar, portanto, pelo afortunado momento em que estaremos liberados, então compreenderemos radha-krishna-pranaya-vikritir. Tentem compreender que Krishna e Radha não estão no âmbito material. A análise de Jiva Gosvami, em resumo, é que Krishna é o Brahman Supremo, e o Brahman Supremo não pode aceitar algo material, logo Radha não está no âmbito material.

 

Existe uma excelente canção, de autoria de Rupa Gosvami.

 

radhe jaya jaya madhava-dayite

gokula-taruni-mandala-mahite

damodara-rati-vardhana-veshe

hari-nishkuta-vrinda-vipineshe

vrishabhanudadhi-nava-shashi-lekhe

lalita-sakhi guna-ramita-vishakhe

karunam kuru mayi karuna-bharite

sanaka-sanatana-varnita-charite

(Radhika-stava)

 

Esta canção foi cantada por Rupa Gosvami, aquele a de fato ter compreendido Radha e Krishna. Então, ele diz radhe jaya jaya, “todas as glórias a Radharani”; madhava-dayite, “a qual é muito querida a Krishna”. Todos estão tentando amar Krishna, mas Krishna está tentando amar Radharani, de modo que podemos tentar compreender quão grandiosa Ela é. Todas as entidades vivas, no universo inteiro, estão tentando amar Krishna – krishna-prema. O Senhor Chaitanya disse que prema-pumartho mahan, isto é, “a meta mais elevada é amar Krishna”. E Rupa Gosvami descreveu: “Estás distribuindo krishna-prema, ó Chaitanya”. Assim, embora krishna-prema seja algo valiosíssimo, Krishna está buscando por Radharani. Apenas vejam o quanto Radharani é grandiosa! Apenas tentemos entender a grandeza de Radharani! Ela é grandessíssima, em razão do que temos que oferecer os nossos respeitos: radhe jaya jaya madhava-dayite.

 

Como Ela é? Gokula-taruni-mandala-mahite. Taruni significa “mocinhas”. Vocês podem ver nas pinturas que elas, as gopis, são todas mocinhas. De todas as mocinhas, entretanto, Radharani é a mais bela. Ela é encantadora às mocinhas também, pois Ela é belíssima. Damodara-rati-vardhana-veshe: Ela sempre Se veste tão bem que Damodara, Krishna, atrai-Se pela beleza dEla. Hari-nishkuta-vrinda-vipineshe: Ela é o único objeto amável de Krishna, e Ela é a rainha de Vrindavana. Caso vocês forem a Vrindavana, vocês verão que todos estão adorando Radharani. Rani significa “rainha”. Todos lá estão sempre falando: “Jaya Radhe!”. Todos os devotos em Vrindavana são adoradores de Radharani. Vrishabhanudadhi-nava-shashi-lekhe: Ela apareceu como a filha do rei Vrishabhanu. Lalita-sakhi guna-ramita-vishakhe: Suas companheiras são Lalita-sakhi e Vishakha-sakhi. Então, em nome dos devotos puros de Krishna, Rupa Gosvami está orando, karunam kuru mayi karuna-bharite. “Ó minha adorável Radharani, sois plena de misericórdia, em virtude do que estou implorando por Vossa misericórdia. Visto que sois deveras misericordiosa, muito facilmente concedeis Vossa misericórdia. Não deixarei, portanto, de implorar por Vossa misericórdia”. Neste ponto, alguém talvez dissesse: “Rupa Gosvami, és tão grandioso, és um estudioso erudito, uma personalidade tão santa, e está implorando pela misericórdia de uma mocinha comum? Como é isso?”. Portanto, Rupa Gosvami diz, sanaka-sanatana-varnita-charite: “Não se trata de uma moça comum. Apenas grandes personalidades santas, como Sanaka-Sanatana, podem descrever tal moça, logo Ela não é uma moça qualquer”.

 

Assim, a lição é que não devemos tratar Radharani como uma garota comum, ou Krishna como um homem comum. Eles são a Suprema Verdade Absoluta. Na Verdade Absoluta, todavia, existe a potência de prazer, a qual é exibida nas relações de Radha e Krishna, e todas as gopis são expansões de Radha.

 

Se gostou deste material, também gostará destes: Sagrado Feminino, Uma Introdução às Deusas Védicas e Seus Segredos, Srimati Radharani: Gênero, Divindade  e Amor na Forma da Deusa Dourada, Radharani, o Lado Feminino de Deus, A Harmonia Interna de Sitadevi.



Do Blog Volta ao Supremo. Leia outros artigos em www.voltaaosupremo.com.

 

publicado por o editor às 15:01
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