Pauliceia de mil dentes
de Maria José Silveira
Selo: leia
Formato: 14 x 21 cm
Nº de páginas: 334
Quem conhece Maria José sabe de seu arrojo e ousadia e que isso tem muito de São Paulo. O caos, o submundo as questões de gênero a sintese de todos os cantos, tribos e sabe-se lá mais o que. Vale ler de um só sopro e como Ítalo Moriconi escreve - “Maria José constrói uma visão caleidoscópica da cidade. São Paulo caleidoscópica, estroboscópica, rizomática, nervosamente arlequinal.”
O LIVROUma invasão a um famoso escritório de advocacia por um jovem de família tradicional, que faz a ex-namorada que o rejeitou e a faxineira da firma como suas reféns, estrutura o enredo do romance. E é em torno desse incidente que as vidas dos personagens se cruzam: um estilista bem-sucedido, autor de uma concepção inovadora na indústria da moda é casado com uma das advogadas do escritório de advocacia. Ela tem como cliente uma cantora transexual que, feita sua mudança de sexo, deseja mudar sua carteira de identidade. O motorista de uma van escolar, irmão da cantora transexual, é namorado da dona de um salão da Mooca cuja filha é a jovem refém no escritório, e namorada do motoboy da mesma empresa, rebelde e apaixonado.
Os capítulos são intercalados por cenas com personagens secundários que se conectam aos principais e mostram diferentes tipos de vida e dramas observados nas pulsões e movimentos da cidade: a mãe do motoboy é guardadora de carros e vendedora de uma banca de lanches na região da Paulista. Moram na periferia e são vizinhos da faxineira do escritório, que tem duas irmãs – uma vendedora de perfumes e outra desempregada. Uma dessas irmãs funda a Igreja da Permissão Divina, com um pastor que já foi ladrão e preso. O pai do jovem invasor é industrial, sua mãe socialite, e sua tia uma arquiteta frustrada que se esforça para tomar uma direção na vida. O jovem é também amigo de um diretor de teatro, filho do amante de sua avó, viúva e multimilionária.
Pauliceia de Mil Dentes é um romance sobre uma cidade: a São Paulo de hoje.
TRECHO DO LIVRO Pastor Jonerval, personagem do meu novo romance, “Pauliceia de mil dentes.” Jonerval teve uma vida difícil e a cena abaixo é da época em que ele esteve na cadeia, antes de se tornar pastor:
“Na cela da prisão, em certas madrugadas quando o mundo como que parava, os roncos paravam, as pisadas paravam, os ruídos dos insetos paravam; nessas horas raras, nesses momentos absolutos de silêncio, ele deslizava do beliche e deitava a cabeça na parte mais úmida do chão de cimento e escutava o barulho da água encarcerada lá embaixo, água sofrendo o mesmo destino daqueles homens também encarcerados por seus crimes, mas água inocente, água de algum córrego cujo lamento ele escutava dali, e pedia perdão. Mesmo que Deus, em sua inexpugnável fortaleza de saber, tenha permitido isso, mesmo assim, ele pedia perdão. Não a Deus, mas aos rios. E hoje diz na sua igreja, nos dias que a mocinha Rubi não está por perto, ela não gosta de ouvir essas coisas, ele diz, Perguntem aos rios para onde vão as cidades que os enterram. Os rios respondem, eles não se recusam a responder. Todo ano eles respondem, com novas e novas e mais enchentes que levam o que estiver pela frente. Mas os homens se recusam a entender a linguagem das águas. E é por essa desmedida ignorância do homem que Deus lhes permite preparar o cataclismo aniquilador, o fim do mundo, a hora fustigadora e nossa, Amém.”
A AUTORAMaria José Silveira nasceu em Jaraguá (GO), mora em São Paulo, mas já passou por Nova Iorque, Paris e Lima. É formada em Comunicação (Universidade de Brasília), em Antropologia (Universidad Nacional Mayor de San Marcos – Lima, Peru) e mestre em Ciências Políticas (pela Universidade de São Paulo). Em 1980 fundou a Editora Marco Zero, da qual foi diretora até 1998. Maria José ainda trabalhou como editora
na Cosac&Naify.
Mas o que vem rendendo muitas alegrias à Maria José é sua carreira de escritora, pois desde que estreou em 2002, já obteve vários prêmios. Começou inventando histórias com os personagens da Emília, Narizinho e Pedrinho para a “Revista do Sítio do Picapau Amarelo”. Mas foi com seu romance de estreia, A mãe da mãe de sua mãe e suas filhas, que recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes como escritora revelação, ganhando o mercado e o reconhecimento de seus pares.
Como ela mesma diz, há vários anos, respira e vive entre e com os livros.
Maria José além de escrever, é tradutora e mantém a coluna “Vida de quem escreve” no site literário Cronópios (www.cronopios.com.br). Tem contos publicados em cadernos e revistas literárias, como o site Cronópios, o Jornal Popular e o caderno “Pensar” do Correio Braziliense.
Confira sua obra:
* Romances
- A Mãe da Mãe de sua Mãe e suas Filhas (Editora Globo, 2002). Recebeu o prêmio APCA 2002 Revelação. Seus direitos para minissérie foram adquiridos pela TV Globo. Em quarta reimpressão.
- Eleanor Marx, Filha de Karl. (Editora Francis, 2oo2). Traduzido para o espanhol e publicado no Chile por LOM Ediciones, em 2005 e na Espanha por Txalaparta, 2006.
- O Fantasma de Luis Buñuel (Editora Francis, 2004). Recebeu Menção Honrosa do Prêmio Nestlé de Literatura de 2005. Foi indicado como leitura para os vestibulandos de 2006 e 2007 da Universidade Federal de Goiás. Em terceira reimpressão.
- Guerra no Coração do Cerrado (Editora Record, 2006).
* InfantoJuvenis
- Meninos e meninas do Brasil, coleção Infantil (Formato Editorial). Composta de 5 títulos, todos com o Selo de Recomendado da FNLIJ:
– Tendy e Jã-Jã em Dois Mundos e uma Nova Terra (época do Descobrimento) (2003). 2ª impressão;
– Iamê e Manuel Diogo nos Campos de Piratininga (época dos Bandeirantes) (2004). 2ª impressão;
– Ana Preciosa e Manuelim na Terra do Ouro (época do Ciclo do Ouro) (2004). 2ª impressão;
– Brasília e João Dimas com o Caldeirão da Santa (época da Independência) (2004). 2ª impressão;
– Floriana e Zé Aníbal no Rio do Bota-Abaixo (começo do século XX) (2005). 2ª impressão.
- Uma Cidade de Carne e Osso (FTD, 2004). Selo de Recomendado da FNLIJ, 2ª. Impressão.
- Ossos, com Luiz Bras, Coleção 3 Versões (Callis, 2004). Selo de Recomendado da FNLIJ
- Cabeça de Garota, coleção Sinal Aberto (Ática, 2005). 2ª impressão.
- Malcriadas – coleção Muriqui (Editora SM, 2006). Comprado pelo PNBE, 2ª. Impressão.
- Um Fantasma Ronda o Acampamento (Editora Expressão Popular/Iterra/FNDE/SP, 2006). 40.000 exemplares vendidos
- O Vôo da Arara Azul (Callis, 2007). Premiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo/2007
- A Jovem Pagu (Ed. Nova Alexandria, 2007)
- Uma aventura misteriosa contada a dois ouvintes atentos (Ed. Girafinha, 2008)
- Amizade Improvável, com Índigo e Ivana Arruda Leite, Coleção Quero Ler (Editora Ática, 2008)
- Meu presente para o mundo (LGE Editora, 2009)
UM LANÇAMENTO