Sábado, 14 de Fevereiro de 2015

EXPOSIÇÃO EM PARATY É DESTINO ALTERNATIVO DE CARNAVAL

 

Pesquisa de memória oral da geração mais antiga de paratienses é a fonte da exposição audiovisual Histórias e Ofícios do Território, primeira ação pública do Museu do Território de Paraty, que relembra a vida na cidade durante os anos de isolamento, antes da inauguração da rodovia Rio-Santos (1973).

 

 




Paraty é um destino bastante procurado na época do Carnaval pelos foliões, vindos de diversas partes do Brasil e do mundo, por conta de suas festas de rua, com seus bloquinhos, marchinhas, brincadeiras, bonecos gigantes de papel marche e a matinê na Praça da Matriz. Entre um pulo e outro de Carnaval é possível ter um contato mais próximo com a história da cidade e de seus moradores mais antigos através da exposição “Histórias e Ofícios do Território”, em cartaz no Centro Histórico.

Habituados a dar a palavra a visitantes de todas as partes do Brasil e do mundo, nessa mostra os paratienses são os narradores em primeira pessoa de uma história quase esquecida.

Concebida a partir da memória oral de paratienses da velha guarda, selecionados em pesquisa de campo junto à comunidade, a exposição audiovisual, primeira ação pública do Museu do Território de Paraty, pretende rememorar a vida na cidade antes de 1973, quando foi inaugurada a rodovia Rio-Santos (BR-101). Com ela, veio o “progresso”, mas também começou a acabar um modo de vida.

“Histórias e Ofícios do Território” é parte do processo de implementação do Museu do Território de Paraty, com patrocínio do BNDES, uma iniciativa da Casa Azul, que realiza a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

 

EXPOSIÇÃO

Na exposição, a história oral dos paratienses é o principal conteúdo. Após a seleção, por indicação da comunidade, dos representantes da geração mais antiga, depositária das lembranças mais profundas da cidade, estabeleceu-se um foco: os ofícios tradicionais, em vias de desaparecimento ou de sofrer transformação radical, como a arte de construir canoas, o comércio de secos e molhados, a pesca, a comida, a arte popular, o ensino nas escolas do passado.

 

PLACAS COMEMORATIVAS

Trechos desses depoimentos foram transcritos em 15 placas comemorativas espalhadas pela cidade e em dois espaços expositivos: o Espaço Experimental de Cultura – Cinema da Praça e a Casa da Cultura de Paraty (sala Samuel Costa). As placas estão afixadas em muros erguidos durante o processo de tombamento da cidade, concluído em 1974, para fechar lotes vagos.

 

HISTÓRIAS E OFÍCIOS DO TERRITÓRIO

Espaço Experimental de Cultura Cinema da Praça: depoimentos em vídeo de antigos moradores paratienses e painéis expositivos – até 08 de março de 2015

 

Pela cidade: placas comemorativas com testemunhos de moradores – permanente

 

publicado por o editor às 19:36
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Quinta-feira, 10 de Julho de 2008

Na última mesa da FLIP 2008, escritores lêem trechos de obras marcantes


Com oito dos mais destacados autores desta FLIP sentados no palco, em semicírculo, e o público já em clima de saudade antecipada, a idealizadora do evento, a inglesa Liz Calder, e o diretor de programação desta edição, Flávio Moura, abriram com breves palavras a última sessão das vinte que ocorreram, ao longo de cinco dias, na enorme tenda branca montada à beira do rio. O mediador Angel Gurría-Santana, sentado em uma das pontas do arco de convidados, apenas os nomeou, sem apresentá-los, já que todos eram figuras conhecidas da platéia. Nessa última noite, como já é de praxe, cada um deles devia ler ao microfone um texto curto, ou o fragmento de uma obra maior, que considerasse referencial ou significativo.
A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, radicada nos Estados Unidos, abriu a rodada de leituras com um trecho do romance The autobiography of my mother, de Jamaica Kincaid. Na seqüência, Nathan Englander, após pedir desculpas pelo acento nova-iorquino, leu o último parágrafo de um famoso conto de John Cheever, Goodbye, my brother, que descreve a cena em que duas mulheres belas, e nuas, saem do mar. Perto do final, o texto se acelera, se intensifica, e quase ganha o andamento do fluxo de consciência, técnica literária criada no início do século XX que tem pontuação mais elástica e enfatiza os estados interiores dos personagens.
Mantendo a seqüência com autores de língua inglesa, a britânica Zoë Heller leu um trecho de um livro que pegou ao acaso, na estante, “num verão chuvoso de muito tempo atrás, quando eu tinha doze anos e estava deprimida”. Por coincidência, a protagonista da história era também uma menina na mesma faixa de idade de Zoë, “ansiosa por crescer logo e se sentir livre”. O sotaque britânico se manteve na voz de Neil Gaiman. O mago dos quadrinhos também recorreu a um texto que marcou sua infância, The Thirteen Clocks, de James Thurber, que leu pela primeira vez aos sete anos e que retomou com prazer, conforme disse, muito tempo depois.
No centro do arco, Cíntia Moscovich, única representante do Brasil nesse octeto, desculpou-se por não apresentar um texto de autor nacional, que, como observou, talvez houvesse sido mais apropriado para a ocasião. Leu, em português, um longo trecho do livro De amor e trevas, do israelense Amos Oz, no qual um homem e seu filho tomam todas as providências práticas para delimitar uma diminuta área, em torno da casa, para fazer uma horta. Ao lado dela, Alessandro Baricco usou o inglês para se dirigir ao público, mas depois lançou mão de sua língua materna para ler um trecho da versão em italiano de O apanhador em campo de centeio, o clássico de J. D. Salinger. “Há quinze anos, eu me reuni com quatro pessoas mais inteligentes que eu para levarmos adiante um projeto de contar histórias em uma escola”, contou Baricco. “E na porta dessa escola está escrita a última frase desse livro.”
Voltamos à língua inglesa com Tom Stoppard. Ele selecionou três pequenos textos de um livro não muito conhecido do jovem Ernest Hemingway, In our time, publicado em 1925. Mas lá já aparecem as marcas registradas do autor: a tourada, tema recorrente em sua obra, e a linguagem sincopada, precisa, feita de frases curtas, despidas de fricotes e adjetivos, no estilo imitado por toda uma geração de escritores e jornalistas no mundo inteiro.
Para fechar a noite, o aplaudido holandês Cees Nooteboom, apontado nos últimos anos como sério candidato ao Nobel, recorreu ao texto, também na versão inglesa, da imensa obra de quatro mil páginas de Em busca do tempo perdido. “Proust estava morrendo quando escreveu isso”, explicou Nooteboom. “Mas continuava a escrever e a corrigir o que havia escrito. Essas são as últimas páginas escritas por ele. É o que vou ler agora para vocês”.
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publicado por o editor às 01:41
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No encerramento da FLIP 2008, um saldo positivo para a literatura


As ruas de pedra do centro histórico de Paraty, apelidadas pela população local de “pé de moleque”, se transformaram durante os cinco dias da FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty - num efervescente e animado ponto de encontro de amantes da literatura. No meio dessas vias estreitas, nos restaurantes e nos bares, durante todo o dia era freqüente se deparar com algum dos escritores brasileiros e estrangeiros que participaram das 19 mesas da programação e que reuniram, ao todo, quarenta autores – 22 brasileiros e 18 estrangeiros.



Ao apresentar o balanço do evento, Mauro Munhoz, diretor geral da FLIP, informou que a tenda dos Autores e a do Telão receberam, juntas, cerca de 35 mil espectadores. Neste ano, a difusão do conteúdo proveniente dos depoimentos dos escritores ganhou um importante apoio, que possibilitou ampliar a abrangência e a mobilidade do acesso. Pela primeira vez, as mesas foram transmitidas online, com uma audiência que, já no segundo dia, aproximou-se das 4 mil visitas. Também foi criado um blog e postados vídeos no youtube.



A importância da iniciativa para a

literatura

foi igualmente destacada no balanço de encerramento. “A FLIP é a melhor porta de entrada de um autor no Brasil”, destacou Flávio Moura, diretor de programação da FLIP 2008 e que terá o mesmo papel na edição do ano que vem. “A FLIP é cada vez mais uma chancela fundamental que orienta o que vale e o que não vale a pena ler”, completou.



FLIPINHA e FLIP ETC



Também na FLIPINHA e na FLIP ETC, atividades que integram a programação oficial da FLIP, os resultados foram muito positivos, tanto na quantidade de participantes como, especialmente, na qualidade das ações organizadas e dos convidados. Na FLIPINHA, a série de eventos realizados, que resultam de um trabalho educativo desenvolvido ao longo do ano com alunos de 37 escolas da cidade, reuniu vinte autores brasileiros e atraiu cerca de 10 mil crianças.


Na animada tenda da FLIPINHA, os jovens participantes tiveram oportunidade de interagir com autores, ouvir histórias contadas pelos próprios escritores, acompanhar “ao vivo” como se desenvolve o processo de desenho de uma ilustração e aprender a criar bonecos de papel machê e poemas coletivos. Também foram protagonistas de peças de teatro, apresentações musicais e de dança, com a constante inspiração de Machado de Assis, o homenageado da FLIP 2008.



A FLIP ETC concentrou em sua programação a maior parte das atividades relacionadas a Machado de Assis, incluindo uma mostra de cinema com filmes baseados na obra do escritor, uma exposição do Instituto Moreira Salles com fotografias do Rio de Janeiro na época de Machado, peças de teatro adaptadas a partir de suas obras e abordagens particulares extraídas dos textos machadianos, como a palestra “Economia em Machado de Assis”, do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco.




A sinergia entre Paraty e a FLIP



O interesse despertado pela festa literária traz reflexos diretos para a economia da cidade. Durante os cinco dias, Paraty recebeu em torno de 20 mil turistas, que ocuparam pousadas e restaurantes, fizeram compras nas lojas e ateliês, gerando recursos e ampliando o mercado na cidade. Somente a FLIP ocupou 230 paratienses, que trabalharam na montagem e realização da festa.


Não é só no curto prazo, entretanto, que a cidade se beneficia dessa iniciativa. Numa sinergia muito feliz, os atributos naturais, turísticos e arquitetônicos de Paraty formam o cenário ideal para receber uma festa literária com as características e objetivos da FLIP. Como contrapartida, a FLIP se consolida como um instrumento que contribui cada vez mais para que o município possa planejar o desenvolvimento futuro, suprindo suas carências de infra-estrutura e preservando um patrimônio ambiental, histórico e arquitetônico reconhecido e respeitado internacionalmente.

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publicado por o editor às 01:39
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